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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Transparências de Constância





No Posto de Turismo até 19 de Outubro .

O Posto de Turismo de Constância tem patente ao público uma Exposição de Pintura da autoria de Massimo Exposito, denominada Transparências de Constância, uma mostra que é possível visitar até ao próximo dia 19 de Outubro.



Aberta ao público nos dias úteis das 9.30 às 13 horas e das 14 às 18 horas, e nos sábados, domingos e feriados das 14.30 às 18.00 horas, a exposição apresenta os trabalhos Transparências de Constância e também a colecção de litografias resultantes dos mesmos, a qual está disponível para venda no próprio Posto de Turismo





Transparências de Constância



A Ideia



Todos os desenhos foram concebidos de fotografias do próprio autor e desenhos ao vivo no final de Novembro de 2007.

A técnica usada é ponta de aparo com tinta sépia (técnica pessoal do autor) sobre conqueror contour 300 gr.

As mulheres que aparecem nos desenhos são Ana Rita e Miroslava, modelos do autor desenhadas ao vivo.

Os desenhos são assim garantidos como obras únicas e originais do autor Massimo Esposito.





O Autor



O pintor Massimo Espósito, é residente em Portugal desde 1986 e dirige várias escolas de desenho e pintura com ensino personalizado, onde cria workshops, concursos de arte e outros eventos.

Já fez exposições com as suas obras, na Europa, Ásia e Brasil. Dedica-se principalmente à pintura a óleo, azulejaria artística e reproduções em lito e serigrafia. Colabora com várias autarquias e instituições públicas e privadas.



Massimo (pittore.italiano@iol.pt)







Explicação técnico/artística





1 A Matriz

No ponto alto da Vila repousa a Matriz que observa os homens e o rio.

A fachada, simples e imponente, despertou-me logo a atenção, e, ao observá-la, alguns ramos de uma árvore ali plantada interpuseram-se.

Folhas e galhos voaram e apareceu uma jovem pensativa.

São coisas que me acontecem.



2 Os telhados

Tive o privilégio de subir a torre campanária e poder observar Constância de um ângulo, amplo e solarengo, que alcança o rio e o horizonte. O jogo dos telhados a interagir com a natureza foi uma coisa agradável de descrever e, pouco depois, apercebi-me que uma mulher estava deitada lá no fundo. Bonito



3 O Arco

O arco é o ex-libris de Constância, simples modesto. Como uma moldura, resume toda a amplitude da Vila. Escadas, telhados, plantas e roupas estendidas falam claramente da gente que a vive, humilde e trabalhadora; e no fundo a artéria principal, o Tejo, que lento e majestoso se une ao Zêzere e junto começam, mesmo aí, a corrida em conjunto para o mar. Depois, reparei nma mulher a cuidar e a proteger o arco.



4 A Praça do Pelourinho

Quando vi esta praça, há vinte anos atrás, vi-a como uma sala de estar de uma casa: acolhedora, calma, sossegada. Ao ter de desenhá-la, tive o cuidado de transmitir esta ideia, com o cão à porta e o homem a ler o jornal.

A luz que vem do Tejo ilumina o pelourinho (que tive de forçar a prospectiva para enquadra-lo), e a arquitectura das casas se divide em luz e sombra.

No céu, as nuvens adquiram, num instante, a imagem duma mulher que admira este paisagem.
Por CMC

Passado.



Passado:É o futuro usado...

Constância Passo a Passo


Percurso Pedestre vai decorrer a 12 de Outubro

Constância Passo a Passo assim se denomina o Percurso Pedestre de Observação e Interpretação da Natureza, que vai decorrer no próximo dia 12 de Outubro, uma iniciativa promovida pela autarquia, através do Parque Ambiental de Santa Margarida (PASM).

Constância Passo a Passo é um percurso de um dia onde os participantes terão oportunidade de conhecer a paisagem e a cultura do concelho, assim como a natureza extraterrestre…

Constância Passo a Passo inclui: almoço, travessia do Tejo num barco tradicional, visita ao Museu dos Rios e das Artes Marítimas e uma sessão de Astronomia no Centro Ciência Viva de Constância.

A participação na actividade implica inscrição obrigatória, pelo que os interessados devem contactar o PASM através do telefone 249 736 929 ou do e-mail parqueambiental@cm-constancia.pt.




Por CMC

Palavras Sábias.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Dia Internacional do Idoso e Dia Mundial da Música



1 de Outubro Na próxima quarta-feira, 1 de Outubro, assinala-se o Dia Internacional do Idoso e o Dia Mundial da Música, iniciativas que vão ser comemoradas pelo Município de Constância com uma actividade que pretende promover e valorizar os actos ancestrais de cantar ou contar um conto.

Esta iniciativa cultural, dinamizada pela Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill, promove a aproximação das pessoas num acto lúdico e a recolha de um valioso património oral, através da leitura de contos, dramatizações várias e algumas cantigas. A actividade que será realizada pelos mais novos vai permitir valorizar a experiência e sabedoria dos menos novos e promover uma troca de experiências entre gerações. No final da actividade haverá um lanche convívio e a entrega de diplomas a todos os participantes.

Aberta à comunidade em geral, a actividade está agendada para a próxima quarta-feira, 1 de Outubro, a partir das 14:30h, na sala Polivalente da Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill.

Para informações ou esclarecimentos adicionais contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill, através do número de telefone 249 739 367 ou via correio electrónico para biblioteca@cm-constancia.pt.


Leia mais. Viva mais.
Por CMC

Olhares.


Como a nossa fragilidade o concebe e o pratica, o amor é um sentimento essencialmente incómodo. Mal dois olhares se trocam e duas mãos se enlaçam, vem logo a tragédia das suspeitas, dos ciúmes, das zangas, das recriminações, estragar momentos que deviam ser os mais belos, os mais alegres, os mais despreocupados da vida .

Júlio Dantas.

O pudor é um sentimento masculino.



O pudor é um sentimento masculino. Quando uma mulher conhece outra, ao fim de dez minutos está já a explicar-lhe como é que o marido trabalha na cama. Ao fim de dez anos ou de uma vida, um homem não explica a outro como trabalha a mulher. É que o homem não é um novo-rico do sexo. Ou respeita a mulher por simples machismo?
Porque é por machismo, por exemplo, que muitas vezes admira uma mulher que se distinguiu nas artes ou nas ciências. Implicitamente tem-se a ideia de que o normal seria não se distinguir. Se portanto se distingue, é isso tão extraordinário como um trapezista de circo ou coisa assim. Admirando-se então a mulher, simultaneamente se humilha. Dessa humilhação se fazem muitas admirações.

Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1'

Chuva oblíqua.


Chuva Oblíqua

Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...
O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...
Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...
Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
e vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma...



II



Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...
Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro...
O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...
Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no fato de haver coro...
A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...
E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa...



III



A Grande Esfinge do Egito sonha pôr este papel dentro...
Escrevo - e ela aparece-me através da minha mão transparente
E ao canto do papel erguem-se as pirâmides...
Escrevo - perturbo-me de ver o bico da minha pena
Ser o perfil do rei Quéops...
De repente paro...
Escureceu tudo... Caio por um abismo feito de tempo...
Estou soterrado sob as pirâmides a escrever versos à luz clara deste candeeiro
E todo o Egito me esmaga de alto através dos traços que faço com a pena...
Ouço a Esfinge rir por dentro
O som da minha pena a correr no papel...
Atravessa o eu não poder vê-la uma mão enorme,
Varre tudo para o canto do teto que fica por detrás de mim,
E sobre o papel onde escrevo, entre ele e a pena que escreve
Jaz o cadáver do rei Queóps, olhando-me com olhos muito abertos,
E entre os nossos olhares que se cruzam corre o Nilo
E uma alegria de barcos embandeirados erra
Numa diagonal difusa
Entre mim e o que eu penso...
Funerais do rei Queóps em ouro velho e Mim!...



IV



Que pandeiretas o silêncio deste quarto!...
As paredes estão na Andaluzia...
Há danças sensuais no brilho fixo da luz...
De repente todo o espaço pára...,
Pára, escorrega, desembrulha-se...,
E num canto do teto, muito mais longe do que ele está,
Abrem mãos brancas janelas secretas
E há ramos de violetas caindo
De haver uma noite de Primavera lá fora
Sobre o eu estar de olhos fechados...



V



Lá fora vai um redemoinho de sol os cavalos do carroussel...
Árvores, pedras, montes, bailam parados dentro de mim...
Noite absoluta na feira iluminada, luar no dia de sol lá fora,
E as luzes todas da feira fazem ruídos dos muros do quintal...
Ranchos de raparigas de bilha à cabeça
Que passam lá fora, cheias de estar sob o sol,
Cruzam-se com grandes grupos peganhentos de gente que anda na feira,
Gente toda misturada com as luzes das barracas, com a noite e com o luar,
E os dois grupos encontram-se e penetram-se
Até formarem só um que é os dois...
A feira e as luzes das feiras e a gente que anda na feira,
E a noite que pega na feira e a levanta no ar,
Andam por cima das copas das árvores cheias de sol,
Andam visivelmente por baixo dos penedos que luzem ao sol,
Aparecem do outro lado das bilhas que as raparigas levam à cabeça,
E toda esta paisagem de primavera é a lua sobre a feira,
E toda a feira com ruídos e luzes é o chão deste dia de sol...
De repente alguém sacode esta hora dupla como numa peneira
E, misturado, o pó das duas realidades cai
Sobre as minhas mãos cheias de desenhos de portos
Com grandes naus que se vão e não pensam em voltar...
Pó de oiro branco e negro sobre os meus dedos...
As minhas mãos são os passos daquela rapariga que abandona a feira,
Sozinha e contente como o dia de hoje..



VI



O maestro sacode a batuta,
E lânguida e triste a música rompe...
Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé de um muro de quintal
Atirando-lhe com uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo...
Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...
Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares, e a bola vem a tocar música,
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão tornando-se jockey amarelo...
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)
Atiro-a de encontro à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cão verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal... E a música atira com bolas
À minha infância... E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos...
Todo o teatro é um muro branco de música
Por onde um cão verde corre atrás de minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...
E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,
Donde há arvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...
E a música cessa como um muro que desaba,
A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,
Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...

Fernando Pessoa.

domingo, 28 de setembro de 2008

Lado a lado.

Literatura.


Sinopse


Após a descoberta de uma conspiração contra o seu trono, o rei Henrique VIII parte numa espectacular viagem oficial ao Norte de Inglaterra para inspirar temor nos seus súbditos revoltosos. Acompanhado por mil soldados, a fina flor da nobreza e a sua quinta mulher, Catarina Howard, o rei assiste a uma extravagante demonstração de submissão por parte da pequena nobreza de York, naquele que será o momento apoteótico da maior visita oficial do período Tudor.

(Actual leitura.)

Liga Sagres.

Há palavras que nos beijam.





Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte

Alexandre O'Neill.

sábado, 27 de setembro de 2008

Antepasto.



Tudo o que o Poeta escreve
está resumido
numa única palavra: Solidão.



Escrever é distanciar-se do mundo

para poder entendê-lo

é uma forma de morrer.



Viver é outra coisa

ainda que alienada.



Eu trocaria mil rimas

por uma noite de amor.



E trocaria um belo poema

sobre a fome

por um singelo prato de comida.


Poema de Antonio Miranda

Ilus. José Campos Biscardi

Cama de rosas.

Mulher.


A mulher está muito perto da Natureza; há nela os mesmos encantos e os mesmos perigos .

(Agostinho da Silva.)

Acordar.


A vida é como um sonho; é o acordar que nos mata .

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Para todos .

Somos um grupo de crianças.

Animais...


O homem distingue-se dos outros animais por ser o único que maltrata a sua fêmea ;

Súplica.



Agora que o silêncio é um mar sem ondas,

E que nele posso navegar sem rumo,

Não respondas

Às urgentes perguntas

Que te fiz.

Deixa-me ser feliz

Assim,

Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.

Só soubemos sofrer, enquanto

O nosso amor

Durou.

Mas o tempo passou,

Há calmaria...

Não perturbes a paz que me foi dada.

Ouvir de novo a tua voz seria

Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga.

Relatividade.


Damos, muitas vezes, nomes diferentes às coisas: O que para mim são espinhos, vós chamais-lhe rosas .

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Adão e Eva.

Amigo.


Mal nos conhecemos



Inaugurámos a palavra «amigo».


«Amigo» é um sorriso



De boca em boca,



Um olhar bem limpo,



Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,



Um coração pronto a pulsar



Na nossa mão!


«Amigo» (recordam-se, vocês aí,



Escrupulosos detritos?)



«Amigo» é o contrário de inimigo!



«Amigo» é o erro corrigido,


Não o erro perseguido, explorado,



É a verdade partilhada, praticada.


«Amigo» é a solidão derrotada!


«Amigo» é uma grande tarefa,



Um trabalho sem fim,



Um espaço útil, um tempo fértil,



«Amigo» vai ser, é já, uma grande festa!




(Alexandre O'Neill)

Idéias.


As boas ideias não têm idade, apenas têm futuro .

P'ráfrentex

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

bons sonhos

Há um poço.


Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.

há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.

Pablo Neruda.

Anjos pervertidos.





Anjos descem dos altares e oratórios
e se despojam de túnicas e asas,
renegam ornamentos e paramentos,
saem à luz para a sua remissão.

À perversão como forma de exorcismo,
ao crime como última penitência,
maculando-se em busca da salvação.

Santos-de-pau-oco, de gesso,
santos assexuados à fogueira,
à execração por sua inutilidade.
Livres da maldição da ociosidade.

Que os corpos se enchafurdam na lama,
se maculem com suores e tremores
carnais, na cama, nos vergéis corrompidos.

Aos sofridos devaneios, aos calores
da condição humana e seus desvarios
aos desvios como direção de vida
— para o perdão divino e a santidade.

Que os anjos assumam sua culpa
e peçam desculpa por tanta hipocrisia,
pela soberba de se julgarem castos.

Que se saiba: anjos não são santos.


Poema de Nelson Teixeira

Ilus. de Zenilton de Jesus Gayoso Miranda

Caminhos.


É fácil apagar as pegadas; difícil, porém, é caminhar sem pisar o chão

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O elixir do prazer.


O Elixir do Prazer

Que é, pois, o que se opera na alma, quando se deleita mais com as coisas encontradas ou reavidas que estima, do que se as possuísse sempre? Há, na verdade, muitos outros exemplos que o afirmam. Abundam os testemunhos que nos gritam: -«É assim mesmo!». Triunfa o general vitorioso. Mas não teria alcançado a vitória se não tivesse pelejado e quanto mais grave foi o perigo no combate, tanto maior é o gozo no triunfo. A tempestade arremessa os marinheiros, ameaçando-os com o naufrágio: todos empalidecem com a morte iminente. Mas tranquilizam-se o céu e o mar, e todos exultam muito, porque muito temeram. Está doente um amigo e o seu pulso acusa perigo. Todos os que o desejam ver curado sentem-se simultaneamente doentes na alma. Melhora. Ainda não recuperou as forças antigas e já reina tal júbilo qual não existia antes, quando se achava são e forte.

Até os próprios prazeres da vida humana não se apossam do coração do homem só por desgraças inesperadas e fortuitas, mas por moléstias previstas e voluntariamente procuradas. Não há prazer nenhum no comer e beber, se o incómodo da fome e da sede o não precede. Por isso, os ébrios costumam tomar certos alimentos salgados, para que se lhes torne molesta a sede ardente que se há-de transformar em prazer, quando acalmada pela bebida. Está estabelecido que não se entregam imediatamente aos maridos as esposas prometidas, para que o esposo, no caso de nunca haver suspirado pela esposa, não a venha a ter como coisa desprezível.

Santo Agostinho, in 'Confissões'

Sonhos.


Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso .

Fernando Pessoa.

Viagem.





Aparelhei o barco da ilusão

E reforcei a fé de marinheiro.

Era longe o meu sonho, e traiçoeiro

O mar...

(Só nos é concedida

Esta vida

Que temos;

E é nela que é preciso

Procurar

O velho paraíso

Que perdemos).

Prestes, larguei a vela

E disse adeus ao cais, à paz tolhida.

Desmedida,

A revôlta imensidão

Transforma dia a dia a embarcação

Numa errante e alada sepultura...

Mas corto as ondas sem desanimar.

Em qualquer aventura,

O que importa é partir, não é chegar.

António Gedeão.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Louca sedução.



Banda calypso.

Sedução.


"A melhor arma de sedução é a cabeça."

Reler Joaquim Guilherme Gomes Coelho.(Júlio Dinis.)


As coisas são descobertas por meio das lembranças que se têm delas. Relembrar uma coisa significa vê-la, apenas agora, pela primeira vez

Jornadas Europeias do Património em Constância .



27 e 28 de Setembro
Um peddy paper cultural com o tema No Património… acontece, que decorrerá no dia 27 de Setembro, pelas 9 horas e o passeio À Descoberta do Património … em Constância, que terá lugar no mesmo horário, no domingo, 28 de Setembro, bem como uma apresentação à imprensa das recuperações efectuadas no Centro Histórico de Constância (dia 25 de Setembro) são as iniciativas a realizar pelo município de Constância no âmbito das Jornadas Europeias do Património 2008.

Em 2008 as Jornadas Europeias do Património têm como tema No Património… acontece, e pretendem reforçar a ligação entre património cultural e a sociedade, através de actividades que estimulem a sua aproximação e envolvimento.

Recorde-se que as Jornadas Europeias do Património são uma iniciativa anual do Conselho da Europa e da União Europeia, que envolve cerca de 50 países, no âmbito da sensibilização dos cidadãos europeus para a importância da salvaguarda do património.

Além das iniciativas acima referidas, o Museu dos Rios e das Artes Marítimas também vai abrir as suas portas ao público, de forma gratuita, nos dias 27 e 28 de Setembro, como forma de contributo para a preservação e divulgação do património local de Constância.

O peddy paper cultural No Património… acontece e o passeio À Descoberta do Património … em Constância, são actividades gratuitas, abertas à participação do público em geral, sendo obrigatória a respectiva inscrição nas mesmas, até ao próximo dia 23 de Setembro.

Para mais informações, esclarecimentos e inscrições devem os interessados em participar no peddy paper e no passeio cultural, contactar o Museu dos Rios e das Artes Marítimas, através do telefone 249 730 053, ou do endereço electrónico museu.rios@cm-constancia.pt ou a Biblioteca Municipal Alexandre O’ Neill, com o telefone 249 739 367 e o e-mail biblioteca@cm-constancia.pt .
Por CMC

Sentir Constância.



Dia Mundial do Turismo - 27 de Setembro No próximo dia 27 de Setembro comemora-se o Dia Mundial do Turismo, uma data que vai ser assinalada pela Câmara Municipal de Constância com a dinamização da actividade Sentir Constância.

Sentir Constância, vai possibilitar uma visita aos cantos e recantos da vila, observando artistas que passarão para as telas as belezas naturais da Vila Poema, uma actividade que terá lugar entre as 10 e as 12 horas.

As comemorações do Dia Mundial do Turismo vão aliar arte e turismo, em prol da promoção e divulgação de Constância.

Assim, após a actividade do período da manhã, pelas 16 horas, no Posto de Turismo serão apresentadas as obras Transparências de Constância, desenhos da autoria do Prof. Massimo Espósito, os quais deram também origem à colecção de litografias com o mesmo título, trabalhos que a autarquia vai editar nesse mesmo dia.

Pelas 17 horas, na Casa-Memória de Camões decorrerá a inauguração a Exposição Sentir Constância, uma colectiva de pintura que apresenta ao público os trabalhos que serão realizados no período da manhã, de 27 de Setembro, Dia Mundial do Turismo.
Por CMC

domingo, 21 de setembro de 2008

Testamento.



Tendo chegado o tempo em que

a penumbra já não me consola mais

e reduzem meus presságios pequenos;

tendo chegado este tempo;

e como a borra do café

abre de repente agora para mim suas redondas bocas amargas;

tendo chegado este tempo;

e perdida já toda esperança de alguma merecida ascensão, de ver o mar sereno da sombra;

e não possuindo mais do que este tempo; não possuindo mais, enfim,

que minha memória das noites e sua vibrante delicadeza enorme;

não possuindo nada mais

entre céu e terra do que

minha memória, do que este tempo; decido fazer meu testamento.

É

este: deixo-lhes

o tempo, todo o tempo.

(De: Los días de tu vida, 1977)

Gosto desta idéia...


Deve-se aprender-se lendo mais em profundidade, do que em largura .

Beijo.


Sou a favor do costume de se beijar as mãos de uma mulher quando somos apresentados. Afinal, é preciso começar por algum lado

sábado, 20 de setembro de 2008

Paixão...


A paixão torna o homem cego, surdo e burro .

Deep Purple-Pavarotti

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Alumbramentos e perplexidades.



De tanto ver vencer a iniqüidade

de tanto perseverar
e triunfar a incompetência...



Mui alta e nobre jactância

tão rasteira e sobranceira militância

entre contrários e correligionários

viceja a corja de sicários!



Ratos e saúvas subterrâneos

roem e corroem

os alicerces de qualquer regime.



Gente assim posicionada

distribuindo vantagens

sem qualquer merecimento

alastrando-se como enfermidade

por herdades e sesmarias.



O Poeta baiano, horrorizado

vendo que gente alumbrada

de nascença

sendo na vida tão puta

vá na morte tão honrada

ou

de ver ir com honra, morta

quem nunca teve honra em vida.



Que vira nome de rua

busto em pedestal

exemplo de vida

em textos escolares.



De tanto ver o opróbrio

— palavra agora em desuso

mas na prática, resistente



de tanto assistir ao capadócio

— palavra fora de moda –

triunfar e ser exaltado



o Poeta Maldito

— sendo, como foi, um direito entre tortos –

amaldiçoa os seus mortos



uns néscios, que não dão nada

senão enfado infinito.



E confessa, submisso:



Em amanhecendo Deus

acordo, e dou de focinhos...



ouço cantar os passarinhos...



Mas caindo na real

afinal, acredita

que nem tudo anda assim

tão mal, e responde:



Sois um Mecenas da veia

deste poeta nefando

que aqui vos está esperando

com jantar, merenda, e ceia.



Que ninguém é de ferro

e saboreia.


Poema de Antonio Miranda

Ilustração de Humberto Espíndola*

Visão humorada do amor.


O amor não é algo que te faz sair do chão
e te transporta para lugares que nunca vistes.
O nome disso é avião.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que escondes dentro de ti e não mostras para ninguém.
Isso se chama vibrador tailandês de três velocidades. O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que te faz perder a respiração e a fala.
O nome disso é bronquite asmática. O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que
chega de repente e te transforma em refém.
Isso se chama sequestrador.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que voa
alto no céu e deixa sua marca
por onde passa.
Isso se chama pombo com caganeira.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que tu
podes prender ou botar pra fora
de casa quando bem entender.
Isso se chama cachorro.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que
lançou uma luz sobre ti,
te levou pra ver estrelas e te trouxe
de volta com algo dele dentro de ti.
Isso se chama alienígena.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que desapareceu
e que, se encontrado,
poderia mudar o que esta diante de ti.
Isso se chama controle remoto de TV.
O amor é outra coisa."
"O amor é simplesmente... o amor."

Deep Purple-Soldier of furtune



Regresso ao passado.

Nostalgia?

Diane Lane-Nowhere Fast.



Inicio do fim de semana.

A noite promete...

O amor não se pode definir...


O amor não se pode definir; e talvez que esta seja a sua melhor definição. Sendo em nós limitado o modo de explicar, é infinito o modo de sentir; por isso nem tudo o que se sabe sentir, se sabe dizer: o gosto, e a dor, não se podem reduzir a palavras. O amor não só tem ocupado, e há-de ocupar o coração dos homens, mas também os seus discursos; porém por mais que a imaginação se esforce, tudo o que produzir a respeito do amor, são átomos. Os que amam não têm livre o espírito para dizerem o que sentem; e sempre acham que o que sentem é mais do que o que dizem; o mesmo amor entorpece a ideia e lhes serve de embaraço: os que não amam, mal podem discorrer sobre uma impressão, que ignoram; os que amaram são como a cinza fria, donde só se reconhece o efeito da chama, e não a sua natureza; ou também como o cometa, que depois de girar a esfera, sem deixar vestígio algum, desaparece.

Matias Aires, in 'Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna'

Vôo.







Alheias e nossas as palavras voam.




Bando de borboletas multicores, as palavras voam
Bando azul de andorinhas, bando de gaivotas brancas,
as palavras voam.




Viam as palavras como águias imensas.
Como escuros morcegos como negros abutres, as palavras voam.




Oh! alto e baixo em círculos e retas acima de nós, em redor de nós as
palavras voam.
E às vezes pousam.

(Cecília Meireles.)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Idéias...


Gosto desta ideia:
- O amor é uma forma de conversação em que as palavras agem em vez de serem faladas

Homem ideal...

Gesto de amor.




Aquilo que de verdadeiramente significativo podemos dar a alguém é o que nunca demos a outra pessoa, porque nasceu e se inventou por obra do afecto. O gesto mais amoroso deixa de o ser se, mesmo bem sentido, representa a repetição de incontáveis gestos anteriores numa situação semelhante. O amor é a invenção de tudo, uma originalidade inesgotável. Fundamentalmente, uma inocência.

Fernando Namora, in 'Jornal sem Data'

Intimidade.




Quando, sorrindo, vais passando, e toda
Essa gente te mira cobiçosa,
És bela - e se te não comparo a rosa,
É que a rosa, bem vês, passou de moda…

Anda-me as vezes a cabeça a roda,
Atrás de ti também, flor caprichosa!
Nem pode haver, na multidão ruidosa,
Coisa mais linda, mais absurda e doida.

Mas é na intimidade e no segredo,
Quando tu coras e sorris a medo,
Que me apraz ver-te e que te adoro, flor!

E não te quero nunca tanto (ouve isto)
Como quando por ti, por mim, por Cristo,
Juras - mentindo - que me tens amor…

Antero de Quental.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Ah! Querem uma luz.




Ah! querem uma luz melhor que a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.

Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol,
O que quero é prados mais prados que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores —
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!

Alberto Caeiro in Poemas Inconjuntos

Emigração.

A rosinha dos limões.

terça-feira, 16 de setembro de 2008