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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Criatividade Cega



Entre o caos e a harmonia. A cegueira pensada é uma aflição mental, uma das formas do isolamento porque a invisibilidade não é obstáculo: é apenas um fenómeno subtilíssimo da ausência. Na criação tudo é potencialmente uma entidade distinta da matéria, uma improbabilidade, porque, como diziam os antigos, diante da luz somos todos cegos.

Ana Hatherly, in 'Tisanas'

domingo, 21 de dezembro de 2008

Literatura.


Sinopse:

Na Inglaterra do século XII, Tom, um humilde pedreiro e mestre-de-obras, tem um sonho majestoso – construir uma imponente catedral, dotada de uma beleza sublime, digna de tocar os céus. E é na persecução desse sonho que com ele e a sua família vamos encontrando um colorido mosaico de personagens que se cruzam ao longo de gerações e cujos destinos se entrelaçam de formas misteriosas e surpreendentes, capazes de alterar o curso da história. Recheado de suspense, corrupção, ambição e romance, Os Pilares da Terra é decididamente a obra-prima de um autor que já vendeu 90 milhões de livros em todo o mundo.

Johnny Cash.

Fiquem-se com esta preciosidade dos anos 60.

Hora Mística




Noite caindo ... Céu de fogo e flores.
Voz de Crepúsculo exalando cores,
O céu vai cheio de Deus e de harmonia.
Silêncio ... Eis-me rezando aos fins do dia.

Névoa de luz criando imagens na água,
Nome das águas esculpindo os céus,
Tarde aos relevos húmidos de frágua,
Boca da noite, eis-me rezando a Deus.

Eis-me entoando, a voz de cinza e ouro,
— Oh, cores na água vindo às mãos em branco! —
Minha ópera de Sol ao último arranco.

E, oh! hora mística em que o olhar abraso,
— Sol expirando aos Pórticos do Ocaso! —
Dobra em meu peito um oceano em coro.

Afonso Duarte, in "Tragédia do Sol-Posto"

Mundo.


Evita o mundo, é só um montão de pó e lixo que afinal, não significa nada !

Época natalícia.


Nesta época natalícia, agita uma varinha mágica sobre o mundo e observe, tudo mais suave e mais bonito !

sábado, 20 de dezembro de 2008

La canción más hermosa del mundo.

Generosidade.


"O espírito se enriquece com aquilo que recebe.O coração, com aquilo que dá."

Caminhos .




Para quê, caminhos do mundo,
Me atraís? — Se eu sei bem já
Que voltarei donde parto,
Por qualquer lado que vá.

Pra quê? — Se a Terra é redonda;
E, sempre, tem de cumprir-se
A sina daquela onda
Que parece vai sumir-se,

Mas que volta, bem mais débil,
Ao meio do lago, onde
A mãe, gota d'água flébil,
Há muito tempo se esconde.

Pra quê? — Se a folha viçosa
Na Primavera, feliz,
Amanhã será, gostosa,
Alimento da raiz.

Pra quê, caminhos do mundo?
Pra quê, andanças sem Fim?
Se todo o sonho profundo
Deste Mundo e do Outro-Mundo,
Não 'stá neles, mas em mim.

Francisco Bugalho, in "Paisagem"

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Rainbow-Temple of the King.



Divirtam-se,bom fim de semana.

Ilusões.


Não abandones as tuas ilusões. Sem elas podes continuar a existir, mas deixas de viver

Procuro-te .




Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque
com a forma de um grito de alegria.

Oh, a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul
do prado e de um corpo estendido.

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.

Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando apertamos contra o peito
uma flor ávida de orvalho.

Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devassado pelas estrelas.

Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te.

Eugénio de Andrade, in "As Palavras Interditas"

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Saudade.



Heróis do Mar.

Já não Vivo, Só Penso.




Já não vivo, só penso. E o pensamento
é uma teia confusa, complicada,
uma renda subtil feita de nada:
de nuvens, de crepúsculos, de vento.

Tudo é silêncio. O arco-íris é cinzento,
e eu cada vez mais vaga, mais alheada.
Percorro o céu e a terra aqui sentada,
sem uma voz, um olhar, um movimento.

Terei morrido já sem o saber?
Seria bom mas não, não pode ser,
ainda me sinto presa por mil laços,

ainda sinto na pele o sol e a lua,
ouço a chuva cair na minha rua,
e a vida ainda me aperta nos seus braços.

Fernanda de Castro, in "E Eu, Saudosa, Saudosa"

Adro da Igreja de Santa Margarida



DomingoBênção do Adro da Igreja de Santa Margarida
Domingo - 21 de Dezembro
No próximo domingo, dia 21 de Dezembro, às 11 horas, vai ter lugar a bênção d

Recorde-se que as obras de requalificação da zona envolvente da Igreja Matriz de Santa Margarida e respectivos acessos decorreram durante aproximadamente seis meses, as quais muito melhoraram esta zona da freguesia de Santa Margarida da Coutada.

Os trabalhos, que se desenvolveram na Rua Padre António Esteves até ao Largo da Igreja, tiveram um custo de aproximadamente 440 000 euros, englobando uma intervenção a vários níveis, nomeadamente: construção de passeios, plantação de árvores, colocação de uma nova conduta de água, águas pluviais, esgotos domésticos, gás e as infra-estruturas eléctricas e de telecomunicações, as quais passaram a subterrâneas.

Relativamente ao estacionamento, foram criadas algumas dezenas de lugares na zona destinada a esse efeito, e na rua de acesso à Igreja.

Pretendendo contribuir para uma maior valorização da Igreja Matriz de Santa Margarida enquanto elemento de relevante interesse patrimonial, todo o exterior do edifício está iluminado com projectores de chão. No adro, o pavimento foi substituído por placas e cubos de granito.
Por CMC
- 21 de Dezembro
No próximo domingo, dia 21 de Dezembro, às 11 horas, vai ter lugar a bênção do Adro da Igreja de Santa Margarida.

Recorde-se que as obras de requalificação da zona envolvente da Igreja Matriz de Santa Margarida e respectivos acessos decorreram durante aproximadamente seis meses, as quais muito melhoraram esta zona da freguesia de Santa Margarida da Coutada.

Os trabalhos, que se desenvolveram na Rua Padre António Esteves até ao Largo da Igreja, tiveram um custo de aproximadamente 440 000 euros, englobando uma intervenção a vários níveis, nomeadamente: construção de passeios, plantação de árvores, colocação de uma nova conduta de água, águas pluviais, esgotos domésticos, gás e as infra-estruturas eléctricas e de telecomunicações, as quais passaram a subterrâneas.

Relativamente ao estacionamento, foram criadas algumas dezenas de lugares na zona destinada a esse efeito, e na rua de acesso à Igreja.

Pretendendo contribuir para uma maior valorização da Igreja Matriz de Santa Margarida enquanto elemento de relevante interesse patrimonial, todo o exterior do edifício está iluminado com projectores de chão. No adro, o pavimento foi substituído por placas e cubos de granito.
Por CMC

Carta ao Pai Natal.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Um Beijo .




Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!
Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prémio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?
Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto....

Olavo Bilac, in "Poesias"

Mudanças.


Nem tudo o que enfrentamos pode ser mudado. Mas nada pode ser mudado enquanto não for enfrentado .

Mensagem.


A Melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Mundo.


Sinto-me nascido a cada momento , para a eterna novidade do Mundo...

Fernando Pessoa.

Heroes del silencio-La espuma de Venus;

Natal.


Neste comércio festivo que há dois mil anos quase
perdura mal cobrindo remendadamente
o solstício do Inverno e os deuses sempre vivos
de cuja falsa morte o mundo paga em crimes,
como em vileza humana, o medo que escolheu
quando ao claror da aurora rósea e livre
de viver como os deuses e com eles
preferiu a lei e a ordem projectadas
na sombra em sombras da caverna obscura
e desejou o mal em preço de ser-se homem —
tudo o que em milhares de anos é tribal
congrega-se feliz num doce rebolar-se
da traição de que fomos contra a vida.
Tão vil que levou séculos a inventar
um deus assassinado para desculpá-la,
e fez dele o comércio das famílias
que cortam no peru as raivas de existirem,
beijando-se visguentas, comovidas,
tal como têm babado os pés dos deuses,
ah não eles mesmos mas imagens vãs
que não resplendam da grandeza humana.
Alguma vez teremos o dinheiro
para comprar de novo o Paraíso,
em vez de prendas para o sapatinho?
O Paraíso aqui — aquele que venderam
no começar do mundo. E que nos trocam
por outros no futuro ou nos aléns,
agora, aqui, aberto a todos, claro
- um sol sem fim nos bosques ou nas praias,
uma nudez sem morte nos corpos sem alma.

Jorge de Sena

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Ateliê de Natal .



Na Biblioteca Municipal Alexandre O'Neill .

Prosseguindo as suas estratégias de promoção do livro e valorização da leitura, a Biblioteca Municipal Alexandre O’ Neill, associando-se às diversas celebrações da quadra natalícia, vai promoveu um Ateliê de Natal no dia 23 de Dezembro, das 10 às 12.30 horas.

Destinado ao público infantil e juvenil, o ateliê permitirá produzir objectos decorativos, postais de natal e outros materiais alusivos à quadra natalícia, partindo da consulta de diversos livros referentes a estas temáticas.

A realização do Ateliê de Natal prevê um número mínimo de participantes, pelo que os interessados deverão proceder à respectiva inscrição na Biblioteca Municipal Alexandre O’ Neill, até ao próximo dia 19 de Dezembro, através do telefone 249 739 367, ou via correio electrónico para biblioteca@cm-constancia.pt

Por CMC

Presépio Tradicional .



No Museu dos Rios e das Artes Marítimas .

Em Portugal o presépio tem tradições muito antigas enraizadas nos costumes populares. Habitualmente é montado no início do advento sem a figura do Menino Jesus, a qual só vai para o presépio na noite de Natal, depois da Missa do Galo.

Transmitir esta e outras tradições natalícias é o principal objectivo do ateliê que vai decorrer no Museu dos Rios e das Artes Marítimas, no dia 22 de Dezembro, das 14 às 17.30 horas destinado às crianças e jovens do concelho.

Construção de um presépio tradicional e recolha de tradições orais e gastronómicas serão as actividades que aumentarão o espírito natalício dos participantes desta actividade cultural.

A realização do Ateliê prevê um número mínimo de participantes, pelo que os interessados deverão proceder à respectiva inscrição no Museu dos Rios e das Artes Marítimas, até ao próximo dia 19 de Dezembro, através do telefone 249 730 053, ou via correio electrónico para museu.rios@cm-constancia.pt.
Por CMC

Sociedade do Desperdício;



Uma tentação imediata do nosso tempo é o desperdício. Não é só resultado duma invenção constante da oferta que leva ao apetite do consumo, como é, sobretudo, uma forma de aristocracia técnica. O tecnocrata, novo aristocrata da inteligência artificial, dos números e dos computadores, propõe uma sociedade de dissipação. Propõe-na na medida em que favorece os métodos de maior rendimento e a rapina dos recursos naturais. As hormonas que fazem crescer uma vitela em três meses, as árvores que dão fruto três vezes por ano, tudo obriga a natureza a render mais. Para quê? Para que os alimentos se amontoem nas lixeiras e os desperdícios de cozinha ou de vestuário sirvam afinal para descrever o bluff da produtividade.

Agustina Bessa-Luís.

Da Condição Humana .




Todos sofremos.
O mesmo ferro oculto
Nos rasga e nos estilhaça a carne exposta
O mesmo sal nos queima os olhos vivos.
Em todos dorme
A humanidade que nos foi imposta.
Onde nos encontramos, divergimos.
É por sermos iguais que nos esquecemos
Que foi do mesmo sangue,
Que foi do mesmo ventre que surgimos.

Ary dos Santos.

Enquanto houver um sorriso de simpatia, uma palavra de carinho, um pequeno gesto de amor, sempre existirá o Natal.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Natal... Na província neva .






Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Stou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!

Fernando Pessoa.

Mundo.


Mesmo no mais alto trono do mundo estamos sempre sentados sobre o nosso rabo .

Talvez o melhor enfeite de Natal seja um grande sorriso

sábado, 13 de dezembro de 2008

Correntes.


Para todos aqueles que em 2008 me passaram correntes
dizendo que, se reenviasse, ficaria rico ou milionário,
informo que NÃO FUNCIONOU...
Para 2009 mandem dinheiro, telemóveis, carros,
entre outros presentes...OBRIGADA!! :)

Idéias.


As ideias têm de funcionar pelos cérebros e braços de homens e mulheres, senão não serão mais que sonhos .

Anjos do Céu;




As ondas são anjos que dormem no mar,
Que tremem, palpitam, banhados de luz...
São anjos que dormem, a rir e sonhar
E em leito d'escuma revolvem-se nus!
E quando de noite vem pálida a lua
Seus raios incertos tremer, pratear,
E a trança luzente da nuvem flutua,
As ondas são anjos que dormem no mar!
Que dormem, que sonham- e o vento dos céus
Vem tépido à noite nos seios beijar!
São meigos anjinhos, são filhos de Deus,
Que ao fresco se embalam do seio do mar!
E quando nas águas os ventos suspiram,
São puros fervores de ventos e mar:
São beijos que queimam... e as noites deliram,
E os pobres anjinhos estão a chorar!
Ai! quando tu sentes dos mares na flor
Os ventos e vagas gemer, palpitar,
Por que não consentes, num beijo de amor
Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar?

Álvares de Azevedo

Vida.


A vida é como uma sala de espectáculos; entra-se, vê-se e sai-se .

Aparências.


O mundo julga-nos, não pelo que somos, mas pelo que parecemos ser !

Oxalá pudéssemos meter o espírito de natal em caixas e abrir uma caixa em cada mês do ano

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Para todo o mundo.


Vivências.

Adormecer.




Vai vida na madrugada fria.

O teu amante fica,
na posse deste momento que foi teu,
amorfo e sem limites como um anjo;
a cabeça cheia de estrelas...
Fica abraçado a esta poeira que teu pé levantou.
Fica inútil e hirto como um deus,
desfalecendo na raiva de não poder seguir-te!

Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"

Desgosto.


A maior parte dos desgostos chegam depressa porque nós fazemos metade do caminho!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Artes da Zilinha .




Até ao dia 4 de Janeiro o Posto de Turismo de Constância apresenta ao público uma exposição de Presépios em Barro, denominada Artes da Zilinha.

Além de exibir as obras de arte da autoria de Isilda Aires, a realização desta exposição de Presépios em Barro pretende também assinalar a época natalícia num dos espaços turistico-culturais da Vila com maior afluência de público.

Horário:
Dias Úteis: 09h30 às 12h00 e das 14H00 às 17h30
Sábados, Domingos e Feriados: 14h30 às 18h00
Por CMC

1808



Sinopse.

A fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro ocorreu em um dos momentos mais apaixonantes e revolucionários do Brasil, de Portugal e do mundo. O propósito deste livro, resultado de dez anos de investigação jornalística, é resgatar e contar de forma acessível a história da corte lusitana no Brasil e tentar devolver seus protagonistas à dimensão mais correta possível dos papéis que desempenharam duzentos anos atrás. '1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil' é o relato sobre um dos principais momentos históricos brasileiros.

Oficina Ambiental .



Abrigo para os nossos animais
Dia 13 de Dezembro
Nesta actividade vamos aprender a construir caixas-ninho em madeira para serem colocadas nas árvores, de modo a aumentar os locais de nidificação para as aves. Com a colocação das caixas-ninho incentiva-se a permanência de aves insectívoras que acabam por se alimentar de insectos que provocam grandes danos na floresta e na agricultura.

Preçário: Gratuito
Actividade com inscrição obrigatória.
Contactos
Telefone: 249 736 929
E-mail: parqueambiental@cm-constancia.pt
Por CMC

Janela do Sonho .




Abri as janelas
que havia dentro de ti
e entrei abandonado
nos teus braços generosos.

Senti dentro de mim
o tempo a criar silêncio
para te beber altiva e plena.

Mil vezes
repeti teu nome,
mil vezes,
de forma aveludada
e era a chave
que se expunha
e fecundava dentro de mim.

Já não se sonha,
deixei de sonhar,
o sonho é poeira dos tempos
é a voz da extensão
é a voz da pureza
que dardejava na nossa doçura.

Quando abri as tuas janelas
e despi teus braços
perdi a vaidade
e a pressa,
amei a partida
e em silêncio abri,
(sem saber que abria)
uma noite húmida
em combustão secreta
desmaiado no teu ombro
de afrodite.

Carlos Melo Santos, in "Lavra de Amor"

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Chorar!


Choramos ao nascer porque chegamos a

este imenso cenário de dementes.

A razão.


“Tenho prazer em ser vencido quando quem me vence é a razão, seja quem for seu procurador”.

Fernando Pessoa.

Declaração de Amor;




Esta é uma declaração de amor;
amo a língua portuguesa.
Ela não é fácil. Não é maleável.
E, como não foi profundamente trabalhada pelo
pensamento, a sua tendência é a de não ter sutileza
e de reagir às vezes com um pontapé contra
os que temerariamente ousam transformá-la
numa linguagem
de sentimento de alerteza.
E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro
desafio para quem escreve.
Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e
das pessoas a primeira capa do superficialismo.
Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado.
Às vezes assusta com o imprevisível de uma frase.
Eu gosto de manejá-la - como gostava de estar
montando num cavalo e guiá-lo pelas rédeas,
às vezes lentamente, às vezes a galope.
Eu queria que a língua portuguesa chegasse
ao máximo nas minhas mãos. e este desejo
todos os que escrevem têm.
Um Camões e outros iguais não bastaram para
nos dar uma herança de língua já feita. Todos nós
que escrevemos estamos fazendo do túmulo do
pensamento alguma coisa que lhe dê vida.
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do
encantamento de lidar com uma língua que não foi
aprofundada. O que recebi de herança não me chega.
Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever
e me perguntassem a que língua eu queria pertencer,
eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como nasci
muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro
para mim que eu queria mesmo era escrever em português.
Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só
para que minha abordagem do português
fosse virgem e límpida.

Clarisse Lispector

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Ilusões.


As ilusões sustentam a alma como as asas sustentam o pássaro .

Vida!


A vida é demasiado curta para que desperdicemos uma parte preciosa a fingirmos.

Retrato do Herói




Herói é quem num muro branco inscreve
O fogo da palavra que o liberta:
Sangue do homem novo que diz povo
e morre devagar de morte certa.

Homem é quem anónimo por leve
lhe ser o nome próprio traz aberta
a alma à fome fechado o corpo ao breve
instante em que a denúncia fica alerta.

Herói é quem morrendo perfilado
Não é santo nem mártir nem soldado
Mas apenas por último indefeso.

Homem é quem tombando apavorado
dá o sangue ao futuro e fica ileso
pois lutando apagado morre aceso.

Ary dos Santos, in 'Fotosgrafias'

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Mar Morto




A noite caiu sobre o cais, sobre o mar, sobre mim...

As ondas fracas, contra o molhe, são vozes calmas de afogados.

O luar marca uma estrada clara e macia nas águas,

mas os barcos que saem podem procurar mais noite,

e com as suas luzes vão pôr mais estrelas além ...

O vento foi para outros cais levar o medo,

e as mulheres, que vêm dizer adeus e cantar,

hoje sabem canções com mais esperança,

canções mais fortes que a ressaca,

canções sem pausas onde passe uma sombra da morte...

Velhos marítimos — a terra é já a sua terra —

olham o mar mais distante e têm maior saudade...

Pára o rumor duns remos...

Não vão mais às estrelas as canções com noite, amor e morte...

Penso em todos os que foram e andam no mar,

em todos os que ficam e andam no mar também ...

E a luz do farol, lá longe, diz talvez...


Alberto de Serpa.

A Percepção do Poeta;



Sim, o que é o próprio homem senão um cego insecto inane a zumbir (?) contra uma janela fechada; instintivamente sente para além do vidro uma grande luz e calor. Mas é cego e não pode vê-la; nem pode ver que algo se interpõe entre ele e a luz. De modo que preguiçosamente (?) se esforça por se aproximar dela. Pode afastar-se da luz, mas não pode ir além do vidro. Como o ajudará a Ciência? Pode descobrir a aspereza e nodosidade próprias do vidro, pode chegar a conhecer que aqui é mais espesso, ali mais fino, aqui mais grosseiro, ali mais delicado: com tudo isto, amável filósofo, quão mais perto está da luz? Quão mais perto alcança ver? E contudo, acredito que o homem de génio, o poeta, de algum modo consegue atravessar o vidro para a luz do outro lado; sente calor e alegria por estar tão mais além de todos os homens (?), mus mesmo assim não continuará ele cego? Está ele um pouco mais perto de conhecer a Verdade eterna?

Fernando Pessoa, in 'Ideias Estéticas'

Certezas.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Ausência.




Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus
[braços

que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade, in 'O Corpo'

Literatura.



Sinopse

Em Filhos de Estaline, Owen Mathews reconstitui a passagem do seu avô pela purga de horror levada a cabo por Estaline e conta a história de amor dos pais, vivida em plena Guerra Fria, através das memórias e cartas trocadas entre os protagonistas.
Interligado com a história da família, surge o percurso de um jovem repórter na Moscovo dos anos 90.
Este livro demonstra a luta de homem determinado a compreender a vida dos pais e o estranho país que os uniu, e a força que o moveu a reconstituir a vida dos seus avós numa Rússia cruel.
Filhos de Estaline constitui a memória crua e vívida dos últimos anos da Rússia.

Souberam a pouco!


Quem parte leva saudades, quem fica saudades tem >>>