Seguidores

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Interrogação .




Sim, preferi deixar-te,
abandonando
a dádiva de encontrar-te.

Quem eras afinal?
Qual a estrela que te guiava?
Qual a cor dos teus dias?
Qual o segredo que em ti eu tentei desvendar?

Abandonei-te.
No entanto,
na minha vida
talvez fosses o leite
capaz de me curar.

Saúl Dias, in "Vislumbre"

Desejos secretos...



Coisas nossas,se serão realizados ou não,são coisas do destino...

Literatura


“A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós , nem nós o entendemos a ele .”
José Saramago

Saramago escreveu outro livro. O seu título é “Caim”, e Caim é um dos protagonistas principais. Outro é Deus, outro ainda é a humanidade nas suas diferentes expressões. Neste livro, tal como nos anteriores, “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, por exemplo, o autor não recua diante de nada nem procura subterfúgios no momento de abordar o que, durante milénios, em todas as culturas e civilizações foi considerado intocável e não nomeável: a divindade e o conjunto de normas e preceitos que os homens estabelecem em torno a essa figura para exigir a si mesmos - ou talvez fosse melhor dizer para exigir a outros - uma fé inquebrantável e absoluta, em que tudo se justifica, desde negar-se a si mesmo até à extenuação, ou morrer oferecido em sacrifício, ou matar em nome de Deus.
Caim não é um tratado de teologia, nem um ensaio, nem um ajuste de contas: é uma ficção em que Saramago põe à prova a sua capacidade narrativa ao contar, no seu peculiar estilo, uma história de que todos conhecemos a música e alguns fragmentos da letra. Pois bem, com a cabeça alta, que é como há que enfrentar o poder, sem medos nem respeitos excessivos, José Saramago escreveu um livro que não nos vai deixar indiferentes, que provocará nos leitores desconcerto e talvez alguma angústia, porém, amigos, a grande literatura está aí para cravar-se em nós como um punhal na barriga, não para nos adormecer como se estivéssemos num opiário e o mundo fosse pura fantasia.
Pilar del Río.

domingo, 17 de janeiro de 2010

A Grande Inteligência é Sobreviver




A grande Inteligência é sobreviver.
As tartarugas portanto não são teimosas nem lentas, dominam;
SIM, a ciência.
Toda a tecnologia é quase inútil e estúpida,
porque a artesanal tartaruga,
a espontânea TARTARUGA,
permanece sobre a terra mais anos que o homem.
Portanto,
como a grande inteligência é sobreviver,
a tartaruga é Filósofa e Laboratório,
e o Homem que já foi Rei da criação
não passa, afinal, de um crustáceo FALSO,
um lavagante pedante;
um animal de cabeça dura. Ponto.

Gonçalo M. Tavares, in "Investigações. Novalis"

O Ideal da Amizade




A camaradagem, o companheirismo, às vezes, parecem amizade. Os interesses comuns por vezes criam situações humanas que são semelhantes à amizade. E as pessoas também fogem da solidão, entrando em todo o tipo de intimidades de que, a maior parte das vezes, se arrependem, mas durante algum tempo podem estar convencidas de que essa intimidade é uma espécie de amizade. Naturalmente, nesses casos não se trata de verdadeira amizade. Uma pessoa imagina que a amizade é um serviço. O amigo, assim como o namorado, não espera recompensa pelos seus sentimentos. Não quer contrapartidas, não considera a pessoa que escolheu para ser seu amigo como uma criatura irreal, conhece os seus defeitos e assim o aceita, com todas as suas consequências. Isso seria o ideal. E na verdade, vale a pena viver, ser homem, sem esse ideal?

E se um amigo falha, porque não é um verdadeiro amigo, podemos acusá-lo, culpando o seu carácter, a sua fraqueza? Quanto vale aquela amizade, em que só amamos o outro pela sua virtude, fidelidade e perseverança? Quanto vale qualquer afecto que espera recompensa? Não seria nosso dever aceitar o amigo infiel da mesma maneira que o amigo abnegado e fiel? Não seria isso o verdadeiro conteúdo de todas as relações humanas, esse altruísmo que não quer nada e não espera nada, absolutamente nada do outro? E quanto mais dá, menos espera em troca? E se entrega ao outro toda a confiança de uma juventude, toda a abnegação da idade viril e finalmente oferece a coisa mais preciosa que um ser humano pode proporcionar a outro ser humano, a sua confiança absoluta, cega e apaixonada, e depois se vê confrontado com o facto de o outro ser infiel e vil, tem direito de se ofender, de exigir vingança? E se se ofende e grita por vingança, era realmente amigo, o traído e abandonado?

Sándor Márai, in 'As Velas Ardem Até ao Fim'

2012.



Exibição e comentário do filme no Cine-Teatro Municipal
• 23 de Janeiro – 21h30
No próximo dia 23 de Janeiro, pelas 21h30, o auditório do Cine-Teatro Municipal de Constância exibe o filme 2012, uma actividade que além da projecção contará também com um comentário sobre a temática desta película.

O filme 2012 baseia-se numa suposta profecia dos Maias - uma das mais fascinantes civilizações de todos os tempos - de que o alinhamento da Terra e do Sol com o centro da Galáxia provocaria uma séria de catástrofes que levariam a uma profunda destruição da Terra.

No princípio e no fim da apresentação do filme, Máximo Ferreira, astrónomo e Presidente da Câmara Municipal, explicará os aspectos científicos relacionados com os efeitos da gravidade da Galáxia sobre o sistema solar e falará dos fenómenos que ocorrem no centro do Sol, dos quais resultam os neutrinos que o realizador do filme interpretou como os responsáveis pelo aquecimento e destruição do nosso planeta.

À semelhança do que acontece com a normal programação de cinema os bilhetes poderão ser adquiridos a partir das 20h30 do dia 23 de Janeiro, na bilheteira do Cine-Teatro Municipal, ou reservados durante a semana que antecede a exibição do filme através do telefone 249 739 367.
Por CMC

sábado, 16 de janeiro de 2010

Livro do Amor




O mais singular livro dos livros
É o Livro do Amor;
Li-o com toda a atenção:
Poucas folhas de alegrias,
De dores cadernos inteiros.
Apartamento faz uma secção.
Reencontro! um breve capítulo,
Fragmentário. Volumes de mágoas
Alongados de comentários,
Infinitos, sem medida.
Ó Nisami! — mas no fim
Achaste o justo caminho;
O insolúvel, quem o resolve?
Os amantes que tornam a encontrar-se.

Johann Wolfgang von Goethe

A vida é...


A vida é a perda lenta de tudo o que amamos ...

Miguel Marques.



Parece que foi ontem.

Parabéns pelo teu vigésimo oitavo aniversário.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O time for us.




Bom fim de semana.

Céu


Para que percorres inutilmente o céu inteiro à procura da tua estrela? Põe-na lá ...

Bater de Asas.


Á minha volta
o espaço é livre
pássaros voam
num esvoaçar elegante
num bater de asas
leve
constante.
Por esses ares eles voam
numa liberdade contagiante
levam meus recados
para longe
para um mundo distante.
Levam-me a alma
os sonhos
em direcção ao céu
será que vão voltar
os sonhos meus...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Dialogar em Vez de Discutir .




Está o casal aos gritos, estão os políticos aos berros... E comenta-se a propósito: "É preciso discutir para chegar a algum lado, da discussão nasce a luz". Bem, a verdade é que não se vê nada. Só quando sou capaz de ouvir, quando sinceramente admito que o outro pode ter razão ou parte dela, é que posso começar a ver. É isso que acontece? Deus queira... Discutir é querer ganhar. Dialogar é procurar a verdade com o que há de bom em cada um.

(Padre) Vasco Pinto de Magalhães, in "Não Há Soluções, Há Caminhos"

Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social


O Município de Constância associa-se ao Programa Nacional do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social
O Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia instituíram em 2008, 2010 como o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, reafirmando assim o seu compromisso na luta contra a pobreza e a exclusão social, promovendo um modelo social que contribua para o bem-estar dos indivíduos, a sua participação na sociedade e, consequentemente, o desenvolvimento económico da Europa, reiterando o empenho da União Europeia e de cada Estado membro na solidariedade, na justiça social e no aumento da coesão, representando um marco importante na erradicação da pobreza.

A União Europeia conta com 78 milhões de pessoas que vivem em risco de pobreza, das quais 19 milhões são crianças, facto que terá estado na origem de este ser o orçamento mais elevado alguma vez concedido a um Ano Europeu – 17 milhões de euros.

Em Portugal, como Estado membro da União Europeia, surge o Programa Nacional do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social (PNAECPES), com o qual se pretende contribuir para um país mais justo e mais solidário contando com a participação de todos os Portugueses.

No distrito de Santarém, a apresentação do PNAECPES ficou a cargo do Centro Distrital da Segurança Social de Santarém, tendo para o efeito convocado para uma reunião todos os parceiros das Plataformas Supra concelhias da Lezíria e do Médio Tejo, no âmbito da Rede Social. No decurso da reunião de apresentação do PNAECPES foram de imediato encetados contactos para a possibilidade de uma candidatura conjunta entre os parceiros que constituem a Plataforma Supraconcelhia do Médio Tejo.

O Município de Constância associou-se à candidatura conjunta ao Programa Nacional do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, da qual fazem parte nove dos dez municípios que integram a Plataforma Supraconcelhia do Médio Tejo e a União das IPSS, tendo como promotor o Município de Abrantes.

Pretende-se com esta candidatura afirmar e desenvolver as Redes Sociais, para que estas sejam efectivos fóruns de integração e de desenvolvimento social. As actividades propostas visam a realização de acções de formação, seminários e outras como forma de sensibilizar a opinião pública para os fenómenos da pobreza e exclusão social.

A concertação entre os parceiros envolvidos na construção de uma candidatura conjunta, no âmbito da pobreza e da exclusão social, foi sem dúvida um desafio ambicioso para todos aqueles que se empenharam na sua concretização. O resultado final foi o fruto da aplicação de todos os princípios inerentes ao trabalho em parceria e apenas possível pela confiança, cooperação, solidariedade e maturidade democrática, que imperou durante todo o processo de construção da candidatura.

Estamos convictos de que esta iniciativa vai ser uma referência pela demonstração proactiva de mudança e inovação social, pelo empenho de todos aqueles que estiveram, estão e continuarão envolvidos nesta Viagem de Cooperação e Parcerias.
Por CMC

Sentir


Hoje sinto o que todo o mundo sente
amores
tristezas
alegrias
desencantos
sinto que a vida me rouba anos
soprando as velas
nesta roda de desenganos.
Amanhã será outro sentir
sinto a tua ausência
o tic tac do relógio
o tempo a fugir...
E o tempo que eu sinto
no seu rodopio constante
me leva e trás
num sentir distante
de recordações
umas boas
outra más...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Don't Cry for Me Argentina

O Prazer é Silencioso




Ao contrário da idéia assente
A palavra não é criadora de um mundo;
O homem fala como o cão ladra
Para exprimir raiva, ou medo.

O prazer é silencioso,
Tal como o é o estado de felicidade.

Michel Houellebecq,

13-01-55


Ninguém faz anos impunemente.O preço é a velhice.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Realidade...


"Nada é real, a não ser o sonho e o amor ..."

A Primeira Palavra que em Toda a Minha Vida me Esgotou o Ser




Uma palavra. Disse-a. Amo-te - uma palavra breve. Quantos milhões de palavras eu disse durante a vida. E ouvi. E pensei. Tudo se desfez. Palavras sem inteira significação em si, o professor devia ter razão. Palavras que remetiam umas para as outras e se encostavam umas às outras para se aguentarem na sua rede aérea de sons. Mas houve uma palavra - meu Deus. Uma palavra que eu disse e repercutiu em ti, palavra cheia, quente de sangue, palavra vinda das vísceras, da minha vida inteira, do universo que nela se conglomerava, palavra total. Todas as outras palavras estavam a mais e dispensavam-se e eram uma articulação ridícula de sons e mobilizavam apenas a parte mecânica de mim, a parte frágil e vã. Palavra absoluta no entendimento profundo do meu olhar no teu, palavra infinita como o verbo divino. Recordo-a agora - onde está? Como se desfez? Ou não desfez mas se alterou e resfriou e absorveu apenas a fracção de mim onde estava a ternura triste, o conforto humilde, a compaixão. Não haverá então uma palavra que perdure e me exprima todo para a vida inteira? E não deixe de mim um recanto oculto que não venha à sua chamada e vibre nela desde os mais finos filamentos de si? Uma palavra. Recupero-a agora na minha imaginação doente. Amo-te. Na intimidade exclusiva e ciumenta do nosso olhar mútuo e encantado. Fecha-nos o lençol na claridade difusa do amanhecer, estás perto de mim no intocável da tua doçura. Frágil de névoa. Fímbria de sorriso e de receio, de pavor, no meu olhar embevecido. Uma palavra. A primeira que em toda a minha vida me esgotou o ser. A que foi tão completa e absorvente, que tudo o mais foi um excesso na criação. Deus esgotou em mim, na minha boca, todo o prodígio do seu poder. Ao princípio era a palavra. Eu a soube. E nada mais houve depois dela.

Vergílio Ferreira, in 'Para Sempre'

Simples palavras.


Amo as palavras
que me levam
e me trazem
em doces quimeras
quentes
doces
sinceras.
Amar o verbo
soletrar letra,por letra
ouvir o eco
dos teus desejos
em frases
e bocejos...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Objectivo...

Acaso ou Coincidência




Podemos muito bem, se for esse o nosso desejo, vaguear sem destino pelo vasto mundo do acaso. Que é como quem diz, sem raízes, exactamente da mesma maneira que a semente alada de certas plantas esvoaça ao sabor da brisa primaveril.
E, contudo, não faltará ao mesmo tempo quem negue a existência daquilo a que se convencionou chamar o destino. O que está feito, feito está, o que tem se ser tem muita força e por aí fora. Por outras palavras, quer queiramos quer não, a nossa existência resume-se a uma sucessão de instantes passageiros aprisionados entre o «tudo» que ficou para trás e o «nada» que temos pela frente. Decididamente, neste mundo não há lugar para as coincidências nem para as probabilidades.
Na verdade, porém, não se pode dizer que entre esses dois pontos de vista exista uma grande diferença. O que se passa - como, de resto, em qualquer confronto de opiniões - é o mesmo que sucede com certos pratos culinários: são conhecidos por nomes diferentes mas, na prática, o resultado não varia.

Haruki Murakami, in 'Em Busca do Carneiro Selvagem'

domingo, 10 de janeiro de 2010

Destino...


Destino que me atrais
me atraiçoas
numa imprudência demais.
Fatalidade
desnorte irracional
contrário á razão
desatino intelectual.
Sorte
fado mal fadado
infelicidade persistente
num fracasso predestinado.

Sentimento profundo.


O amor não é uma futilidade ou um divertimento; é um sentimento profundo, que decide de uma vida. Não há o direito de o falsificar

(Júlio Dantas.)

Andre Rieu-Poliushko Poli.

Pergunta




Quem vem de longe e sabe o nome do meu lugar
e levou o caminho das conchas em mar
e dos olhos em rio
— quem vem de longe chorar por mim?

Quem sabe que eu findo de dureza
e condensa ternura em suas mãos
para a derramar em afagos
por mim?

Quem ouviu a angústia do meu brado,
sirene de um navio a vadiar no largo,
e me traz seus beijos e sua cor,
perdendo-se na bruma das madrugadas
por mim?

Quem soube das asperezas da viagem
e pediu o pão negado
e o suor ao corpo torturado,
por mim? por mim?

Quem gerou o mundo e lhe deu seu nome
e seu tamanho — imenso, imenso,
e em mim cabe?

Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"

sábado, 9 de janeiro de 2010

Incrível...

Estação central Antwerpen (Bélgica.)

A Ambição Superada .




Certo dia uma rica senhora viu, num antiquário, uma cadeira que era uma beleza. Negra, feita de mogno e cedro, custava uma fortuna. Era, porém, tão bela, que a mulher não titubeou - entrou, pagou, levou para casa.
A cadeira era tão bonita que os outros móveis, antes tão lindos, começaram a parecer insuportáveis à simpática senhora. (Era simpática).
Ela então resolveu vender todos os móveis e comprar outros que pudessem se equiparar à maravilhosa cadeira. E vendeu-os e comprou outros.
Mas, então a casa que antes parecia tão bonita, ficou tão bem mobilada que se estabeleceu uma desarmonia flagrante entre casa e móveis. E a senhora começou a achar a casa horrível.
E vendeu a casa e comprou uma outra maravilhosa.
Mas dentro daquela casa magnífica, mobilada de maneira esplendorosa, a mulher começou, pouco a pouco, a achar seu marido mesquinho. E trocou de marido.
Mas mesmo assim não conseguia ser feliz. Pois naquela casa magnífica, com aqueles móveis admiráveis e aquele marido fabuloso, todo mundo começou a achá-la extremamente vulgar.

Millôr Fernandes, in "Pif-Paf"

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Reminiscências...


Lembranças vagas , fazem sentir-me deliciosamente maduro e triste ...

Amar é Raro




Amar é dar, derramar-me num vaso que nada retém e sou um fio de cana por onde circulam ventos e marés. Amar é aspirar as forças generosas que me rodeiam, o sol e os lumes, as fontes ubérrimas que vêm do fundo e do alto, água e ar, e derramá-las no corpo irmão, no cadinho que tudo guarda e transforma para que nada se perca e haja um equilíbrio perfeito entre o mesmo e o outro que tu iluminas. Dar tudo ao outro, dar-lhe tanta verdade quanta ele possa suportar, e mais e mais; obrigar o outro a elevar-se a um grau superior de eminência, fulguração, mas não tanto que o fira ou destrua em overdose que o leve a romper o contrato — o difícil equilíbrio dos amantes! Amar é raro porque poucos somos capazes de respirar as vastas planícies com a metade do seu pulmão; e amar é raro porque poucos aceitam a presença do seu gémeo, a boca insaciável de um irmão que todos os dias o vento esculpe e destrói.

Casimiro de Brito, in 'Arte da Respiração'

Imaginar...



Imagino
que o vento
trespassa meu corpo
dilacerando minha alma
como setas que ferem
corações apaixonados.
O meu interior não pensa
sente!
Meu coração não bate
treme!
Imaginar
não é pensar
é querer...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Cantar os Reis.


Crianças de Constância cantaram os Reis na autarquia


Foi com muito agrado que o Município de Constância recebeu no dia 6 de Janeiro – Dia de Reis, no edifício dos Paços do Concelho dois grupos de crianças, jovens, professores e pessoal não docente que presentearam os autarcas e os trabalhadores da autarquia cantando os Reis.

No período da manhã foram os alunos e os professores da Escola EB 2,3/S Luís de Camões que entoaram as tradicionais Janeiras. Durante a tarde alguns trabalhadores do município e os autarcas receberam de novo os votos de um Bom Ano através dos alunos, professores e auxiliares do Jardins de Infância e do Primeiro Ciclo do Ensino Básico de Constância.
Por CMC

Não se nasce Leitor:


literatura para a infância e juventude

Acção de Formação em Constância
22 e 23 de Janeiro Nos próximos dias 22 e 23 de Janeiro de 2010 vai decorrer em Constância a acção de formação Não se nasce leitor: literatura para a infância e juventude, organizada pela Câmara Municipal, através da Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill, com o apoio da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas.

O conhecimento de literacia em Portugal, o domínio das premissas que norteiam a promoção da leitura, aprofundar o saber relativo à literatura existente em Portugal e no estrangeiro para crianças e jovens e a descoberta de novas técnicas para animar uma colecção de livros ou uma pequena biblioteca são os objectivos desta iniciativa.

A acção de formação, dinamizada por Rui Marques Veloso, destina-se a animadores sócio-culturais, bibliotecários, professores, educadores e técnicos de biblioteca. A iniciativa terá a duração de 15 horas e decorrerá na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill.

As inscrições para esta acção de formação são limitadas, até ao número máximo de 25 participantes, e podem ser efectuadas até ao dia 19 de Janeiro, na Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill.

Para informações ou esclarecimentos adicionais, devem os interessados contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill através do número de telefone 249 739 367 ou via correio electrónico para biblioteca@cm-constancia.pt.



Por CMC

O amor não é um desperdicio!


Certezas quem as tem
neste mundo insano
profetas desavindos
ódios e invejas
onde ningém,respeita ninguém
O egoismo grassa
e o mundo vai girando
a pobreza alastra
Ódio e amor passeiam de mãos dadas
A vida vai em frente
com gentes sorrindo e cantando.
certeza só da morte
neste mundo desgovernado
guerra dor e rancor
e muito amor desperdiçado.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Estima...


Não há metade do coração. Ou todo o amor ou toda a indiferença, quando não, é uma insustentável impostura, chamada estima...

Camilo Castelo Branco.

Fragmento do Homem .




Que tempo é o nosso? Há quem diga que é um tempo a que falta amor. Convenhamos que é, pelo menos, um tempo em que tudo o que era nobre foi degradado, convertido em mercadoria. A obsessão do lucro foi transformando o homem num objecto com preço marcado. Estrangeiro a si próprio, surdo ao apelo do sangue, asfixiando a alma por todos os meios ao seu alcance, o que vem à tona é o mais abominável dos simulacros. Toda a arte moderna nos dá conta dessa catástrofe: o desencontro do homem com o homem. A sua grandeza reside nessa denúncia; a sua dignidade, em não pactuar com a mentira; a sua coragem, em arrancar máscaras e máscaras.

E poderia ser de outro modo? Num tempo em que todo o pensamento dogmático é mais do que suspeito, em que todas as morais se esbarrondam por alheias à «sabedoria» do corpo, em que o privilégio de uns poucos é utilizado implacavelmente para transformar o indivíduo em «cadáver adiado que procria», como poderia a arte deixar de reflectir uma tal situação, se cada palavra, cada ritmo, cada cor, onde espírito e sangue ardem no mesmo fogo, estão arraigados no próprio cerne da vida?
Desamparado até à medula, afogado nas águas difíceis da sua contradição, morrendo à míngua de autenticidade - eis o homem! Eis a triste, mutilada face humana, mais nostálgica de qualquer doutrina teológica que preocupada com uma problemática moral, que não sabe como fundar e instituir, pois nenhuma fará autoridade se não tiver em conta a totalidade do ser; nenhuma, em que espírito e vida sejam concebidos como irreconciliáveis; nenhuma, enquanto reduzir o homem a um fragmento do homem. Nós aprendemos com Pascal que o erro vem da exclusão.

Eugénio de Andrade, in 'Os Afluentes do Silêncio'

Sabor a fel...


Paixão
que me levas para onde não quero ir!
Ventos que me empurram
numa tempestade de emoções
por onde não devo seguir!
Paixão...
No rebolar dos corpos
em beijos ofegantes
suores de prazer
com odores de mel
corpos melaços
com sabor a fel...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O amor...


O amor só vive pelo sofrimento e cessa com a felicidade; porque o amor feliz é a perfeição dos mais belos sonhos, e tudo que é perfeito, ou aperfeiçoado, toca o seu fim...

Camilo Castelo Branco.

Que sejas feliz...


Por ti
serei água e fogo
descobrirei outra forma de amar
mais doce
mais terna.
Vou sentir o sol
a brisa do vento
a força das ondas.
Irei por esses montes fora
semearei ternura
irei navegar em outros mares
enfrentarei tempestades
vendavais.
subirei montanhas
chegarei perto do céu
sentar-me-ei numa estrela.
Esperarei por ti .
Que sejas feliz...

Felicidade Eterna...




Antigamente todos os contos para crianças terminavam com a mesma frase, e foram felizes para sempre, isto depois de o Príncipe casar com a Princesa e de terem muitos filhos. Na vida, é claro, nenhum enredo remata assim. As Princesas casam com os guarda-costas, casam com os trapezistas, a vida continua, e os dois são infelizes até que se separam. Anos mais tarde, como todos nós, morrem. Só somos felizes, verdadeiramente felizes, quando é para sempre, mas só as crianças habitam esse tempo no qual todas as coisas duram para sempre.

José Eduardo Agualusa, in 'O Vendedor de Passados'

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Senso comum !


"O senso comum diz-nos que a terra é imóvel, que o sol gira à sua volta e que os homens que vivem nos antípodas andam de cabeça para baixo ."

Não Existem Pessoas Totalmente Ocas




Nunca encontrei uma pessoa oca. Nunca encontrei uma vida sem significado quando se procura realmente o seu significado. É esse o perigo de dizer que não procuramos, porque foi assim que chegámos ao ponto em que sentimos que a vida não tinha qualquer significado. Bem vê, nós repudiámos tantas formas de terapia. Quer dizer, tantos de nós repudiam actualmente a filosofia, a religião ou qualquer outro padrão que nos mantinha coesos anteriormente. Repudiámos tudo. Até repudiámos a terapia da arte. Por isso não nos restou realmente mais que olhar para dentro, e os que o fazem descobrem que toda a vida tem significado porque a vida tem significado. Fomos seriamente prejudicados por pessoas que disseram que a vida era irracional e de qualquer modo não significava nada. Mas assim que começamos a olhar, descobrimos o padrão e descobrimos a pessoa. Nunca encontrei aquilo a que se poderia chamar uma pessoa totalmente oca.

Anais Nin, in "Fala Uma Mulher"

Momentos.


O mundo gira neste momento
há momentos mágicos
vividos intensamente
cheios de magia
a dois
momentos lembrados
em lugares marcados.
Momentos próprios
inertes
momentos para esquecer
confusos
de dor
de sofrimento.
Momentos
são espaços do tempo
pertença do meu ser
no passado
no futuro
no presente...
Momentos em que o mundo gira
me envolvem numa roda viva
de prazer.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Outra forma de saudade...


Como é bom contemplar o céu
interrogar uma estrela e pensar que lá longe
bem longe
um outro alguém contempla este mesmo céu
essa mesma estrela e murmura baixinho:
"Saudade!"

Nunca Nos Separamos do Primeiro Amor




Já o disse em Hiroshima Mon Amour: o que conta não é a manifestação do desejo, da tentativa amorosa. O que conta é o inferno da história única. Nada a substitui, nem uma segunda história. Nem a mentira. Nada. Quanto mais a provocamos, mais ela foge. Amar é amar alguém. Não há um múltiplo da vida que possa ser vivido. Todas as primeiras histórias de amor se quebram e depois é essa história que transportamos para as outras histórias. Quando se viveu um amor com alguém, fica-se marcado para sempre e depois transporta-se essa história de pessoa a pessoa. Nunca nos separamos dele.
Não podemos evitar a unicidade, a fidelidade, como se fôssemos, só nós, o nosso próprio cosmo. Amar toda a gente, como proclamam algumas pessoas e os cristãos, é embuste. Essas coisas não passam de mentiras. Só se ama uma pessoa de cada vez. Nunca duas ao mesmo tempo.

Marguerite Duras, in "Mundo Exterior "

O Homem que Contempla




Vejo que as tempestades vêm aí
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.

E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.

Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.

Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.

Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior.

Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"

sábado, 2 de janeiro de 2010

Literatura.

Volume II



Depois do enorme êxito de Os Pilares da Terra, Ken Follett regressa à cidade de Kingsbridge, mas desta vez cerca de dois séculos após os acontecimentos do primeiro livro. No dia 1 de Novembro de 1327, quatro crianças presenciam a morte de dois homens por um cavaleiro. O sucedido irá para sempre assombrar as suas vidas, mas Merthin, Ralph, Caris e Gwenda ficarão também marcados pelo próprio tempo em que vivem, e em particular pela maior tragédia que assolou a Europa no século XIV, a Peste Negra.

Caminhos que nos levam!


Se não souber-mos para onde vamos,todos os caminhos nos levam a lugar nenhum...

Porquê ?



Clicar sob a imagem para melhor leitura.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O Simbolismo do Objecto




Cada objecto costuma transformar-se, em nós, segundo as imagens que evoca e reúne, por assim dizer, em seu redor. É claro que um objecto também pode agradar por si mesmo, pela diversidade das sensações agradáveis que suscita em nós numa percepção harmoniosa; mas bem mais frequentemente, o prazer que um objecto nos dá não se encontra no objecto em si mesmo. A fantasia embeleza-o, cingindo-o e quase projectando nele imagens que nos são queridas. Nem nós o percepcionamos já tal qual como ele é, mas quase animado pelas imagens que suscita em nós ou que os nossos hábitos lhe associam. No objecto, em suma, nós amamos aquilo que nele projectamos de nosso, o acordo, a harmonia que estabelecemos entre nós e ele, a alma que ele adquire só para nós e que é formada pelas nossas recordações.

Luigi Pirandello , in 'O Falecido Mattias Pascal'

Ode à Paz




Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,

Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!

Natália Correia, in "Inéditos (1985/1990)"

A propósito...


O que mais importa não é o novo que se vê mas o que se vê de novo no que já tínhamos visto .

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009