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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Reflecções...


"Entre namorar e amar, está o reflectir ."

Dia dos namorados.


Sabia:

O lenço dos namorados é um lenço fabricado a partir de um pano de linho fino ou de lenço de algodão, bordado com motivos variados. É uma peça de artesanato e vestuário típico do Minho, sendo usado por mulheres com idade de casar.

Era hábito a rapariga apaixonada bordar o seu lenço e entregá-lo ao seu amado quando este se fosse ausentar. Nos lenços poderiam ter bordados versos, para além de vários desenhos, alguns padronizados, tendo simbologias próprias.

Era usado como ritual de conquista. Depois de confeccionado, o lenço acabaria por chegar à posse do homem amado, que o passaria a usar em público como modo de mostrar que tinha dado início a uma relação. Se o namorado (também chamado de conversado) não usasse o lenço publicamente era sinal que tinha decidido não dar início a ligação amorosa.

É provável que a origem dos "Lenços de Namorados", também conhecidos por "Lenços de Pedidos" esteja intimamente ligada aos lenços senhoris dos séculos XVII - XVIII, que posteriormente foram adaptados pelas mulheres do povo, adquirindo os mesmos, consequentemente, um aspecto mais popular.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Homem que Lê .




Eu lia há muito. Desde que esta tarde
com o seu ruído de chuva chegou às janelas.
Abstraí-me do vento lá fora:
o meu livro era difícil.
Olhei as suas páginas como rostos
que se ensombram pela profunda reflexão
e em redor da minha leitura parava o tempo. —
De repente sobre as páginas lançou-se uma luz
e em vez da tímida confusão de palavras
estava: tarde, tarde... em todas elas.
Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já
as longas linhas, e as palavras rolam
dos seus fios, para onde elas querem.
Então sei: sobre os jardins
transbordantes, radiantes, abriram-se os céus;
o sol deve ter surgido de novo. —
E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança:
o que está disperso ordena-se em poucos grupos,
obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas
e estranhamente longe, como se significasse algo mais,
ouve-se o pouco que ainda acontece.

E quando agora levantar os olhos deste livro,
nada será estranho, tudo grande.
Aí fora existe o que vivo dentro de mim
e aqui e mais além nada tem fronteiras;
apenas me entreteço mais ainda com ele
quando o meu olhar se adapta às coisas
e à grave simplicidade das multidões, —
então a terra cresce acima de si mesma.
E parece que abarca todo o céu:
a primeira estrela é como a última casa.

Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"

Transe



O estado de transe é um estado quase normal no ser humano; basta muito pouco para provocá-lo. Uma coisa de nada, um pouco de álcool no sangue, um pouco de droga, excesso de oxigénio, a cólera, o cansaço. Mas este estado é interessante na medida em que é orientável. Trata-se de um balanço, mas esse lança mão das regiões desconhecidas do nosso espírito. De facto, não há fundamentalmente nenhuma diferença, entre um homem intoxicado pelo álcool e um santo que se entregue ao êxtase. E no entanto há apesar de tudo uma diferença: a da interpretação. O momento de loucura é preparado por uma etapa onde o assunto é mergulhado numa espécie de vacilação da consciência, de excitação cerebral violenta. É esse momento que fabrica verdadeiramente o êxtase e lhe dá o sentido. Enquanto o êxtase em si mesmo é cego. É o vazio total, sem ascensão nem queda. A calma plana. Tanto quanto se possa dizer que o santo nunca conhecerá Deus. Aproxima-O, depois regressa. E estas duas etapas são as que são. Entre as duas, é o nada. O vazio, a amnésia completa. No momento X do êxtase, o santo e o intoxicado são semelhantes, estão no mesmo local. Habitam o mesmo paraíso vazio e terrífico.

Le Clézio, in 'A Febre'

Superstição.



sentimento religioso erróneo que induz a criar falsas obrigações e que leva à prática de deveres absurdos ou imaginários;

excessiva credulidade;

crendice;

preconceito.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Simone



Feiticeira-(Luís Represas)

Beija flor.







O beija-flor leva

o beijo da primavera

ao pousar na flor.



Silêncio na noite,

cobre-se a árvore de neve:

amor invernou.

Perguntar...


O mais grave no nosso tempo não é não termos respostas para o que perguntamos - é não termos já mesmo perguntas .

Constância alerta para degradação da ponte sobre o Tejo

O Mirante - diário online - Sociedade - Constância alerta para degradação da ponte sobre o Tejo

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Fidelidade.


Nada é constante neste mundo senão a inconstância ...

Sonho de amor.




Sonho, nós só da-mos
conta depois de acordar, depois de ele acabar...
E fica aquela vontade de sonhar mais um pouquinho.
Existem pessoas que são um sonho...
Um sonho pelo qual a gente dormiria a vida inteira.
Mas o destino vem e nos acorda violentamente...
E nos leva aquele sonho tão bom...
Existem pessoas que são estrelas.
Doces luzes que enfeitam e iluminam as noites
escuras de nossas vidas.
Mas vem o amanhecer e nos rouba com toda a sua claridade
aquela estrela tão linda.
Existem pessoas que são flores...Belezas discretas
que alegram o nosso caminho.
Mas com o tempo, as flores murcham,
e nos enchem de saudade da sua cor e de seu perfume.
Existem, finalmente,as pessoas que são simplesmente amor.
Um amor doce como o mel de uma flor...que desabrochou numa estrela
e que veio até nós num lindo sonho!
E ainda bem que são amor, porque flores,estrelas ou sonhos,
mais cedo ou mais tarde, terminam...
mas o amor...o amor não termina nunca..

Taberna.


Vem beber dois. Toda a vida

É uma coisa sem nexo

Que só se sente bebida

Quando perde o nexo e o sexo.


Vem comigo conversar

Enquanto o vinho se esgota.

Que mais nos vale este estar

A morrer-nos, gota a gota?



Tudo é absurdo. Nada obriga.

E sobre esta confusão

É ponte o fio que liga

A taberna ao coração.


Fernando Pessoa.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Bocage, in 'Rimas'


Raios não peço ao Criador do mundo,
Tormentas não suplico ao rei dos mares,
Vulcões à terra, furacões aos ares,
Negros monstros ao báratro profundo:

Não rogo ao deus do Amor, que furibundo
Te arremesse do pé de seus altares;
Ou que a peste mortal voe a teus lares,
E murche o teu semblante rubicundo:

Nada imploroem teu dano, ainda que os laços
Urdidos pela fé, com vil mudança
Fizeste, ingrata Nise, em mil pedaços:

Não quero outro despique, outra vingança,
Mais que ver-te em poder de indignos braços,
E dizer quem te perde, e quem te alcança.

O vinho.


Se o vinho não fosse a melhor bebida do mundo,Jesus Cristo teria transformado água em cerveja.

Biblioteca.


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Que Alguém Disse.




"Refugia-te na Arte" diz-me Alguém
"Eleva-te num vôo espiritual,
Esquece o teu amor, ri do teu mal,
Olhando-te a ti própria com desdém.

Só é grande e perfeito o que nos vem
Do que em nós é Divino e imortal!
Cega de luz e tonta de ideal
Busca em ti a Verdade e em mais ninguém!"

No poente doirado como a chama
Estas palavras morrem... E n'Aquele
Que é triste, como eu, fico a pensar...

O poente tem alma: sente e ama!
E, porque o sol é cor dos olhos d'Ele,
Eu fico olhando o sol, a soluçar...

Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

A Promiscuidade.



O que é a experiência? Nada. É o número dos donos que se teve. Cada amante é uma coronhada. São mais mil no conta-quilómetros. A experiência é uma coisa que amarga e atrapalha. Não é um motivo de orgulho. É uma coisa que se desculpa. A experiência é um erro repetido e re-repetido até à exaustão. Se é difícil amar um enganador, mais difícil ainda é amar um enganado.
Desengane-se de vez a rapaziada. Nenhuma mulher gosta de um homem «experiente». O número de amantes anteriores é uma coisa que faz um bocadinho de nojo e um bocadinho de ciúme. O pudor que se exige às mulheres não é um conceito ultrapassado — é uma excelente ideia. Só que também se devia aplicar aos homens. O pudor valoriza. 0 sexo é uma coisa trivial. É por isso que temos de torná-lo especial. Ir para a cama com toda a gente é pouco higiénico e dispersa as energias. Os seres castos, que se reprimem e se guardam, tornam-se tigres quando se libertam. E só se libertam quando vale a pena. A castidade é que é «sexy». Nos homens como nas mulheres. A promiscuidade tira a vontade.


Miguel Esteves Cardoso.

Carmen Miranda.

Faria hoje 100 anos.



Maria do Carmo, filha de José Maria Pinto Cunha, barbeiro, e Maria Emília de Miranda, nasceu às 3 horas do dia 9 de Fevereiro de 1909, em Várzea de Ovelha e Aliviada, Marco de Canavezes, Portugal.

Já no fim de 1909, o seu pai mudou-se para o Brasil, à procura de uma vida nova. Assim que se instalou, mandou buscar a família. A Bituca, como era chamada Carmen, cresceu no meio do samba do Rio de Janeiro, numa humilde pensão familiar no 1º andar da travessa do Comércio, nº 13.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Rostos da vila



Constância.

Esboços.


Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus.

Clarice Lispector

Magalhães (ão!ão!ão)


oirazan

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Pablo Neruda.



Por Joaquin Sabina.

No fundo aberto.




Escrevo-te enquanto algo resvala, acaricia, foge
e eu procuro tocar-te com as sílabas do repouso
como se tocasse o vento ou só um pássaro ou uma folha.
Chegaste comigo ao fundo aberto sob um céu marinho,
sobre o qual se desenham as nuvens e as árvores.
Estamos na aurícula do coração do mundo.
O que perdemos ganhamo-lo na ondulação da terra.
Tudo o que queremos dizer sai dos lábios do ar
e é a felicidade da língua vegetal
ou a cabeça leve que se inclina para o oriente.
Ali tocamos um nó, uma sílaba verde, uma pedra de sangue
e um harmonioso astro se eleva como uma espádua fulgurante
enquanto um sopro fresco passa sobre as luzes e os lábios.

António Ramos Rosa.

É favor de não chorar a rir...




Numa povoação pequena, mesmo junto à fronteira entre Portugal e Espanha, a Igreja fica cheia para a missa das 10h: portugueses, espanhóis, o presidente da junta, etc..
O padre começa o sermão: "Irmãos estamos hoje aqui reunidos para falar dos Fariseus... Aquele povo desgraçado como esses espanhóis que estão aqui..."


Ohhhhhhh !!!! O maior tumúlto tomou conta da igreja.

Os espanhóis ofenderam o padre, houve porrada na porta da igreja.

O presidente da junta levou as mãos à cabeça, indignado.

Acabada a confusão, o presidente da junta foi falar com o padre na sacristía:

" - Sr. Padre, vá devagar, os espanhóis vêm para este lado, gastam nas lojas,
nos restaurantes, trazem divisas para a Portugal. Não faça mais
provocações."

Durante a semana a conversa entre todos era a mesma: o padre e o sermão do
Domingo. Aquele zum-zum-zum todo foi fazendo com que as pessoas ficassem
curiosas e a querer saber mais sobre o que tinha acontecido.

Finalmente, chega o domingo.

O presidente da junta chega à sacristía e fala com o padre:

"- Padre, o senhor lembra-se da nossa conversa, não? Por favor, não arranje nenhum problema hoje, ok?"

Vem a missa e o padre começa o sermão: "Irmãos... Estamos aqui reunidos, hoje, para falar
de uma pessoa da Bíblia: Maria Madalena.
Aquela mulher, prostituta que tentou Jesus, como essas espanholas que estão aqui..."

Caldeirada geral: pancadaria na igreja, partiram velas nos corredores, chapadas, socos e alguns internamentos no Centro de Saúde da povoação.

O presidente da junta foi novamente ter com o padre: "- Padre, o senhor não me disse que iria
com mais calma? ... se o senhor não amansar,
vou escrever uma carta ao Bispo e pedir a sua

retirada Imediata."

Naquela semana, o tumúlto era maior ainda. As conversas eram maiores ainda.

Ninguém iria perder a missa do próximo domingo nem que a vaca tossisse. Na manhã de Domingo, o presidente da junta entra na sacristia com a polícia e adverte o padre:

" -Sr. Padre, não provoque desta vez, senão acuso-o de provocação de tumúlto e vai dentro!!"

A igreja estava abarrotada. Quase não se conseguia respirar de tanta gente.

Começa o sermão : " Irmãos... Estamos aqui reunidos hoje, para falar do momento mais
importante da vida de Cristo: a Santa Ceia"

(O presidente da junta respirou aliviado...)

- Jesus, naquele momento, disse aos apóstolos :"Esta noite, um de vocês me trairá.'

Então João pergunta: 'Mestre, sou eu?' e Jesus responde: 'Não, João, não serás tu'.

Pedro pergunta: 'Mestre, sou eu?' e Cristo responde: 'Não, Pedro, não serás tu.'

Então Judas pergunta: 'Mestre, soy Yo?...'

A PORRADA FOI GERAL !!!!!

Recebi por email.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sindroma gripal.


"Depois da tempestade vem a gripe..."

Desculpem mas hoje não há 'jinhos nem abraços para ninguém não os quero contaminar com este maldito virus.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Juventude.


"Quarenta anos é a velhice dos jovens; cinqüenta anos é a juventude dos velhos."

Baú dos Pensamentos.


Baú dos Pensamentos assinala Dia de S.Valentim
De 9 a 20 de Fevereiro a Biblioteca Municipal Alexandre O’ Neill dinamiza o Baú dos Pensamentos, uma iniciativa que visa comemorar o Dia dos Namorados.

Deste modo, a Biblioteca propõe aos leitores assinalarem o Dia de S. Valentim de uma forma criativa e original, incentivando-os a produzirem pensamentos e reflexões sobre esta data festiva.

Os trabalhos apresentados no Baú dos Pensamentos serão posteriormente expostos na Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill.

Para mais informações sobre a participação no Baú dos Pensamentos devem os interessados contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O’ Neill, através do telefone 249 739 367, ou via correio electrónico, para biblioteca@cm-constancia.pt

Por CMC

Intimidade .




Que ninguém hoje me diga nada.
Que ninguém venha abrir a minha mágoa,
esta dor sem nome
que eu desconheço donde vem
e o que me diz.
É mágoa.
Talvez seja um começo de amor.
Talvez, de novo, a dor e a euforia de ter vindo ao
[mundo.
Pode ser tudo isso, ou nada disso.
Mas não o afirmo.
As palavras viriam revelar-me tudo.
E eu prefiro esta angústia de não saber de quê.

Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Exposição de Ricardo Escada no Posto de Turismo de Constância.



It’s Interaction by R. Escada é o título da exposição que vai estar patente ao público no Posto de Turismo de Constância, de 7 a 28 de Fevereiro, um evento cuja inauguração terá lugar no próximo sábado, às 15.15 horas.

O autor, Ricardo Escada, é um jovem de Constância que conta no seu curriculum com muita formação e experiência ao nível das artes audiovisuais, onde se integram múltiplos trabalhos de fotografia, cinema e vídeo.

Ainda no campo das artes há também a destacar a presença de Ricardo Escada no mundo do cinema e da televisão, com participações no filme Le Barbier de Sibérie, de Nikita Mikhalkov e nalgumas séries televisivas.

It’s Interaction by R. Escada é o último trabalho de Ricardo Escada, no qual o autor apresenta um conjunto de imagens criadas através de um telefone de câmara com 2megapixel.

A exposição poderá ser visitada no horário de funcionamento do Posto de Turismo:
Dias úteis 9.30H-13.00H/14.00H-17.30H;
Sábados, domingos e feriados: 14.30H-18.00h.

Por CMC

Nua.






Nua
como Eva.
A cabeleira
beija-lhe o rosto oval e flutua;
o corpo
é água de torrente...

Eva adolescente,
com reflexos de lua
e tons de aurora...!

Roseira que enflora...!

Desflorada por tanta gente...



Teu corpo,
mal o toquei...

Só te abracei
de leve...

Foi todo neve
o sonho que alonguei...

Asas em voo,
quem, um dia, as teve?

Os sonhos que eu sonhei!


Jeito de ave
e criança,
suave
como a dança
do ramo de árvore
que o vento beija e balança!

Nave
de sonho
no temporal medonho
silvando agoiro!

Quem destrançou os teus cabelos de oiro?



Corpo fino,
delicado,
sereno, sem desejos...

Tão macio,
tão modelado...

Beijos... Beijos... Beijos...



No meu sono
ela flutua
a cada passo...

Nua,
riscando o espaço
numa névoa de outono...

Apenas nos cabelos
um azulado laço...

E assim enlaço
a imagem sua...

Saúl Dias, in "Sangue"

Pensamentos.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Escrever é esquecer.


A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

Fernando Pessoa

Poeta Só .




Prende-me tua pele
ao perfume dos teus seios
e sinto que o mundo em mim se fechou.

Jardins de vida me trazes,
odor de brilho aberto,
em voo de gaivota
rente ao mar.

Esse fulvo encontro
me encanta à noite
se à janela
procuro o entrelaçado
da tua memória.

Ouço a noite
no céu estelar
cantar a nossa solidão:
o meu coração perdido
em teu olhar,
e o odor da tua pele
por mim espera
para que em ti se levante.

Carlos Melo Santos, in "Lavra de Amor"

Prende-me tua pele
ao perfume dos teus seios
e sinto que o mundo em mim se fechou.

Jardins de vida me trazes,
odor de brilho aberto,
em voo de gaivota
rente ao mar.

Esse fulvo encontro
me encanta à noite
se à janela
procuro o entrelaçado
da tua memória.

Ouço a noite
no céu estelar
cantar a nossa solidão:
o meu coração perdido
em teu olhar,
e o odor da tua pele
por mim espera
para que em ti se levante.

Carlos Melo Santos, in "Lavra de Amor"

Literatura.


As vidas de el-rei D. Sebastião e Miguel Leitão de Andrada entrelaçam-se desde o nascimento até ao desastre de Alcácer-Quibir.
O rei-menino, corajoso mas ingénuo, e o leal fidalgote de Pedrógão Grande, reconhecido na região como vidente e protegido de Nossa Senhora da Luz, vêem-se implicados numa secreta e perigosa intriga de espionagem, com contornos sexuais.
O rei mais desejado de toda a nossa história é, apesar de todas as esperanças da nação, um órfão falto de afectos, criado e educado por velhos, como a avó sedenta de poder e o tio cardeal, ambicioso e fraco. Caprichoso e insolente, D. Sebastião cresce atormentado pelos seus traumas e complexos de adolescente, sublimados nos sonhos de glória de mancebo visionário, senhor de um poder absoluto que o arrasta ao desastre, profetizado pelas dolorosas visőes de Miguel Leitão de Andrada.

Este romance fascinante foi construído a partir de uma rigorosa investigação de fontes históricas documentais - portuguesas, espanholas, italianas, francesas e holandesas - e condimentado pela exuberante imaginação de Deana Barroqueiro.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Leis.


Só existe uma lei no amor; tornar feliz a quem se ama.

Mania de explicação.





Era uma menina que gostava de inventar uma explicação para cada coisa.

Explicação é uma frase que se acha mais importante do que a palavra.
As pessoas até se irritavam, irritação é um alarme de carro que dispara bem no meio de seu peito, com aquela menina explicando o tempo todo o que a população inteira já sabia. Quando ela se dava conta, todo mundo tinha ido embora. Então ela ficava lá, explicando, sozinha.
Solidão é uma ilha com saudade de barco.
Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança pra acontecer de novo e não consegue.
Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.
Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer "eu deixo" é pouco.
Pouco é menos da metade.
Muito é quando os dedos da mão não são suficientes.
Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro de sua cabeça.
Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.
Agonia é quando o maestro de você se perde completamente. Preocupação é uma cola que não deixa o que não aconteceu ainda sair de seu pensamento.
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.
Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.
Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.
Renúncia é um não que não queria ser ele.
Sucesso é quando você faz o que sempre fez só que todo mundo percebe.
Vaidade é um espelho onisciente, onipotente e onipresente. Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.
Orgulho é uma guarita entre você e o da frente.
Ansiedade é quando faltam cinco minutos sempre para o que quer que seja.
Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada especialmente.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.
Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.
Alegria é um bloco de Carnaval que não liga se não é fevereiro.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.
Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.
Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia.
Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.
Perdão é quando o Natal acontece em maio, por exemplo.
Desculpa é uma frase que pretende ser um beijo.
Excitação é quando os beijos estão desatinados pra sair de sua boca depressa.
Desatino é um desataque de prudência.
Prudência é um buraco de fechadura na porta do tempo.
Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.
Emoção é um tango que ainda não foi feito.
Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Desejo é uma boca com sede.
Paixão é quando apesar da placa "perigo" o desejo vai e entra.
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. Não. Amor é um exagero... Também não. É um desadoro... Uma batelada? Um enxame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego? Talvez porque não tivesse sentido, talvez porque não houvesse explicação, esse negócio de amor ela não sabia explicar, a menina.

Adriana Falcão

O Testamento dos Namorados .




Escolhamos as coisas mais inúteis
o verde água o rumor das frutas
e partamos como quem sai
ao domingo naturalmente.

Deixemos entretanto o sinal
de ter existido carnalmente:
da tua força um castiçal
da minha fragilidade um pente.

Esse hieróglifo essa lousa
deixemos para que uma criança
a encontre como quem ousa
um novo passo de dança.

Natália Correia, in "O Vinho e a Lira

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Tango.



Nascido nos bairros mais pobres da Argentina, o Tango é hoje uma das danças mais populares, desejadas e aplaudidas em pistas de todo o mundo. O seu ritmo energético, movimentos rápidos e concisos, posturas sensuais e perfeitas, são simplesmente magnetizantes.

Assim é o tango:
Intenso. Dramático. Sensual.

Olhos nos teus olhos.

recados orkut





"Já não se encontrarão os meus olhos nos teus olhos. Já não se adoçará junto a ti a minha dor, mas por onde for levarei o teu olhar e para onde fores levarás a minha dor." (Guimarães Rosa)

Ternura .




Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"

sábado, 31 de janeiro de 2009

Vai á luta...

Rosto .




Como se um mar de folhas
descobrisse o teu corpo
ouço-te a vida devolvida
à minha vida

Deitas-te assim na dobra estreita
da minha vida não fictícia

Tu és o rosto inexorável
diante de que
o
meu rosto vive
o olhar, a boca, os lábios ácidos
em que os meus, áridos, se extinguem

Gastão Cruz, in "Campânula"

Pensamento.


Não te deixes dominar pela tristeza e nem te aflijas com os teus pensamentos. Ilude as tuas inquietações, consola o teu coração, afasta para longe a tristeza: porque a tristeza não tem utilidade alguma.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Íliada de Homero.

2008-Vila Poema



Mercado da cultura.

Retrato de Amigo .




Por ti falo. E ninguém sabe. Mas eu digo
meu irmão minha amêndoa meu amigo
meu tropel de ternura minha casa
meu jardim de carência minha asa.

Por ti morro e ninguém pensa. Mas eu sigo
um caminho de nardos empestados
uma intensa e terrífica ternura
rodeado de cardos por muitíssimos lados.

Meu perfume de tudo minha essência
meu lume minha lava meu labéu
como é possível não chegar ao cume
de tão lavado céu?

Ary dos Santos, in 'Fotosgrafias'

Amizade .




Uma criança muito suja atira pedras a um cão. O cão
não foge. Esquiva-se e vem até junto da criança
para lhe lamber o rosto.

Há, depois, um abraço apertado, de compreensão e
de amizade. E lado a lado, com a mãozinha muito
suja no pescoço felpudo, lá vão, pela rua estreita,
em direcção ao sol.

António Salvado, in "Cicatriz"

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Festas do Concelho já mexem em Constância



A Câmara Municipal, a Paróquia, os moradores, as escolas, o comércio e as diferentes instituições do concelho de Constância estão já a preparar a Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem/ Festas do Concelho’ 2009, um acontecimento que decorrerá nos próximos dias 11, 12 e 13 de Abril.

O XXII Grande Prémio da Páscoa em Atletismo, a XXIV Descida dos 3 Castelos, entre outras actividades desportivas, a Mostra de Artesanato, exposições, música, ruas floridas, tasquinhas, gastronomia, doçaria e muita animação são as diversas vertentes que constituem a iniciativa.

Ponto alto do evento serão as cerimónias religiosas que têm lugar no dia do Concelho, Segunda-feira de Páscoa, das quais se destacam a Missa Solene, a Procissão em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem e as Bênçãos dos Barcos nos rios Tejo e Zêzere e das viaturas na Praça Alexandre Herculano.

À semelhança dos anos anteriores, a iniciativa integrará também um programa de actividades descentralizadas, a realizar nas freguesias de Montalvo e Santa Margarida da Coutada.

Por CMC

Até amanhã.


Até Amanhã

Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"

Sorrisos.


É necessário muito pouco para provocar um sorriso e basta um sorriso para tudo se tornar possível ...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A função do amor;




É fabricar desconhecimento.

(o conhecido não tem desejo;mas todo o amor é desejar)
embora se viva às avessas,o idêntico sufoque o uno
a verdade se confunda com o facto,os peixes se gabem de pescar

e os homens sejam apanhados pelos vermes(o amor pode não se
importar
se o tempo troteia,a luz declina,os limites vergam
nem se maravilhar se um pensamento pesa como uma estrela
—o medo tem morte menor;e viverá menos quando a morte acabar)

que afortunados são os amantes(cujos seres se submetem
ao que esteja para ser descoberto)
cujo ignorante cada respirar se atreve a esconder
mais do que a mais fabulosa sabedoria teme ver

(que riem e choram)que sonham,criam e matam
enquanto o todo se move;e cada parte permanece quieta:


pode não ser sempre assim;e eu digo
que se os teus lábios,que amei,tocarem
os de outro,e os teus ternos fortes dedos aprisionarem
o seu coração,como o meu não há muito tempo;
se no rosto de outro o teu doce cabelo repousar
naquele silêncio que conheço,ou naquelas
grandiosas contorcidas palavras que,dizendo demasiado,
permanecem desamparadamente diante do espírito ausente;

se assim for,eu digo se assim for—
tu do meu coração,manda-me um recado;
para que possa ir até ele,e tomar as suas mãos,
dizendo,Aceita toda a felicidade de mim.
E então voltarei o rosto,e ouvirei um pássaro
cantar terrivelmente longe nas terras perdidas.

E. E. Cummings, in "livrodepoemas"

Janela sobre o mar.


O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.

Carlos Drummond de Andrade

"Ausência."


A ausência só mata o amor quando ele já está doente na data da partida .

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Quotidiano .




"As pequenas coisas parecem insignificantes, mas dão-nos a paz."

Grito




De ti que inventaste
a paz
a ternura
e a paixão
o beijo
o beijo fundo intenso e louco
e deixaste lá para trás
a côncava do medo
à hora entre cão e lobo
à hora entre lobo e cão.

De ti que em cada ano
cada dia cada mês
não paraste de acender
uma e outra vez
a flor eléctrica
do mais desvairado
coração.

De ti que fugiste à estepe
e obrigaste
à ordem dos caminhos
o pastor
a cabra e o boi
e do fundo do tempo
me chamaste teu irmão.

De ti que ergueste a casa
sobre estacas
e pariste
deuses e linguagens
guerras
e paisagens sem alento.

De ti que domaste
o cavalo e os neutrões
e conquistaste
o lírico tropel
das águas e do vento.

De ti que traçaste
a régua e esquadro
uma abóboda inquieta
semeada de nuvens e tritões
santidades e tormentos.

De ti que levaste
a volupta da ambição
a trepar erecta
contra as leis do firmamento.

De ti que deixaste um dia
que o teu corpo se cansassse
desta terra de amargura e alegria
e se espalhasse aos quatro cantos
diluido lentamente
no mais plácido
silente
e negro breu.

De ti
meu irmão
ainda ouço
o grito que deixaste
encerrado
em cada pétala do céu
cada pedra
cada flor.
O grito de revolta
que largaste à solta
e que ficou para sempre
em cada grão de areia
a ressoar
como um pálido rumor.
O grito que não cansa
de implorar
por amor
e mais amor
e mais amor.

José Fanha, in "Breve tratado das coisas da arte e do amor"

Da mulher.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Beijo Subaquático + Longo .



No dia 13 de Fevereiro pelas 21h30 na Piscina Municipal.
“Sabia que um beijo activa até 30 músculos faciais, faz acelerar o batimento cardíaco e se durar três minutos queima até 15 calorias?”

Na véspera de um dia especial, venha à Piscina Municipal e traga o seu companheiro (a). Habilitem-se a ganhar um Dia dos Namorados inesquecível com o seu (sua) mais que tudo, com prémios muito atractivos e estimulantes para comemorar esta data especial. Tragam touca, chinelos, fato-de-banho e fôlego para garantir o primeiro lugar nesta iniciativa.

1.º Prémio – Passeio de Barco no Tejo; Jantar Romântico para duas pessoas; 2 Bilhetes de Cinema; Estadia de uma noite para duas pessoas na região.

2.º Prémio – Passeio de Barco no Tejo; Jantar Romântico para duas pessoas; 2 Bilhetes de Cinema.

3.º Prémio – Jantar Romântico para duas pessoas; 2 Bilhetes de Cinema.

Para mais informações sobre a participação nesta actividade devem os interessados contactar a Piscina Municipal através do telefone 249 739 627.
Por CMC

Homem das cidades.




Ontem à tarde um homem das cidades
Falava à porta da estalagem.
Falava comigo também.
Falava da justiça e da luta para haver justiça
E dos operários que sofrem,
E do trabalho constante, e dos que têm fome,
E dos ricos, que só têm costas para isso.
E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos olhos
E sorriu com agrado, julgando que eu sentia
O ódio que ele sentia, e a compaixão
Que ele dizia que sentia.
(Mas eu mal o estava ouvindo.
Que me importam a mim os homens
E o que sofrem ou supõem que sofrem?
Sejam como eu — não sofrerão.
Todo o mal do mundo vem de nos importarmos uns com os
outros,
Quer para fazer bem, quer para fazer mal.
A nossa alma e o céu e a terra bastam-nos.
Querer mais é perder isto, e ser infeliz.)
Eu no que estava pensando
Quando o amigo de gente falava
(E isso me comoveu até às lágrimas),
Era em como o murmúrio longínquo dos chocalhos
A esse entardecer
Não parecia os sinos duma capela pequenina
A que fossem à missa as flores e os regatos
E as almas simples como a minha.
(Louvado seja Deus que não sou bom,
E tenho o egoísmo natural das flores
E dos rios que seguem o seu caminho
Preocupados sem o saber
Só com florir e ir correndo.
É essa a única missão no Mundo,
Essa — existir claramente,
E saber faze-lo sem pensar nisso.
E o homem calara-se, olhando o poente.
Mas que tem com o poente quem odeia e ama?

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXII"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Lealdade.


A Lealdade é um Amor que Esquece o Mundo
Só se é realmente leal quando se está sujeito a alguém ou a algo. Aí, onde mesmo um sonho pode ser senhor. Na sujeição de quem serve uma causa, na sujeição de quem se submete a um chefe, na sujeição à pessoa amada, na sujeição do sentimento e na sujeição do dever, no sacrifício da liberdade, da razão e do interesse. No desperdício e no desprezo do que está à vista e do que está à mão, é nesta desagradável situação que se acha ou não acha a lealdade. É por ser selvagem e servil, mas só a um senhor, que a lealdade tem valor. É muito difícil ser-se leal, mas só porque é muito difícil seguirmos o coração. A lealdade é um amor que esquece o mundo.

Ao escolher um amigo, e ao ser-se amigo dele, rejeitam-se as outras pessoas. Quando estamos apaixonados, é através dessa pessoa que amamos a humanidade. O amor ocupa-nos muito. E para os outros, não fica quase nada.
Não se consegue ser leal ao ponto de calar o coração. Mas sofremos com as nossas deslealdades. Sabemos perfeitamente o que estamos a fazer, quem sacrificámos, e porquê. É por causa da consciência da nossa imperfeição que o ideal da verdadeira lealdade não pode ser abandonado ou alterado. O facto de ser incumprível não obriga a que se arranje uma versão softcore, mais cómoda e realista. É preciso aguentar. A lealdade é uma coisa tão cega e simples de determinar quanto é difícil de determinar quanto é difícil de seguir.

Miguel Esteves Cardoso, in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa'