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domingo, 29 de março de 2009

amizade.


Convém tratar a amizade como os vinhos, desconfiando das misturas !

Eternidade .




Vens a mim
pequeno como um deus,
frágil como a terra,
morto como o amor,
falso como a luz,
e eu recebo-te
para a invenção da minha grandeza,
para rodeio da minha esperança
e pálpebras de astros nus.

Nasceste agora mesmo. Vem comigo.

Jorge de Sena, in 'Perseguição'

sábado, 28 de março de 2009

Mundial-2010

Uma História de Amor






Era uma vez uma ilha, onde moravam o amor e outros sentimentos.
Um dia avisaram para os moradores desta ilha que ela ia ser inundada.
Apavorado, o AMOR, cuidou para que todos os sentimentos se salvassem.
Ele então falou:
- Fujam todos, a ilha vai ser inundada.
Todos correram e pegaram seus barquinhos, para irem a um morro bem alto.
Só o AMOR não se apressou, pois queria ficar um pouco mais com sua ilha.
Quando já estava se afogando, correu para pedir ajuda.
Estava passando a Riqueza e ele disse:
- RIQUEZA leve-me com você....
- não posso, meu barco está cheio de ouro e prata e você não vai caber.
Passou então a Vaidade e ele pediu:
- Oh! VAIDADE leva-me com você....
- Não posso vai sujar meu barco.
Logo atrás vinha a Tristeza.
- TRISTEZA, posso ir com você?
- Ah! AMOR, estou tão triste que prefiro ir sozinha.
Passou a ALEGRIA, mas estava tão alegre que nem ouviu o AMOR chamar por ela.
Já desesperado, achando que ia ficar só, o AMOR começou a chorar.
Então passou um barquinho onde estava um velhinho e ele então falou:
- Sobe AMOR, que te levo.
O AMOR ficou radiante de felicidade que até esqueceu de perguntar o nome do velhinho.
Chegando ao morro alto onde estavam os sentimentos, ele perguntou à Sabedoria:
- SABEDORIA, quem era o velhinho que me trouxe aqui?
Ela então respondeu:
- O TEMPO
- O Tempo?
Mas porque só o tempo me trouxe aqui?
- Porque só o Tempo é capaz de entender um grande AMOR.

Solidão




Estás todo em ti, mar, e, todavia,
como sem ti estás, que solitário,
que distante, sempre, de ti mesmo!

Aberto em mil feridas, cada instante,
qual minha fronte,
tuas ondas, como os meus pensamentos,
vão e vêm, vão e vêm,
beijando-se, afastando-se,
num eterno conhecer-se,
mar, e desconhecer-se.

És tu e não o sabes,
pulsa-te o coração e não o sente...
Que plenitude de solidão, mar solitário!

Juan Ramón Jiménez, in "Diario de Un Poeta Reciencasado"

O velho de Alcântara mar.

Por:
Miguel S.Tavares.

Eu estava a almoçar sozinho num restaurante, como tanto gosto de fazer, a meio do dia de trabalho. Detesto «almoços de trabalho», almoços de circunstância ou almoços de coisa alguma. Detesto almoçar os outros, resumindo. Prefiro almoçar a comida, acompanhada de uma revista ou de um jornal.

O restaurante era pouco mais que uma tasquinha de Alcântara, que tem a vantagem de ter uma comida caseira e sem pretensões e de não ser frequentado pela classe emergente dos almoços, com os telemóveis em cima da mesa, ao alcance de uma urgência, porque gente importante e ocupada é assim. Este restaurante, pelo contrário, é frequentado por uns clientes discretos, habituais e silenciosos, que vêm comer polvo cozido com todos e parecem cobertos por uma fina poeira de tristeza que os toma, de certa forma, íntimos. Íntimos, apesar do nosso mútuo silêncio, cúmplices na solidão das mesas, como marinheiros naufragados, cada um em sua ilha.

Gosto destes personagens lisboetas da hora de almoço, que comem sozinhos resmungando entre dentes, que compram lotaria, lêem os anúncios do Correio da Manhã e tratam as empregadas de mesa por «Menina isto» e «Menina aquilo». Imagino em cada um deles um Fernando Pessoa, órfão de obra e deserdado de sentimentos. São solitários e tristes, porém não são trôpegos, mas dignos, de costas direitas e cara fechada olhando em frente, quando se levantam da mesa discretamente em direcção à porta, como se deslizassem em direcção à vida.

Um dia entrou um homem destes, que eu já tinha visto anteriormente. Era um cliente de bairro, um «vizinho» do restaurante — ocasionalmente almoça, mas, regra geral, limita-se a chegar sobre o tarde, senta-se numa mesa em frente à porta com um jornal dobrado à frente, encomenda uma bica e fica a olhar para a rua, atento ao passar do tempo. Vê-se que é reformado porque não tem horário fixo nem pressa alguma. Não será viúvo, mas apenas gasto, viverá num 3° esquerdo, indiferente às lamúrias da «patroa», sentado num sofá de costas para a janela para receber a luz para as palavras cruzadas do jornal.

Mas nesse dia o homem entrou no restaurante com um sorriso luminoso na cara. Parecia ter rejuvenescido dez anos, as costas estavam mais direitas, a roupa mais alisada, o cabelo penteado deveria cheirar a água de colónia Ach. Brito. Só percebi a razão da transformação quando o vi virar-se para trás na porta da entrada e estender a mão a um miúdo que o seguia: era o neto. Passeou o miúdo pelo restaurante como se apresentasse uma namorada rainha de beleza. De mão dada com ele, foi até ao balcão e sentou-o lá em cima para que todos os empregados o vissem, sorriu à volta e fez um gesto largo para o miúdo, indicando o mostruário onde repousavam a pescada para cozer ou fritar, o leitão frio ou quente da Mealhada e as costeletas de vitela para grelhar, e disse: «Então, escolhe lá o que queres almoçar».

Pediu mesa com toalha de pano, encostada à parede, de onde todos o pudessem ver e ele pudesse ver todos. Levou o neto ao colo até à mesa, sentou-o na cadeira, atou-lhe o guardanapo de pano ao pescoço e então o miúdo agarrou-lhe a cara de repente, puxou-o para si e deu-lhe um beijo. O velho sentou-se à frente dele e olhou em frente. Encontrou o meu olhar, que devorava a cena. Por um brevíssimo instante pareceu-me que ele tinha ficado suspenso da minha reacção: queria ser visto, mas tinha medo. Inclinei a cabeça e cumprimentei-o em silêncio — foi a primeira vez que o cumprimentei: o seu olhar era líquido de ternura e firme de orgulho. Quando for velho, quero ser exactamente assim.


Texto extraído do livro “Não te deixarei morrer, David Crockett

sexta-feira, 27 de março de 2009

Dee purple.

Luz.


O amor é uma luz que não deixa escurecer a vida !

Como Queiras, Amor...




Como queiras, Amor, como tu queiras.
Entregue a ti, a tudo me abandono,
seguro e certo, num terror tranquilo.
A tudo quanto espero e quanto temo,
entregue a ti, Amor, eu me dedico.

Nada há que eu não conheça, que eu não saiba,
e nada, não, ainda há por que eu não espere
como de quem ser vida é ter destino.

As pequeninas coisas da maldade, a fria
tão tenebrosa divisão do medo
em que os homens se mordem com rosnidos
de malcontente crueldade imunda,
eu sei quanto me aguarda, me deseja,
e sei até quanto ela a mim me atrai.

Como queiras, Amor, como tu queiras.
De frágil que és, não poderás salvar-me.
Tua nobreza, essa ternura tépida
quais olhos marejados, carne entreaberta,
será só escárneo, ou, pior, um vão sorriso
em lábios que se fecham como olhares de raiva.
Não poderás salvar-me, nem salvar-te.
Apenas como queiras ficaremos vivos.

Será mais duro que morrer, talvez.
Entregue a ti, porém, eu me dedico
àquele amor por qual fui homem, posse
e uma tão extrema sujeição de tudo.

Como tu queiras, meu Amor, como tu queiras.

Jorge de Sena, in 'Post-Scriptum'

Bild-sport

26.März



Até os alemães comentam,que após a porcaria feita pelo árbitro Lucílio Baptista na final de taça da Liga,o padre Eleutero se nega a baptizar crianças com o nome do árbitro.
E esta hem!

quinta-feira, 26 de março de 2009

O Mirante - diário online - Cultura & Lazer - Nova Entidade Regional de Turismo não garante apoio a festas de Constância

O Mirante - diário online - Cultura & Lazer - Nova Entidade Regional de Turismo não garante apoio a festas de Constância

Quando Voltei ,


Encontrei os Meus Passos

Quando voltei encontrei os meus passos
Ainda frescos sobre a úmida areia.
A fugitiva hora, reevoquei-a,
_ Tão rediviva! nos meus olhos baços...
Olhos turvos de lágrimas contidas.
_ Mesquinhos passos, porque doidejastes
Assim transviados, e depois tornastes

Ao ponto das primeiras despedidas?
Onde fostes sem tino, ao vento vário,
Em redor, como as aves num aviário,
Até que a asita fofa lhes faleça...
Toda essa extensa pista _ para quê?
Se há de vir apagar-vos a maré,
Com as do novo rasto que começa...

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

Canoagem.


24ª Descida dos 3 Castelos em Canoagem
integra Festas do Concelho de Constância 2009
A Descida dos 3 Castelos é uma das mais antigas provas de canoagem do País e uma daquelas onde mais turistas náuticos participam, sendo por isso, um excelente meio e promoção dos rios Tejo e Zêzere e das terras por onde passa.

Integrada no programa desportivo das Festas do Concelho de Constância, a Descida dos 3 Castelos que decorrerá nos próximos dias 10 e 11 de Abril, é um evento turístico – desportivo que percorre 3 concelhos, 2 Rios e envolve muitas entidades da zona do Médio Ribatejo.

Foram já alguns milhares de pessoas que ao longo dos 23 anos deste evento descobriram esta vasta zona ribeirinha devido à participação desta prova de convívio, turismo e desporto.

Este ano a Descida dos 3 Castelos tem como grande desafio a preparação das comemorações das bodas de prata do evento, as quais de realizarão em 2010.
Por CMC

Entardecer.


A tarde é a velhice do dia. Cada dia é uma pequena vida, e cada pôr do Sol uma pequena morte !

quarta-feira, 25 de março de 2009

Pensamentos Nocturnos




Lastimo-vos, ó estrelas infelizes,
Que sois belas e brilhais tão radiosas,
Guiando de bom grado o marinheiro aflito,
Sem recompensa dos deuses ou dos homens:
Pois não amais, nunca conhecestes o amor!
Continuamente horas eternas levam
As vossas rondas pelo vasto céu.
Que viagem levastes já a cabo!,
Enquanto eu, entre os braços da amada,
De vós me esqueço e da meia-noite.

Johann Wolfgang von Goethe, in "Canções"

Beijos.


O beijo fulmina-nos como o relâmpago, o amor passa como um temporal, depois a vida, novamente, acalma-se como o céu, e tudo volta a ser como dantes. Quem se lembra de uma nuvem ?

Eu conto carneirinhos.




Gosto de sonhar. Penso que os sonhos são passeios da alma. Sabe,quando queremos espairecer. Sair por aí. Distrair.

Só que os sonhos fazem viagens bem mais empolgantes. Viajam pelas lembranças, exploram o desconhecido, visitam até o que tememos e nos assustam com terríveis pesadelos. Mas são só pesadelos.

Revemos amigos, outros bem mais queridos e encontramos até gente nova. Sim!!! Acredito nisso. Sabe quando vemos alguém pela primeira vez e dizemos: "Eu não te conheço de algum lugar?" Sei lá, mas eu acho que é lá das voltinhas dos sonhos, que já o vimos antes.

Por isso é que gosto quando a noite chega. E espero ansiosa a hora de dormir, só pra saber a surpresa que terei. Que passeio farei, embalada em canções antigas de ninar. Quem sabe hajam caminhos de jujubas e rios de refrigerantes, laguinhos de chocolate com patinhos de bombom. Sei lá... As vezes a grande viajem é refugiar-se apenas no inimaginável.

Adriana Santos

terça-feira, 24 de março de 2009

A Evidência.



Ainda que pasmem os leitores, ainda que não acreditem e passem, doravante, a chamar este escritor de mentiroso e fátuo, a verdade é que, certo dia que não adianta precisar, entraram num restaurante de luxo, que não me interessa dizer qual seja, um ratinho gordo e catita e um enorme tigre de olhar estriado e grandes bigodes ferozes. Entraram e, como sucede nas histórias deste tipo, ninguém se espantou, muito menos o garçon do restaurante. Era apenas mais um par de fregueses. Entrados os dois, ratinho e tigre, escolheram uma mesa e se sentaram. O garçon andou de lá prá cá e de cá prá lá, como fazem todos os garçons durante meia hora, na preliminar de atender fregueses mas, afinal, atendeu-os, já que não lhe restava outra possibilidade, pois, por mais que faça um garçon, acaba mesmo tendo que atender seus fregueses. Chegou pois o garçon e perguntou ao ratinho o que desejava comer. Disse o ratinho, numa segurança de conhecedor - "Primeiro você me traga Roquefort au Blinnis. Depois Couer de Baratta filet roti à la broche pommes dauphine. Em seguida Medaillon Lagartiche Foie Gras de Strasbourg. E, como sobremesa, me traga um Parfait de biscuit Estraguèe avec Cerises Jubilée. Café. Beberei, durante o jantar, um Laffite Porcherrie Rotschild 1934.


— Muito bem - disse o garçon. E, dirigindo-se ao tigre — E o senhor, que vai querer?

— Ele não quer nada — disse o ratinho.

— Nada? — tornou o garçon — Não tem apetite?

— Apetite? Que apetite? — rosnou o ratinho enraivecido — Deixa de ser idiota, seu idiota! Então você acha que se ele estivesse com fome eu ia andar ao lado dele?

MORAL: É NECESSÁRIO MANTER A LÓGICA MESMO NA FANTASIA.

(Millor Fernandes)

Ouvir.


Hoje, não se sabe falar porque já não se sabe ouvir !

Delores Pires .





CREPÚSCULO

Luz de fim do dia.
E a tua imagem flutua...
Vaga nostalgia!

MUDANÇA

Cheia de neblina
a cidade, em verdade,
foge da rotina.

ACENTUAÇÃO

Em torno de si
o guarda-chuva coloca
o pingo nos ii.

SIMPLICIDADE

Singela e formosa
Num torvelinho de espinho
Desabrocha a rosa.

SOLITUDE

Silente, à tardinha,
desliza ao sabor da brisa
gaivota sozinha.