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domingo, 4 de outubro de 2009
sábado, 3 de outubro de 2009
Sítio Exacto .
O Carácter do Destino .

Não só as coisas acontecem com as pessoas, (...) cada um gera também aquilo que acontece consigo. Gera-o, invoca-o, não deixa de escapar àquilo que tem de acontecer. O homem é assim. Fá-lo, mesmo que saiba e sinta logo, desde o primeiro momento, que tudo o que faz é fatal. O homem e o seu destino seguram-se um ao outro, evocam-se e criam-se mutuamente. Não é verdade que o destino entre cego na nossa vida, não. O destino entra pela porta que nós mesmo abrimos, convidando-o a passar. Não há nenhum ser humano que seja bastante forte e inteligente para desviar com palavras ou com acções o destino fatal que advém, segundo leis irrevogáveis, da sua natureza, do seu carácter.
Sándor Márai, in 'As Velas Ardem Até ao Fim'
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Pintura .
Ser Feliz ...

É difícil ser feliz; requer espírito, energia, atenção, renúncia e uma espécie de cortesia que é bem próxima do amor. Às vezes é uma graça ser feliz. Mas pode ser, sem a graça, um dever. Um homem digno desse nome agarra-se à felicidade, como se amarra ao mastro em mau tempo, para se conservar a si mesmo e aos que ama. Ser feliz é um dever. É uma generosidade.
Louis Pauwels, in 'Carta Aberta às Pessoas Felizes'
Luz.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Ler ou Copiar um Texto .

O efeito de uma estrada campestre não é o mesmo quando se caminha por ela ou quando a sobrevoamos de avião. De igual modo, o efeito de um texto não é o mesmo quando ele é lido ou copiado. O passageiro do avião vê apenas como a estrada abre caminho pela paisagem, como ela se desenrola de acordo com o padrão do terreno adjacente. Somente aquele que percorre a estrada a pé se dá conta dos efeitos que ela produz e de como daquela mesma paisagem, que aos olhos de quem a sobrevoa não passa de um terreno indiferenciado, afloram distâncias, belvederes, clareiras, perspectivas a cada nova curva [...]. Apenas o texto copiado produz esse poderoso efeito na alma daquele que dele se ocupa, ao passo que o mero leitor jamais descobre os novos aspectos do seu ser profundo que são abertos pelo texto como uma estrada talhada na sua floresta interior, sempre a fechar-se atrás de si. Pois o leitor segue os movimentos de sua mente no vôo livre do devaneio, ao passo que o copiador os submete ao seu comando. A prática chinesa de copiar livros era assim uma incomparável garantia de cultura literária, e a arte de fazer transcrições, uma chave para os enigmas da China.
Walter Benjamin, in 'Rua de Sentido Único'
Já gastámos as palavras...

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Ai, Jesus!

Ai, Jesus! Não vês que gemo,
Que desmaio de paixão
Pelos teus olhos azuis?
Que empalideço, que tremo,
Que me expira o coração?
Ai, Jesus!
Que por um olhar, donzela,
Eu poderia morrer
Dos teus olhos pela luz?
Que morte! Que morte bela!
Antes seria viver!
Ai, Jesus!
Que por um beijo perdido
Eu de gozo morreria
Em teus níveos seios nus?
Que no oceano dum gemido
Minh'alma se afogaria?
Ai, Jesus!
Manuel Antônio Álvares de Azevedo
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Constância comemora Dia Internacional do Idoso

Quinta-feira, 1 de Outubro - 14h30
O Município de Constância, através da Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill vai comemorar o Dia Internacional do Idoso na próxima quinta-feira, 1 de Outubro, com a dinamização da actividade Recordar é Viver!
Recordar é Viver é uma iniciativa que consiste na dinamização de um jogo do loto, ilustrado com motivos alegres, que irão estimular as capacidades cognitivas dos idosos e em simultâneo promover a interacção com os outros, reforçando o convívio e os laços sociais, especialmente entre gerações.
No final da actividade haverá um lanche convívio e a entrega de uma lembrança a todos os participantes.
Aberta à comunidade em geral, a actividade está agendada para o dia 1 de Outubro a partir das 14:30h, na sala polivalente da Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill.
Para mais informações ou esclarecimentos adicionais devem os interessados contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill, através do número de telefone 249 739 367 ou via correio electrónico para biblioteca@cm-constancia.pt.
Leia mais. Viva mais.
Por CMC
Os Malefícios da Rivalidade na Escola .

Poucas serão as escolas em que o mestre não anime entre os alunos o espírito de emulação; aos mais atrasados apontam-se os que avançaram como marcos a atingir e ultrapassar; e aos que ocuparam os primeiros lugares servem os do fim da classe de constantes esporas que os não deixam demorar-se no caminho, cada um se vigia a si e aos outros e a si próprio apenas na medida em que se estabelece um desnível com o companheiro que tem de superar ou de evitar.
A mesquinhez de uma vida em que os outros não aparecem como colaboradores, mas como inimigos, não pode deixar de produzir toda a surda inveja, toda a vaidade, todo o despeito que se marcam em linhas principais na psicologia dos estudantes submetidos a tal regime; nenhum amor ao que se estuda, nenhum sentimento de constante enriquecer, nenhuma visão mais ampla do mundo; esforço de vencer, temor de ser vencido; é já todo o temperamento de «struggle» que se afina na escola e lançará amanhã sobre a terra mais uma turma dos que tudo se desculpam.
Quem não sabe combater ou não tem interesse pela luta ficará para trás, entre os piores; e é certamente esta predominância dada ao espírito de batalha um dos grandes malefícios dos sistemas escolares assentes sobre a rivalidade entre os alunos; não se trata de ajudar, nem de ser ajudado, de aproveitar em comum, para benefício de todos, o que o mundo ambiente nos oferece; urge chegar primeiro e defender as suas posições; cada um trabalhará isolado, não amigo dos homens, mas receoso dos lobos; o saber e o ser não se fabricam, para eles, no acordo e na harmonia; disputam-se na luta.
Urge quanto antes alargar a reforma radical que as escolas novas fizeram triunfar na experiência; que só haja dois estímulos para o trabalho nas sulas: a comparação de cada dia com o dia anterior e com o dia futuro e o desejo de aumentar o valor, as possibilidades do grupo; por eles se terá a confiança indispensável na capacidade de realizar e a marcha irresistível da seta para o alvo; por eles também o sentido social, o hábito da cooperação, a tolerância e o amor que gera a convivência em vez de um isolamento de caverna e de uma agressividade permanente; a vitória de uma ideia de paz sobre uma ideia de guerra.
Agostinho da Silva, in 'Considerações'
Boa-Noite

, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito,
— Mar de amor onde vagam meus desejos.
Julieta do céu! Ouve... a calhandra
Já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...
...Quem cantou foi teu hálito, divina!
Se a estrela-d'alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d'alvorada:
"É noite ainda em teu cabelo preto..."
É noite ainda! Brilha na cambraia
— Desmanchado o roupão, a espádua nua —
O globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua...
É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas...
— São as asas de arcanjo dos amores.
A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.
Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!
Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...
Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
— Boa-noite! —, formosa Consuelo!...
Autor: Antônio Frederico de Castro Alves
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Exposição "Hans Christian Andersen"

Cine-Teatro Municipal
1 a 31 de Outubro
Constância recebe de 1 a 31 de Outubro a Exposição "Hans Christian Andersen", na qual o seu autor e designer, o dinamarquês Niels Fischer, revela a sua enorme paixão andersenista, ao mesmo tempo que se propõe (inter)ligar a obra literária do escritor em todos os seus domínios e complementariedade: as artes plásticas, o teatro, o movimento, a culinária, a música...
Radicado em Portugal há vários anos, Niels Fischer encetou a missão constante de divulgar a vida e obra de Hans Christian Andersen e, através de quadros, peças de cerâmica, esculturas, peças de joalharia, bem como muitos outros trabalhos de artistas portugueses, levar a todos os cantos do País a riqueza deste inesquecível autor.
Hans Christian Andersen, nascido a 2 de Abril de 1805, foi um escritor dinamarquês cuja obra literária, traduzida para centena e meia de línguas, levou a que metade da população da terra a considerasse parte da sua cultura. Foi ainda poeta, romancista, dramaturgo, jornalista, tradutor e narrador.
É autor de uma centena e meia de contos para crianças e adultos, escritos para serem lidos em voz alta e, também, ilustrados, cantados, dançados, musicados, recriados...
Quem não se lembra de "O Patinho Feio", "O Firme Soldado de Chumbo", "A Polegadazinha", entre tantos outros?
Horário
2.ª a 6.ª feira das 14h00 às 18h30
sábados e domingos das 15h00 às 18h00
PROGRAMA
Inauguração 1 OUT, 18h30,
e Conversas com Hans Christian Andersen - com Niels Fischer
Concurso Artístico Hans Christian Andersen
para todas as pessoas de todas as idades - 1 OUT a 30 NOV
Espectáculo de Teatro - 2 OUT, 21h30
Conversas com Hans Christian Andersen - 15, 22 e 30 OUT - com Niels Fischer
As Escolas descobrem Hans Christian Andersen - 19 a 23 OUT - Visita à Exposição, Fantoches e Pinturas faciais
Atelier de Expressão Plástica e Oficina de Escrita Criativa - 7, 9, 14, 16, 21, 23, 28 e 30 OUT
Hora do Conto - 7, 14, 21 e 28 OUT
Oficina de Fantoches e Escrita Criativa para Adultos - 10 e 24 OUT
Comer com Hans Christian Andersen e Oficina de Quirigami - 3 e 17 OUT
Encerramento 31 OUT, 21h00
Música, Dança e Exposição dos trabalhos das Crianças, Jovens e Adultos
Por CMC
Bilhete.
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