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domingo, 4 de janeiro de 2009

Amizade!


A amizade sem confiança é uma flor sem perfume.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Mário Sá Carneiro.


Como Eu não Possuo

Olho em volta de mim. Todos possuem -
Um afecto, um sorriso ou um abraço.
Só para mim as ânsias se diluem
E não possuo mesmo quando enlaço.

Roça por mim, em longe, a teoria
Dos espasmos golfados ruivamente;
São êxtases da côr que eu fremiria,
Mas a minh'alma pára e não os sente!

Quero sentir. Não sei... perco-me todo...
Não posso afeiçoar-me nem ser eu:
Falta-me egoísmo pra ascender ao céu,
Falta-me unção pra me afundar no lôdo.

Não sou amigo de ninguém. Pra o ser
Forçoso me era antes possuir
Quem eu estimasse - ou homem ou mulher,
E eu não logro nunca possuir!...

Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo...
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me?...

* * * * *

Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emmaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos d'harmonia e côr!...

Desejo errado... Se a tivera um dia,
Toda sem véus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim - ó ânsia! - eu a teria...

Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo de êxtases dourados,
Se fôsse aquêles seios transtornados,
Se fôsse aquêle sexo aglutinante...

De embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destrôço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo.


in 'Dispersão'

Pensamento á solta.


Vai sendo o que sejas até seres o que és, que é Deus sendo; e, cuidado, não te percas enquanto vais sendo .


Agostinho da Silva.

Natal dos simples.



Zeca Afonso.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Cantiga de amor.



Rádio Macau.

Imaginação.


Por vezes o entendimento descontrai-se, para que a esperança se divirta, com o que a imaginação sonha .

A sopa dos pobres.



À mesa
O que resta
São côdeas
Do resto
-
Côdeas
De fome
Sem um
Protesto
-
Alguns
Engolem
O pão
E a fome

-
Outros
Ignoram
A ira
Que sobe
-
Por aí
Calada
A dor
E a raiva
-
Nos olhos
Calada
Essa dor
Esmaga
-
Talvez
Notícia
A morte
No esgoto
-
Se for
Macabra
A foto
Do morto
-
Apenas
Um número
Há-de
Restar
-
Passou
Por aqui
Vagou
O lugar
-
(Poema de António Manuel Ribeiro)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Desejo.

Novinho em folha.




Este é um ano novinho em folha,por favor não comecem já a estragá-lo!

Pink Floyd.



Comfortable Numb.

O ano passado.



O ano passado não passou,
continua incessantemente.
Em vão marco novos encontros.
Todos são encontros passados.

As ruas, sempre do ano passado,
e as pessoas, também as mesmas,
com iguais gestos e falas.
O céu tem exatamente
sabidos tons de amanhecer,
de sol pleno, de descambar
como no repetidíssimo ano passado.

Embora sepultos, os mortos do ano passado
sepultam-se todos os dias.
Escuto os medos, conto as libélulas,
mastigo o pão do ano passado.

E será sempre assim daqui por diante.
Não consigo evacuar
o ano passado.



Carlos Drummond de Andrade .

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2008-2009.

Dizer adeus é dar boas vindas ao recomeço.



Para todos ,um final feliz e um ano novo cheio de amor ,paz e felecidade.

Angie-The Rolingg Stones.

Ao tempo .





Tempo, vais para trás ou para diante?
O passado carrega a minha vida
Para trás e eu de mim fiquei distante,
Ou existir é uma contínua ida
E eu me persigo nunca me alcançando?
A hora da despedida é a da partida


A um tempo aproximando e distanciando...
Sem saber de onde vens e aonde irás,
Andando andando andando andando andando


Tempo, vais para diante ou para trás?

(Dante Milano)

Boas Festas.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

31 de Dezembro de 1968




40º aniversário.

Sociedade.


O Mirante - diário online - Jovem de Constância premiado pela IBM em Bruxelas

Tempo de silêncio.






Era o tempo do silêncio.
Com toda a paciência
a hora amadureceu
a ausência dos pássaros
a serenidade das árvores.
Crianças desataram
os nós dos ventos.
Crisântemos choraram
sob as crinas do tempo.
Era a hora da despedida.
Com todo o cuidado
ele acariciou-lhe o rosto
beijou-lhe os olhos.
Ele a abraçou
como quem acalanta
nos braços
um recém-nascido.
Era o tempo do ocaso.
Namorados colheram
os sorrisos da tarde.
Frutos tombaram
sobre as lágrimas da terra.
Era a hora do amadurecimento.
Com toda a ternura
ele desprendeu-se
daqueles cabelos de jasmim
desatou-se
daquele corpo de orvalho.
Ele despediu-se
de sua própria face
disse adeus ao próprio nome
e desnudo de si mesmo
afastou-se em direção ao outono
perdeu-se na amplidão
sem sequer voltar-lhe o rosto.
Era o tempo do silêncio.


(Alexandre Bonafim)

Humanidade.


A humanidade não é um estado a que se ascenda. É uma dignidade que se conquista !

Diamonds and rust.



Joan Baez.