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domingo, 9 de janeiro de 2011
Literatura
Em Nome da Terra de Vergílio Ferreira
O romance Em Nome da Terra de Virgílio Ferreira é um poema ao corpo. Corpo deformado, envelhecido pelo tempo, corpo belo da juventude, corpo eterno.
João, o protagonista viúvo, reformado e carcomido pela idade, recolhe-se a uma casa de repouso para não ser um peso à família e à sociedade. À filha Márcia deixara-lhe tudo: a casa, os móveis, os livros. Consigo levou apenas a memória, um Cristo mutilado, um desenho de Dürer, uma estampa a cores de um fresco de Pompeia associados em tríptico, e um concerto para oboé de Mozart.
sábado, 8 de janeiro de 2011
Não se Ama uma Pedra
Amar é reconhecer nos outros um ser misterioso, e não um objecto - tu eras uma vibração à tua volta, não a estreita presença de um corpo. Aqueles que não amamos nem odiamos são nítidos como uma pedra. Sentir neles uma pessoa é começar a amar ou a odiá-los. Só amamos ou odiamos quem é vivo para nós. («Nunca amaste ninguém...»).
Vergílio Ferreira, in 'Estrela Polar'
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
O Amor não Tem nada que Ver com a Idade
Penso saber que o amor não tem nada que ver com a idade, como acontece com qualquer outro sentimento. Quando se fala de uma época a que se chamaria de descoberta do amor, eu penso que essa é uma maneira redutora de ver as relações entre as pessoas vivas. O que acontece é que há toda uma história nem sempre feliz do amor que faz que seja entendido que o amor numa certa idade seja natural, e que noutra idade extrema poderia ser ridículo. Isso é uma ideia que ofende a disponibilidade de entrega de uma pessoa a outra, que é em que consiste o amor.
Eu não digo isto por ter a minha idade e a relação de amor que vivo. Aprendi que o sentimento do amor não é mais nem menos forte conforme as idades, o amor é uma possibilidade de uma vida inteira, e se acontece, há que recebê-lo. Normalmente, quem tem ideias que não vão neste sentido, e que tendem a menosprezar o amor como factor de realização total e pessoal, são aqueles que não tiveram o privilégio de vivê-lo, aqueles a quem não aconteceu esse mistério.
José Saramago
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Á noitinha...
Gosto á noite
De ouvir o cantar do mar
O quebrar das ondas uma a uma
Que se desfazem em espuma
Na areia da praia
Á luz do luar…
Da brisa marinha
Do teu cheiro a maresia
Quando á noitinha
Na bonança do temporal
me sacio no teu corpo
Com sabor a sal…
Do murmúrio do vento
Entre o amor e os ais
No enrolar das ondas
No rebolar dos corpos
Por entre as dunas e canaviais…
Gosto das noites claras
Da tua madrugada de amar
Quando sonhas que navegas
Timoneira que me levas
Nas tuas águas doces do mar...
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
sábado, 25 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
Férias.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Natal...
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
O Amor é Muito Difícil
Penso que o amor é muito difícil. Existem muitos obstáculos a que possa ser o absoluto que é. A palavra amor é uma palavra muito gasta, muito usada, e muitas vezes mal usada, e eu quando falo de amor faço-o no sentido absoluto... há uma série de outros sentimentos aos quais também se chama amor e que não o são. No amor é preciso que duas pessoas sejam uma e isso não é fácil de encontrar. E, uma vez encontrado, não é fácil de fazer permanecer.
José Luís Peixoto, in 'Notícias Magazine (2003)'
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Natal é sempre que um homem quiser...
A vida renova
com vida nova
e só assim faz sentido
nascer
viver
morrer
mas para que a vida faça sentido
é preciso dar sentido á vida...
Não interessa apenas dizer
de palavras está o mundo cheio
há que fazer
por nós
pelos outros
para que possamos todos viver
em harmonia
paz
e alegria...
O natal está aí
crianças no aconchego do seu lar
escrevem cartas ao pai Natal
no bairro de lata
ouvem-se crianças a chorar
querem comer não têm pão
rezam e não sabem porque razão
uns têm tudo
e outros não...
E no interior do meu ser
sinto o grito
do poeta
Natal é sempre
que um homem quiser...
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Vida.
Vejo-te tão pequenino
mas sei que serás grande
no amor
na humildade
no respeito
a vida é um circo
serás mais um actor
sentirás tristeza
alegria e amor
dentro do teu peito...
Quero para ti
uma nova vida
um novo sentir
sempre que precisares de mim
eu estarei aqui
para te guiar pela verdade
mostrar como é simples
a sinceridade
que nem sempre o mundo
é cor de rosa
também há falsidade...
Quero que cresças em paz
com carinho
e que todas as crianças
tenham o seu ninho
que vais á escola
que jogues á bola
que respeites o teu professor
para que sejas um homem
seja aonde for...
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Chegou a cegonha...
domingo, 12 de dezembro de 2010
Os círculos da vida...
sábado, 11 de dezembro de 2010
Não há Nada que Resista ao Tempo
Não há nada que resista ao tempo. Como uma grande duna que se vai formando grão a grão, o esquecimento cobre tudo. Ainda há dias pensava nisto a propósito de não sei que afecto. Nisto de duas pessoas julgarem que se amam tresloucadamente, de não terem mutuamente no corpo e no pensamento senão a imagem do outro, e daí a meia dúzia de anos não se lembrarem sequer de que tal amor existiu, cruzarem-se numa rua sem qualquer estremecimento, como dois desconhecidos.
Essa certeza, hoje então, radicou-se ainda mais em mim.
Fui ver a casa onde passei um dos anos cruciais da minha vida de menino. E nem as portas, nem as janelas, nem o panorama em frente me disseram nada. Tinha cá dentro, é certo, uma nebulosa sentimental de tudo aquilo. Mas o concreto, o real, o número de degraus da escada, a cara da senhoria, a significação terrena de tudo aquilo, desaparecera.
Miguel Torga, in "Diário (1940)"
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
A Realidade do Amor
Que sempre existam almas para as quais o amor seja também o contacto de duas poesias, a convergência de dois devaneios. O amor, enquanto amor, nunca termina de se exprimir e exprime-se tanto melhor quanto mais poeticamente é sonhado. Os devaneios de duas almas solitárias preparam a magia de amar. Um realista da paixão verá aí apenas fórmulas evanescentes. Mas não é menos verdade que as grandes paixões se preparam em grandes devaneios. Mutilamos a realidade do amor quando a separamos de toda a sua irrealidade.
Gaston Bachelard, in ' A Poética do Devaneio'
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
O tempo já não dá tempo ao tempo ...
O tempo passa
como a água do rio
no aconchego do seu leito
escoa lágrimas da vida
de dentro do peito...
Tempo que tudo arrasta
intemporal para os amantes
entre alegria e tristezas
vida de incertezas
nada deixas como antes...
Deixas marcas
feridas por cicatrizar
boas recordações
muitas emoções
e segues sem parar...
Corres e desgastas
como as pedras do rio
desgastadas pela corrente
como um amor fugidio
e segues em frente...
O tempo já não dá tempo ao tempo
o tempo que era já se foi
são apenas os momentos
parados no tempo
que por vezes dói...
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