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segunda-feira, 12 de abril de 2010
Azul do céu, terra e mar...
Azul
cor do céu sem nuvens
cor fresca tranquilizante
cor dos homens...
Azul marinho
descontraído
calmo na tua imensidão
mar que pacificas
em noites de escuridão...
Azul celeste
claro
sobrenatural
supremo
celestial...
Azul escuro
sedativo para a mente
criativo
atraente...
domingo, 11 de abril de 2010
Amar Teus Olhos
Podia com teus olhos
escrever a palavra mar.
Podia com teus olhos
escrever a palavra amar
não fossem amor já teus olhos.
Podia em teus olhos navegar
conjugar os verbos dar e receber.
Podia com teus olhos
escrever o verbo semear
e ser tua pele
a terra de nascer poema.
Podia com teus olhos escrever
a palavra além ou aqui
ou a palavra luar,
recolher-me em teus olhos de lua
só teus olhos amar.
Podia em teus olhos perder-me
não fossem, amor, teus olhos,
o tempo de achar-me.
Carlos Melo Santos, in "Lavra de Amor"
A Mocidade Propõe, a Maturidade Dispõe
É função da mocidade ser profundamente sensível às novas ideias como instrumentos rápidos para dominar o meio; e é função da idade madura opor-se tenazmente a essas ideias ; isso faz com que as inovações fiquem em experiência por algum tempo antes que a sociedade as ponha em prática. A maturidade atenua as ideias novas, redu-las de modo a caberem dentro da possibilidade ou a que só se realizem em parte. A mocidade propõe, a maturidade dispõe, a velhice opõe-se. A mocidade domina nos períodos revolucionários; a maturidade, nos períodos de reconstrução; a velhice, nos períodos de estagnação. «Dá-se com os homens», diz Nietzsche, «o mesmo que com as carvoarias na floresta. Só depois que a mocidade se carboniza é que se torna utilizável. Enquanto está a arder será muito interessante, mas incómoda e inútil.»
Will Durant, in 'Filosofia da Vida'
sábado, 10 de abril de 2010
Os meus Bichos.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Poema da Eterna Presença
Estou, nesta noite cálida, deliciadamente estendido sobre a relva,
de olhos postos no céu, e reparo, com alegria,
que as dimensões do infinito não me perturbam.
(O infinito!
Essa incomensurável distância de meio metro
que vai desde o meu cérebro aos dedos com que escrevo!)
O que me perturba é que o todo possa caber na parte,
que o tridimensional caiba no dimensional, e não o esgote.
O que me perturba é que tudo caiba dentro de mim,
de mim, pobre de mim, que sou parte do todo.
E em mim continuaria a caber se me cortassem braços e pernas
porque eu não sou braço nem sou perna.
Se eu tivesse a memória das pedras
que logo entram em queda assim que se largam no espaço
sem que nunca nenhuma se tivesse esquecido de cair;
se eu tivesse a memória da luz
que mal começa, na sua origem, logo se propaga,
sem que nenhuma se esquecesse de propagar;
os meus olhos reviveriam os dinossáurios que caminharam sobre a Terra,
os meus ouvidos lembrar-se-iam dos rugidos dos oceanos que engoliram
continentes,
a minha pele lembrar-se-ia da temperatura das geleiras que galgaram sobre a
Terra.
Mas não esqueci tudo.
Guardei a memória da treva, do medo espavorido
do homem da caverna
que me fazia gritar quando era menino e me apagavam a luz;
guardei a memória da fome;
da fome de todos os bichos de todas as eras,
que me fez estender os lábios sôfregos para mamar quando cheguei ao mundo;
guardei a memória do amor,
dessa segunda fome de todos os bichos de todas as eras,
que me fez desejar a mulher do próximo e do distante;
guardei a memória do infinito,
daquele tempo sem tempo, origem de todos os tempos,
em que assisti, disperso, fragmentado, pulverizado,
à formação do Universo.
Tudo se passou defronte de partes de mim.
E aqui estou eu feito carne para o demonstrar,
porque os átomos da minha carne não foram fabricados de propósito para mim.
Já cá estavam.
Estão.
E estarão.
António Gedeão, in 'Poemas Póstumos'
de olhos postos no céu, e reparo, com alegria,
que as dimensões do infinito não me perturbam.
(O infinito!
Essa incomensurável distância de meio metro
que vai desde o meu cérebro aos dedos com que escrevo!)
O que me perturba é que o todo possa caber na parte,
que o tridimensional caiba no dimensional, e não o esgote.
O que me perturba é que tudo caiba dentro de mim,
de mim, pobre de mim, que sou parte do todo.
E em mim continuaria a caber se me cortassem braços e pernas
porque eu não sou braço nem sou perna.
Se eu tivesse a memória das pedras
que logo entram em queda assim que se largam no espaço
sem que nunca nenhuma se tivesse esquecido de cair;
se eu tivesse a memória da luz
que mal começa, na sua origem, logo se propaga,
sem que nenhuma se esquecesse de propagar;
os meus olhos reviveriam os dinossáurios que caminharam sobre a Terra,
os meus ouvidos lembrar-se-iam dos rugidos dos oceanos que engoliram
continentes,
a minha pele lembrar-se-ia da temperatura das geleiras que galgaram sobre a
Terra.
Mas não esqueci tudo.
Guardei a memória da treva, do medo espavorido
do homem da caverna
que me fazia gritar quando era menino e me apagavam a luz;
guardei a memória da fome;
da fome de todos os bichos de todas as eras,
que me fez estender os lábios sôfregos para mamar quando cheguei ao mundo;
guardei a memória do amor,
dessa segunda fome de todos os bichos de todas as eras,
que me fez desejar a mulher do próximo e do distante;
guardei a memória do infinito,
daquele tempo sem tempo, origem de todos os tempos,
em que assisti, disperso, fragmentado, pulverizado,
à formação do Universo.
Tudo se passou defronte de partes de mim.
E aqui estou eu feito carne para o demonstrar,
porque os átomos da minha carne não foram fabricados de propósito para mim.
Já cá estavam.
Estão.
E estarão.
António Gedeão, in 'Poemas Póstumos'
Vida Ilusória
Ao mesmo tempo que a realidade é uma fábula, simulações e enganos são considerados como as verdades mais sólidas. Se os homens se detivessem a observar apenas as realidades, e não se permitissem ser enganados, a vida, comparada com as coisas que conhecemos, seria como um conto de fadas ou as histórias das Mil e Uma Noites.
Se respeitássemos apenas o que é inevitável e tem direito a ser, a música e a poesia ressoariam pelas ruas fora. Quando somos calmos e sábios, percebemos que só as coisas grandes e dignas têm existência permanente e absoluta, que os pequenos medos e os pequenos prazeres não passam de sombra da realidade, o que é sempre estimulante e sublime. Por fecharem os olhos e dormirem, por consentirem ser enganados pelas aparências, os homens em toda a parte estabelecem e confinam as suas vidas diárias de rotina e hábito em cima de fundações puramente ilusórias.
Henry David Thoreau, in 'Walden'
quinta-feira, 8 de abril de 2010
As Pessoas Só Crescem ao Ritmo a que São Obrigadas .
Os jovens de agora parece que têm dificuldade em crescer. Não sei porquê. Se calhar as pessoas só crescem ao ritmo a que são obrigadas. Um primo meu, com dezoito anos, já tinha as insignías de auxiliar do xerife. Era casado e tinha um filho. Tive um amigo de infância que, com a mesma idade, já tinha sido ordenado sacerdote baptista. Era pastor de uma igrejinha rural, muito antiga. Ao fim de uns três anos foi transferido para Lubbock e, quando disse às pessoas que se ia embora, elas desataram todas a chorar, ali sentadas no banco da igraja. Homens e mulheres, todos em lágrimas. Tinha celebrado casamento, baptizados, funerais. Com vinte e um anos, talvez vinte e dois. Quando pregava os seus sermões, a assistência era tanta que havia gente de pé no adro a ouvir. Fiquei espantado. Na escola ele era sempre tão calado.
(...) A Loretta contou-me que ouviu falar na rádio de uma certa percentagem de crianças deste país que está a ser criada pelos avós. Já não me lembro do número. Era bastante alto, pareceu-me. Os pais não querem ter esse trabalho. Conversámos sobre isso. Demos connosco a pensar que quando a próxima geração crescer e também já não quiser criar os filhos, quem é que vai tomar essa tarefa a seu cargo? Os pais deles vão ser os únicos avós disponíveis e nem os próprios filhos quiseram criar. Não encontrámos resposta para isto.
Cormac McCarthy, in 'Este País Não É para Velhos'
Nos dois lados do mar...
No outro lado do mar
há vida
há esperança
há amor...
Deste lado do mar
há amor
há esperança
há vida...
Dos dois lados do mar, de amar
ama-se
sofre-se
desespera-se...
águas mansas
bravas
em ondas de desespero
balançam corpos
famintos de amor...
Ventos
brisas marinhas
levam amor
trazem paixão
numa permuta de perfume
maresia
ilusão...
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Olhar e Sentir .
Olhar e sentir
por dentro do corpo a massa de que é feito o avesso dele.
Ossos músculos nervos veias
tudo o que está no corpo e mundo é
a pintura contém e depõe na tela e
se acaso aí o pintor deixou reservas
nesse sem nada o avesso do mundo se
recolhe e mostra a face.
Júlio Pomar, in "TRATAdoDITOeFEITO"
Moral da moral.
Um coelhinho felpudo estava a fazer as suas necessidades matinais quando olha para o lado e vê um enorme urso fazendo exactamente o mesmo.
O urso vira-se para ele e diz:
- Hei, coelhinho, perdes pêlo?
O coelhinho, vaidoso e indignado, respondeu:
- De forma nenhuma, descendo de uma linhagem muito boa...
Então o urso pegou no coelhinho e limpou o cu com ele.
MORAL DA HISTÓRIA:
CUIDADO COM AS RESPOSTAS PRECIPITADAS, PENSA BEM NAS POSSÍVEIS CONSEQÜÊNCIAS ANTES DE RESPONDER!
No dia seguinte, o leão, ao passar pelo urso diz:
- Olá amigo urso! Com toda essa pinta de bravo, forte e machão, vi-te ontem, a dar o cu a um coelhinho felpudo. Já contei a toda a malta!!!
MORAL DA MORAL:
PODES ATÉ SACANEAR ALGUÉM, MAS LEMBRA-TE QUE EXISTE SEMPRE ALGUÉM MAIS FILHO DA PUTA DO QUE TU!
"O problema de Portugal é que, quem elege os governantes não é o pessoal que lê os jornais, mas quem limpa o cu com eles...
terça-feira, 6 de abril de 2010
Fala Também Tu
Fala também tu,
fala em último lugar,
diz a tua sentença.
Fala —
Mas não separes o Não do Sim.
Dá à tua sentença igualmente o sentido:
dá-lhe a sombra.
Dá-lhe sombra bastante,
dá-lhe tanta
quanta exista à tua volta repartida entre
a meia-noite e o meio-dia e a meia-noite.
Olha em redor:
como tudo revive à tua volta! —
Pela morte! Revive!
Fala verdade quem diz sombra.
Mas agora reduz o lugar onde te encontras:
Para onde agora, oh despido de sombra, para onde?
Sobe. Tacteia no ar.
Tornas-te cada vez mais delgado, irreconhecível, subtil!
Mais subtil: um fio,
por onde a estrela quer descer:
para em baixo nadar, em baixo,
onde pode ver-se a cintilar: na ondulação
das palavras errantes.
Paul Celan, in "De Limiar em Limiar"
A Alma Dominada pela Solidão .
Se protegerdes com demasiada devoção o jardin secret da tua alma, ele pode facilmente começar a florescer de um modo excessivamente luxuriante, transbordar para além do espaço que lhe estava reservado e tomar mesmo pouco a pouco posse da tua alma de domínios que não estavam destinados a permanecer secretos. E é possível que toda a tua alma acabe por se tornar um jardim bem fechado, e que no meio de todas as suas flores e dos seus perfumes ela sucumba à sua solidão.
Arthur Schnitzler, in 'Relações e Solidão'
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Em tons de Rosa.
Em sonhos cor de Rosa
alimentei ilusões
quimeras
utopias
construí castelos no ar
vivi num mundo
de fantasias...
Rosa cor de mulher
femenina delicada
cor de rosa de afeição
tens tons eróticos
infedilidade
e perdão...
Rosa flor
rosa bela
rosa cor de rosa
rosa mulher
rosa do amor
dos sonhos do prazer...
A rosa é rainha das flores,toda a mulher é uma rosa,toda a mulher é uma rainha.
sábado, 3 de abril de 2010
Páscoa
Páscoa é ressurreição...
E ressurreição é:
Passagem...
Mudança...
Renascer...
Passar é sair do lugar, da rotina...
Mudar é transformar...
Trocar uma vida gasta e empoeirada por um modo de ser e de viver...
Renascer é um recomeçar...
É "ser de novo"
De aniquilar a rotina e de recomeçar...
Por isso seja de novo...
Recomece!
Agora é o tempo e a hora...
Feliz recomeçar!
Feliz libertar-se!
Feliz Páscoa
A Páscoa no Mundo
Os festejos da Páscoa em todo o mundo
possuem variações em suas origens e significados.
Na China
O "Ching-Ming" é uma festividade que ocorre na mesma época da Páscoa,
onde são visitados os túmulos dos ancestrais e feitas oferendas, em forma
de refeições e doces, para deixá-los satisfeitos com os seus descendentes.
Nos países da Europa Oriental, como Ucrânia,
Estônia, Lituânia e Rússia
A tradição mais forte é a decoração de ovos com os quais
serão presenteados amigos e parentes.
A tradição diz que, se as crianças forem bem comportadas na noite anterior
ao domingo de Páscoa e deixarem um boné de tecido num lugar escondido,
o coelho deixará doces e ovos coloridos nesses "ninhos".
Na Europa
As origens da Páscoa remontam a bem longe, aos antigos rituais pagãos
do início da primavera (que no Hemisfério Norte inicia em março).
Nestes lugares, as tradições de Páscoa incluem a decoração de ovos cozidos
e as brincadeiras com os ovos de Páscoa como, por exemplo:
rolá-los ladeira abaixo, onde será vencedor aquele ovo que rolar
mais longe sem quebrar.
Nos Estados Unidos
A brincadeira mais tradicional ainda é a "caça ao ovo",
onde ovos de chocolate são escondidos pelo quintal ou pela casa
para serem descobertos pelas crianças na manhã de Páscoa.
Em algumas cidades a "caça ao ovo" é um evento da comunidade
e é usada uma praça pública para esconder os ovinhos.
No Brasil e América Latina
O mais comum é as crianças montarem seus próprios ninhos de Páscoa,
sejam de vime, madeira ou papelão, e enchê-los de palha ou papel picado.
Os ninhos são deixados para o coelhinho colocar doces e ovinhos
na madrugada de Páscoa.
A "caça ao ovo" ou "caça ao cestinho" também é utilizada.
Canção de Madrugar
Obs:Este vídio foi sugestão da minha querida amiga Rosa de Oliveira do blog
.http://metafisicadacoincidencia.blogspot.com/
Rua da saudade.
De linho te vesti
De nardos te enfeitei
Amor que nunca vi
Mas sei
Sei dos teus olhos acesos na noite
Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer
Irei beber em ti
O vinho que pisei
O fel do que sofri e dei
Dei do meu corpo um chicote de força
Rasei meus olhos com água
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa
Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas, alarguei cidades
E construí poetas
E nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer
Então:
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
Nem forcas, nem cardos, nem dardos, nem trevas,
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem terras, nem ferros, nem farpas, nem farsas
Nem MAL
José Carlos Ary dos Santos
sexta-feira, 2 de abril de 2010
A Minha Hora
Que horas são? O meu relógio está parado,
Há quanto tempo!...
Que pena o meu relógio estar parado
E eu não poder marcar esta hora extraordinária!
Hora em que o sonho ascende, lento, muito lento,
Hora som de violino a expirar... Hora vária,
Hora sombra alongada de convento...
Hora feita de nostalgia
Dos degredados...
Hora dos abandonados
E dos que o tédio abate sem cessar...
Hora dos que nunca tiveram alegria,
Hora dos que cismam noite e dia,
Hora dos que morrem sem amar...
Hora em que os doentes de corpo e alma,
Pedem ao Senhor para os sarar...
Hora de febre e de calma,
Hora em que morre o sol e nasce o luar...
Hora em que os pinheiros pela encosta acima,
São monges a rezar...
Hora irmã da caridade
Que dá remédio aos que o não têm...
Hora saudade...
Hora dos Pedro Sem...
Hora dos que choram por não ter vivido,
Hora dos que vivem a chorar alguém...
Hora dos que têm um sonho águia mas... ai!
Águia sem asas para voar...
Hora dos que não têm mãe nem pai
E dos que não têm um berço p'ra embalar...
Hora dos que passam por este mundo,
De olhos fechados, a sonhar...
Hora de sonhos... A minha hora
- 'Stertor's de sol, vagidos de luar -
Mas... ai! a lua lá vem agora...
- Senhora lua, minha senhora,
Mais um minuto para a minha hora,
Mais um minuto para sonhar...
Saúl Dias, in "Dispersos (Primeiros Poemas)"
Fim de semana.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Inocência .
Vou aqui como um anjo, e carregado
De crimes!
Com asas de poeta voa-se no céu...
De tudo me redimes,
Penitência
De ser artista!
Nada sei,
Nada valho,
Nada faço,
E abre-se em mim a força deste abraço
Que abarca o mundo!
Tudo amo, admiro e compreendo.
Sou como um sol fecundo
Que adoça e doira, tendo
Calor apenas.
Puro,
Divino
E humano como os outros meus irmãos,
Caminho nesta ingénua confiança
De criança
Que faz milagres a bater as mãos.
Miguel Torga, in 'Penas do Purgatório'
Milhares de flores de papel adornam Constância por ocasião da Páscoa.
Serão milhares as flores de papel que ornamentarão as ruas, os recantos e a praça da vila de Constância, durante as Festas do Concelho 2010, nos próximos dias 3, 4 e 5 de Abril.
Fruto do trabalho colectivo, realizado pelos moradores, pelas escolas, pela Santa Casa da Misericórdia e por outras entidades, os milhares de flores já produzidas são o reflexo do carinho que as pessoas têm pelo Concelho, e por estas grandes festas, que são já um verdadeiro cartaz turístico a nível nacional.
Os adornos de papel confeccionados manualmente contêm milhares de rolos de papel crepe, centenas de resmas de papel e de rolos de papel crepon, mais de 250 quilos de arame, mais de 100 rolos de cordel, panos, redes, tintas, esferovites, cartolinas, pastas de papel, colas, palmeiras e murta. Tudo isto para que, por ocasião da Páscoa, Constância se vista de cor e de flores, acentuando ainda mais as memórias dos rios e as tradições dos antigos marítimos, que estão bem enraizadas nas gentes da vila.
As ruas floridas com inúmeros arranjos são sem dúvida um dos motivos que atrai milhares de visitantes a esta grande manifestação cultural que são as Festas do Concelho de Constância.
Além das ruas floridas integram o programa das Festas do Concelho 2010 muita animação, o Grande Prémio da Páscoa de Constância, a Descida dos 3 Castelos, um Passeio de Cicloturismo, a Mostra Nacional de Artesanato, a Mostra de Doces Sabores, várias exposições, a chegada das embarcações ao cais de Constância, as tasquinhas típicas e um Espectáculo de Fogo de Artificio.
Por CMC
Segunda-feira da Boa Viagem
No próximo dia 5 de Abril - Dezenas de Embarcações recebem Bênçãos em Constância
com a presença do Secretário de Estado da Cultura
No próximo dia 5 de Abril (Segunda-feira da Boa Viagem / Feriado Municipal), por volta das 13.00H vão chegar a Constância cerca de uma centena de embarcações, para participar nas cerimónias do Dia do Concelho.
Recebidas com salva de foguetes e saudação musical pela Banda da Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro, as embarcações são representativas da quase totalidade dos municípios ribeirinhos do Tejo, desde Abrantes até ao mar. A recepção às embarcações vai contar com a presença do Secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle.
Os barcos vão participar num grandioso cortejo fluvial nos rios Tejo e Zêzere para receberem as Bênçãos de Nossa Senhora da Boa Viagem que, em terra, percorre as ruas da vila, em Procissão de rara beleza e envolvimento religioso.
As tripulações das embarcações estarão trajadas ao modo das épocas de então, lembrando os tempos em que os rios eram estradas e deles vinha o ganha pão de grande parte da população.
As cerimónias religiosas em louvor de Nossa Senhora da Boa Viagem terão início às 15.30H, com a Missa Solene, seguindo-se a Procissão com as já referidas Bênçãos dos Barcos nos rios, e das Viaturas, na Praça Alexandre Herculano.
Registe-se que, para além destas manifestações, as Cerimónias do Dia do Concelho, vão ter início às 9.00 horas com o Içar das Bandeiras, nos Paços do Concelho, com Guarda de Honra prestada pelos Bombeiros Voluntários de Constância e a presença da Banda da Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro. Às 9.45 horas decorrerá o habitual encontro com os Jornalistas, ao que seguirá uma visita às ruas floridas.
A realização integra a Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem / Festas do Concelho 2010, um evento que tem lugar em Constância, no próximo fim-de-semana, dias 3, 4 e 5 de Abril.
Por CMC
quarta-feira, 31 de março de 2010
Li Hoje Quase Duas Páginas.
Li hoje quase duas páginas
Do livro dum poeta místico,
E ri como quem tem chorado muito.
Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.
Mas flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram cousas vivas, não
eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.
É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,
É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.
Graças a Deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,
E que as flores são apenas flores.
Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente,
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro
Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era a Natureza.
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXVIII"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Máximo de Felicidade no Máximo de Lucidez .
O que é a sabedoria? É a felicidade na verdade, ou «a alegria que nasce da verdade». Esta é a expressão que Santo Agostinho utiliza para definir a beatitude, a vida verdadeiramente feliz, em oposição ás nossas pequenas felicidades, sempre mais ou menos factícias ou ilusórias. Sou sensível ao facto de que é a mesma palavra beatitude que Espinoza retomará, bem mais tarde, para designar a felicidade do sábio, a felicidade que não é a recompensa da virtude mas a própria virtude... a beatitude é a felicidade do sábio, em oposição às felicidades que nós, que não somos sábios, conhecemos comumente, ou, digamos, às nossas aparências de felicidade, que às vezes são alimentadas por drogas ou álcoois, muitas vezes por ilusões, diversão ou má-fé. Pequenas mentiras, pequenos derivativos, remedinhos, estimulantezinhos... não sejamos severos demais. Nem sempre podemos dispensá-los. Mas a sabedoria é outra coisa. A sabedoria seria a felicidade na verdade.
A sabedoria? É uma felicidade verdadeira ou uma verdade feliz. Não façamos disso um absoluto, porém. Podemos ser mais ou menos sábios, do mesmo modo que podemos ser mais ou menos loucos. Digamos que a sabedoria aponta para uma direcção: a do máximo de felicidade no máximo de lucidez.
André Compte-Sponville, in 'A Felicidade, Desesperadamente'
terça-feira, 30 de março de 2010
Páscoa
Festas do Concelho de Constância 2010
GNR, Oquestrada e Mercado Negro
nas Festas do Concelho de Constância 2010 Mercado Negro, Oquestrada e GNR são os grandes nomes da música portuguesa que actuarão nas Festas do Concelho de Constância 2010, nos dias 3, 4 e 5 de Abril, respectivamente.
As Festas do Concelho marcarão a diferença pela diversidade da animação, pois haverá um grande investimento em múltiplos espectáculos. Deste modo, além da vivacidade própria do evento, muitos espectáculos preencherão os dois palcos e as ruas da vila.
O Grupo de Cantares da Casa do Povo de Montalvo, o Grupo Cultural Emoções de Malpique, a Escola de Música e a Banda da Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro, a Bandinha da Alegria, os RCA, o Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Malpique – Constância, o Grupo Etnográfico Danças e Cantares de Alverca do Ribatejo, o Rancho Folclórico da Velha Guarda da Casa do Povo de Almeirim, o Rancho Folclórico e Etnográfico «Os Peneireiros» de Martinchel, e os Xaral Dixie são os diversos grupos e artistas que marcarão presença nas Festas do Concelho deste ano.
Paralelamente à animação, integram o programa das Festas o Grande Prémio da Páscoa de Constância, a Descida dos 3 Castelos, um Passeio de Cicloturismo a Mostra Nacional de Artesanato, a Mostra de Doces Sabores, várias exposições, a chegada das embarcações ao cais de Constância, as tasquinhas típicas e um Espectáculo de Fogo de Artificio.
Motivo de grande interesse são sempre as ruas floridas, resultado de um trabalho colectivo levado a efeito pelos moradores, pelas Escolas e por várias instituições do concelho.
À semelhança dos anos anteriores, as Festas do Concelho de Constância 2010 integram também um programa de actividades descentralizadas, a realizar nos dias 27 e 28 de Março.
Por CMC
Saudoso do mar...
Saudade
do ondular do vento
da brisa marinha
do cheiro da maresia
do sabor a sal
do mar no seu lamento...
O olhar a linha do horizonte
em crepúsculos de mar calmo
num pôr de sol avermelhado
escondendo-se
mostrando-se a outro lado...
Saudades
das manhãs de neblina
onde apenas
ouvia o enrolar das ondas
na praia mar
como se fosse dentro de mim
que vinham rebentar...
segunda-feira, 29 de março de 2010
Amarelo fonte de energia.
Amarelo
que giras no gira-sol
da vida
irradias luz e alegria
fonte de energia
do sol...
Amarelo
cor do ouro
flavescente
brilhante na força
no entusiasmo
no viver da mente...
Amarelo
das Mimosas ou Acácias
do amor sentido
terno
meigo
delicado
melindroso
sensível
nunca vencido...
Flor de tojo
essências
encanto da natureza
espinhosa
entre o gume e os espinhos
amarelo da nobreza...
Auréola luminosa
explendor do sol
teus raios
luminosos
amarelos
cor da vida
luz do meu farol...
domingo, 28 de março de 2010
Perfume Exótico .
Quando eu a dormitar, num íntimo abandono,
Respiro o doce olor do teu colo abrasante,
Vejo desenrolar paisagem deslumbrante
Na auréola de luz d'um triste sol de outono;
Um éden terreal, uma indolente ilha
Com plantas tropicais e frutos saborosos;
Onde há homens gentis, fortes e vigorosos,
E mulher's cujo olhar honesto maravilha.
Conduz-me o teu perfume às paragens mais belas;
Vejo um porto ideal cheio de caravelas
Vindas de percorrer países estrangeiros;
E o perfume sutil do verde tamarindo,
Que circula no ar e que eu vou exaurindo,
Vem juntar-se em minh'alma à voz dos marinheiros.
Charles Baudelaire .
A Profundidade do Ser.
E de vez em quando descer à gravidade de mim, à profundidade do meu ser. E verificar então que tudo se transfigura. Que é que significa este garatujar quase gratuito, este riso superficial, todo este modo de ser menor? A melancolia profunda, tão de dentro que ela se iguala à alegria sem medida. Espaço rarefeito de nós, é o lugar da grandeza do homem, do que é nele fundamental, o lugar do aparecimento de Deus. Mas Deus não me aparece - aparece apenas a inundação que me vem da infinita beatitude, da grandeza e do assombro. Nós vivemos habitualmente à superfície de nós, ligados ao que é da vida imediata, enredados nas mil futilidades com que se nos enchem os dias. Mas de vez em quando, o abismo da natureza, um livro ou uma música que dos abismos vem, abre-nos aos pés um precipício hiante e tudo se dilui num sentir que está antes e abaixo e mais longe que esse tudo. Há uma harmonia que em nós espera por um som, um acorde, uma palavra, para imediatamente se organizar e envolver-nos. E aí somos verdade para a infinidade dos séculos.
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 3'
Literatura
Para quem era uma escrava na Saint-Domingue dos finais do século XVIII, Zarité tinha tido uma boa estrela: aos nove anos foi vendida a Toulouse Valmorain, um rico fazendeiro, mas não conheceu nem o esgotamento das plantações de cana, nem a asfixia e o sofrimento dos moinhos, porque foi sempre uma escrava doméstica. A sua bondade natural, força de espírito e noção de honra permitiram-lhe partilhar os segredos e a espiritualidade que ajudavam os seus, os escravos, a sobreviver, e a conhecer as misérias dos amos, os brancos.
Zarité converteu-se no centro de um microcosmos que era um reflexo do mundo da colónia: o amo Valmorain, a sua frágil esposa espanhola e o seu sensível filho Maurice, o sábio Parmentier, o militar Relais e a cortesã mulata Violette, Tante Rose, a curandeira, Gambo, o galante escravo rebelde… e outras personagens de uma cruel conflagração que acabaria por arrasar a sua terra e atirá-los para longe dela.
Quando foi levada pelo seu amo para Nova Orleães, Zarité iniciou uma nova etapa onde alcançaria a sua maior aspiração: a liberdade. Para lá da dor e do amor, da submissão e da independência, dos seus desejos e os que lhe tinham imposto ao longo da sua vida, Zarité podia contemplá-la com serenidade e concluir que tinha tido uma boa estrela.
Autora: Isabel Allende »
sexta-feira, 26 de março de 2010
O mundo foge-me...
O mundo foge-me
por entre as mãos
perco a esperança de um amanhã
melhor para todos nós
nos jornais
rádios
televisão
apenas desgraças
guerras
desentendimentos
uma raiva atroz...
Engoli-mo-nos uns aos outros
o ódio sobrepõe-se ao amor
Maltrata-mo-nos
os gritos sobrepõem-se ao respeito
não falamos
gritamos...
Corelis
Corelis – Coro da Relação de Lisboa actua em Constância no próximo domingo, 28 de Março
No próximo domingo, 28 de Março, às 17h30, na Igreja Matriz de Constância, decorre o Concerto de Música Vocal AEQUINOCTIUM ET PASHA (O Equinócio da Primavera e da Páscoa), pelo Corelis – Coro da Relação de Lisboa, um espectáculo que integra as Actividades Descentralizadas das Festas do Concelho de Constância 2010.
O Corelis – Coro da Relação de Lisboa, é um grupo vocal misto criado em 1993 no Tribunal da Relação de Lisboa, o qual integra actualmente não apenas magistrados – juízes e procuradores – e funcionários judiciais, como outros quadros da administração pública e advogados.
O seu repertório é eclético e é composto por peças musicais variadas desde canções populares nacionais e europeias, espirituais negros, hinos, motetos e villancicos do Renascimento e do Barroco, de matriz principalmente ibérica.
Por CMC.
Felicidade a Longo Prazo...
Procuremos manter-nos de boa saúde, não ter quaisquer preconceitos, ter paixões, pô-las ao serviço da nossa felicidade, substituir as nossas paixões por gostos, conservar preciosamente as nossas ilusões, ser virtuosos, nunca nos arrependermos, afastar de nós as ideias tristes e nunca permitir ao nosso coração conservar uma centelha de gosto por alguém cujo gosto diminua e que deixe de amar-nos. Por pouco que envelheçamos, um dia seremos forçados a abrir mão do amor, e esse dia deve ser aquele em que o amor já não nos faça felizes. Pensemos, enfim, em cultivar o gosto pelo estudo, esse gosto que faz depender a felicidade apenas de nós próprios. Ponhamo-nos ao abrigo da ambição e, sobretudo, cuidemos bem de saber o que queremos ser; decidamo-nos sobre o caminho que queremos seguir para passar a nossa vida e procuremos semeá-lo de flores.
Madame du Chatelêt, in 'Discurso sobre a Felicidade'
quinta-feira, 25 de março de 2010
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