Seguidores
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Literatura
“A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós , nem nós o entendemos a ele .”
José Saramago
Saramago escreveu outro livro. O seu título é “Caim”, e Caim é um dos protagonistas principais. Outro é Deus, outro ainda é a humanidade nas suas diferentes expressões. Neste livro, tal como nos anteriores, “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, por exemplo, o autor não recua diante de nada nem procura subterfúgios no momento de abordar o que, durante milénios, em todas as culturas e civilizações foi considerado intocável e não nomeável: a divindade e o conjunto de normas e preceitos que os homens estabelecem em torno a essa figura para exigir a si mesmos - ou talvez fosse melhor dizer para exigir a outros - uma fé inquebrantável e absoluta, em que tudo se justifica, desde negar-se a si mesmo até à extenuação, ou morrer oferecido em sacrifício, ou matar em nome de Deus.
Caim não é um tratado de teologia, nem um ensaio, nem um ajuste de contas: é uma ficção em que Saramago põe à prova a sua capacidade narrativa ao contar, no seu peculiar estilo, uma história de que todos conhecemos a música e alguns fragmentos da letra. Pois bem, com a cabeça alta, que é como há que enfrentar o poder, sem medos nem respeitos excessivos, José Saramago escreveu um livro que não nos vai deixar indiferentes, que provocará nos leitores desconcerto e talvez alguma angústia, porém, amigos, a grande literatura está aí para cravar-se em nós como um punhal na barriga, não para nos adormecer como se estivéssemos num opiário e o mundo fosse pura fantasia.
Pilar del Río.
domingo, 17 de janeiro de 2010
A Grande Inteligência é Sobreviver
A grande Inteligência é sobreviver.
As tartarugas portanto não são teimosas nem lentas, dominam;
SIM, a ciência.
Toda a tecnologia é quase inútil e estúpida,
porque a artesanal tartaruga,
a espontânea TARTARUGA,
permanece sobre a terra mais anos que o homem.
Portanto,
como a grande inteligência é sobreviver,
a tartaruga é Filósofa e Laboratório,
e o Homem que já foi Rei da criação
não passa, afinal, de um crustáceo FALSO,
um lavagante pedante;
um animal de cabeça dura. Ponto.
Gonçalo M. Tavares, in "Investigações. Novalis"
O Ideal da Amizade
A camaradagem, o companheirismo, às vezes, parecem amizade. Os interesses comuns por vezes criam situações humanas que são semelhantes à amizade. E as pessoas também fogem da solidão, entrando em todo o tipo de intimidades de que, a maior parte das vezes, se arrependem, mas durante algum tempo podem estar convencidas de que essa intimidade é uma espécie de amizade. Naturalmente, nesses casos não se trata de verdadeira amizade. Uma pessoa imagina que a amizade é um serviço. O amigo, assim como o namorado, não espera recompensa pelos seus sentimentos. Não quer contrapartidas, não considera a pessoa que escolheu para ser seu amigo como uma criatura irreal, conhece os seus defeitos e assim o aceita, com todas as suas consequências. Isso seria o ideal. E na verdade, vale a pena viver, ser homem, sem esse ideal?
E se um amigo falha, porque não é um verdadeiro amigo, podemos acusá-lo, culpando o seu carácter, a sua fraqueza? Quanto vale aquela amizade, em que só amamos o outro pela sua virtude, fidelidade e perseverança? Quanto vale qualquer afecto que espera recompensa? Não seria nosso dever aceitar o amigo infiel da mesma maneira que o amigo abnegado e fiel? Não seria isso o verdadeiro conteúdo de todas as relações humanas, esse altruísmo que não quer nada e não espera nada, absolutamente nada do outro? E quanto mais dá, menos espera em troca? E se entrega ao outro toda a confiança de uma juventude, toda a abnegação da idade viril e finalmente oferece a coisa mais preciosa que um ser humano pode proporcionar a outro ser humano, a sua confiança absoluta, cega e apaixonada, e depois se vê confrontado com o facto de o outro ser infiel e vil, tem direito de se ofender, de exigir vingança? E se se ofende e grita por vingança, era realmente amigo, o traído e abandonado?
Sándor Márai, in 'As Velas Ardem Até ao Fim'
2012.
Exibição e comentário do filme no Cine-Teatro Municipal
• 23 de Janeiro – 21h30
No próximo dia 23 de Janeiro, pelas 21h30, o auditório do Cine-Teatro Municipal de Constância exibe o filme 2012, uma actividade que além da projecção contará também com um comentário sobre a temática desta película.
O filme 2012 baseia-se numa suposta profecia dos Maias - uma das mais fascinantes civilizações de todos os tempos - de que o alinhamento da Terra e do Sol com o centro da Galáxia provocaria uma séria de catástrofes que levariam a uma profunda destruição da Terra.
No princípio e no fim da apresentação do filme, Máximo Ferreira, astrónomo e Presidente da Câmara Municipal, explicará os aspectos científicos relacionados com os efeitos da gravidade da Galáxia sobre o sistema solar e falará dos fenómenos que ocorrem no centro do Sol, dos quais resultam os neutrinos que o realizador do filme interpretou como os responsáveis pelo aquecimento e destruição do nosso planeta.
À semelhança do que acontece com a normal programação de cinema os bilhetes poderão ser adquiridos a partir das 20h30 do dia 23 de Janeiro, na bilheteira do Cine-Teatro Municipal, ou reservados durante a semana que antecede a exibição do filme através do telefone 249 739 367.
Por CMC
sábado, 16 de janeiro de 2010
Livro do Amor
O mais singular livro dos livros
É o Livro do Amor;
Li-o com toda a atenção:
Poucas folhas de alegrias,
De dores cadernos inteiros.
Apartamento faz uma secção.
Reencontro! um breve capítulo,
Fragmentário. Volumes de mágoas
Alongados de comentários,
Infinitos, sem medida.
Ó Nisami! — mas no fim
Achaste o justo caminho;
O insolúvel, quem o resolve?
Os amantes que tornam a encontrar-se.
Johann Wolfgang von Goethe
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Bater de Asas.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Dialogar em Vez de Discutir .
Está o casal aos gritos, estão os políticos aos berros... E comenta-se a propósito: "É preciso discutir para chegar a algum lado, da discussão nasce a luz". Bem, a verdade é que não se vê nada. Só quando sou capaz de ouvir, quando sinceramente admito que o outro pode ter razão ou parte dela, é que posso começar a ver. É isso que acontece? Deus queira... Discutir é querer ganhar. Dialogar é procurar a verdade com o que há de bom em cada um.
(Padre) Vasco Pinto de Magalhães, in "Não Há Soluções, Há Caminhos"
Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social
O Município de Constância associa-se ao Programa Nacional do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social
O Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia instituíram em 2008, 2010 como o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, reafirmando assim o seu compromisso na luta contra a pobreza e a exclusão social, promovendo um modelo social que contribua para o bem-estar dos indivíduos, a sua participação na sociedade e, consequentemente, o desenvolvimento económico da Europa, reiterando o empenho da União Europeia e de cada Estado membro na solidariedade, na justiça social e no aumento da coesão, representando um marco importante na erradicação da pobreza.
A União Europeia conta com 78 milhões de pessoas que vivem em risco de pobreza, das quais 19 milhões são crianças, facto que terá estado na origem de este ser o orçamento mais elevado alguma vez concedido a um Ano Europeu – 17 milhões de euros.
Em Portugal, como Estado membro da União Europeia, surge o Programa Nacional do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social (PNAECPES), com o qual se pretende contribuir para um país mais justo e mais solidário contando com a participação de todos os Portugueses.
No distrito de Santarém, a apresentação do PNAECPES ficou a cargo do Centro Distrital da Segurança Social de Santarém, tendo para o efeito convocado para uma reunião todos os parceiros das Plataformas Supra concelhias da Lezíria e do Médio Tejo, no âmbito da Rede Social. No decurso da reunião de apresentação do PNAECPES foram de imediato encetados contactos para a possibilidade de uma candidatura conjunta entre os parceiros que constituem a Plataforma Supraconcelhia do Médio Tejo.
O Município de Constância associou-se à candidatura conjunta ao Programa Nacional do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, da qual fazem parte nove dos dez municípios que integram a Plataforma Supraconcelhia do Médio Tejo e a União das IPSS, tendo como promotor o Município de Abrantes.
Pretende-se com esta candidatura afirmar e desenvolver as Redes Sociais, para que estas sejam efectivos fóruns de integração e de desenvolvimento social. As actividades propostas visam a realização de acções de formação, seminários e outras como forma de sensibilizar a opinião pública para os fenómenos da pobreza e exclusão social.
A concertação entre os parceiros envolvidos na construção de uma candidatura conjunta, no âmbito da pobreza e da exclusão social, foi sem dúvida um desafio ambicioso para todos aqueles que se empenharam na sua concretização. O resultado final foi o fruto da aplicação de todos os princípios inerentes ao trabalho em parceria e apenas possível pela confiança, cooperação, solidariedade e maturidade democrática, que imperou durante todo o processo de construção da candidatura.
Estamos convictos de que esta iniciativa vai ser uma referência pela demonstração proactiva de mudança e inovação social, pelo empenho de todos aqueles que estiveram, estão e continuarão envolvidos nesta Viagem de Cooperação e Parcerias.
Por CMC
Sentir
Hoje sinto o que todo o mundo sente
amores
tristezas
alegrias
desencantos
sinto que a vida me rouba anos
soprando as velas
nesta roda de desenganos.
Amanhã será outro sentir
sinto a tua ausência
o tic tac do relógio
o tempo a fugir...
E o tempo que eu sinto
no seu rodopio constante
me leva e trás
num sentir distante
de recordações
umas boas
outra más...
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
O Prazer é Silencioso
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
A Primeira Palavra que em Toda a Minha Vida me Esgotou o Ser
Uma palavra. Disse-a. Amo-te - uma palavra breve. Quantos milhões de palavras eu disse durante a vida. E ouvi. E pensei. Tudo se desfez. Palavras sem inteira significação em si, o professor devia ter razão. Palavras que remetiam umas para as outras e se encostavam umas às outras para se aguentarem na sua rede aérea de sons. Mas houve uma palavra - meu Deus. Uma palavra que eu disse e repercutiu em ti, palavra cheia, quente de sangue, palavra vinda das vísceras, da minha vida inteira, do universo que nela se conglomerava, palavra total. Todas as outras palavras estavam a mais e dispensavam-se e eram uma articulação ridícula de sons e mobilizavam apenas a parte mecânica de mim, a parte frágil e vã. Palavra absoluta no entendimento profundo do meu olhar no teu, palavra infinita como o verbo divino. Recordo-a agora - onde está? Como se desfez? Ou não desfez mas se alterou e resfriou e absorveu apenas a fracção de mim onde estava a ternura triste, o conforto humilde, a compaixão. Não haverá então uma palavra que perdure e me exprima todo para a vida inteira? E não deixe de mim um recanto oculto que não venha à sua chamada e vibre nela desde os mais finos filamentos de si? Uma palavra. Recupero-a agora na minha imaginação doente. Amo-te. Na intimidade exclusiva e ciumenta do nosso olhar mútuo e encantado. Fecha-nos o lençol na claridade difusa do amanhecer, estás perto de mim no intocável da tua doçura. Frágil de névoa. Fímbria de sorriso e de receio, de pavor, no meu olhar embevecido. Uma palavra. A primeira que em toda a minha vida me esgotou o ser. A que foi tão completa e absorvente, que tudo o mais foi um excesso na criação. Deus esgotou em mim, na minha boca, todo o prodígio do seu poder. Ao princípio era a palavra. Eu a soube. E nada mais houve depois dela.
Vergílio Ferreira, in 'Para Sempre'
Simples palavras.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Subscrever:
Mensagens (Atom)