Seguidores

domingo, 17 de janeiro de 2010

O Ideal da Amizade




A camaradagem, o companheirismo, às vezes, parecem amizade. Os interesses comuns por vezes criam situações humanas que são semelhantes à amizade. E as pessoas também fogem da solidão, entrando em todo o tipo de intimidades de que, a maior parte das vezes, se arrependem, mas durante algum tempo podem estar convencidas de que essa intimidade é uma espécie de amizade. Naturalmente, nesses casos não se trata de verdadeira amizade. Uma pessoa imagina que a amizade é um serviço. O amigo, assim como o namorado, não espera recompensa pelos seus sentimentos. Não quer contrapartidas, não considera a pessoa que escolheu para ser seu amigo como uma criatura irreal, conhece os seus defeitos e assim o aceita, com todas as suas consequências. Isso seria o ideal. E na verdade, vale a pena viver, ser homem, sem esse ideal?

E se um amigo falha, porque não é um verdadeiro amigo, podemos acusá-lo, culpando o seu carácter, a sua fraqueza? Quanto vale aquela amizade, em que só amamos o outro pela sua virtude, fidelidade e perseverança? Quanto vale qualquer afecto que espera recompensa? Não seria nosso dever aceitar o amigo infiel da mesma maneira que o amigo abnegado e fiel? Não seria isso o verdadeiro conteúdo de todas as relações humanas, esse altruísmo que não quer nada e não espera nada, absolutamente nada do outro? E quanto mais dá, menos espera em troca? E se entrega ao outro toda a confiança de uma juventude, toda a abnegação da idade viril e finalmente oferece a coisa mais preciosa que um ser humano pode proporcionar a outro ser humano, a sua confiança absoluta, cega e apaixonada, e depois se vê confrontado com o facto de o outro ser infiel e vil, tem direito de se ofender, de exigir vingança? E se se ofende e grita por vingança, era realmente amigo, o traído e abandonado?

Sándor Márai, in 'As Velas Ardem Até ao Fim'

5 comentários:

r disse...

O meu amigo, senta-se a ler estas coisas?

Tenho um professor que pensa ser necessário criar novos serviços (em certas instituições), mas há que considerar o... utilizador e o... turista; é importante fidelizar o utilizador (diz ele), daí a complexidade em pensar um serviço.

Isto é leitura para turista.
Nós somos simplesmente humanos!, somos defeito e qualidade, o resto é ruído...
quando chego aqui e digo:

- Bom dia!

Espero que aceite o cumprimento [mesmo que não o expresse na escrita]. Espero a resposta.
Até Deus omnipotente e omnipresente, espera que a criatura se comporte conforme foi dotade: livre-arbítrio.

Estes gajos vendem que se fartam.

Rosan disse...

olá.
penso que a amizade verdadeira deveria ser reciproca, mesmo com defeitos mil que todos tem, deveria ser sincera....
traições e não deveriam fazer parte das verdadeiras amizades,

beijo

Glorinha L de Lion disse...

Impossível! O ser humano dá e quer receber o que deu de volta, de preferência em dobro!
Bjs

angela disse...

O melhor é não ter ilusões e aceitar cada amigo como ele é sem esquecer o jeito que são e saber o que pode esperar de cada um deles.
beijos

cucchiaiopieno.com.br disse...

O que mais sinto falta na Itália, sao as minhas amizades. Os amigos italianos sao frios (comparando a um brasileiro), por isso nao sei se devo chama'-los assim. Amigo perdoa, ajuda a levantar, nao melindra...
Saudades...
Bjim com karim
Léia