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segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Desassossego...
Chagas de amor.
Chagas de amor"
Esta luz, este fogo que devora.
Esta paisagem gris que me rodeia.
Esta dor por fixar-me numa idéia.
Esta angústia de céu, de mundo, de hora.
Este pranto de sangue que decora
lira já sem vigor, lúbrica teia.
Este peso do mar que me golpeia.
Esta lacraia que em meu peito mora.
São grinaldas de amor, chão de ferido
onde me deito e sonho-te a presença
nas ruínas de meu peito já destruído.
E embora eu aja na maior prudência,
me dá teu coração vale estendido
com cicuta e paixão de amarga ciência.
(Federico Garcia Lorca)
domingo, 12 de outubro de 2008
Corpo noturno.
No suor do teu corpo
que galopa,
sou teu cavalo.
Penetro o fogo
entre tuas patas.
Falo
de amor.
Quero arder
no ventre da noite.
Queimar o poço
em chamas de desejos.
Ferir-te com
minha tocha de fogo
e sentir o gosto
de teus gemidos.
Entre rosas, flor ferida.
Sou teu espinho,
mancha,
vermelho,
em teu lençol de lírio.
(Geraldo Coelho Vaz.)
Amor de perdição.
Relendo Camilo Castelo Branco.
Obra emblemática do Romantismo português, Amor de Perdição conta-nos a história de Simão Botelho e Teresa de Albuquerque, dois jovens que pertencem a famílias distintas de Viseu. Entre ambos nasce um amor que são obrigados a calar pois as suas famílias são rivais e tudo farão para os separar. Mas os amantes acabarão por mostrar através do mais dramático dos actos, que nada, nunca, destruiráo sentimento que os une.
Camilo Castelo Branco, primeiro visconde de Correia Botelho, nasceu em 1825 e morreu em 1890. Romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta, tradutor, é um dos expoentes máximos do Romantismo em Portugal. Teve uma vida atribulada, passional e impulsiva; uma vida tipicamente romântica, que serviu de inspiração a alguns dos seus livros.
Foi o primeiro escritor de língua portuguesa a viver exclusivamente da sua produção literária, que se traduziu em mais de duzentos e sessenta escritos, produtividade que nunca prejudicou o apuro ou a dimensão da sua obra, de referência na literatura portuguesa. A intensidade com que pautou a sua vida acompanhou-o até à morte, causada pela sua própria mão quando, em desespero devido a uma cegueira progressiva, desfere um fatal tiro de revólver na têmpora direita.
sábado, 11 de outubro de 2008
Embebede-se...
O fugir da fuga
Um pouco de Drummond ao avesso...
Havia e há
Pedras e caminhos,
Caminhos e pedras.
Tentar trincar a pedra,
Com os olhos apenas,
Fustiga-me as retinas.
Fazer a pedra caminhar comigo
É presumir-me pedra caminhante.
Vou tirar a pedra do sapato,
Pôr os pés no chão...
E, com meu grão de mostarda,
Descobrir
Que há um caminho no meio da pedra,
No meio da pedra há um caminho.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Bestiário 4.
Nestes versos de pés quebrados
de um amor assim sem beira
nem eira, por alguns trocados
é-se capaz de qualquer besteira:
de dianteira ou mesmo por detrás
por encima ou até por debaixo
corresponde e é sempre eficaz
rapaz! Isso é coisa de macho!
De quem cumpre o que promete
• performance de profissional!
em que tudo isso se repete
com cada freguês satisfeito:
vai-se ao orgasmo mais funcional
para garantir o sagrado direito.
Poema de Antonio Miranda
1º Encontro de Música Popular ;
Organizado pelo Grupo de Música e Cantares Tradicionais Emoções, da União Jazz Malpiquense, o 1º Encontro de Música Popular, vai decorrer no Cine-Teatro Municipal de Constância, no próximo domingo, 12 de Outubro, às 18 horas.
O Grupo de Cantares Os Maçaenses, o Grupo de Cantares Musical Amendoense, a Bela Serrana e o Grupo de Música e Cantares Tradicionais Emoções, são os quatro agrupamentos que vão integrar o encontro musical, o qual terá Reinaldo Ramos como Director Musical.
O 1º Encontro de Música Popular conta com os apoios da Câmara Municipal de Constância, da Junta de Freguesia de Montalvo e da Rádio Tágide.
Por CMC
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Ricardo Reis.
Escreve-me...
Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d'açucenas!
Escreve-me!Há tanto,há tanto tempo
Que te não vejo, amor!Meu coração
Morreu já,e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d'oração!
"Amo-te!"Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d'amor e felicidade!
Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então...brandas...serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...
Florbela Espanca .
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
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