Seguidores
domingo, 28 de setembro de 2008
Literatura.

Sinopse
Após a descoberta de uma conspiração contra o seu trono, o rei Henrique VIII parte numa espectacular viagem oficial ao Norte de Inglaterra para inspirar temor nos seus súbditos revoltosos. Acompanhado por mil soldados, a fina flor da nobreza e a sua quinta mulher, Catarina Howard, o rei assiste a uma extravagante demonstração de submissão por parte da pequena nobreza de York, naquele que será o momento apoteótico da maior visita oficial do período Tudor.
(Actual leitura.)
Há palavras que nos beijam.

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte
Alexandre O'Neill.
sábado, 27 de setembro de 2008
Antepasto.

Tudo o que o Poeta escreve
está resumido
numa única palavra: Solidão.
Escrever é distanciar-se do mundo
para poder entendê-lo
é uma forma de morrer.
Viver é outra coisa
ainda que alienada.
Eu trocaria mil rimas
por uma noite de amor.
E trocaria um belo poema
sobre a fome
por um singelo prato de comida.
Poema de Antonio Miranda
Ilus. José Campos Biscardi
Mulher.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Súplica.

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga.
Relatividade.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Amigo.

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já, uma grande festa!
(Alexandre O'Neill)
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Há um poço.
Anjos pervertidos.

Anjos descem dos altares e oratórios
e se despojam de túnicas e asas,
renegam ornamentos e paramentos,
saem à luz para a sua remissão.
À perversão como forma de exorcismo,
ao crime como última penitência,
maculando-se em busca da salvação.
Santos-de-pau-oco, de gesso,
santos assexuados à fogueira,
à execração por sua inutilidade.
Livres da maldição da ociosidade.
Que os corpos se enchafurdam na lama,
se maculem com suores e tremores
carnais, na cama, nos vergéis corrompidos.
Aos sofridos devaneios, aos calores
da condição humana e seus desvarios
aos desvios como direção de vida
— para o perdão divino e a santidade.
Que os anjos assumam sua culpa
e peçam desculpa por tanta hipocrisia,
pela soberba de se julgarem castos.
Que se saiba: anjos não são santos.
Poema de Nelson Teixeira
Ilus. de Zenilton de Jesus Gayoso Miranda
Subscrever:
Comentários (Atom)









