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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Existência


Existir não é pensar: é ser lembrado .

Amor perdido.


A chuva cai

Permanece a saudade!

Tão distante, mas tão perto

Em teu peito vivo!

Em teus pensamentos estou

Vês minha imagem

Sorris...

Lembras-te das palavras trocadas

Dos carinhos não afagados

Dos beijos nunca trocados

Como um pássaro que voa

Um dia voltará

E bem junto de ti irá pousar



(Zita Ferreira)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O pensamento é livre .

Volúpia .




A volúpia carnal é uma experiência dos sentidos, análoga ao simples olhar ou à simples sensação com que um belo fruto enche a língua. É uma grande experiência sem fim que nos é dada; um conhecimento do mundo, a plenitude e o esplendor de todo o saber. O mal não é que nós a aceitemos; o mal consiste em quase todos abusarem dessa experiência, malbaratando-a, fazendo dela um mero estímulo para os momentos cansados da sua existência.

(Rainer Maria Rilke)

Beijo Eterno.



Diz tua boca: "Vem!"
"Inda mais!" diz a minha, a soluçar...Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais! que eu morra de ventura,
Morro por teu amor!

Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo!
Beija-me assim!<
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!

Olavo Bilac.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Liberdade


O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

Passaporte da Leitura



Na Biblioteca Municipal Alexandre O'Neill
A Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill está a desenvolver, desde o início do mês de Janeiro e até ao final de Junho, a actividade Passaporte da Leitura, a qual tem como principal objectivo promover o livro e estimular a leitura no concelho de Constância.

Ler é essencial. Ler é estimulante. Tal como as pessoas, os livros podem ser intrigantes, melancólicos, assustadores, e por vezes, complicados. Os livros partilham sentimentos e pensamentos, feitios e interesses. Os livros colocam-nos em outros tempos, outros lugares, outras culturas. Os livros ajudam-nos a sonhar e levam-nos a viajar...

Viajar nos livros sem sair do lugar, conduziu a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill à iniciativa Passaporte da Leitura, a qual consiste no preenchimento de um passaporte, através da leitura de um conjunto de obras definidas pela Biblioteca, as quais na sua maioria integram o Plano Nacional de Leitura. Após cada requisição, os leitores terão que responder a algumas perguntas sobre a obra lida. Aos vencedores de cada faixa etária serão atribuídos prémios simbólicos.

Para informações, inscrições ou esclarecimentos adicionais devem os interessados contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill através do número de telefone 249 739 367 ou via correio electrónico para biblioteca@cm-constancia.pt.

Leia mais. Viva mais.
Por CMC

Constância.


Obras de valorização urbana entre Vale de Mestre e a Aldeia

já decorrem no concelho de Constância

As obras de valorização urbana no eixo de ligação de Vale de Mestre à Aldeia, na Freguesia de Santa Margarida da Coutada, Concelho de Constância, já estão a decorrer.

Os trabalhos que se desenvolvem entre as localidades de Aldeia de Santa Margarida e Vale de Mestre englobam uma intervenção a vários níveis, nomeadamente: construção de passeios e estacionamentos, pavimentação, plantação de árvores, reformulação da rede de águas pluviais e da iluminação pública, substituição das infra-estruturas eléctricas e de telecomunicações, as quais passarão a subterrâneas.

Com a execução das obras que agora decorrem a autarquia pretende promover a coesão local e valorizar o principal eixo urbano da freguesia de Santa Margarida da Coutada, possibilitando uma melhor ligação e articulação entre diversos equipamentos existentes no local, nomeadamente: o Parque Ambiental, a Junta de Freguesia, a Extensão de Saúde, a Secção de Santa Margarida dos Bombeiros Voluntários, a actual Escola e o futuro Centro Escolar, o comércio local, as novas urbanizações e a Igreja Paroquial.

A intervenção que está a ser executada tem um custo de aproximadamente 360 mil euros, a qual contará com uma comparticipação financeira de 61,30%, através do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional, sendo a restante verba suportada pelo orçamento municipal.
Por CMC

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Dor.

Alma!


A alma, ao contrário do que tu supões, a alma é exterior: envolve e impregna o corpo como um fluido envolve a matéria. Em certos homens a alma chega a ser visível, a atmosfera que os rodeia toma cor. Há seres cuja alma é uma contínua exalação: arrastam-na como um cometa ao oiro esparralhado da cauda - imensa, dorida, frenética. Há-os cuja alma é de uma sensibilidade extrema: sentem em si todo o universo. Daí também simpatias e antipatias súbitas quando duas almas se tocam, mesmo antes da matéria comunicar. O amor não é senão a impregnação desses fluidos, formando uma só alma, como o ódio é a repulsão dessa névoa sensível. Assim é que o homem faz parte da estrela e a estrela de Deus .


(Raul Brandão )

Delírio.



Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
Mais abaixo, meu bem! ? num frenesi.
No seu ventre pousei a minha boca,
Mais abaixo, meu bem! ? disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci…


Olavo Bilac.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Jardins proibidos.



Paulo Gonzo.

Beijo.


Beijar é como beber água salgada; quanto mais se bebe mais a sede aumenta .

Satânia




Sobe... cinge-lhe a perna longamente;
Sobe...- e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril!- prossegue,
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca,
E antes de se ir perder na escura noite,
Na densa noite dos cabelos negros,
Pára confusa, a palpitar, diante
Da luz mais bela dos seus grandes olhos.

E aos mornos beijos, às carícias ternas,
Da luz, cerrando levemente os cílios,
Satânia os lábios úmidos encurva,
E da boca na púrpura sangrenta
Abre um curto sorriso de volúpia...

Olavo Bilac.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Lugares e Estados de Alma.



A influência exercida sobre a nossa alma, pelos diferentes lugares, é uma coisa digna de observação. Se a melancolia nos conquista infalivelmente quando estamos à beira das águas, uma outra lei da nossa natureza impressionante faz com que, nas montanhas, os nossos sentimentos se purifiquem: ali a paixão ganha em profundidade o que parece perder em vivacidade.

Honoré de Balzac, in 'A Mulher de Trinta Anos'

Viajar.


"Uma longa viagem começa com um único passo".

Sofro de não te Ver .




Sofro
de não te ver,
de perder
os teus gestos
leves, lestos,
a tua fala
que o sorriso embala,
a tua alma
límpida, tão calma...

Sofro
de te perder,
durante dias que parecem meses,
durante meses que parecem anos...

Quem vem regar o meu jardim de enganos,
tratar das árvores de tenrinhos ramos?

Saúl Dias, in "Sangue (Inéditos)"

sábado, 10 de janeiro de 2009

Hotel Califórnia.




Eagles.

Segredos.


Um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido .

Sugar e ser sugado pelo amor


Sugar e ser sugado pelo amor

Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
Que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.


A língua lambe

A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.

E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.


A castidade com que abria as coxas

A castidade com que abria as coxas
e reluzia a sua flora brava.
Na mansuetude das ovelhas mochas,
e tão estreita, como se alargava.

Ah, coito, coito, morte de tão vida,
sepultura na grama, sem dizeres.
Em minha ardente substância esvaída,
eu não era ninguém e era mil seres

em mim ressuscitados. Era Adão,
primeiro gesto nu ante a primeira
negritude de corpo feminino.

Roupa e tempo jaziam pelo chão.
E nem restava mais o mundo, à beira
dessa moita orvalhada, nem destino.


Mimosa boca errante

Mimosa boca errante
à superfície até achar o ponto
em que te apraz colher o fruto em fogo
que não será comido mas fruído
até se lhe esgotar o sumo cálido
e ele deixar-te, ou o deixares, flácido,
mas rorejando a baba de delícias
que fruto e boca se permitem, dádiva.

Boca mimosa e sábia,
impaciente de sugar e clausurar
inteiro, em ti, o talo rígido
mas varado de gozo ao confinar-se
no limitado espaço que ofereces
a seu volume e jato apaixonados
como podes tornar-te, assim aberta,
recurvo céu infindo e sepultura?

Mimosa boca e santa,
que devagar vais desfolhando a líquida
espuma do prazer em rito mudo,
lenta-lambente-lambilusamente
ligada à forma ereta qual se fossem
a boca o próprio fruto, e o fruto a boca,
oh chega, chega, chega de beber-me,
de matar-me, e, na morte, de viver-me.

Já sei a eternidade: é puro orgasmo.


Sem que eu pedisse, fizeste-me a graça

Sem que eu pedisse, fizeste-me a graça
de magnificar meu membro.
Sem que eu esperasse, ficaste de joelhos
em posição devota.
O que passou não é passado morto.
Para sempre e um dia
o pênis recolhe a piedade osculante de tua boca.

Hoje não estás nem sei onde estarás,
na total impossibilidade de gesto ou comunicação.
Não te vejo não te escuto não te aperto
mas tua boca está presente, adorando.

Adorando.

Nunca pensei ter entre as coxas um deus.

Carlos Dummond de Andrade