Seguidores

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Poema de amor.




Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.

E se pedirem, amor, e se pedirem
que contes a velha fábula
do lobo que matou o cordeiro
e lhe roeu as entranhas,
não contes, amor, não contes
que o lobo é a minha carne
e o cordeiro a minha estrela
que sempre tu conheceste
e te guiou — mal ou bem.

Depois, sabes, estou enjoado
desta farsa.
Histórias, fábulas, amores
tudo me corre os ouvidos
a fugir.

Sou o guerreiro sem forças
para erguer a sua espada,
sou o piloto do barco
que a tempestade afundou.

Não contes, amor, não contes
que eu tenho a alma sem luz.

...Quero-me só, a sofrer e arrastar
a minha cruz.

Fernando Namora, in "Relevos"

Bruxos !


Fernando Pessoa

comummente reconhecido como brilhante poeta Português, contudo grande astrólogo e ocultista, do qual se diz ter previsto a data e hora da sua própria morte com infalível exactidão, tão infalível quanto a mesma previsão se veio a verificar. Há quem também defenda que todos os seus heterónimos foram criados com fundamento em ensinamentos cabalísticos, sendo que outros defendem que os mesmos heterónimos foram criados com base em processos espiritistas, sendo que na verdade os heterónimos de Fernando Pessoa eram pessoas que existiram de verdade e que eram espíritos consultados pelo poeta e sobre os quais Fernando Pessoa escreveu. Tanto uma como outra versão, defendem em uníssono que as personagens heterónimas de Fernando Pessoa possuíam um fundamento tão realista devido a serem espíritos que, na realidade, existiram mesmo e foram consultados pelo poeta. Fernando Pessoa possuía ligações com o ocultismo e o misticismo, salientando-se a Maçonaria e a Rosa-Cruz (embora não se conheça qualquer filiação concreta em Loja ou Fraternidade destas escolas de pensamento), havendo inclusive defendido publicamente as organizações iniciáticas, no Diário de Lisboa, de 4 de Fevereiro de 1935, contra ataques por parte da ditadura do Estado Novo. O seu poema hermético mais conhecido e apreciado entre os estudantes de esoterismo intitula-se "No Túmulo de Christian Rosenkreutz".Conheceu o famoso ocultista Aleister Crowley, assim como a maga alemã Miss Jaeger que passou a escrever cartas a Fernando assinando com um pseudônimo ocultista.

Noite de bruxas.


O manto negro da lua caiu.
E vem a dama negra da noite
trazendo os seus mistérios.

Vampiros, loucos e lobos.
Bruxas fantasmas e monstros.

São os filhos da noite
que brotam da imaginação.
São os filhos do medo
brotando da escuridão.

Fadas, duendes e mortos.
Aliens, demônios e vultos.

Crianças dormindo de luzes acesas.
Com medo do que pode aparecer na janela.
Com medo do que vai abrir a porta.

Todos se escondem de baixo das mesas.
Qualquer um que tropece com ela.
Abandonados à própria sorte.

Vampiros, loucos e lobos.
Bruxas fantasmas e monstros.

Fadas, duendes e mortos.
Aliens, demônios e vultos.

É a noite e o pavor
que vão chegando juntos.
São os gritos de horror
que se espalham pelas ruas.

É a crença e a fantasia
que andam sempre juntas.
É o medo e a ilusão,
que podem ser verdade ou não.

Aviso á navegação.

Esta noite,

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Sorri.


Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz


Charles Chaplin

Menina dos olhos de água-Pedro Barroso.



Nostalgia:
-Nevralgia das recordações.

Navegar é preciso.


Um timoneiro que se preze continua a navegar mesmo com a vela despedaçada .

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Enquanto existo,resisto.





Aves migratórias,

nuvens errantes,

pensamentos vadios.



Flores nascem e fenecem

e amores padecem

na separação.



Estou só e a cama

é tanto maior

na desolação.



Entretanto, durmo

e sonho e amanheço,

não desisto



e recomeço.


Poema de Antonio Miranda

Aleitamento.


Mamá – mama – mãe
Bebê pedindo
O sustento,
O alimento
Que vem do peito.
Do peito jorra
Todas as proteínas
E tudo que o bebê
Tem direito...
Mãe, dê o peito
Filho toma o peito,
Que é perfeito
para teu sustento e desenvolvimento!
O colostro é necessário,
Para imunização do novo ser,
São as primeiras gotas
Que o bebê recebe
Logo ao nascer!
Gotas que aos poucos vão se dissolvendo
Vão se tornando um líquido esbranquiçado
Aquele filete divino
Por Deus abençoado!
Até os seis meses,
Nada mais se dá ao rebento
Apenas o leite materno
É necessário
Ao seu sustento.
Não existe leite fraco
Isto é mito, é pura invenção
É conversa de quem nada entende
Coisas da era da desinformação.

Eutanásia-para refletir.











Dá para pensar...








Ontem, eu e minha esposa estávamos sentados na sala, a falar das muitas coisas da vida.
Estávamos a falar de viver e morrer.



Então eu disse-lhe :
Nunca me deixes viver num estado vegetativo, dependendo de uma máquina e de líquidos..
Se me vires nesse estado, desliga tudo o que me mantém vivo, ok?


Vocês acreditam que a filha da mãe se levantou, desligou a televisão e deitou fora a cerveja que eu estava a beber?

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Indiferença.


A lua silenciosa passa ignorando os latidos; Assim os homens probos, calmos e honrados sorriem dos insultos e das línguas hipócritas .

Fonte: "Um Cão que Ladra à Lua"

Partes de mim.


Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar

Redaxão

Texto (verídico) retirado de uma prova livre de Língua Portuguesa, realizada por um aluno do 9º ano, numa Escola Secundária das Caldas da Rainha (para ler, estarrecer e reflectir...!!!)





REDAXÃO

'O PIPOL E A ESCOLA'


Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem
Direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q
á razões qd um aluno não vai á escola. Primeiros a peçoa n se sente motivada
Pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas.

Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto
Montanhoso? Ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? Ou cuantas estrofes tem
Um cuadrado? Ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?

E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os
Lesiades''s, q é um livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no
Aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah.

Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes
até dam gomitos e a Malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem
Abitos de leitura e q a Malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras
Foi q ele h-xoce bué da rapido e só o 'garra de lin-chao' é q conceguiu
Assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o
Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver???

O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço
De otelaria e a Malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de
Xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um
Gravetame do camandro. Ah poizé. Tarei a inzajerar?

(Enviado por email)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Gravata.

E por vezes.






E por vezes duram meses

E por vezes o meses oceanos

E por vezes os braços que apertamos

nunca mais são os mesmos E por vezes



encontramos de nós em poucos meses

o que a noite nos fez em muitos anos

E por vezes fingimos que lembramos

E por vezes lembramos que por vezes



ao tomarmos o gosto aos oceanos

só o sarro da noites não dos meses

lá no fundo dos copos encontramos



E por vezes sorrimos ou choramos

E pro vezes por vezes ah por vezes

num segundo se evolam tantos anos


(David Mourão-Ferreira)

Aleitamento materno.


O Aleitamento Materno é natural, mas não é instintivo ou inato, e sim uma habilidade que precisa ser aprendida - uma cultura humana que necessita ser recuperada.

domingo, 26 de outubro de 2008

Árvores.

As carícias são tão necessárias para a vida dos sentimentos como as folhas para as árvores. Sem elas, o amor morre pela raiz



Árvore-Picasso.

Homens.

Não me leves a mal,perdoa...






Não leves a mal, perdoa...

Mas a frieza que eu ponho

Nos meus beijos —

Não é cansaço, nem tédio.



O teu corpo

Tem o charme necessário

Para iludir ou prender,

E a tua boca

Tem o aroma dos cravos —

À tarde, ao anoitecer.



Não é cansaço, nem tédio.

É somente uma certeza

Que eu não sei como surgiu

Aqui — no meu coração:



Não, amor; não és aquele

Que o meu sonho distinguiu...

— Não queiras a realidade.



A realidade mentiu...


António Botto.

O vil metal.


Ouro amarelo, fulgurante, ouro precioso! (...) Basta uma porção dele para fazer do preto, branco; do feio, belo; do errado, certo; do baixo, nobre; do velho, jovem; do cobarde, valente. Ó deuses!, por que isso? O que é isso, ó deuses? (...) [O ouro] arrasta os sacerdotes e os servos para longe do seu altar, arranca o travesseiro onde repousa a cabeça dos íntegros. Esse escravo dourado ata e desata vínculos sagrados; abençoa o amaldiçoado; torna adorável a lepra repugnante; nomeia ladrões e confere-lhes títulos, genuflexões e a aprovação na bancada dos senadores. É isso que faz a viúva anciã casar-se de novo (...). Venha, mineral execrável, prostituta vil da humanidade (...) eu o farei executar o que é próprio da sua natureza.

William Shakespeare, in "Timão de Atenas"