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domingo, 26 de outubro de 2008

Não me leves a mal,perdoa...






Não leves a mal, perdoa...

Mas a frieza que eu ponho

Nos meus beijos —

Não é cansaço, nem tédio.



O teu corpo

Tem o charme necessário

Para iludir ou prender,

E a tua boca

Tem o aroma dos cravos —

À tarde, ao anoitecer.



Não é cansaço, nem tédio.

É somente uma certeza

Que eu não sei como surgiu

Aqui — no meu coração:



Não, amor; não és aquele

Que o meu sonho distinguiu...

— Não queiras a realidade.



A realidade mentiu...


António Botto.

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