Não leves a mal, perdoa...
Mas a frieza que eu ponho
Nos meus beijos —
Não é cansaço, nem tédio.
O teu corpo
Tem o charme necessário
Para iludir ou prender,
E a tua boca
Tem o aroma dos cravos —
À tarde, ao anoitecer.
Não é cansaço, nem tédio.
É somente uma certeza
Que eu não sei como surgiu
Aqui — no meu coração:
Não, amor; não és aquele
Que o meu sonho distinguiu...
— Não queiras a realidade.
A realidade mentiu...
António Botto.
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