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sábado, 18 de outubro de 2008

Do outro lado da vida




os ponteiros dos relógios em qualquer

direção, e as estações do ano trocadas:



não há roce nem orgasmo nem suores

mas o corpo está ávido, aflito



haja espera e esperança (e desconsolo)

no reverso incongruente da vida:



nesse viver em morte contígua

e exígua, irredutível, solerte



sentado na poltrona, aderno,

e o tempo, lá fora, estanca:



eu aqui dentro, a vida fora

de mim, exangue e ausente



— buscando lugares inexistentes

numa enteléquia de despistamentos



ou numa estratégia de inconformidade.


Poema de Antonio Miranda

1 comentário:

r disse...

Bolas, ele escreveu «enteléquia»
Bolas!...

Vou estudar Aristóteles...


xauzinho