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domingo, 25 de abril de 2010

"Esquecidos da história..."


Um bem haja para a guarnição do NRP Gago Coutinho (25 de Abril de 1974)


Integrada numa força NATO, a fragata rumava à saída da barra quando foi mandada retroceder, abandonando a formatura e colocando-se em frente ao Terreiro do Paço. Esta ordem veio do Estado-Maior da Armada;
O Imediato na asa da ponte de EB informa o Com.te do navio que a posição da Marinha para com o movimento é de neutralidade activa;
O Almirante Jaime Lopes dá ordem ao Com.te do navio para abrir fogo sobre os tanques do Exército posicionados no Terreiro do Paço;
O Com.te do navio não cumpre a ordem, alegando que estava muita gente no Terreiro do Paço e, também, que vários cacilheiros se encontravam nas proximidades;
O Com.te do navio recebe ordens para fazer fogo de salva;
O Com. .te do navio dá ordem ao Chefe do Serviço de Artilharia para fazer fogo de salva;
O C.S Artilharia recusa-se, chamando a atenção do Com.te do navio para o Imediato que tinha algo a dizer;
O Imediato reafirma a intenção dos oficiais se recusarem a abrir fogo mesmo de salva;
O Com.te do navio em crescente histeria, exonera do seu cargo o Imediato. Os oficiais a seguir convidados a assumirem o cargo recusaram;
Os oficiais mantêm-se disciplinadamente, a cumprir ordens do Com.te, excepto a de abrir fogo;
Pelas 13H20 o Com.te reúne-se com os oficiais na câmara. Em cima da mesa coloca uma pasta de arquivo verde, onde se pôde ver inscrita a palavra “Revolução”.
Após ter inquirido, um a um, todos os oficiais, começando pelo mais moderno, sobre se mantinham a sua posição de recusa de abrir fogo, o Com.te do navio considerou todos os oficiais insubordinados;
No final da reunião, que terminou antes da rendição do Presidente do Conselho de Ministros, Marcelo Caetano, no Quartel do Carmo, o Com.te do navio realçou explicitamente a necessidade de cada um de nós não se esquecer da posição que tinha assumido, pois ele não se esqueceria.”
Quanto a mim, a coragem e determinação destes Homens que mesmo sabendo que correriam riscos, se recusaram a cumprir uma ordem que teria consequências imprevisíveis para o resultado do 25 de Abril, merece ser lembrada.

Fonte: Anais do Clube Militar Naval .

6 comentários:

angela disse...

Teve muita história bonita nessa revolução.
beijos

Maria Rodrigues disse...

Se hoje estamos aqui a comunicar sem censuras, livremente e além fronteiras, o devemos à data que hoje se comemora, o 25 de Abril de 1974, a revolução dos cravos, que nos trouxe com ela a liberdade.

Encontrei o seu blog ao navegar pela net, gostei imenso e irei seguir com prazer.

Bom Domingo
Um abraço
Maria

r disse...

penso que já tinhamos percebido que, sem a Marinha o desfecho, provavelmente, teria sido outro... mas
Os nomes dos homens, caríssimo
quais eram (são) os nomes?


«herted» para si
odeio estas letrinhas, quanto ao resto
a democracia não é para todos
[ui!]

Unknown disse...

Caríssima ,entre oficiais ,sargentos e praças eram uns cento e poucos.A nível de curiosidade deixo-lhe aqui o nome do Comandante,O Comandante do navio (Capitão-de-Fragata António Seixas Louçã)Por sinal pai de um político actual muito em voga:Francisco Louçâ do Boco de esquerda.

r disse...

Ok, ok
Era mesmo isso que queria confirmar

às vezes, sou traida pela memória. Não estava certa do Louça...

Merci

«dromedrer»
(vou-me embora, antes que fique dromedário)

ficou
«sainucr»

Viviana disse...

Olá Manuel

Desconhecia totalmente.

Obrigada.

Um abraço

viviana