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quarta-feira, 14 de abril de 2010
Paixão
Supõe que de uma praia, rocha ou monte,
Com essa vista embaciada e turva
Que dá aos olhos entranhável dor,
Tinhas podido ver transpor a curva
Pouco a pouco do líquido horizonte
A barca saudosa que levasse
Aquele a quem primeiro uniste a face
E o teu primeiro amor!
Depois, que toda mágoa e saudade,
Da mesma rocha ou alcantil deserto,
Olhando avidamente para o mar...
Vias na solitária imensidade
Vagas ficções de um pensamento incerto
Surgir das ondas, desfazer-se em espuma,
Não alvejando nunca vela alguma...
E sempre a suspirar!
Até que à luz de uma intuição sublime
De alma arrancavas o gemido extremo
De saudade, desespero e dor!...
Pois é assim que eu sofro, assim que eu gemo,
Que nuvem negra o coração me oprime,
Nuvem de mágoa, nuvem de ciúme,
Em te não vendo à hora do costume...
Meu anjo e meu amor!
João de Deus, in 'Campo de Flores'
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8 comentários:
[ah... esse João de Deus, era um cirurgião da poesia: sabia exactamente onde o lugar, o coração da palavra!]
um imenso abraço, Manuel
Leonardo B.
Que lindo...nada como um belo poema para dar um pouco de alento...Obrigada amigo!
Beijos.
Ah a Paixão e suas mil palavras e sentires
sempre tão intenso vc meu amigo
tem meu carinho
Um belíssimo poema de João de Deus que escolheste com muita sensibilidade.
Gostava de poder visitar-te por cada post que colocas... mas, o dia da semana em que te visito, leio os anteriores.
Uma boa semana, meu amigo Manuel.
Beijo.
Bom demais.
beijos
Meu amigo
Um maravilhoso poema, basta ser de quem é.
Beijinhos
Sonhadora
Olá Manuel
Mas que maravilhoso poema de João de Deus!
Sou dele uma admiradora.
Porém, este poema eu não conhecia.
Embora tenha o livro aqui na biblioteca.
Nesta casa há milhares de livros...
muitos, muitos de poesia.
Obrigada pela partilha.
Desejo-lhe um lindo dia
Um abraço
viviana
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