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quarta-feira, 27 de maio de 2009

O Amor .


O Amor

Estou a amar-te como o frio
corta os lábios.

A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.

A inundar-te de facas,
de saliva esperma lume.

Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável

A marcar sobre os teus flancos
o itinerário da espuma

Assim é o amor: mortal e navegável.


Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio"

Viagens.


Costumo responder, normalmente, a quem me pergunta a razão das minhas viagens: que sei muito bem daquilo que fujo, e não aquilo que procuro!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Corpo .




corpo
que te seja leve o peso das estrelas
e de tua boca irrompa a inocência nua
dum lírio cujo caule se estende e
ramifica para lá dos alicerces da casa

abre a janela debruça-te
deixa que o mar inunde os órgãos do corpo
espalha lume na ponta dos dedos e toca
ao de leve aquilo que deve ser preservado

mas olho para as mãos e leio
o que o vento norte escreveu sobre as dunas

levanto-me do fundo de ti humilde lama
e num soluço da respiração sei que estou vivo
sou o centro sísmico do mundo

Al Berto, in 'A Noite Progride Puxada à Sirga'

Dia europeu do vizinho.


Antes do matrimónio ele fala e ela escuta; durante a lua-de-mel ambos falam e escutam; mais tarde ela fala e ele não escuta; finalmente gritam os dois e escutam os vizinhos .

O Presente não Existe!



Não é extraordinário pensar que dos três tempos em que dividimos o tempo - o passado, o presente e o futuro -, o mais difícil, o mais inapreensível, seja o presente? O presente é tão incompreensível como o ponto, pois, se o imaginarmos em extensão, não existe; temos que imaginar que o presente aparente viria a ser um pouco o passado e um pouco o futuro. Ou seja, sentimos a passagem do tempo. Quando me refiro à passagem do tempo, falo de uma coisa que todos nós sentimos. Se falo do presente, pelo contrário, estarei falando de uma entidade abstracta. O presente não é um dado imediato da consciência.

Jorge Luis Borges.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Solidão.


Nunca chegamos ao fundo da nossa solidão ...

Para Ti




Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

Literatura


SINOPSE

O Coração do Rei é a história de D. Pedro I relatada pelo Frei Arrabida, desde a chegada dos portugueses ao Rio, em 1808, até a morte dele em Portugal. O Frei Arrabida realmente existiu e relata os bastidores do Império e a personalidade do Imperador. Há um destaque para os casos extraconjugais do Imperador. Encadeando tudo, a formação do Brasil e a história política de nossa terra. As passagens da história e os respectivos personagens são mostrados como em um romance. E há capítulos que mergulham nas conspirações políticas, levando ao leitor uma visão da completa da história

domingo, 24 de maio de 2009

Quieres ser mi amante.



Tinha 19 anitos e sonhava,sonhava,sonhava...

Lágrimas .




Ela chorava muito e muito, aos cantos,
Frenética, com gestos desabridos;
Nos cabelos, em ânsias desprendidos
Brilhavam como pérolas os prantos.

Ele, o amante, sereno como os santos,
Deitado no sofá, pés aquecidos,
Ao sentir-lhe os soluços consumidos,
Sorria-se cantando alegres cantos.

E dizia-lhe então, de olhos enxutos:
- "Tu pareces nascida da rajada,
"Tens despeitos raivosos, resolutos:

"Chora, chora, mulher arrenegada;
"Lagrimeja por esses aquedutos...
-"Quero um banho tomar de água salgada."

Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'

Gozo.


No que concerne a gozos, a amizade vive dos rendimentos, o amor come o capital .

sábado, 23 de maio de 2009

O Amor Como Graduação da Nossa Consciência.



Ninguém sente em si o peso do amor que se inspira e não comparte. Nas máximas aflições, nas derradeiras do coração e da vida, é grato sentir-se amado quem já não pode achar no amor diversão das penas, nem soldar o último fio que se está partindo. Orgulho ou insaciabilidade do coração humano, seja o que for, no amor que nos dão é que nós graduamos o que valemos em nossa consciência.

Camilo Castelo Branco

Amor.


No amor não há desastre maior do que a morte da imaginação

Eu e Tu .




Dois! Eu e Tu, num ser indispensável! Como
Brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia,
Aspiram a formar um todo, — em cada assomo
A nossa aspiração mais violenta se ateia...

Como a onda e o vento, a Lua e a noite, o orvalho
[e a selva
— O vento erguendo a vaga, o luar doirando a
[noite,
Ou o orvalho inundando as verduras da relva —
Cheio de ti, meu ser de eflúvios impregnou-te!

Como o lilás e a terra onde nasce e floresce,
O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo,
O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,
— Nós dois, de amor enchendo a noite do degredo,

Como partes dum todo, em amplexos supremos
Fundindo os corações no ardor que nos inflama,
Para sempre um ao outro, Eu e Tu, pertencemos,
Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama...

António Feijó, in 'Sol de Inverno'

As bicicletas de Belleville.



Divirtam-se.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Poesia




é a visita do tempo nos teus olhos,
é o beijo do mundo nas palavras
por onde passa o rio do teu nome;
é a secreta distância em que tocas
o princípio leve dos meus versos;
é o amor debruçado no silêncio
que te cerca e que te esconde:
como num bosque, lento, ouvimos
o coração de uma fonte não sei onde...

Vítor Matos e Sá, in 'Esparsos'

Silêncio.


Há quem se cale por não ter resposta e há quem se cale por conhecer o momento ...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Gargalhada .




Homem vulgar! Homem de coração mesquinho!
Eu te quero ensinar a arte sublime de rir.
Dobra essa orelha grosseira, e escuta
o ritmo e o som da minha gargalhada:

Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!

Não vês?
É preciso jogar por escadas de mármore baixelas de ouro.
Rebentar colares, partir espelhos, quebrar cristais,
vergar a lâmina das espadas e despedaçar estátuas,
destruir as lâmpadas, abater cúpulas,
e atirar para longe os pandeiros e as liras...

O riso magnífico é um trecho dessa música desvairada.

Mas é preciso ter baixelas de ouro,
compreendes?
— e colares, e espelhos, e espadas e estátuas.
E as lâmpadas, Deus do céu!
E os pandeiros ágeis e as liras sonoras e trémulas...

Escuta bem:

Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!

Só de três lugares nasceu até hoje esta música heróica:
do céu que venta,
do mar que dança,
e de mim.

Cecília Meireles, in 'Viagem'

O Dia da espiga.


O Dia da espiga é celebrado no dia da Quinta-feira da Ascensão com um passeio matinal, em que se colhe espigas de vários cereais, flores campestres e raminhos de oliveira para formar um ramo, a que se chama de espiga. Segundo a tradição o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada de casa, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte. As várias plantas que compõem a espiga têm um valor simbólico profano e um valor religioso. Crê-se que esta celebração tenha origem nas antigas tradições pagãs

Vontade.


É vulgar confundir-mos o desejar com o querer. O desejo mede os obstáculos; a vontade vence-os .

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A Cidade do Sonho




Sofres e choras? Vem comigo! Vou mostrar-te
O caminho que leva à Cidade do Sonho...
De tão alta que está, vê-se de toda a parte,
Mas o íngreme trajecto é florido e risonho.

Vai por entre rosais, sinuoso e macio,
Como o caminho chão duma aldeia ao luar,
Todo branco a luzir numa noite de Estio,
Sob o intenso clamor dos ralos a cantar.

Se o teu ânimo sofre amarguras na vida,
Deves empreender essa jornada louca;
O Sonho é para nós a Terra Prometida:
Em beijos o maná chove na nossa boca...

Vistos dessa eminência, o mundo e as suas
[sombras,
Tingem-se no esplendor dum perpétuo arrebol;
O mais estéril chão tapeta-se de alfombras,
Não há nuvens no céu, nunca se põe o Sol.

Nela mora encantada a Ventura perfeita
Que no mundo jamais nos é dado sentir...
E a um beijo só colhido em seus lábios de Eleita,
A própria Dor começa a cantar e a sorrir!

Que importa o despertar? Esse instante divino
Como recordação indelével persiste;
E neste amargo exílio, através do destino,
Ventura sem pesar só na memória existe...

António Feijó, in 'Sol de Inverno'

Engano da Bondade.



Endureçamos a bondade, amigos. Ela também é bondosa, a cutilada que faz saltar a roedura e os bichos: também é bondosa a chama nas selvas incendiadas para que os arados bondosos fendam a terra.
Endureçamos a nossa bondade, amigos. Já não há pusilânime de olhos aguados e palavras brandas, já não há cretino de intenção subterrânea e gesto condescendente que não leve a bondade, por vós outorgada, como uma porta fechada a toda a penetração do nosso exame. Reparai que necessitamos que se chamem bons aos de coração recto, e aos não flexíveis e submissos.
Reparai que a palavra se vai tornando acolhedora das mais vis cumplicidades, e confessai que a bondade das vossas palavras foi sempre - ou quase sempre - mentirosa. Alguma vez temos de deixar de mentir, porque, no fim de contas, só de nós dependemos, e mortificamo-nos constantemente a sós com a nossa falsidade, vivendo assim encerrados em nós próprios entre as paredes da nossa estuta estupidez.
Os bons serão os que mais depressa se libertarem desta mentira pavorosa e souberem dizer a sua bondade endurecida contra todo aquele que a merecer. Bondade que se move, não com alguém, mas contra alguém. Bondade que não agride nem lambe, mas que desentranha e luta porque é a própria arma da vida.
E, assim, só se chamarão bons os de coração recto, os não flexíveis, os insubmissos, os melhores. Reinvindicarão a bondade apodrecida por tanta baixeza, serão o braço da vida e os ricos de espírito. E deles, só deles, será o reino da terra.

Pablo Neruda, in "Nasci para Nascer"

LIXOTECA® Itinerante .







Crianças de Constância participam nas viagens futuristas à Lixoteca
• 28 e 29 de Maio A LIXOTECA® Itinerante está de regresso ao concelho de Constância, numa acção promovida pelo Município e pelo Grupo SUMA.



Nos próximos dias 28 e 29 de Maio os alunos dos Estabelecimentos de Ensino do 1.º CEB, bem como a população em geral, poderão participar na 5.ª fase deste projecto de Educação Ambiental - “VIAGENS FUTURISTAS À LIXOTECA®” - desenvolvido pelo Grupo SUMA.



Nesta fase do projecto encontramos novamente uma viatura de grandes dimensões decorada e transformada num veículo futurista, com o interior repleto de suportes multimédia e actividades de exploração sensorial, onde a fantasia e as práticas ambientais dão as mãos para sensibilizar e educar miúdos e graúdos para a preservação do Meio Ambiente.



A ligação entre as temáticas dos resíduos sólidos urbanos e da limpeza urbana com os conteúdos curriculares e os saberes cívicos proporciona momentos de verdadeira “realidade virtual”. Transmitindo a ideia base do projecto: ser um “bom produtor” de lixo é apenas uma das vertentes de praticar a cidadania activa.



O projecto LIXOTECA®, conta já com cinco anos de actividade, visitou mais de 50 Municípios e cativou mais de 200 mil passageiros para as boas práticas ambientais.



Registe-se que o projecto LIXOTECA,® é desenvolvido pelo Grupo SUMA, o qual integra a empresa responsável pela recolha de resíduos sólidos urbanos no concelho de Constância.
Por CMC

terça-feira, 19 de maio de 2009

Dança ma mi criola.

Quem Sonha Mais?




Quem sonha mais, vais-me dizer —
Aquele que vê o mundo acertado
Ou o que em sonhos se foi perder?

O que é verdadeiro? O que mais será —
A mentira que há na realidade
Ou a mentira que em sonhos está?

Quem está da verdade mais distanciado —
Aquele que em sombra vê a verdade
Ou o que vê o sonho iluminado?

A pessoa que é um bom conviva, ou esta?
A que se sente um estranho na festa?

Alexander Search, in "Poesia"

Grito.


Defronte dos muros da cidade, uma noite de inverno , um homem que tinha sofrido muito, gritou desesperado: Qual é o sentido da vida? E o eco respondeu-lhe :
- A vida!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Confusões!

Tentação




Eu não resistirei à tentação,
não quero que de mim possas perder-te,
que só na fonte fria da razão
renasça a minha sede de beber-te.

Eu não resistirei à tentação
de quanto adivinhei nesta amargura:
um sim que só assalta quem diz não,
um corpo que entrevi na selva escura.

Resistirei a te chamar paixão,
a te perder nos versos, nas palavras:
mas não resistirei à tentação
de te dizer que o céu é o que rasa

a luz que nos teus olhos eu perdi
e que na terra toda não mais vi.

Luis Filipe Castro Mendes

Mundo.


Dizem uns que perderam o mundo, outros que nele se perderam, como se alguém alguma vez tivesse agarrado o fio desta meada .

domingo, 17 de maio de 2009

Sou homem.


Sou homem e, por conseguinte, trago todos os demónios no meu coração .

Um poema para o domingo.




“Não estejas longe de mim um só dia,

Porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,

e te estarei esperando como nas estações

quando em alguma parte dormitaram os trens.

Não te vás por uma hora porque então

nessa hora se juntam as gotas do desvelo

e talvez toda a fumaça que anda buscando a casa

venha matar ainda meu coração perdido.

Ai que não se quebrante tua silhueta na areia

Ai que não voem tuas pálpebras na ausência

Não te vás por um minuto, bem-amada,

Porque nesse momento terás ido tão longe

que eu cruzarei toda a terra perguntando

se voltarás ou se me deixarás morrendo.”

Pablo Neruda

De Antwerpen.


A vida não é feita só de lembranças. Ela continua emocionante nas promessas diárias, nos pequenos gestos que fazem a alegria dos que caminham sempre juntos.

sábado, 16 de maio de 2009

[I' important c'est la rose...]

Imaginação!


Imaginação: um armazém de factos gerido em parceria pelo poeta e pelo mentiroso !

Esta Gente , essa Gente !




O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente

Gente que não seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente

Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente

Gente que enterre o dente
que fira de unha e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente

O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente

Essa gente dominada por essa gente
não sente como a gente
não quer
ser dominada por gente

NENHUMA!

A gente
só é dominada por essa gente
quando não sabe que é gente

Ana Hatherly

sexta-feira, 15 de maio de 2009

On my own.

(Les miserables.)

Tempo!


O Homem não tem porto, o tempo não tem margem; ele corre e nós passamos!

Conserto a Palavra .




Conserto a palavra com todos os sentidos em silêncio
Restauro-a
Dou-lhe um som para que ela fale por dentro
Ilumino-a

Ela é um candeeiro sobre a minha mesa
Reunida numa forma comparada à lâmpada
A um zumbido calado momentaneamente em exame

Ela não se come como as palavras inteiras
Mas devora-se a si mesma e restauro-a
A partir do vómito
Volto devagar a colocá-la na fome

Perco-a e recupero-a como o tempo da tristeza
Como um homem nadando para trás
E sou uma energia para ela

E ilumino-a

Daniel Faria

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Verdades.


"Existem verdades que nós só as podemos dizer, depois de ter-mos conquistado o direito a dizê-las.

"Gaivota, do álbum Amália Hoje"

Contos pequeníssimos.






esta grandeza de não a ter
é mais pequena que a de não desejar tê-la

e se o preço de participar é grandeza
não contem comigo
não participo
não participo nem contra grandeza

nasci ar
em forma de gente

nasci luz
em forma de gente

não me compreendo
e respiro-me
e vejo-me textual

a forma de gente faz-me agir fora do que nasci ar
fora do que nasci luz

e nasci ar para forma de gente
e nasci luz para forma de gente

nasci antes de mim
antes de forma de gente

era génio antes de nascer
em forma de gente
a forma de gente não me deixa ser o génio que nasci.

José de Almada Negreiros

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Bilhete.



Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Mário Quintana

Dia Internacional dos Museus.


Constância assinala o Dia Internacional dos Museus
De 18 a 22 de Maio
O Dia Internacional dos Museus é comemorado em todo o mundo, a 18 deMaio, sendo que todos os anos o Conselho Internacional de Museus (ICOM -International Council of Museums) estipula um tema para este dia. Museus e Turismo é o lema proposto pelo ICOM para o ano de 2009.

Este lema tem como principal objectivo a disseminação da ideia de que o turismo deve desenvolver-se no respeito pelas culturas de todo o mundo, tanto noque se relaciona com o património material, como com o património cultural imaterial.

Deste modo, o Município de Constância associa-se às comemoraçõesinternacionais, promovendo à semelhança dos anos anteriores, visitas gratuitas ao Museu dos Rios e das Artes Marítimas, no dia 18 de Maio, entre as 9.00h - 12.30h eas 14.00h - 17.30.

A iniciativa prolonga-se até ao dia 22 de Maio dirigindo-se especialmente aopúblico infantil e juvenil, que após a visita guiada ao Museu dos Rios, participaránum ateliê sobre as antigas actividades fluviais. Esta actividade realiza-se no Museu dos Rios e das Artes Marítimas, das 14.00h às 17.30h, pretendendo sensibilizar oseu público para a importância dos Museus na recolha, estudo, exposição edivulgação do património cultural.

Para informações ou esclarecimentos adicionais devem os interessadoscontactar o Museu dos Rios e das Artes Marítimas, através dos números de telefone249 730 053 / 249 736 234 ou via correio electrónico para museu.rios@cmconstancia.pt.
Por CMC

8ª Quinzena do Desporto em Constância



19 a 31 de Maio
De 19 a 31 de Maio, a Câmara Municipal de Constância, através do Sector de Desporto, organiza a 8ª Quinzena do Desporto, um evento que terá lugar nos seguintes equipamentos municipais: Pavilhão, Ginásio, Piscina, Campo de Ténis, Campo de Volei de Praia e na área dos Percursos de Observação e Interpretação da Natureza.

Badminton, Basquetebol, Futebol, Ginástica, Karaté, Ténis de Mesa, Hidroginástica, Natação, Triatlo Jovem, Cardiofitness, Musculação, Volei de Praia e Percursos de Observação e Interpretação da Natureza são as várias modalidades que constituem a iniciativa.

As actividades estão abertas à participação da população em geral, aos alunos da Escola Municipal de Natação, aos utilizadores das instalações desportivas municipais e às crianças do concelho.

Para obter mais informações sobre o evento e o respectivo programa deverão ser contactos os seguintes serviços: Pavilhão Desportivo Municipal (249 730 059) ou a Piscina Municipal (249 739 627).

Com a organização da 8ª Quinzena do Desporto, a Câmara Municipal de Constância pretende potenciar as valências do Pavilhão Desportivo Municipal, da Piscina Municipal, do Ginásio Municipal, do Campo de Ténis, do Campo de Volei de Praia e a própria natureza, sensibilizando a população para a prática desportiva, proporcionando simultaneamente a realização de eventos, numa vertente de espectáculo lúdico-desportivo.

Mais desporto, melhor vida!
Por CMC

Pequenas coisas.


As pequenas coisas parecem insignificantes, mas dão-nos a paz ...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Nas florestas incendiadas.



Nas florestas incendiadas da paixão ardente
se iluminam os espíritos se acendem os corpos
dos entregues ao amor inteiramente

Alimentados nos fossos amaldiçoados do ódio
território único experienciado pela mente
se aniquilam no âmago os mordazes
em invisível estertor agoniante

Os viciados em inerte mansidão
lúgbre vazia sub-reptícia
se arrastam no seu lamacento existir
em patética adulação dos deuses
oficialmente instituídos
tendo por ídolos nos seus altares
estatutos protocolos medalhas imerecidas

As oferendas imoladas em rituais de vingança e cobiça
são os audaciosos da entrega a um amor
sem contrapartida vivido com galhardia
autores de emoções na pátria de um eu genuíno

Os cegos do sentir órfãos do gostar
têm por missão apagar as luzes da alegria
secar as fontes mágicas do revigorar em a outrem se doar

Odeiam os provocadores das marés
os incapazes de enfrentar

................. o mar

Lurdes Mendes da Costa

Tolices (minhas).


Há tolices bem embaladas, assim como há tolos bem-vestidos .

Literatura.


Último Acto em Lisboa – Robert Wilson



1941. Klaus Felsen, o proprietário de uma fábrica em Berlim, é forçado a alistar-se nas SS e a dirigir-se a Lisboa, cidade de luz, onde ao ritmo dos dias convergem nazis e aliados, refugiados e especuladores, todos dançando ao compasso do oportunismo e do desespero. A sua missão é infiltrar-se nas geladas montanhas do Norte de Portugal, onde se trava uma luta traiçoeira pelo volfrâmio, elemento essencial à blitzkrieg de Hitler. Aí encontra Manuel Abrantes, o homem que põe em movimento a roda de ambição e vingança que irá girar até ao final do século.

Final dos anos 1990. O inspector Zé Coelho, da Polícia Judiciária, investiga o crime sexual cometido contra uma jovem adolescente em Lisboa. Esta pesquisa conduzirá Coelho por terrenos lodosos da História a um crime mais antigo – enterrado com os ossos de um passado de fascismo – e a um pavoroso motivo enterrado ainda mais fundo. E, uma vez à superfície, o passado e o presente irão convergir com implicações arrepiantes e consequências insondáveis

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Juventude.


A juventude passa e o crepúsculo espalha-se no seu sorriso. A vida, exilada do seu sonho é uma viagem sombria

D.Pedro.



Quando um homem, vencendo o costume vigente,
Fiel ao seu amor se mostra e, coerente,
Quando ama para além da morte e, dum passado
P' ra ele intemporal e portanto presente,
Constrói a eternidade
O mundo não entende a raridade:
Vem a nação chamar-lhe tresloucado
E a História rotulá-lo de demente.

Júlia Lello

O elétrico.



Com a mão de fora, o velhinho apanhava as folhas das árvores. Via nas faixas de rodagem camufladas com as folhas das árvores e dava grandes gargalhadas, como se o outono fosse dele. Sentados no mesmo banco, o rapaz e o velhinho eram os únicos passageiros do carro elétrico. Todos os outros bancos, incluindo os laterais, e ambas as plataformas, estavam ocupados por hirtos e silenciosos ramos de flores.
— O senhor tem sorte — disse o rapaz ao velhinho. — Conseguiu o melhor lugar. Um dia, quando casar, como afirmou Saroyan, nunca mais apanhará o lugar da janela.
O velhinho piscou um olho malicioso, de bom vidro alemão de antes do III Reich.
— Hei de manter-me solteiro para aproveitar e gozar uma senilidade tranqüila. Não me quero privar nem das janelas, nem do amor.
— Viaja há muito tempo neste carro?
— Oh, sim. Desde o tempo em que os "elétricos" falavam.
As ruas solitárias e envolvidas por um rastro de fumo azulado tinham amanhecido cobertas da minúscula flor do miosótis. Trepadeiras gigantes revestiam os prédios. Bisbilhoteiros cachos de buganvílias debruçavam-se das varandas. Nas paragens, nervosos girassóis e rosas petulantes aguardavam em bicha o seu transporte popular. E as folhas iam caindo com tal precisão que formavam grandes livros alinhados pelas avenidas. Às vezes, um sopro de vento vindo das montanhas virava-lhes as páginas vegetais até aos capítulos mais empolgantes. O mês de novembro escorria como azeite com um grau de acidez. O sol, aquecido em lume brando, empapava a cidade.
— E que fazia o senhor antigamente, antes de viajar de carro elétrico? — perguntou o rapaz.
Tinham chegado à praça da Tulipa Negra. A estátua da tulipa erguia-se majestosa e isolada no centro da rotunda. Nas esplanadas, aproveitando o verão de São Martinho, os goivos e os gerânios que faziam parte da tripulação de um barco surto no rio, os malvaíscos da Alfândega, os cóleos da estiva e as margaridas dos escritórios das redondezas, aproveitando a hora do almoço, bebiam grandes copos de água. Dois amores-perfeitos beijavam-se junto à estátua, enquanto pequenos narcisos, de uma escola primária, ouviam atentamente as explicações de uma jovem papoila aberta em vermelho à sua erudição.
— Antes de viajar de carro elétrico — respondeu, por fim, o velhinho — era industrial. Fabricava bolas de sabão. Uma ciência que vinha então de pais para filhos. Aparentemente fácil, como transformar o ouro em cobre. Mergulha-se um canudo na água do sabão e depois soprava-se. Assim... — o velhinho encheu as bochechas. — Da minha fábrica saíam por dia, para os cincos cantos do mundo, as mais vistosas bolas de sabão produzidas no país. O céu da cidade era um deslumbramento de balões coloridos, transparentes, diáfanos. Enquanto espetavam o nariz no ar, os homens não metiam o nariz nos problemas dos outros. E as mulheres tinham uns olhos mais belos por os abrirem desmedidamente à fantasia policrômica do espaço. Durante à noite havia milhares de luas que se precipitavam com suaves estampidos pelas chaminés das casas e vinhas aureolar nos jardins a cabeça dos notívagos, dos vagabundos e dos namorados.
— E ganhava muito dinheiro com isso, senhor?
— Oh, não — suspirou o velhinho. — Os poetas não ganham dinheiro. Um dia tive que fechar a fábrica. Os poetas não ganham dinheiro. Já nem me fiavam o sabão. Tentei ainda, numa água furtada, produzir bolas mais econômicas. Mas não há ersatz (1) para a beleza. As bolas saiam defeituosas; bicudas, quadradas, pálidas, efêmeras. Subiam apenas à altura da cabeça dos homens, excessivamente baixo. As bolas já não tinham vida, nem transportavam no colorido a mensagem de uma cidade de meninos. Nem saltitavam nos telhados, nem entravam pelas janelas, nem rebolavam nas camas, nos tapetes de relva, no empedrado, nos caracóis dos petizes. E a multidão ria das minhas bolas. E eu pensei que a cidade já não merecia as minhas bolas de sabão. Os poetas não ganham dinheiro.
O "elétrico" deteve-se subitamente. Cóleos, begônias e lobélias tombaram para diante.
— Mas ainda tenho uma das primeiras, das autênticas.
O rapaz viu o velhinho tirar do bolso um frasco e um tubo de plástico, e soprar através do tubo.
Uma rutilante bola de sabão ficou momentaneamente suspensa no ar. Mais pequena, uma lágrima do velhinho tombou do olho de vidro alemão de antes do III Reich.
Então o rapaz disse, em voz baixa:
— Bem, avô, é altura de acabarmos com esta farsa.
E com um movimento, rebentou a bola de sabão. Como se tivesse rebentado um enorme caleidoscópio. A campainha tocou, puxada energicamente pelo condutor.
O velhinho sorriu a sua tristeza murcha e fechou a janela, enregelado. O "elétrico" pôs-se em marcha, as flores desapareceram, e os passageiros, empurrando-se, começaram todos a falar ao mesmo tempo.

Santos Fernando

domingo, 10 de maio de 2009

I dreamed a dream



...Mas agora a vida matou o sonho,
que eu sonhei!

Como Nasrudin criou a verdade.



— As leis não fazem com que as pessoas fiquem melhores — disse Nasrudin ao Rei. — Elas precisam, antes, praticar certas coisas de maneira a entrar em sintonia com a verdade interior, que se assemelha apenas levemente à verdade aparente.

O Rei, no entanto, decidiu que ele poderia, sim, fazer com que as pessoas observassem a verdade, que poderia fazê-las observar a autenticidade — e assim o faria.

O acesso a sua cidade dava-se através de uma ponte. Sobre ela, o Rei ordenou que fosse construída uma forca.

Quando os portões foram abertos, na alvorada do dia seguinte, o Chefe da Guarda estava a postos em frente de um pelotão para testar todos os que por ali passassem. Um edital fora imediatamente publicado: "Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá seu ingresso na cidade permitido. Caso mentir, será enforcado."

Nasrudin, na ponte entre alguns populares, deu um passo à frente e começou a cruzar a ponte.

— Onde o senhor pensa que vai? — perguntou o Chefe da Guarda.

— Estou a caminho da forca — respondeu Nasradin, calmamente.

— Não acredito no que está dizendo!

— Muito bem, se eu estiver mentindo, pode me enforcar.

— Mas se o enforcarmos por mentir, faremos com que aquilo que disse seja verdade!

— Isso mesmo - respondeu Nasrudin, sentindo-se vitorioso. — Agora vocês já sabem o que é a verdade: é apenas a sua verdade.

Nasrudin
(Khawajah Nasr Al-Din)