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domingo, 29 de maio de 2011
Literatura
Sinopse.
É uma noite de temporal. A noite do acidente. Há uma gota de água suspensa num estilhaço de vidro que teima em não cair. Há um instante que se eterniza. Reflectida na gota, Violeta mergulha nessa eternidade e recorda o que pode ter sido o último dia da sua vida, e nesse dia, toda a vida, e nessa vida, os pais, a filha, a criada, o bastardo, e em todos, a urgência da vida que prossegue indiferente como a estrada de onde ainda agora se despistou. Nessa posição instável, de cabeça para baixo, presa pelo cinto de segurança, parece que tudo se desamarra. O presente perde a opacidade com que o quotidiano o resguarda e Violeta afunda-se nos passados de que é feita, uma espiral alucinada de transparências e ecos. Violeta vira uma esquina (ou será uma página?) e a revolução de Abril irrompe, empunhando a raiva do bastardo. Abre uma porta (talvez um parágrafo) da casa vazia e a mãe chama por ela enquanto o pai enlouquece lá fora, no quintal. Um homem afoga o desejo no corpo dela (vírgula, de certeza) e a menina dos patins desliza à frente da filha que perde a vida como caixa de hipermercado. A criada, como sempre, está calada (ponto final).
sábado, 28 de maio de 2011
"Metamorfose."
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Informação.
Últimamente não temho conseguido comentar em alguns blogs,senhas para aqui, passwords para acolá e nada.
Hoje recebi por email do querido amigo Henrique Antunes Ferreira do blog:http://aminhatravessadoferreira.blogspot.com esta informação que me apresso a publicar .
Amigos,
O problema é com o blogspot, mesmo.
Paciência, vamos esperar... O que mais nos resta?
bjs a todos.
Ao que parece, este bug pode estar relacionado com outro que está impedindo usuários de comentarem em blogs do Blogger usando qualquer uma das opções de login; a equipe do Blogger já divulgou informações sobre esse bug nos canais oficiais.
Terça-feira 24 de maio, 2011
Nós estamos investigando um problema que está impedindo o login e postagem de comentários de alguns usuários, e esperamos ter uma correção liberada em breve.
BLOGGER
Obrigado pela sua paciência durante esse período.
Recomendamos também que você limpe os cookies e o cache do navegador no qual estava usando o Blogger pois, desta forma, você terá certeza que o próximo a usar o computador não terá acesso a sua conta.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Por aí...
quarta-feira, 25 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Quando o Meu Amor Vem Ter Comigo
Quando o meu amor vem ter comigo é
um pouco como música,um
pouco mais como uma cor curvando-se(por exemplo
laranja)
contra o silêncio,ou a escuridão....
a vinda do meu amor emite
um maravilhoso odor no meu pensamento,
devias ver quando a encontro
como a minha menor pulsação se torna menos.
E então toda a beleza dela é um torno
cujos quietos lábios me assassinam subitamente,
mas do meu cadáver a ferramenta o sorriso dela faz algo
subitamente luminoso e preciso
—e então somos Eu e Ela....
o que é isso que o realejo toca
(E. E. Cummings)
domingo, 22 de maio de 2011
O Amor não Tem nada que Ver com a Idade
O Amor não Tem nada que Ver com a Idade Penso saber que o amor não tem nada que ver com a idade, como acontece com qualquer outro sentimento. Quando se fala de uma época a que se chamaria de descoberta do amor, eu penso que essa é uma maneira redutora de ver as relações entre as pessoas vivas. O que acontece é que há toda uma história nem sempre feliz do amor que faz que seja entendido que o amor numa certa idade seja natural, e que noutra idade extrema poderia ser ridículo. Isso é uma ideia que ofende a disponibilidade de entrega de uma pessoa a outra, que é em que consiste o amor.
Eu não digo isto por ter a minha idade e a relação de amor que vivo. Aprendi que o sentimento do amor não é mais nem menos forte conforme as idades, o amor é uma possibilidade de uma vida inteira, e se acontece, há que recebê-lo. Normalmente, quem tem ideias que não vão neste sentido, e que tendem a menosprezar o amor como factor de realização total e pessoal, são aqueles que não tiveram o privilégio de vivê-lo, aqueles a quem não aconteceu esse mistério.
José Saramago,
sábado, 21 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Ah! como é bom te amar...
Á minha volta
sinto o flutuar do teu perfume
cheiro a maresia do teu amar
envolto num mar de sonhos
corpo sal do meu mar...
Salgado de amor
teu corpo mareja
perfumado com as marés
boca que me beija
enlaça na dança do convés...
Abraço o mar
abraço-te nas vagas do meu sonhar
teu corpo flutua
pele sedosa nua
ah! Como é bom te amar...
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Amar é...
segunda-feira, 16 de maio de 2011
O tamanho do amor...
domingo, 15 de maio de 2011
Desafio...
Desafio proposto pela minha querida amiga Denise do blog:
http://baliar.blogspot.com
As perguntas e as minhas respostas são estas:
01. Pegue o livro mais perto de você, abra na página 18 e encontre a 4ª linha:
R:"Ele retirou-se para a casa de banho decorada de forma balzaquiana.
(do livro Deixei o meu coração em África de Manuel Arouca.)
02. Estique seu braço esquerdo o mais longe que puder. O que você encontra?
R: Vazio.
03. Qual foi a última coisa que assistiu?
R: O nascer da noite.
04. Sem olhar o relógio, que horas você acha que são?
R: 21.20.
05. Agora, olhe no relógio. Que horas são?
R: 21.41.
06. Sem contar o barulho do computador, o que mais está ouvindo?
R: O telejornal no canal TVI.
07. Quando foi a última vez que saiu? Onde foi?
R: Hoje.Tomar o café habitual de todas as manhãs de domingo.
Obs:No café Expresso Brasil na cidade de Antwerpen.
08. Antes de começar esse questionário, o que estava fazendo?
R: Atualizando a visita a todos os blogs que me seguem.
09. O que tá vestindo?
R: Pijama.
10. Você sonhou a noite passada?
R:Dormi na paz dos anjos.
11. Quando foi a última vez que você deu risada?
R:Agora mesmo.
12. O que acha da pessoa que te indicou este desafio?
R: A Denise é encantadora,mãe e vovó babada,de uma elegância e distinção fantástica.
13. Viu alguma coisa esquisita há pouco tempo?
R:todos os dias vejo coisas esquisitas,o mundo está a ficar louco...
14. Qual foi o último filme que você assistiu?
R:“Como Desenhar um Círculo Perfeito”
Obs:É uma história de incesto entre dois irmãos gémeos que vivem numa mansão com regras diferentes do mundo que os rodeia.
15. Se você se tornasse milionário da noite para o dia, o que compraria?
R:Um barraco junto ao mar.
16. Uma coisa sobre você que eu não saiba.
R:Estou a ficar careca,rsrsrs.
17. Seu estado de espírito agora?
R:Tranquilo.
18. Se você pudesse ser qualquer mulher ou homem famosa(o
), qual seria?
R: Eu próprio
19. Imagine que seu primeiro filho seja uma menina, como a chamaria?
R:Tereza.
20. Imagine que seu primeiro filho seja um menino, como o chamaria?
R. Carlos
21. Você pensa em morar fora?
R:Já moro fora.
22. O que você mais quer agora?
R:Paz e amor para o mundo.
23. Qual a pessoa mais importante na sua vida?
R:os meus dois filhos,Carlos e miguel e os meus netos,Laura e Rafael.
24. Qual seu sonho para curto prazo?
R.Saúde para que possa gozar a vida quando me reformar.
sábado, 14 de maio de 2011
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Amor incandescente.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Literatura.
"Este livro é um relato de todas as mulheres
que cabem em mim,em todos nós.
Todas elas sempre conviveram dentro do nosso corpo e
de nossa alma,mas só agora,na maturidade,deixa-
mos que aflorem,cada uma com a sua força,seus defeitos,
seus ensinamentos,suas chatices.Somos todas parte da
mesma natureza feminina,um mundo de hormônios a fervilhar
a vida toda,que, de repente,param e nos deixam sós conosco mesmas.
Mas a ausência deles não nos esvazia,pelo contrário,nos faz
enxergar.ou pelo menos deveríamos,como somos belas plenas e elaboradas.
Nenhuma mulher passa incólume por esse limiar:cabe a cada uma
tirar o melhor de si mesma,aprendendo os modos de (se)usar a menopausa e a maturidade."
(Autora Gloria de Leão.)
Para se identificar melhor com a autora visite o blog:
http://cafecomglorinha.blogspot.com
Obs:Quero agradecer á minha querida e amada Nilce do blog :http://www.nilceguerreira.com
a gentileza e amabilidade em enviar esta preciosidade.
Bem hajam.
terça-feira, 10 de maio de 2011
A Minha Biblioteca é o Meu Harém ...
Olho para as centenas de livros no meu gabinete e apercebo-me que não toquei na maior parte deles depois de os ter lido ou dado uma vista de olhos pela primeira vez. Mas nem sequer considero a hipótese de me desfazer deles - então, e se eu quiser abrir este ou aquele um dia destes? Gastei o meu último dinheiro tanto a adquirir novos livros como em prostitutas. Comprar livros novos é um prazer muito diferente do prazer de ler: examinar, cheirar, folhear um livro novo é a própria felicidade.
Os livros dão-me confiança pela sua disponibilidade, de que posso sempre aproveitar-me se quiser. O mesmo acontece com as mulheres - preciso de muitas delas e têm de se abrir à minha fente como os livros. Na verdade, para mim, os livros e as mulheres são semelhantes de muitas formas. Abrir as páginas de um livro é o mesmo que afastar as pernas de uma mulher - o conhecimento revela-se à nossa vista.
Todos os livros têm um odor próprio: quando abrimos um livro e cheiramos, cheiramos a tinta, e é diferente em cada livro. Rasgar as páginas de um livro é um prazer inenarrável. Mesmo um livro estúpido me dá prazer quando o abro pela primeira vez. Quanto mais esperto for, mais me atrai, e a beleza da capa não é importante para mim. Isto não é necessariamente verdade para as mulheres.
Tal como uma mulher se pode vir com qualquer homem habilidoso, assim um livro se abre a qualquer um que lhe pegue. Dará o prazer da sua sabedoria a quem for capaz de o compreender. Por isso sou cioso dos meus livros e não gosto de os dar a ninguém para ler. A minha biblioteca é o meu harém.
Alexander Puschkine, in 'Diário Secreto'
domingo, 8 de maio de 2011
Divagação...
sábado, 7 de maio de 2011
Dia de ser mãe.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Literatura.
Sinopse.
Um grande amor em tempos de guerra, a sedução de África e o retrato de um Portugal inesquecível...
Isabel recebe um manuscrito em condições inesperadas e misteriosas. O seu autor, Rodrigo, desaparecido há seis anos e dado como morto pelos seus amigos, relata as experiências e as vivências, os factos e as emoções, os encontros e os desencontros que marcaram a sua vida.
O leitor é levado numa viagem que o transporta aos loucos anos sessenta na alta sociedade lisboeta e o leva à sedução de África, continente misterioso que abre novos horizontes.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Andáva a Lua nos Céus
Andáva a lua nos céus
Com o seu bando de estrellas.
Na minha alcova,
Ardiam vellas,
Em candelabros de bronze.
Pelo chão, em desalinho,
Os velludos pareciam
Ondas de sangue e ondas de vinho.
Elle olhava-me scismado;
E eu,
Placidamente, fumava,
Vendo a lua branca e núa
Que pelos céus caminhava.
Aproximou-se; e em delirio
Procurou ávidamente,
E ávidamente beijou
A minha boca de cravo
Que a beijar se recusou.
Arrastou-me para Elle,
E, encostado ao meu hombro,
Fallou-me d'um pagem loiro
Que morrêra de Saudade,
Á beira-mar, a cantar...
Olhei o céu!
Agora, a lua, fugia,
Entre nuvens que tornavam
A linda noite sombría.
Déram-se as bocas n'um beijo,
- Um beijo nervoso e lento...
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento.
Vinha longe a madrugada.
Por fim,
Largando esse corpo
Que adormecêra cansado
E que eu beijára loucamente
Sem sentir,
Bebia vinho, perdidamente,
Bebia vinho... até cahir.
António Botto, in 'Canções'
terça-feira, 3 de maio de 2011
Voz activa
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Teus olhos amêndoa...
Olhos de amêndoa
olhar agridoce
arco íris no olhar
mulher de olhos bonitos
da cor do mar...
Amêndoas doces teus olhos são
secos de água pela saudade
nos teus olhos vejo a luz
o azul da água do mar
um olhar que me seduz...
olhar amendoado
com travo de amêndoa e mel
gosto do teu doce olhar de mulher
olhar encantado
que me faz viver...
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Explicação da Eternidade
devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.
os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
foste eterna até ao fim.
José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"
quarta-feira, 27 de abril de 2011
O que valemos ?
terça-feira, 26 de abril de 2011
Janela do meu mundo...
Ondas que rebentam
sobre a areia da praia
espuma branca
dissolvem a marca dos meus pensamentos...
Tudo desaparece
numa neblina cinzenta cerrada
olho o horizonte
e penso...
És um sonho
que eu quero sonhar
ao acordar
um rio que desagua em mim
num (a)mar sem fim...
És flor do campo
lágrima e meu encanto
luz da vida
janela do meu mundo
meu pranto...
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Na sombra de um raio.
Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas colunas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um só mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo nocturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.
Pablo Neruda
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Insónia.
Noite dentro
o tempo passa lentamente
procuro adormecer
o sono nada me diz
oiço o bater das horas
nesta longa espera...
Queria sonhar
possuir-te em sonhos
tarda
o tempo evapora-se
esfuma-se.
Oiço tua voz lá bem no fundo
será que vens ?
Amanhece
o clarear do dia aparece
de ti nada sei
mais uma noite em branco
neste quarto solitário
onde apenas há insónia
solidão...
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Obriga-me...
E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
(Hilda Hist)
domingo, 17 de abril de 2011
sábado, 16 de abril de 2011
Amar é parir o amor,,,
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Num poema despido.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Agradecimento.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
sábado, 9 de abril de 2011
At My Most Beautiful
Eu encontrei uma maneira de torná-lo
Eu encontrei uma maneira
Uma maneira de fazer você sorrir
Leio poesia ruim
Em sua máquina
Eu salvo seus recados
Basta ouvir a sua voz
Você sempre ouvir com atenção
Para rimas difíceis
Você sempre diz seu nome,
Como se eu não soubesse que é você,
Na sua mais bela
Na minha mais bela
Eu conto seus cílios secretamente
Com cada um, sussurrar eu te amo
Eu deixei você dormir
Eu sei que você está me vigiando de olhos fechados,
Ouvindo
Eu pensei que eu vi um sorriso
sexta-feira, 8 de abril de 2011
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Os primeiros passos...
No silêncio da chuva
de mãos dadas
ensaiamos os primeiros passos
tímido olho
os teus olhos
o reflexo da lua
treme no teu rosto...
Não quero ser limitado
pelo que sinto
quero olhar
no charco de água
e ver os teus olhos
sem mágoa...
Em noites frias
de chuva intensa
quero aquecer-me
no teu lume
e no rasto do meu corpo
sentir o teu perfume...
terça-feira, 5 de abril de 2011
Grito a tua ausência…
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Não te Amo
Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma.
E eu n’alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'
domingo, 3 de abril de 2011
Passa uma Borboleta por Diante de Mim
Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XL"
Heterónimo de Fernando Pessoa
A Primeira Palavra que em Toda a Minha Vida me Esgotou o Ser
Uma palavra. Disse-a. Amo-te - uma palavra breve. Quantos milhões de palavras eu disse durante a vida. E ouvi. E pensei. Tudo se desfez. Palavras sem inteira significação em si, o professor devia ter razão. Palavras que remetiam umas para as outras e se encostavam umas às outras para se aguentarem na sua rede aérea de sons. Mas houve uma palavra - meu Deus. Uma palavra que eu disse e repercutiu em ti, palavra cheia, quente de sangue, palavra vinda das vísceras, da minha vida inteira, do universo que nela se conglomerava, palavra total. Todas as outras palavras estavam a mais e dispensavam-se e eram uma articulação ridícula de sons e mobilizavam apenas a parte mecânica de mim, a parte frágil e vã. Palavra absoluta no entendimento profundo do meu olhar no teu, palavra infinita como o verbo divino. Recordo-a agora - onde está? Como se desfez? Ou não desfez mas se alterou e resfriou e absorveu apenas a fracção de mim onde estava a ternura triste, o conforto humilde, a compaixão. Não haverá então uma palavra que perdure e me exprima todo para a vida inteira? E não deixe de mim um recanto oculto que não venha à sua chamada e vibre nela desde os mais finos filamentos de si? Uma palavra. Recupero-a agora na minha imaginação doente. Amo-te. Na intimidade exclusiva e ciumenta do nosso olhar mútuo e encantado. Fecha-nos o lençol na claridade difusa do amanhecer, estás perto de mim no intocável da tua doçura. Frágil de névoa. Fímbria de sorriso e de receio, de pavor, no meu olhar embevecido. Uma palavra. A primeira que em toda a minha vida me esgotou o ser. A que foi tão completa e absorvente, que tudo o mais foi um excesso na criação. Deus esgotou em mim, na minha boca, todo o prodígio do seu poder. Ao princípio era a palavra. Eu a soube. E nada mais houve depois dela.
Vergílio Ferreira, in 'Para Sempre'
quinta-feira, 31 de março de 2011
literatura.
Sinopse
A história de um jovem dividido entre duas religiões e dois amores, em busca da sua liberdade e da do seu povo, na Andaluzia do séc. XVI.
1568. Depois de derrotados por Isabel, a Católica, a comunidade muçulmana andaluza sobrevive com muitas dificuldades, sob a constante repressão dos Cristãos, mas depressa o descontentamento dá lugar a uma sanguinária revolta.
Entre os revoltosos encontra-se Hernando, um jovem desprezado pelo seu próprio povo e maltratado por Brahim, o seu padrasto. Dotado de uma extraordinária habilidade para lidar com animais, Hernando salva a vida ao filho de uma jovem belíssima, Fátima. Dividido entre a fé que lhe foi incutida e as atrocidades que vê serem cometidas em nome de Alá, o seu coração impele-o a ajudar um nobre cristão, obtendo a sua eterna gratidão.
Porém, a sua coragem e honestidade também lhe granjeiam alguns inimigos, sobretudo o seu cruel padrasto que, aproveitando-se da morte do rei, consegue condenar Hernando à escravatura e desposar a bela Fátima, o grande amor do enteado. Brahim, na qualidade de lugartenente do novo monarca, parece inatacável, e Hernando parece condenado à desgraça…
quarta-feira, 30 de março de 2011
Eu Simplesmente Amo-te
Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde. Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se.
Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"
terça-feira, 29 de março de 2011
Penso em Ti e Dentro de Mim Estou Completo .
Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.
Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.
Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei contigo pelos campos ver-te colher flores.
Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
Isso será uma alegria e uma verdade para mim.
Alberto Caeiro, in "O Pastor Amoroso"
Heterónimo de Fernando Pessoa
segunda-feira, 28 de março de 2011
A Lealdade é um Amor que Esquece o Mundo.
Só se é realmente leal quando se está sujeito a alguém ou a algo. Aí, onde mesmo um sonho pode ser senhor. Na sujeição de quem serve uma causa, na sujeição de quem se submete a um chefe, na sujeição à pessoa amada, na sujeição do sentimento e na sujeição do dever, no sacrifício da liberdade, da razão e do interesse. No desperdício e no desprezo do que está à vista e do que está à mão, é nesta desagradável situação que se acha ou não acha a lealdade. É por ser selvagem e servil, mas só a um senhor, que a lealdade tem valor. É muito difícil ser-se leal, mas só porque é muito difícil seguirmos o coração. A lealdade é um amor que esquece o mundo.
Ao escolher um amigo, e ao ser-se amigo dele, rejeitam-se as outras pessoas. Quando estamos apaixonados, é através dessa pessoa que amamos a humanidade. O amor ocupa-nos muito. E para os outros, não fica quase nada.
Não se consegue ser leal ao ponto de calar o coração. Mas sofremos com as nossas deslealdades. Sabemos perfeitamente o que estamos a fazer, quem sacrificámos, e porquê. É por causa da consciência da nossa imperfeição que o ideal da verdadeira lealdade não pode ser abandonado ou alterado. O facto de ser incumprível não obriga a que se arranje uma versão softcore, mais cómoda e realista. É preciso aguentar. A lealdade é uma coisa tão cega e simples de determinar quanto é difícil de determinar quanto é difícil de seguir.
Miguel Esteves Cardoso, in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa'
domingo, 27 de março de 2011
Sonho de amor..
sábado, 26 de março de 2011
viver o amor...
quinta-feira, 24 de março de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
Ai quem me dera...
terça-feira, 22 de março de 2011
segunda-feira, 21 de março de 2011
Quem não Dava a Vida por um Amor?
O essencial é amar os outros. Pelo amor a uma só pessoa pode amar-se toda a humanidade. Vive-se bem sem trabalhar, sem dormir, sem comer. Passa-se bem sem amigos, sem transportes, sem cafés. É horrível, mas uma pessoa vai andando.
Apresentam-se e arranjam-se sempre alternativas. É fácil.
Mas sem amor e sem amar, o homem deixa-se desproteger e a vida acaba por matar.
Philip Larkin era um poeta pessimista. Disse que a única coisa que ia sobreviver a nós era o amor. O amor. Vive-se sem paixão, sem correspondência, sem resposta. Passa-se sem uma amante, sem uma casa, sem uma cama. É verdade, sim senhores.
Sem um amor não vive ninguém. Pode ser um amor sem razão, sem morada, sem nome sequer. Mas tem de ser um amor. Não tem de ser lindo, impossível, inaugural. Apenas tem de ser verdadeiro.
O amor é um abandono porque abdicamos, de quem vamos atrás. Saímos com ele. Atiramo-nos. Retraímo-nos. Mas não há nada a fazer: deixamo-lo ir. Mai tarde ou mais cedo, passamos para lá do dia a dia, para longe de onde estávamos. Para consolar, mandar vir, tentar perceber, voltar atrás.
O amor é que fica quando o coração está cansado. Quando o pensamento está exausto e os sentidos se deixam adormecer, o amor acorda para se apanhar. O amor é uma coisa que vai contra nós. É uma armadilha. No meio do sono, acorda. No meio do trabalho, lembra-se de se espreguiçar. O amor é uma das nossas almas. É a nossa ligação aos outros. Não se pode exterminar. Quem não dava a vida por um amor? Quem não tem um amor inseguro e incerto, lindo de morrer: de quem queira, até ao fim da vida, cuidar e fugir, fugir e cuidar?
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'
domingo, 20 de março de 2011
O teu poema.
As tuas palavras
poucas
mas claras
mostram-me o mundo
de outra maneira
que o amor é tudo
desde que um homem queira...
As tuas palavras
singelas
mas belas
que me arrepiam a pele
fazem-me sentir
o teu amor fiel...
As tuas palavras
que me beijam
perfumam-me a alma
com cheiros de alfazema
é singelo
mas belo
o teu poema...
sábado, 19 de março de 2011
Pai, a Minha Sombra és Tu
a cadeira está vazia, um corpo ausente
não aquece a madeira que lhe dá forma
e não ouço o recado que me quiseste dar
nem a tua voz forte que grita meninos
na hora de acordar
ouço o teu abraço, no corredor em gaia
e os olhos molhados pela inusitada despedida
o sol foge
mas o crepúsculo desenha a sombra que
tenho colada aos pés
ou o espelho, coberto com a tua face
pai, digo-te
a minha sombra és tu
Jorge Reis-Sá, in "A Palavra no Cimo das Águas"
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