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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Mundo ...


O Mundo Real não Existe para o Homem Prático

Há duas maneiras de olhar as coisas, como há duas maneiras de as não olhar. Ou se olham pondo-nos de fora delas ou pondo-nos dentro delas. Só no segundo caso as vemos bem, porque só então nos vemos mal ou simplesmente nos perdemos a nós de vista. O primeiro ver é o do homem prático, o segundo, o do artista. Um e outro também divergem no modo de não ver as coisas. O primeiro porque simplesmente as não vê; o segundo porque não repara nelas. Ao contrário do que se supõe, o mundo real não existe para o homem prático: o que existe é a sua instrumentalização. Uma flor só lhe existe se a puser na lapela ou mesmo num jarro; como um pássaro só lhe é real se o tiver numa gaiola ou o comer frito.

Vergílio Ferreira, in "Conta-Corrente 2"

Sorriso vagabundo...


Sorrir
é pegar a vida pelos cornos
de sorriso rasgado
da tristeza á que fugir
sorria de orelha a orelha
sorridente
bem humorado
para toda a gente

Encare o mundo, contente
sempre a sorrir
mágoas passadas
não moem a vida
há que ir em frente
viver o presente
ser crente.

Rosas para todo o mundo
um lindo ramo de flores
para um vagabundo
que sem ter nada
é feliz
e sorri para toda a gente.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A vida não é triste. Tem horas tristes ...

Contrastes Trágicos.




Quem não quer ver o que há de elevado num homem olha com maior agudeza para aquilo que nele é baixo e superficial – e assim se revela a si mesmo.

É bastante mau! Sempre a velha história! Quando se acaba de construir a casa nota-se que ao construí-la, sem dar por isso, se aprendeu algo que simplesmente se devia ter sabido absolutamente antes de – começar a construir. O eterno e maçador «tarde de mais!» - A melancolia de todo o terminado!...

Os homens de profunda tristeza denunciam-se quando são felizes: têm um modo de pegar na felicidade como se quisessem esmagá-la e sufocá-la, por ciúme – ah, sabem bem de mais que lhes foge!

Friedrich Nietzsche, in "Para Além de Bem e Mal"

Nos dois lados da vidraça.


Do outro lado da vidraça
chove copiosamente,
gente que passa
poças de água,
ondulantes
refletem a luz da lua,
enquadradas
no cinzento da rua.

Deste lado da vidraça,
olhar fixo
vidrado,
nada se passa
hoje,
é mais um dia
de saudade
fantasia.

Do outro lado da vidraça
o mundo não para,
gira
movimenta-se
sentimentos ,
tristezas,
alegrias,
na roda da vida
fria.
de uma mão cheia de incertezas.

Neste lado da vidraça
bátegas de água,
deslizam
sabor salgado,
lágrimas de um profundo sentir
chuva que me repassa,
saudade que se vai
e me faz sorrir...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009


Conduta e Poesia

Quando o tempo nos vai comendo com o seu relâmpago quotidiano decisivo, as atitudes fundadas, as confianças, a fé cega se precipitam e a elevação do poeta tende a cair como o mais triste nácar cuspido, perguntamo-nos se já chegou a hora de envilecermos. A hora dolorosa de ver como o homem se sustém a puro dente, a puras unhas, a puros interesses. E como entram na casa da poesia os dentes e as unhas e os ramos da feroz árvore do ódio. É o poder da idade, ou proventura, a inércia que faz retroceder as frutas no próprio bordo do coração, ou talvez o «artístico» se apodere do poeta e, em vez do canto salobro que as ondas profundas devem fazer saltar, vemos cada dia o miserável ser humano defendendo o seu miserável tesouro de pessoa preferida?
Aí, o tempo avança com cinza, com ar e com água! A pedra que o lodo e a angústia morderam floresce com prontidão com estrondo de mar, e a pequena rosa regressa ao seu delicado túmulo de corola.
O tempo lava e desenvolve, ordena e continua.
E que fica então das pequenas podridões, das pequenas conspirações do silêncio, dos pequenos frios sujos da hostilidade? Nada, e na casa da poesia não permanece nada além do que foi escrito com sangue para ser escutado pelo sangue.

Pablo Neruda, in "Nasci para Nascer"

É já amanhã.


Dia Nacional da Cultura Científica em Constância
Dia 24 de Novembro


No próximo dia 24 de Novembro comemora-se o Dia Nacional da Cultura Científica, uma data que Constância vai assinalar com a dinamização de três iniciativas, que decorrerão entre as 10.00h e as 23.00H.



Das 10.00H às 13.00H, o Parque Ambiental de Santa Margarida recebe a iniciativa O Sol e a Água, uma actividade que pretende explorar dois temas: o Sol enquanto fonte de energia, com a construção de um pequeno forno solar; e a água – nutriente essencial à vida – através da realização de experiências acerca da utilização deste recurso. A Actividade O Sol e a Água tem como público-alvo os alunos do 5º ano da Escola Básica e Secundária Luís de Camões.



Destinado aos alunos do 7º ano da Escola Básica e Secundária Luís de Camões o evento O Sol e as Estrelas vai decorrer no Centro Ciência Viva de Constância, das 14.30H às 18.00H, o qual visa promover a exploração das características físicas da nossa estrela Sol e a comparação com as outras estrelas que fazem parte da nossa Galáxia.



À noite, entre as 21.00H e as 23.00H, destinado ao público em geral e aos alunos da EFA da Escola Básica e Secundária Luís de Camões, no Auditório da Casa-Memória de Camões, decorrerá Diálogo de Saberes, um encontro entre Ciência e a Poesia através da evocação do cientista e poeta Rómulo de Carvalho/António Gedeão, na data que assinala o dia do seu nascimento.




Por CMC

Voz dos sonhos.


Olhar vago
absorto em fantasias,
sòzinho
no meio da multidão.
Sonha mas ama
o amor não conhece essas distâncias
direcção ás trevas
segue a vida
procura O amor
sono porque me levas!
Silêncio
calém a voz dos sonhos
sonhar não faz parte da vida...

sábado, 21 de novembro de 2009

Refúgio...



Os meus sonhos são um refúgio estúpido, como um guarda-chuva contra um raio


Fernando Pessoa,
"Livro do Desassossego"

Palco da vida...


Enredos
são segredos
da alma.
Quando o espírito descansa
o corpo dorme,
a vida acalma.
Viver sem adrenalina
não vale nada,
com muito amor á mistura
sinceridade e ternura
sexo,
prazer,
e o resto que vier
é fogo que se quer.
É representar
neste palco da vida,
é seduzir
na embriaguês do amor,
é amar
é sentir um desejo ardente,
sublime
no refúgio do teu ninho
que existe na minha mente...

Contigo...



Bom fim de semana para todo o mundo.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Reflexão...


Na ausência de uma reflexão segura, multiplicam-se as fontes de erro ...

A Sociedade Destroça o Indivíduo



Trata-se dum conjunto, dum todo, a sociedade, e, podre, uma vez que é preciso contar com ela ao mesmo tempo que se não deve contar. Quer dizer, é como um conjunto estável, composto por elementos instáveis. Ora é impossível viver no interior, sem sofrer essa instabilidade, esse monte de mentiras. Surge então o medo de utilizar o mínimo pormenor que participe dessa instabilidade. É a revolta. Você duvida do valor das palavras, dos gestos, do que representam as palavras, das ideias, das simples associações de ideias, dos sonhos e até da realidade, das sensações mais claras, mais agudas. Você duvida mesmo da sua dúvida, da organização que toma, da forma que adopta. Não lhe fica nada, nada. Já não é nada, é um camaleão, um eco, uma sombra. Isso é obra da sociedade, compreende?

J.-M. G. Le Clézio, in 'A Febre'

Margens que me oprimem...


Rios onde brinquei
amei
cresci...
Dois rios distantes
armoniosos.
Tejo
sublime
nobre
grandioso.
Zêzere
límpido
cristalino
majestoso.
Águas que me refrescaram.
Lavei a minha alma
salgueiros verdejantes
nas tuas sombras
descansei,
exaltei meus pecados
desfrutando a vida com calma...
Recordações singelas
viagens envolventes
em barcos que navegam
na força das vossas correntes.
Eternizar momentos
brilhantes
entre mil peripécias
hei-de sempre recordar
estes rios deslumbrantes.
Tejo segue o teu leito
ronda castelos
inunda Lezírias
corre
serpenteia
vai...
vai para o mar com toda a tua ânsia
Zêzere que abortas aqui
nunca te arrependas de ficar
nesta linda vila de Constância.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Idéias...


"As ideias têm de funcionar pelos cérebros e braços de homens, senão não serão mais que sonhos ."

O Juízo Final




Chegou o miserável milionário no céu e, impacientemente, esperou a sua vez de ser julgado. Introduziram-no numa sala, noutra sala, noutra sala, até que se viu frente a uma luz ofuscante, na qual pouco a pouco foi dintinguindo a figura santa do pai dos Homens. Em voz tonitroante este, tendo à direita, Pedro, e, à esquerda, uma figura que ele não conhecia, julgou sumariamente dois outros pecadores que estavam à sua frente. E, afinal, dirigiu-se a ele:
- Que fez você de bom na sua vida ?
- Bem, eu nasci, cresci, amei, casei, tive filhos, vivi.
- Ora - disse o Senhor - isso são actos sociais e biológicos a que você estava destinado. Quero saber que bondade específica e determinada você teve para com o seu semelhante.
- Bem - disse o milionário - eu criei indústrias, comprei fazendas, dei emprego a muita gente, melhorei as condições sociais de muita gente.
- Não, isso não serve - disse o Todo-Poderoso - essas acções estavam implícitas ao acto de você enriquecer. Você as praticou porque precisava viver melhor. Não foram intrinsecamente boas acções, desprendidas, não servem.
O milionário escarafunchou o cérebro e não encontrou nada. Em verdade, passara uma vida egoísta, pensando apenas em si mesmo. Nunca o preocupara seu semelhante, nunca olhara para o ser humano a seu lado senão como uma fonte de lucro para as suas indústrias. Mas, de repente, lemboru-se das obras de filantropia.
- Ah - disse, puxando uma caderneta - aqui está. Uma vez dei cem cruzeiros para uma velhinha da Casa dos Artistas, outra vez contribuí com duzentos cruzeiros para o Hospital dos Alienados e outra vez contribuí com quinhentos cruzeiros para a Fundação das Operárias de Jesus.
- Só ? - perguntou Deus.
- Só - disse o milionário contrafeito.
- Josué! - gritou o Todo-Poderoso -, dê oitocentos cruzeiros ao cavalheiro aqui e que vá para o Inferno.
Moral: Amor com amor se paga e o dinheiro com dinheiro também.

Millôr Fernandes, in "Pif-Paf"

estradas...


Estrada fora
percorro o meu caminho,
o mundo não para,
gira.
Vou por caminhos que me levam,
outros me trazem
Existem várias direcções:
No levar,
no trazer,
no amor
e no prazer.
Cruzo-me com a vida,
solitária,outras vezes nem tanto...
Cruzamentos que me afastam,
me empurra
para a solidão.
Sigo...
Vou não vou.
Semáforos que se acendem
outros que se apagam.
Um turbilhão de idéias,
a vida sempre presente,
e o mundo girando.
Um rumo,
esperança
partir,
ir,mas não fugir
ou ficar para sempre
nesta angústia constante!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A Alienação Parental



vai ser tema de debate em Constância no próximo dia 25 de Novembro

• Maria Saldanha Pinto Ribeiro, Ana Baptista e Fátima Duarte são as oradoras convidadas

No próximo dia 25 de Novembro a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Constância vai dinamizar a 5º Encontro Confluências, subordinado ao tema A Alienação Parental, uma iniciativa que decorre no Auditório do Cine-Teatro Municipal de Constância, pelas 14.30H.

A Sessão de Abertura do 5º Encontro Confluências vai contar com a presença do Dr. António Marques, Presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Constância e do Dr. Máximo Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Constância.

A Dra. Ana Baptista, Jurista e a Dra. Fátima Duarte, Psicóloga, ambas da Comissão Nacional de Crianças e Jovens em Risco serão as duas oradoras do primeiro painel. No que concerne ao segundo e último painel terá como oradora a Dra. Maria Saldanha Pinto Ribeiro, Psicóloga, Mediadora Familiar e Presidente do Instituto Português de Mediação Familiar, ao que se seguirá um espaço de debate.

A participação no 5º Encontro Confluências – A Alienação Parental é gratuita, devendo os interessados proceder à respectiva inscrição até ao próximo dia 19 de Novembro, através do telefone 249 736 476, do número de telemóvel 969 856 177 ou através do e-mail cpcj.constancia@gmail.com.
Por CMC

Literatura.


Ilusões Perdidas”
“Ora aqui está ele, um dos monstros sagrados da Literatura de todos os tempos. Morreu com 49 anos, media um metro e meio, escrevia da meia-noite às oito da manhã, rodeado de candelabros e alimentado a café, e deixou uma obra única.
Fica-se cheio de admiração pela capacidade que este homenzinho tem de construir um mundo, ele que considerava o romance a ‘História Privada das Nações’ e achava indispensável ter remexido em toda a vida social para ser um verdadeiro escritor. Depois de Balzac a Literatura evoluiu imenso mas o seu lugar é eterno, seja o que for que a palavra signifique.”

Acordar.


Amanhece,
acordo para a vida.
Fecho a montra dos sonhos,
aceito as coisas,
nada deito fora,
guardo tudo dentro de mim...
Passado,
distante,
ontem.
Ao acordar,tudo faz sentido
Quando é de manhã,torno-me parte dessa manhã
Sonhos
pensamentos
ilusões
neste mundo cão
onde ao abrir os olhos
tudo o que quero,
é não saber viver
sem ser o que sou,
sentir-me livre
neste novo amanhecer...