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domingo, 6 de junho de 2010

Humor.
















enviado por email pela minha querida amiga Rosani Gomes do blog:
Fragmentos de Uma Alma Perfumada
http://rosani22.blogspot.com

sábado, 5 de junho de 2010

Adoro colinho...

Mimo que recebi da minha querida amiga:Regina Rozenbaum
http://toforatodentro.blogspot.com/





Querida amiga,

"A mulher deve ser lentamente decifrada, como o enigma que é: encanto a encanto."

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Pensamento queiroziano...

XII Encontros do Cantar Diferente


Pedro Barroso, Silvestre Fonseca e Carlos Guilherme nos XII Encontros do Cantar Diferente
Constância - 10 de Junho - 22 Horas
No próximo dia 10 de Junho, Pedro Barroso, o grande trovador da música portuguesa, é o anfitrião da iniciativa Encontros do Cantar Diferente, um evento que já vai na sua XII edição e que decorrerá no âmbito das XV Pomonas Camonianas, uma actividade que terá lugar em Constância, nos próximos dias 10, 11 e 12 de Junho.

O espectáculo terá início às 22 horas, no Anfiteatro dos Rios, e conta este ano com a presença de dois grandes nomes da música portuguesa: Silvestre Fonseca e Carlos Guilherme.

Os Encontros do Cantar Diferente são uma ideia original de Pedro Barroso que, além de músico, autor e compositor, assina também a produção deste espectáculo, que já data de 1997.

Por um dia, o palco do Anfiteatro dos Rios, em Constância, transforma-se numa verdadeira sala de estar, onde, entre músicas e conversas, o anfitrião Pedro Barroso recebe amigos, grandes nomes do panorama musical português. Por este palco já passaram Manuel Freire, José Mário Branco, José Fanha, João Afonso, Vitor Silva, Carlos Mendes, Francisco Fanhais, Fernando Tordo, Samuel, o Maestro Vitorino d’ Almeida, Janita Salomé, Carlos Alberto Moniz, Zeca Medeiros, José Cid, Afonso Dias, Paulo de Carvalho, Francisco Naia, Ricardo Parreira, Fernando Alvim, Paco Bandeira, Francisco Seia e Luisa Bastos

Para além dos Encontros do Cantar Diferente, o programa das XV Pomonas Camonianas integra vários espectáculos musicais, o Declamões (poesia), Ópera, animação de rua, malabaristas, a feira de antiguidades e velharias, uma prova de orientação nocturna, actividades pedagógicas, a deposição de coroas de flores no Monumento a Camões, várias exposições e tabernas quinhentistas.
Por CMC

O Pensamento não Domina a Acção .




(...) hoje reconheço, naquilo que então aconteceu, o esquema por meio do qual o pensamento e a acção se conjugaram ou divergiram durante toda a minha vida. Penso, chego a um resultado, fixo-o numa conclusão e apercebo-me de que a acção é algo independente, algo que pode seguir a conclusão, mas não necessariamente. Durante a minha vida, fiz muitas coisas que não tinha decidido fazer, e não fiz outras que tinha firmemente decidido fazer. Algo que existe em mim, seja lá o que for, age; algo que me faz ir ter com uma mulher que já não quero voltar a ver, que faz ao superior um reparo que me pode custar o emprego, que continua a fumar embora eu tenha decidido deixae de fumar, e que deixa de fumar quando me resignei a ser um fumador para o resto dos meus dias.
Não quero dizer que o pensamento e a decisão não tenham alguma influência na acção. Mas a acção não decorre só do que foi pensado e decidido antes. Surge de uma fonte própria, e é tão independente como o meu pensamento e as minhas decisões.

Bernhard Schlink, in 'O Leitor'

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Atchimmmmmmmm.


Se sentir a minha "ausência..." Já sabe porquê

Campos de Férias 2010



Inscrições já estão abertas De 21 de Junho a 16 de Julho, decorrem no concelho de Constância os Campos de Férias 2010, uma iniciativa destinada a crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 16 anos, organizada pela Associação Os Quatro Cantos do Cisne, pelo Agrupamento de Escolas de Constância e pela Câmara Municipal.

As inscrições já estão abertas desde o dia 17 de Maio, e os interessados deverão efectuar as mesmas na Escola EB 2,3 Luis de Camões, nos Centro de Tempos Livres ou na Associação Os Quatro Cantos do Cisne.

De acordo com a sua faixa etária, cada grupo - infantis, iniciados e juvenis - têm oportunidade de participar em diversas iniciativas, tais como BTT, workshops e ateliês, peças de teatro, actividades na natureza, dança, acampamentos, percursos pedestres, mini-challange, inter-aldeias, dia militar, actividades na praia entre muitas outras iniciativas.

Deste modo, trabalhando em parceria com diversas entidades, é possível implementar espaços de jogo, entretenimento, diversão, socialização e encontro com os outros e com o meio, ocupando os tempos livres das crianças.

As iniciativas dinamizadas no âmbito dos Campos de Férias 2010 têm como principais objectivos possibilitar a ocupação saudável dos tempos livres dos participantes, sensibilizando-os para a frequência de actividades culturais e pedagógicas e para a prática desportiva generalizada e equilibrada, numa perspectiva lúdica.
Por CMC

Adormecer .




Vai vida na madrugada fria.

O teu amante fica,
na posse deste momento que foi teu,
amorfo e sem limites como um anjo;
a cabeça cheia de estrelas...
Fica abraçado a esta poeira que teu pé levantou.
Fica inútil e hirto como um deus,
desfalecendo na raiva de não poder seguir-te!

Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O Mistério da Estrelinha Curiosa .



Um livro apresentado em Constância no próximo sábado, dia 5 de Junho No próximo sábado, 5 de Junho, pelas 16h00, o Centro Ciência Viva de Constância vai receber a apresentação do livro O Mistério da Estrelinha Curiosa, da autoria de Leonor Lourenço, uma iniciativa aberta à população em geral.

O Mistério da Estrelinha Curiosa conta-nos o desejo da estrela Sírio em conhecer o Sol e as dificuldades que tem de ultrapassar para conseguir realizar este objectivo.

As crianças que participarem na actividade serão convidadas a assistir a uma sessão de planetário no qual serão mostrados os astros mencionados no livro e, em seguida, a ouvir a estrela cadente contar a história da sua amiguinha Sírio.

A sessão de apresentação do livro O Mistério da Estrelinha Curiosa, terminará com uma breve conversa com a autora da publicação.
Por CMC

A Tristeza dos Portugueses...




Porque é que os portugueses são tristes? Porque estão perto da verdade. Quem tiver lido alguns livros, deixados por pessoas inteligentes desde o princípio da escrita, sabe que a vida é sempre triste. O homem vive muito sujeito. Está sujeito ao seu tempo, à sua condição e ao seu meio de uma maneira tal que quase nada fica para ele poder fazer como quer. Para se afirmar, como agora se diz, tão mal.
Sobre nós mandam tanto a saúde e o dinheiro que temos, o sítio onde nascemos, o sangue que herdámos, os hábitos que aprendemos, a raça, a idade que temos, o feitio, a disposição, a cara e o corpo com que nascemos, as verdades que achamos; mandam tanto em nós estas coisas que nos dão que ficamos com pouco mais do que a vontade. A vontade e um coração acordado e estúpido, que pede como se tudo pudéssemos. Um coração cego e estúpido, que não vê que não podemos quase nada.

Aí está a razão da nossa tristeza permanente. Cada homem tem o corpo de um homem e o coração de um deus. E na diferença entre aquilo que sentimos e aquilo que acontece, entre o que pede o coração e não pode a vida, que muito cedo encontramos o hábito da tristeza. Habituamo-nos a amar sem nos sentirmos amados e a esse sentimento, cortado por surpresas curtas, passamos a chamar amor. E com verdade. No mundo das ausências, onde a tristeza vem de sabermos muito bem o que nos falta, a nós e àqueles que nos rodeiam, a bondade, que nos torna vulneráveis aos sofrimentos daqueles que nos acompanham e nos faz sofrer duas vezes mais do que se estivéssemos sozinhos, é o preço que pagamos por não sermos amargos. É graças à bondade que estamos tristes acompanhados. Há uma última doçura em sermos tristes num mundo triste. Igual a nós.

Miguel Esteves Cardoso, in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa'

terça-feira, 1 de junho de 2010

O perfume das tuas palavras.


Sem ti
fico mais triste
o meu espaço despovoa-se
a tua falta
priva-me,abandona-me
não,não é solidão
é saudade que já existe...
Saudade não é apenas
espaço físico
é também a ausência do perfume
das tuas palavras
da leveza da tua pena
o sentir das tuas mágoas...

O Interior da Alma




O olho do espírito em parte nenhuma pode encontrar mais deslumbramentos, nem mais trevas, do que no homem, nem fixar-se em coisa nenhuma, que seja mais temível, complicada, misteriosa e infinita. Há um espectáculo mais solene do que o mar, é o céu; e há outro mais solene do que o céu, é o interior da alma.

Fazer o poema da consciência humana, mas que não fosse senão a respeito de um só homem, e ainda nos homens o mais ínfimo, seria fundir todas as epopeias numa epopeia superior e definitiva. A consciência é o caos das quimeras, das ambições e das tentativas, o cadinho dos sonhos, o antro das ideias vergonhosas: é o pandemónio dos sofismas, é o campo de batalha das paixões. Penetrai, a certas horas, através da face lívida de um ser humano, e olhai por trás dela, olhai nessa alma, olhai nessa obscuridade. Há ali, sob a superfície límpida do silêncio exterior, combates de gigante como em Homero, brigas de dragões e hidras, e nuvens de fantasmas, como em Milton, espirais visionárias como em Dante. Sombria coisa esse infinito que todo o homem em si abarca, e pelo qual ele regula desesperado as vontades do seu cérebro e as acções da sua vida!

Victor Hugo, in 'Os Miseráveis'

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Mulher Inspiradora




Mulher, não és só obra de Deus;
os homens vão-te criando eternamente
com a formosura dos seus corações,
e os seus anseios
vestiram de glória a tua juventude.

Por ti o poeta vai tecendo
a sua imaginária tela de oiro:
o pintor dá às tuas formas,
dia após dia,
nova imortalidade.

Para te adornar, para te vestir,
para tornar-te mais preciosa,
o mar traz as suas pérolas,
a terra o seu oiro,
sua flor os jardins do Verão.

Mulher, és meio mulher,
meio sonho.

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"

Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo.


Um grande beijo de amizade para todas as MULHERES maravilhosas .

O Crime da Palavra




Nenhum código, nenhuma instituição humana pode prevenir o crime moral que mata com uma palavra. Nisso consta a falha das justiças sociais; aí está a diferença que há entre os costumes da sociedade e os do povo; um é franco, outro é hipócrita; a um, a faca, à outra, o veneno da linguagem ou das ideias; a um a morte, à outra a impunidade.

Honoré de Balzac, in "O Contrato de Casamento"

domingo, 30 de maio de 2010

Cada Segundo .




Não desejo a indigência,
a serenidade
dos lugares desertados:
desejo que cada segundo
quando amo
explodisse
e fosse a terra
em sua expansão
durante a primeira noite,
a gestante,
do mundo.

António Osório, in 'O Lugar do Amor'

Danças flamengas.

Hoje(30 de Maio de 2010)



(Ao centro de pente Azul.)

Minha neta Laura, em plena actuação num certame da região espanhola de Andalucia,Realizado na cidade de Boom-Bélgica.





Depois de uma actuação coroado por um grande êxito, uma linda pose para a fotografia.


Parabéns Laura.

Neto ou neta ?

Saúde, felicidade em especial muito amor,o resto vem por acréscimo...


(8 semanas)


O futuro deve ser de tal maneira que nenhuma criança ao nascer, se sinta torpedeada pela vida, de maneira que julga que tem que desistir de ser para existir apenas como aquilo que a vida obriga a ser .

(Agostinho da Silva.)

sábado, 29 de maio de 2010

O Segredo é Amar .




O segredo é amar. Amar a Vida
com tudo o que há de bom e mau em nós.
Amar a hora breve e apetecida,
ouvir os sons em cada voz
e ver todos os céus em cada olhar.

Amar por mil razões e sem razão.
Amar, só por amar,
com os nervos, o sangue, o coração.
Viver em cada instante a eternidade
e ver, na própria sombra, claridade.

O segredo é amar, mas amar com prazer,
sem limites, fronteiras, horizonte.
Beber em cada fonte,
florir em cada flor,
nascer em cada ninho,
sorver a terra inteira como o vinho.

Amar o ramo em flor que há-de nascer,
de cada obscura, tímida raiz.
Amar em cada pedra, em cada ser,
S. Francisco de Assis.

Amar o tronco, a folha verde,
amar cada alegria, cada mágoa,
pois um beijo de amor jamais se perde
e cedo refloresce em pão, em água!

Fernanda de Castro, in "Trinta e Nove Poemas"

Porque hoje é Sábado...

Amar Intensamente




De que vale no mundo ser-se inteligente, ser-se artista, ser-se alguém, quando a felicidade é tão simples! Ela existe mais nos seres claros, simples, compreensíveis e por isso a tua noiva de dantes, vale talvez bem mais que a tua noiva de agora, apesar dos versos e de tudo o mais. Ela não seria exigente, eu sou-o muitíssimo. Preciso de toda a vida, de toda a alma, de todos os pensamentos do homem que me tiver. Preciso que ele viva mais da minha vida que da vida dele. Preciso que ele me compreenda, que me adivinhe. A não ser assim, sou criatura para esquecer com a maior das friezas, das crueldades. Eu tenho já feito sofrer tanto! Tenho sido tão má! Tenho feito mal sem me importar porque quando não gosto, sou como as estátuas que são de mármore e não sentem.

Florbela Espanca, in "Correspondência (1920)"

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Olhar indiferente...


O olhar indiferente é um perpétuo adeus ...

Dispersão.


Imagem
forma exterior de um corpo
delinear
sensível
contornos quentes
apetecível...
Pensando sonhos
sonhando ideias
fantasio teu corpo
alucinação caprichosa
Dulcineia
aurora silenciosa...
Sombras na noite
escuridão
imagem
interceptação da luz
cegueira completa
dispersão...

Pomonas Camonianas em Constância



10, 11 e 12 de Junho Nos próximos dias 10, 11 e 12 de Junho Constância recebe a 15ª edição das Pomonas Camonianas, uma iniciativa cultural-pedagógica organizada pela Câmara Municipal de Constância, pelo Agrupamento de Escolas de Constância e pela Associação Casa-Memória de Camões, com o apoio da Associação Comercial e Serviços dos Concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação.

Compostas pela recriação de um mercado quinhentista, as Pomonas Camonianas integram uma exposição-venda dos frutos e das flores referidos por Camões na sua obra. Os alunos e professores do Agrupamento de Escolas de Constância, trajados ao modo da época, representarão os mercadores e outras figuras alusivas.

Homenagear Camões, o maior poeta português de todos os tempos, a sua ligação à vila de Constância, bem como assinalar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, são os principais objectivos das Pomonas Camonianas, um evento que nos transporta numa longa viagem até aos tempos do épico.

Constância tem com Camões uma forte relação de afecto, transmitida ao longo das gerações por uma antiga e arreigada tradição que assevera que o Épico aqui viveu.

Muito antigo é igualmente o costume de se assinalar em Constância o 10 de Junho, em honra da memória de Camões. Já em 1880, quando o país lembrou com grandes manifestações o 3º centenário da morte do Poeta, Constância vestiu-se de gala para a elas se associar, tendo o Município promovido diversas realizações locais e a Câmara registado em actas que a homenagem «era tanto mais justa quanto é certo o dizer-se que Luís de Camões residira por algum tempo nesta povoação». As comemorações do Dia de Camões em Constância adquiriram nova dimensão e um maior dinamismo com a realização, nos últimos tempos, das Pomonas Camonianas.

Tendo na sua essência a realização de um mercado quinhentista, com uma exposição-venda dos frutos e das flores referidos por Camões na sua obra, o evento englobará vários espectáculos musicais, o Declamões (poesia), Ópera, animação de rua, malabaristas, a feira de antiguidades e velharias, uma prova de orientação nocturna, actividades pedagógicas, a deposição de coroas de flores no Monumento a Camões, várias exposições e uma taberna quinhentista.
Por CMC

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Ilusão...


Deixo-me levar pela ilusão
engano os sentidos
a vida é um sonho
um derrame uma efusão
um desejo intenso vivo...
Sinto-te
nas minhas entranhas
o sonho é uma constante
faz parte de mim
do meu mundo imaginário
surreal distante...

Crepuscular



Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos de amor, d'ais comprimidos...
Uma ternura esparsa de balidos,
Sente-se esmorecer como um perfume.
As madressilvas murcham nos silvados
E o aroma que exalam pelo espaço,
Tem delíquios de gozo e de cansaço,
Nervosos, femininos, delicados,
Sentem-se espasmos, agonias d'ave,
Inapreensíveis, mínimas, serenas...
_ Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas,
O meu olhar no teu olhar suave.
As tuas mãos tão brancas d'anemia...
Os teus olhos tão meigos de tristeza...
_ É este enlanguescer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia.

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

O que Sempre Soube das Mulheres




Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente, mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-semesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até amais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça,mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco.

Rui Zink, in "Jornal Metro"

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Proibição




Tem cuidado ao amar-me.
Pelo menos, lembra-te que to proibi.
Não que restaure o meu pródigo desperdício
De alento e sangue, com teus suspiros e lágrimas,
Tornando-me para ti o que foste para mim,
Mas tão grande prazer desgasta a nossa vida duma vez.
Para evitar que teu amor por minha morte seja frustrado,
Se me amas, tem cuidado ao amar-me.

Tem cuidado ao odiar-me,
E com os excessos do triunfo na vitória,
Ou tornar-me-ei o meu próprio executor,
E do ódio com igual ódio me vingarei.
Mas tu perderás a pose do conquistador,
Se eu, a tua conquista, perecer pelo teu ódio:
Então, para evitar que, reduzido a nada, eu te diminua,
Se tu me odeias, tem cuidado ao odiar-me.

Contudo, ama-me e odeia-me também.
Assim os extremos não farão o trabalho um do outro:
Ama-me, para que possa morrer do modo mais doce;
Odeia-me, pois teu amor é excessivo para mim;
Ou deixa que ambos, eles e não eu, se corrompam
Para que, vivo, eu seja teu palco e não teu triunfo.
Então, para que o teu amor, ódio, e a mim, não destruas,
Oh, deixa-me viver, mas ama-me e odeia-me também.

John Donne, in "Poemas Eróticos"

Uma Discussão nesta Santa Terra Portuguesa Acaba sempre aos Berros




Não há maneira. Por mais boa vontade que tenham todos, uma discussão nesta santa terra portuguesa acaba sempre aos berros e aos insultos. Ninguém é capaz de expor as suas razões sem a convicção de que diz a última palavra. E a desgraça é que a esta presunção do espírito se junta ainda a nossa velha tendência apostólica, que onde sente um náufrago tem de o salvar. O resultado é tornar-se impossível qualquer colaboração nas ideias, o alargamento da cultura e de gosto, e dar-se uma trágica concentração de tudo na mesquinhez do individual.

Miguel Torga, in "Diário (1940)"

terça-feira, 25 de maio de 2010

Dia Mundial da Criança



Espectáculo de animação O Romance da Raposa A Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill irá desenvolver durante o mês de Junho, um conjunto de actividades de promoção do livro e da leitura e de estímulo à criatividade e à imaginação dos seus utilizadores, em especial, as crianças.

Em 1950 comemorou-se pela primeira vez o Dia Mundial da Criança para reconhecer às crianças de todo o mundo, independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem nacional ou social, o direito à afeição, ao amor e à compreensão, a uma alimentação adequada, a cuidados médicos, a educação gratuita, a protecção contra a exploração e por fim, o direito a crescer num clima de Paz e Fraternidade universais.

Assim, para assinalar este dia, a Biblioteca irá convidar o grupo Pinto Pançudo, constituído por uma contadora de histórias, um músico e duas artistas plásticas, a apresentar um espectáculo de animação denominado O Romance da Raposa de Aquilino Ribeiro. Pretende-se desta forma que através da narrativa, da acção, da música e da imagem se vá ao encontro do imaginário da criança, promovendo um repertório tradicional infanto-juvenil, aplicando a experiência pedagógica e artística de cada elemento.

Aberta ao público infantil, esta actividade está agendada para o dia 1 de Junho (terça-feira), pelas 14.00H, no Cine-teatro Municipal de Constância.

Para informações, inscrições ou esclarecimentos adicionais contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill através do número de telefone 249 739 367, ou via correio electrónico para biblioteca@cm-constancia.pt. Por CMC

Ontologia do Amor




Tua carne é a graça tenra dos pomares
e abre-se teu ventre de uma a outra lua;
de teus próprios seios descem dois luares
e desse luar vestida é que ficas nua.

Ânsia de voo em asas de ficar
de ti mesma sou o mar e o fundo.
Praia dos seres, quem te viajar
só naufragando recupera o mundo.

Ritmo de céu, por quem és pergunta
de uma azul resposta que não trazes junta
vitral de carne em catedral infinda.

Ter-te amor é já rezar-te, prece
de um imenso altar onde acontece
quem no próprio corpo é céu ainda.

Vítor Matos e Sá, in 'Horizonte dos Dias'

A Verdade é Amor




A verdade é amor — escrevi um dia. Porque toda a relação com o mundo se funda na sensibilidade, como se aprendeu na infância e não mais se pôde esquecer. É esse equilíbrio interno que diz ao pintor que tal azul ou vermelho estão certos na composição de um quadro. É o mesmo equilíbrio indizível que ao filósofo impõe a verdade para a sua filosofia. Porque a filosofia é um excesso da arte. Ela acrescenta em razões ou explicações o que lhe impôs esse equilíbrio, resolvido noutros num poema, num quadro ou noutra forma de se ser artista. Assim o que exprime o nosso equilíbrio interior, gerado no impensável ou impensado de nós, é um sentimento estético, um modo de sermos em sensibilidade, antes de o sermos em. razão ou mesmo em inteligência. Porque só se entende o que se entende connosco, ou seja, como no amor, quando se está «feito um para o outro». Só entra em harmonia connosco o que o nosso equilíbrio consente. E só o consente, se o amar. Porque mesmo a verdade dos outros — a política, por exemplo — se temos improvavelmente de a reconhecer, reconhecemo-la talvez no ódio, que é a outra face do amor e se organiza ainda na sensibilidade.

Vergílio Ferreira, in "Pensar"

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Eternamente verde.


Vou plantar o planeta de verde
num mundo verde de esperança
semear para colher maduro
colher os frutos da vida
no futuro de um criança...

Verde são os anos
do amor que chega e parte
verde dos nossos enganos
dos amores simples
ingénuos
sem arte...

Mar verde
verde olhar
verde da imensidade
de um rio que corre para o mar
oceano verde da saudade...

Verde é também
o clube da minha eleição
Sporting clube de Portugal
esforço
dedicação
devoção e glória
coração de Leão...

Verde eterno
árvore da vida
em mim constante
permanente
perpétuo,infindável
minha cor preferida.

domingo, 23 de maio de 2010

Amizade .




Uma criança muito suja atira pedras a um cão. O cão
não foge. Esquiva-se e vem até junto da criança
para lhe lamber o rosto.

Há, depois, um abraço apertado, de compreensão e
de amizade. E lado a lado, com a mãozinha muito
suja no pescoço felpudo, lá vão, pela rua estreita,
em direcção ao sol.

António Salvado, in "Cicatriz"

Literatura.


Antes e depois de Coimbra,pela vida fora,livros como Igipto,cartas de Inglaterra,Ecos de París,conrespondência de Fradique Mendes,Notas contemporâneas é todo um largo e animado filme de aspectos da vida do tempo,surpreendida em sua febre de acção e pensamento renovadores.Sempre vivo nele o interesse vital da experiência humana,tanto como interessse intelectual pelas criações do espírito,tanto como o interesse pelas mais profundas asnsiedade da alma...

(Hernãni Cidade)

sábado, 22 de maio de 2010

Amor Pacífico e Fecundo .




Não quero amor
que não saiba dominar-se,
desse, como vinho espumante,
que parte o copo e se entorna,
perdido num instante.

Dá-me esse amor fresco e puro
como a tua chuva,
que abençoa a terra sequiosa,
e enche as talhas do lar.
Amor que penetre até ao centro da vida,
e dali se estenda como seiva invisível,
até aos ramos da árvore da existência,
e faça nascer
as flores e os frutos.
Dá-me esse amor
que conserva tranquilo o coração,
na plenitude da paz!

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"

A Força do Preconceito




Nós em teoria compreendemos as pessoas, mas na prática não as suportamos, pensei, na maior parte das vezes só a contragosto lidamos com elas, e tratamo-las sempre de acordo com o nosso próprio ponto de vista. Não deveríamos no entanto considerar e tratar as pessoas apenas segundo o nosso ponto de vista, mas sim considerá-las e tratá-las segundo todos os pontos de vista, pensei, lidar com elas de uma maneira que pudéssemos dizer que lidámos com elas sem o mínimo preconceito, por assim dizer, mas isso não é possível porque, na realidade, alimentamos sempre preconceitos para com toda a gente.

Thomas Bernhard, in 'O Náufrago'

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Besame mucho.

Com os votos de um bom fim de semana.



A Alvorada do Amor.




Um horror grande e mudo, um silêncio profundo
No dia do Pecado amortalhava o mundo.
E Adão, vendo fechar-se a porta do Éden, vendo
Que Eva olhava o deserto e hesitava tremendo,
Disse:

"Chega-te a mim! entra no meu amor,
E à minha carne entrega a tua carne em flor!
Preme contra o meu peito o teu seio agitado,
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado!
Abençôo o teu crime, acolho o teu desgosto,
Bebo-te, de uma em uma, as lágrimas do rosto!

Vê! tudo nos repele! a toda a criação
Sacode o mesmo horror e a mesma indignação...
A cólera de Deus torce as árvores, cresta
Como um tufão de fogo o seio da floresta,
Abre a terra em vulcões, encrespa a água dos rios;
As estrelas estão cheias de calefrios;
Ruge soturno o mar; turva-se hediondo o céu...

Vamos! que importa Deus? Desata, como um véu,
Sobre a tua nudez a cabeleira! Vamos!
Arda em chamas o chão; rasguem-te a pele os ramos;
Morda-te o corpo o sol; injuriem-te os ninhos;
Surjam feras a uivar de todos os caminhos;
E, vendo-te a sangrar das urzes através,
Se emaranhem no chão as serpes aos teus pés...
Que importa? o Amor, botão apenas entreaberto,
Ilumina o degredo e perfuma o deserto!
Amo-te! sou feliz! porque, do Éden perdido,
Levo tudo, levando o teu corpo querido!

Pode, em redor de ti, tudo se aniquilar:
- Tudo renascerá cantando ao teu olhar,
Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,
Porque a Vida perpétua arde em tuas entranhas!
Rosas te brotarão da boca, se cantares!
Rios te correrão dos olhos, se chorares!
E se, em torno ao teu corpo encantador e nu,
Tudo morrer, que importa? A Natureza és tu,
Agora que és mulher, agora que pecaste!

Ah! bendito o momento em que me revelaste
O amor com o teu pecado, e a vida com o teu crime!
Porque, livre de Deus, redimido e sublime,
Homem fico, na terra, à luz dos olhos teus,
- Terra, melhor que o céu! homem, maior que Deus!"

Olavo Bilac, in "Poesias"

Quando...


Quando o amor quer falar, a razão deve calar ...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A Sofreguidão de um Instante .




Tudo renegarei menos o afecto,
e trago um ceptro e uma coroa,
o primeiro de ferro, a segunda de urze,
para ser o rei efémero
desse amor único e breve
que se dilui em partidas
e se fragmenta em perguntas
iguais às das amantes
que a claridade atordoa e converte.
Deixa-me reinar em ti
o tempo apenas de um relâmpago
a incendiar a erva seca dos cumes.
E se tiver que montar guarda,
que seja em redor do teu sono,
num êxtase de lábios sobre a relva,
num delírio de beijos sobre o ventre,
num assombro de dedos sob a roupa.
Eu estava morto e não sabia, sabes,
que há um tempo dentro deste tempo
para renascermos com os corais
e sermos eternos na sofreguidão de um instante.

José Jorge Letria, in "Variantes do Oiro"

Engate...

Fidelidade Feminina ...




Fala-se muito da fidelidade feminina, mas raras vezes se diz o que convém. Do ponto de vista estritamente estético, ela paira como um fantasma por sobre o espírito do poeta, que vemos atravessar a cena em demanda da sua amada, que é também um fantasma preso à espera do amante - porque quando ele aparece e ela o reconhece, pronto, a estética já não tem mais que fazer. A infedilidade da mulher, que podemos relacionar directamente com a fidelidade precedente, parece relevar essencialmente da ordem moral, visto já que o cíume toca sempre os aspectos de paixão trágica.
Há três casos em que o exame é favorável à mulher: dois mostram a fidelidade, e um a infedilidade. A fidelidade feminina será enorme, excederá tudo quanto a gente possa pensar, enquanto a mulher não tiver a certeza de ser verdadeiramente amada: será muito grande, ainda que nos pareça incompreensível, quando o amante lhe perdoar; no terceiro caso temos a infedilidade.

Soren Kierkegaard, in 'O Banquete' (Discurso de Constantino)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Saudade Só




Hoje vieste ver-me
a troco de um pensamento
que não se esconde
na ressonância adormecida
num olimpo.

Vieste e trazias
um ramo de palavras cintilantes,
flores que pacientemente
escorrem entre o alfa e o omega
como um perfume de tempo.

Hoje a tua visita
apareceu à janela do tempo
que a paisagem do nosso olhar
incendeia num vespertino silêncio.

De corpo cansado
das pedras que colhi
na paisagem transparente erguida
adormeci na pausa
tão perfeitamente adormecida
do nosso paraíso
que tarda a acontecer.

Hoje vieste ver-me
E, sem ter de tocar
no mármore da paixão,
contigo fui devagar
ver o tempo passado para nele escrever
o tempo do amor
voz da nossa idade
que nossos olhos cantam
no canto do nosso olhar.

Carlos Melo Santos, in "Lavra de Amor"

Felicidade Perene e Felicidade Duradoura




Por entre as vicissitudes de uma longa vida, reparei que as épocas das mais doces delícias e dos prazeres mais vivos não são aqueles cuja lembrança mais me atrai e mais me toca. Esses curtos momentos de delíriro e paixão, por mais vivos que possam ter sido, não são, no entanto, e até pela sua própria intensidade, senão pontos bem afastados uns dos outros na linha da minha vida. Foram demasiados raros e demasiado rápidos para constituírem um estado, e a felicidade de que o meu coração sente saudades não é constituída por instantes fugidios, é antes um estado simples e permanente que em si mesmo não tem vivacidade, mas cuja duração aumenta o seu encanto ao ponto de nele encontrar finalmente a felicidade suprema.

Na terra, tudo vive num fluxo contínuo. Nada conserva uma forma constante e segura, e as nossas afeições, que se prendem às coisas exteriores, passam e, como elas, mudam. Sempre à nossa frente ou atrás de nós, elas lembram o passado que já não existe, ou prevêem o futuro que muitas vezes não será: não existe nada de sólido a que o coração possa prender-se. É por isso que, na terra, só existe prazer passageiro; duvido que se conheça felicidade que dure. Nos nossos prazeres mais vivos, quase não existe um instante em que o coração possa verdadeiramente dizer-nos: Queria que este instante durasse para sempre; e como poderá chamar-se felicidade a um estado fugidio que nos deixa o coração inquieto e vazio, que nos faz ter saudades de algo que passou, ou desejar alguma coisa no futuro?

Jean-Jacques Rousseau, in 'Os Devaneios do Caminhante Solitário'