Como o sangue, corremos dentro dos corpos no momento em que abismos os puxam e devoram. Atravessamos cada ramo das árvores interiores que crescem do peito e se estendem pelos braços, pelas pernas, pelos olhares. As raízes agarram-se ao coração e nós cobrimos cada dedo fino dessas raízes que se fecham e apertam e esmagam essa pedra de fogo.
Como sangue, somos lágrimas. Como sangue, existimos dentro dos gestos. As palavras são, tantas vezes, feitas daquilo que significamos. E somos o vento, os caminhos do vento sobre os rostos. O vento dentro da escuridão como o único objecto que pode ser tocado. Debaixo da pele, envolvemos as memórias, as ideias, a esperança e o desencanto.
José Luís Peixoto, in 'Antídoto'
5 comentários:
Lindo este texto do Luís Peixoto.
Bjs
Palavras mágicas! Gostei muito do texto do J.L.Peixoto.
Bonita analogia.
abraço
Sandra
http://projetandopessoas.blogspot.com.br//
Realmente, a força da vida!
Abraço, Célia.
E assim seguimos com esse... Antídoto.
Abraços Manu.
Enviar um comentário