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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Exposição de Ricardo Escada no Posto de Turismo de Constância.



It’s Interaction by R. Escada é o título da exposição que vai estar patente ao público no Posto de Turismo de Constância, de 7 a 28 de Fevereiro, um evento cuja inauguração terá lugar no próximo sábado, às 15.15 horas.

O autor, Ricardo Escada, é um jovem de Constância que conta no seu curriculum com muita formação e experiência ao nível das artes audiovisuais, onde se integram múltiplos trabalhos de fotografia, cinema e vídeo.

Ainda no campo das artes há também a destacar a presença de Ricardo Escada no mundo do cinema e da televisão, com participações no filme Le Barbier de Sibérie, de Nikita Mikhalkov e nalgumas séries televisivas.

It’s Interaction by R. Escada é o último trabalho de Ricardo Escada, no qual o autor apresenta um conjunto de imagens criadas através de um telefone de câmara com 2megapixel.

A exposição poderá ser visitada no horário de funcionamento do Posto de Turismo:
Dias úteis 9.30H-13.00H/14.00H-17.30H;
Sábados, domingos e feriados: 14.30H-18.00h.

Por CMC

Nua.






Nua
como Eva.
A cabeleira
beija-lhe o rosto oval e flutua;
o corpo
é água de torrente...

Eva adolescente,
com reflexos de lua
e tons de aurora...!

Roseira que enflora...!

Desflorada por tanta gente...



Teu corpo,
mal o toquei...

Só te abracei
de leve...

Foi todo neve
o sonho que alonguei...

Asas em voo,
quem, um dia, as teve?

Os sonhos que eu sonhei!


Jeito de ave
e criança,
suave
como a dança
do ramo de árvore
que o vento beija e balança!

Nave
de sonho
no temporal medonho
silvando agoiro!

Quem destrançou os teus cabelos de oiro?



Corpo fino,
delicado,
sereno, sem desejos...

Tão macio,
tão modelado...

Beijos... Beijos... Beijos...



No meu sono
ela flutua
a cada passo...

Nua,
riscando o espaço
numa névoa de outono...

Apenas nos cabelos
um azulado laço...

E assim enlaço
a imagem sua...

Saúl Dias, in "Sangue"

Pensamentos.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Escrever é esquecer.


A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

Fernando Pessoa

Poeta Só .




Prende-me tua pele
ao perfume dos teus seios
e sinto que o mundo em mim se fechou.

Jardins de vida me trazes,
odor de brilho aberto,
em voo de gaivota
rente ao mar.

Esse fulvo encontro
me encanta à noite
se à janela
procuro o entrelaçado
da tua memória.

Ouço a noite
no céu estelar
cantar a nossa solidão:
o meu coração perdido
em teu olhar,
e o odor da tua pele
por mim espera
para que em ti se levante.

Carlos Melo Santos, in "Lavra de Amor"

Prende-me tua pele
ao perfume dos teus seios
e sinto que o mundo em mim se fechou.

Jardins de vida me trazes,
odor de brilho aberto,
em voo de gaivota
rente ao mar.

Esse fulvo encontro
me encanta à noite
se à janela
procuro o entrelaçado
da tua memória.

Ouço a noite
no céu estelar
cantar a nossa solidão:
o meu coração perdido
em teu olhar,
e o odor da tua pele
por mim espera
para que em ti se levante.

Carlos Melo Santos, in "Lavra de Amor"

Literatura.


As vidas de el-rei D. Sebastião e Miguel Leitão de Andrada entrelaçam-se desde o nascimento até ao desastre de Alcácer-Quibir.
O rei-menino, corajoso mas ingénuo, e o leal fidalgote de Pedrógão Grande, reconhecido na região como vidente e protegido de Nossa Senhora da Luz, vêem-se implicados numa secreta e perigosa intriga de espionagem, com contornos sexuais.
O rei mais desejado de toda a nossa história é, apesar de todas as esperanças da nação, um órfão falto de afectos, criado e educado por velhos, como a avó sedenta de poder e o tio cardeal, ambicioso e fraco. Caprichoso e insolente, D. Sebastião cresce atormentado pelos seus traumas e complexos de adolescente, sublimados nos sonhos de glória de mancebo visionário, senhor de um poder absoluto que o arrasta ao desastre, profetizado pelas dolorosas visőes de Miguel Leitão de Andrada.

Este romance fascinante foi construído a partir de uma rigorosa investigação de fontes históricas documentais - portuguesas, espanholas, italianas, francesas e holandesas - e condimentado pela exuberante imaginação de Deana Barroqueiro.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Leis.


Só existe uma lei no amor; tornar feliz a quem se ama.

Mania de explicação.





Era uma menina que gostava de inventar uma explicação para cada coisa.

Explicação é uma frase que se acha mais importante do que a palavra.
As pessoas até se irritavam, irritação é um alarme de carro que dispara bem no meio de seu peito, com aquela menina explicando o tempo todo o que a população inteira já sabia. Quando ela se dava conta, todo mundo tinha ido embora. Então ela ficava lá, explicando, sozinha.
Solidão é uma ilha com saudade de barco.
Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança pra acontecer de novo e não consegue.
Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.
Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer "eu deixo" é pouco.
Pouco é menos da metade.
Muito é quando os dedos da mão não são suficientes.
Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro de sua cabeça.
Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.
Agonia é quando o maestro de você se perde completamente. Preocupação é uma cola que não deixa o que não aconteceu ainda sair de seu pensamento.
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.
Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.
Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.
Renúncia é um não que não queria ser ele.
Sucesso é quando você faz o que sempre fez só que todo mundo percebe.
Vaidade é um espelho onisciente, onipotente e onipresente. Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.
Orgulho é uma guarita entre você e o da frente.
Ansiedade é quando faltam cinco minutos sempre para o que quer que seja.
Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada especialmente.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.
Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.
Alegria é um bloco de Carnaval que não liga se não é fevereiro.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.
Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.
Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia.
Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.
Perdão é quando o Natal acontece em maio, por exemplo.
Desculpa é uma frase que pretende ser um beijo.
Excitação é quando os beijos estão desatinados pra sair de sua boca depressa.
Desatino é um desataque de prudência.
Prudência é um buraco de fechadura na porta do tempo.
Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.
Emoção é um tango que ainda não foi feito.
Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Desejo é uma boca com sede.
Paixão é quando apesar da placa "perigo" o desejo vai e entra.
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. Não. Amor é um exagero... Também não. É um desadoro... Uma batelada? Um enxame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego? Talvez porque não tivesse sentido, talvez porque não houvesse explicação, esse negócio de amor ela não sabia explicar, a menina.

Adriana Falcão

O Testamento dos Namorados .




Escolhamos as coisas mais inúteis
o verde água o rumor das frutas
e partamos como quem sai
ao domingo naturalmente.

Deixemos entretanto o sinal
de ter existido carnalmente:
da tua força um castiçal
da minha fragilidade um pente.

Esse hieróglifo essa lousa
deixemos para que uma criança
a encontre como quem ousa
um novo passo de dança.

Natália Correia, in "O Vinho e a Lira

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Tango.



Nascido nos bairros mais pobres da Argentina, o Tango é hoje uma das danças mais populares, desejadas e aplaudidas em pistas de todo o mundo. O seu ritmo energético, movimentos rápidos e concisos, posturas sensuais e perfeitas, são simplesmente magnetizantes.

Assim é o tango:
Intenso. Dramático. Sensual.

Olhos nos teus olhos.

recados orkut





"Já não se encontrarão os meus olhos nos teus olhos. Já não se adoçará junto a ti a minha dor, mas por onde for levarei o teu olhar e para onde fores levarás a minha dor." (Guimarães Rosa)

Ternura .




Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"

sábado, 31 de janeiro de 2009

Vai á luta...

Rosto .




Como se um mar de folhas
descobrisse o teu corpo
ouço-te a vida devolvida
à minha vida

Deitas-te assim na dobra estreita
da minha vida não fictícia

Tu és o rosto inexorável
diante de que
o
meu rosto vive
o olhar, a boca, os lábios ácidos
em que os meus, áridos, se extinguem

Gastão Cruz, in "Campânula"

Pensamento.


Não te deixes dominar pela tristeza e nem te aflijas com os teus pensamentos. Ilude as tuas inquietações, consola o teu coração, afasta para longe a tristeza: porque a tristeza não tem utilidade alguma.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Íliada de Homero.

2008-Vila Poema



Mercado da cultura.

Retrato de Amigo .




Por ti falo. E ninguém sabe. Mas eu digo
meu irmão minha amêndoa meu amigo
meu tropel de ternura minha casa
meu jardim de carência minha asa.

Por ti morro e ninguém pensa. Mas eu sigo
um caminho de nardos empestados
uma intensa e terrífica ternura
rodeado de cardos por muitíssimos lados.

Meu perfume de tudo minha essência
meu lume minha lava meu labéu
como é possível não chegar ao cume
de tão lavado céu?

Ary dos Santos, in 'Fotosgrafias'

Amizade .




Uma criança muito suja atira pedras a um cão. O cão
não foge. Esquiva-se e vem até junto da criança
para lhe lamber o rosto.

Há, depois, um abraço apertado, de compreensão e
de amizade. E lado a lado, com a mãozinha muito
suja no pescoço felpudo, lá vão, pela rua estreita,
em direcção ao sol.

António Salvado, in "Cicatriz"

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Festas do Concelho já mexem em Constância



A Câmara Municipal, a Paróquia, os moradores, as escolas, o comércio e as diferentes instituições do concelho de Constância estão já a preparar a Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem/ Festas do Concelho’ 2009, um acontecimento que decorrerá nos próximos dias 11, 12 e 13 de Abril.

O XXII Grande Prémio da Páscoa em Atletismo, a XXIV Descida dos 3 Castelos, entre outras actividades desportivas, a Mostra de Artesanato, exposições, música, ruas floridas, tasquinhas, gastronomia, doçaria e muita animação são as diversas vertentes que constituem a iniciativa.

Ponto alto do evento serão as cerimónias religiosas que têm lugar no dia do Concelho, Segunda-feira de Páscoa, das quais se destacam a Missa Solene, a Procissão em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem e as Bênçãos dos Barcos nos rios Tejo e Zêzere e das viaturas na Praça Alexandre Herculano.

À semelhança dos anos anteriores, a iniciativa integrará também um programa de actividades descentralizadas, a realizar nas freguesias de Montalvo e Santa Margarida da Coutada.

Por CMC

Até amanhã.


Até Amanhã

Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"