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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O Meu Sonho Habitual .




Tenho às vezes um sonho estranho e penetrante
Com uma desconhecida, que amo e que me ama
E que, de cada vez, nunca é bem a mesma
Nem é bem qualquer outra, e me ama e compreende.

Porque me entende, e o meu coração, transparente
Só pra ela, ah!, deixa de ser um problema
Só pra ela, e os suores da minha testa pálida,
Só ela, quando chora, sabe refrescá-los.

Será morena, loira ou ruiva? — Ainda ignoro.
O seu nome? Recordo que é suave e sonoro
Como esses dos amantes que a vida exilou.

O olhar é semelhante ao olhar das estátuas
E quanto à voz, distante e calma e grave, guarda
Inflexões de outras vozes que o tempo calou.

Paul Verlaine.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ausência.


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

À Noite, no Museu


À Noite, no Museu 2 -
Dá início à nova época de cinema em Constância

Sábado – 19 de Setembro – 21.30H

Depois do habitual período de encerramento nos meses de Julho e Agosto, a Câmara Municipal de Constância prepara já a nova época de cinema, que terá o seu arranque no próximo sábado, dia 19 de Setembro.

Assim, nesse dia, pelas 21h30, será exibido o filme À Noite, no Museu 2, uma divertida comédia para toda a família; dia 20, pelas 15h00 e na habitual sessão infantil,será a vez de A Idade do Gelo 3: Despertar dos Dinossauros, um delicioso filme deanimação para miúdos e graúdos; e no dia 26, pelas 21h30, Harry Potter e o Príncipe Misterioso, mais uma aventura do mais jovem talentoso feiticeiro de todos os tempos.

Desde o início das sessões regulares de cinema, em 1 de Abril de 1995, o Cine-Teatro Municipal recebeu 640 exibições de cinema, registando uma afluência de mais de34.000 espectadores, distribuídos por sessões semanais, ciclos temáticos, sessões para as escolas, terceira idade, feira do livro, etc. O Cine-Teatro Municipal de Constância tem uma capacidade para 134 espectadores, estando equipado com modernas condições de conforto e segurança. Os bilhetes podem ser reservados nos dias úteis, das 10h00-12h30 e 14h00-17h00 na Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill ou pelo telefone 249739367, ou adquiridos na própria bilheteira do Cine-Teatro, aberta uma hora antes do início das sessões.

A programação pode ser consultada em www.cm-constancia.pt.
Por CMC

O tempo




A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Mário Quintana

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Tempo de mudança.


Só nos esquecemos do tempo quando o utilizamos ...
Tenho tanto que fazer que não sei para onde me virar.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Conversação


O tipo de bem-estar proporcionado por uma conversação animada não consiste propriamente no assunto da conversação; nem as idéias nem os conhecimentos que ali podem ser desenvolvidos são o seu principal interesse. Importa uma certa maneira de agir uns sobre os outros, de ter um prazer recíproco e rápido, de falar tão logo se pense, de comprazer-se imediatamente consigo mesmo, de ser aplaudido sem esforço, de manifestar o seu espírito em todas as nuances pela entoação, pelo gesto, pelo olhar, enfim, de produzir à vontade como que uma espécie de electricidade que solta faíscas, aliviando uns do próprio excesso da sua vivacidade e despertando outros de uma apatia dolorosa. (...) Bacon disse que "a conversação não era um caminho que conduzia à casa, mas uma vereda por onde se passeava prazerosamente ao acaso".

De Stael

Conserto a Palavra .




Conserto a palavra com todos os sentidos em silêncio
Restauro-a
Dou-lhe um som para que ela fale por dentro
Ilumino-a

Ela é um candeeiro sobre a minha mesa
Reunida numa forma comparada à lâmpada
A um zumbido calado momentaneamente em exame

Ela não se come como as palavras inteiras
Mas devora-se a si mesma e restauro-a
A partir do vómito
Volto devagar a colocá-la na fome

Perco-a e recupero-a como o tempo da tristeza
Como um homem nadando para trás
E sou uma energia para ela

E ilumino-a

Daniel Faria.

Literatura.


Vasco Lourenço do Interior da Revolução é um trabalho elaborado a partir de uma longa entrevista realizada, entre 1992 e 1995 para o Projecto de História Oral do Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, o qual visa a recolha, preservação e divulgação de testemunhos directos da Revolução de 1974 e seu processo subsequente.

Contando já com centenas de horas de gravação e dezenas de entrevistados, o Espolio Oral do Centro de Documentação 25 de Abril constitui-se como fonte única de informação inédita sobre o processo político-militar de 1974 a 1976, contribuindo para a construção de uma memória diversificada e até conflitual, mas justamente por isso mais próxima do real vivido.

A oportunidade e o interesse desta obra decorrem não só do incontestável protagonismo de Vasco Lourenço nesse período da nossa história recente, mas também do impressionante conjunto de dados, acontecimentos e personagens com que enriqueceu o acervo de História Oral do Centro de Documentação 25 de Abril, e entendeu colocar ao dispor quer dos estudiosos, quer de um público mais alargado e diversificado. Na natureza de que um só diálogo e cruzamento de percursos e vivências também diferentes se vai fazendo história.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Afeições.


O que as grandes e puras afeições têm de bom é que depois da felicidade de as ter sentido, resta ainda a felicidade de recordá-las .

Sonetos do Regresso .





Volto contigo à terra da ilusão,
mas o lar de meus pais levou-o o vento
e se levou a pedra dos umbrais
o resto é esquecimento:
procurar o amor neste deserto
onde tudo me ensina a viver só
e a água do teu nome se desfaz
em sílabas de pó
é procurar a morte apenas,
o perfume daquelas
longínquas açucenas
abertas sobre o mundo como estrelas:
despenhar no meu sono de criança
inutilmente a chuva da lembrança.


Acordar, acender
o rápido lampejo
na água escusa onde rola submersa
como o lodo no Tejo
a vida informe, peso dúbio
desse cardume denso ou leve
que nasce em mim para morrer
no mar da noite breve;
dormir o pobre sono
dos barbitúricos piedosos
e acordar, acender
os tojos caudalosos
nesta areia lunar
ou, charcos, nunca mais voltar.

Carlos de Oliveira.

Sociedade.


Constância, é o 6º melhor concelho para viver em Portugal
Foi recentemente publicado um estudo do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social da Universidade da Beira Interior (UBI), que concluiu que Constância é o 6º melhor concelho para se viver em Portugal.

Este estudo teve como principal objectivo aferir o nível de desenvolvimento económico e social ou de bem-estar ou qualidade de vida de cada um dos 278 concelhos do continente.

As variáveis consideradas para a avaliação de cada concelho foram as seguintes: equipamentos de comunicação, culturais, de saúde, educativos e infra-estruturas básicas referentes às suas condições materiais. No que concerne às condições sociais foram avaliadas a cultura e lazer, população, segurança e ambiente. Por último, as condições económicas visaram medir o seu dinamismo económico, mercado de habitação, de trabalho e rendimento/consumo.

Ao analisar este estudo, facilmente compreendemos que os investimentos realizados nas áreas atrás consideradas são, sem dúvida, a pedra basilar que o executivo municipal tem vindo a utilizar na orientação das suas estratégias, de forma a rumar ao futuro proporcionando uma melhor qualidade de vida à nossa população.

Recentemente Constância recebeu o 1º prémio como o melhor município para estudar, provando que vamos no caminho certo, conseguindo estar entre os seis melhores concelhos para se viver em Portugal (Lisboa, Albufeira, Oeiras, São João da Madeira e Porto).

Estes resultados não são mais do que o reflexo de um conjunto de decisões, que em parceria e estreita colaboração com toda a comunidade, nos leva a encontrar soluções para dar resposta às necessidades que a população sente, convictos porém de que, com o mesmo planeamento e rigor, conseguiremos realizar aquilo que ainda está por fazer, de modo a que possamos afirmar que “o nosso concelho é o melhor para se viver”.
Por CMC

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mudanças.


As mudanças nunca ocorrem sem inconvenientes, até mesmo do pior para o melhor .

Procuro-te .




Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque
com a forma de um grito de alegria.

Oh, a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul
do prado e de um corpo estendido.

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.

Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando apertamos contra o peito
uma flor ávida de orvalho.

Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devassado pelas estrelas.

Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te.

Eugénio de Andrade,

Companhia...


Diz-se da melhor companhia: a sua conversa é instrutiva, o seu silêncio, formativo

domingo, 6 de setembro de 2009

Albinoni.



Boa semana.

O Amor e o Tempo .




Pela montanha alcantilada
Todos quatro em alegre companhia,
O Amor, o Tempo, a minha Amada
E eu subíamos um dia.

Da minha Amada no gentil semblante
Já se viam indícios de cansaço;
O Amor passava-nos adiante
E o Tempo acelerava o passo.

— «Amor! Amor! mais devagar!
Não corras tanto assim, que tão ligeira
Não pode com certeza caminhar
A minha doce companheira!»

Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
Abrem as asas trémulas ao vento...
— «Porque voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?» — Nesse momento,

Volta-se o Amor e diz com azedume:
— «Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
De fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!

António Feijó

O Amor Sugado .




O amor, enquanto afeição humana, é o amor que deseja o bem, possui uma disposição amigável, promove a felicidade dos demais e alegra-se com ela. Mas é patente que aqueles que possuem uma inclinação meramente sexual não amam a pessoa por nenhum dos motivos ligados à verdadeira afeição e não se preocupam com a sua felicidade, mas podem até mesmo levá-la à maior infelicidade simplesmente visando satisfazer a sua própria inclinação e apetite. O amor sexual faz da pessoa amada um objecto do apetite; tão logo foi possuída e o apetite saciado, ela é descartada «tal como um limão sugado».

Emmanuel Kant, in 'Lições de Ética'

sábado, 5 de setembro de 2009

Intimidade .




Que ninguém hoje me diga nada.
Que ninguém venha abrir a minha mágoa,
esta dor sem nome
que eu desconheço donde vem
e o que me diz.
É mágoa.
Talvez seja um começo de amor.
Talvez, de novo, a dor e a euforia de ter vindo ao
[mundo.
Pode ser tudo isso, ou nada disso.
Mas não o afirmo.
As palavras viriam revelar-me tudo.
E eu prefiro esta angústia de não saber de quê.

Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"

Casa.


Casa: um edifício oco, construído para ser habitado pelo homem, pela ratazana, pelo rato, pelo escaravelho, pela barata, pela mosca, pelo mosquito, pela pulga, pelo bacilo e pelo micróbio .


Chiça,mudar de casa é uma chatice...

Transformar.


Sei que o poema é qualquer coisa que nos transforma. O poeta sonha sempre transformar o homem, mudar a vida .

Eugénio de Andrade.