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sábado, 24 de abril de 2010

Liberdade .




— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga, in 'Diário XII'

6 comentários:

Unknown disse...

Será que devo considerar-te um paladino dos grandes poemas, sobretudo forte e contudente.
Beleza

SILÊNCIO CULPADO disse...

Manuel

Que belissíma escolha esta de Miguel Torga. Lindo e contundente quanto baste.

Um abraço apertado e... bom 25 de Abril!

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido amigo
Boa escolha de um belo poema.

Deixo um beijinho.

Sonhadora

angela disse...

Isso é algo que ninguém pode nos dar.
beijos

Denise disse...

Nosso espírito é livre...amém!

Bom domingo, Manuel!
Bjos

Viviana disse...

Olá Manuel

Torga!

Sabe que é desde há muito o meu poeta predileto?

De vez em quando estou a publicar os seus poemas no meu cantinho.

Identifico-me muito com ele.

Ele faz-me lembrar o meu pai.

Um abraço

viviana