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domingo, 18 de julho de 2010

A Fonte do Interesse




E de vez em quando é assim: vivo numa suspensão de tudo, de interesses, de leituras, de escrita. Possivelmente é um erro supor-se que um interesse, seja qual for, reside nisso mesmo em que se está interessado. Não está. Um interesse remete sempre para outro e outro, até ao interesse final que tem que ver com a própria vida, o motivo global que nos impulsiona. Há pelo menos que haver uma razão final e genérica para que as razões circunstanciais ou ocasionais tenham um efeito propulsor. Há que termos essa razão, mesmo inconsciente, para que todas as outras actuem em nós. E o que não acontece quando por exemplo dizemos que estamos sem interesse. Não nos apetece ler, não nos apetece escrever, não nos apetece ir ao cinema, ouvir música etc, quando falta uma razão global em que isso se inscreva. E então dizemos sumariamente isso mesmo: que não nos apetece. Se temos um grande desgosto, se estamos condenados por uma doença etc. justifica-se o desinteresse por essa razão. Significa isso que essa razão é o fundamento global que nos falhou para qualquer outro interesse subsistir. Os que superam esse estado são excepcionais, ou loucos ou de força de vontade ou obsessivos, o que tudo é um modo de dizer que se está fora dos limites normais. Hoje estou em dia de suspensão - venho-o estando, aliás, há já dias. Só não sei a razão fundamental para que seja assim. Vou pensar aplicadamente, a ver se sei.

Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 5'

3 comentários:

Manuela Freitas disse...

Será que Vergílio Ferreira, chegou a alguma conclusão? Que lhe parece amigo Manuel?

Unknown disse...

Penso que díficilemte lá chegou querida Manú.
Permanecemos sempre na incerteza e chegamos sempre ao fim sem saber com o que podemos contar.

beijinho.

angela disse...

Acontece assim e não creio que seja possível saber o porque. Como vem, vai. Tem vezes que entendemos as razões, mas na maioria não.
beijos