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sábado, 14 de novembro de 2009

Todos Nós...


Todos Nós Hoje Nos Desabituamos do Trabalho de Verificar .

Todos nós hoje nos desabituamos, ou antes nos desembaraçamos alegremente, do penoso trabalho de verificar. É com impressões fluídas que formamos as nossas maciças conclusões. Para julgar em Política o facto mais complexo, largamente nos contentamos com um boato, mal escutado a uma esquina, numa manhã de vento. Para apreciar em Literatura o livro mais profundo, atulhado de ideias novas, que o amor de extensos anos fortemente encadeou—apenas nos basta folhear aqui e além uma página, através do fumo escurecedor do charuto. Principalmente para condenar, a nossa ligeireza é fulminante. Com que soberana facilidade declaramos—«Este é uma besta! Aquele é um maroto!» Para proclamar—«É um génio!» ou «É um santo!» of erecemos uma resistência mais considerada. Mas ainda assim, quando uma boa digestão ou a macia luz dum céu de Maio nos inclinam à benevolência, também concedemos bizarramente, e só com lançar um olhar distraído sobre o eleito, a coroa ou a auréola, e aí empurramos para a popularidade um maganão enfeitado de louros ou nimbado de raios. Assim passamos o nosso bendito dia a estampar rótulos definitivos no dorso dos homens e das coisas. Não há acção individual ou colectiva, personalidade ou obra humana, sobre que não estejamos prontos a promulgar rotundamente uma opinião bojuda E a opinião tem sempre, e apenas, por base aquele pequenino lado do facto, do homem, da obra, que perpassou num relance ante os nossos olhos escorregadios e fortuitos. Por um gesto julgamos um carácter: por um carácter avaliamos um povo.

Eça de Queirós, in 'A Correspondência de Fradique Mendes'

3 comentários:

AFRICA EM POESIA disse...

Manuel
Meu amigo
é apenas---Poesia
um beijo

XTA-FEIRA TREZE...


Hoje, dia de sorte...
Para muita gente...
Para outra gente...
É mesmo azar de verdade...
Os dias são assim... bons e maus...
Mas hoje o dia é diferente...
Sexta-feira treze...
Dia marcado pela crença...
Para mim... um igual aos outros.
E só para contrariar eu...
Tento que seja um dia bonito...
Espero que neste dia...
A sorte apareça...
A felicidade sorria...
... E o chapéu mesmo assim não fique na cama...
... E muito menos na mesa...
... A escada é escondida...
... As pernas não ficam cruzadas...
... As tesouras ficam fechadas...
... Os sapatos virados ao contrário...
... O gato preto que não apareça...
Tanta coisa...
Tanta crendice...
Que sustenta...
A tradição...
E eu continuo a gostar sempre de todas as sextas-feiras...
Pois é mesmo o dia preferido...
É... fim de semana...



Lili Laranjo

Silvia disse...

Ah, quando comecei a ler pensei logo em Eca. Tenho-me lembrado muito dele ultimamente. Razao ele tem... As palavras sao vas. Mas os gestos sao uma imensidao!

angela disse...

Ele é sempre atual!
beijos