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quarta-feira, 28 de maio de 2008

Grandes idéias.

Qualquer coisa de asseado.

Tigeladas.


Receitas da nossa região








Ingredientes
Quantidade
Ovos
12

Leite
1 litro

Açúcar
750 g

Farinha
12 colheres

Limão (casca apenas)
1

Canela
1 pau

Sal
uma pitada








Ø Batem-se os ingredientes (menos o leite) com uma colher de pau durante 5 a 10 minutos, depois junta-se o leite e bate-se novamente.



Ø O segredo da feitura das tigeladas está no forno. Deverá estar bastante quente. Deixar aquecer durante 1 hora ou 1 hora e meia. Metem-se as tigeladas dentro do forno para aquecerem e quando estiverem quentes deita-se a massa, sem as retirar do forno.



Ø Quando estiverem douradas devem retirar-se as tigeladas e com uma faca de ponta redonda retira-se a tigelada.

Distrito de Santarém.


Maior número de mortes na estrada é “vergonhoso” para Santarém



Em 2007 o distrito de Santarém foi o que registou maior número de vítimas mortais nas estradas nacionais, um total de 68 mortos, mais 17 que no ano anterior, embora os dois últimos meses do ano tenham revelado já uma inversão relativamente ao mesmo período de 2006. De acordo com os dados estatísticos das forças de segurança (PSP e GNR) registaram-se no mesmo período 248 feridos graves (225 em 2006) e 2.571 ligeiros (2.502 em 2006).

Dados que o Governador Civil Santarém apelidou na segunda-feira como “vergonhosos”, afirmando ser necessário intervir de forma ainda mais clara para combater estes números. “Embora os números até 15 de Maio deste ano indiquem uma redução de oito mortos em comparação com 2007, o resultado não é satisfatório”, disse Paulo Fonseca.

Afirmando que a responsabilidade da sinistralidade é de todos os cidadãos, enquanto elemento activo do tráfego rodoviário, o governador admitiu no entanto haver “um conjunto de problemas” que precisam de ser corrigidos nas estradas nacionais, elogiando no entanto o trabalho efectuado pela Direcção de Estradas de Santarém na resolução dos pontos negros das vias da região e o das forças de segurança na área da fiscalização.

Fonte:O Mirante online.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Espelho de água.


Desenho corações
no espelho de āgua das minhas lágrimas

desta saudade de ti,

o teu perfume,
ficou no meu corpo despido e só
sem o teu abraço,

tento reconstruir o nosso amor,

com o resto que sobra da minha dignidade,

porque sem o teu sorriso, tudo e cinzento e silêncio.

Se no fim de tudo

Estas palavras ainda te soarem a perdão,

Posso enfim deitar a minha alma

No doce leito do teu olhar.


(apoesia.net)

Grandes idéias.

Curriculuns...

O senhor não tem idade nem curriculum!



Há cada uma, neste País de «gentinha sui generis»

Viva o nosso PM que tem coragem para dizer as maiores barbaridades!!!


Não tá mal, não senhora!

O Primeiro-ministro José Sócrates num momento de alucinação dirigindo-se a Francisco Louçã disse: " Você não tem idade nem curriculum ...".

Uma boa piada, diz o jornalista do Portugal Diário!

Eu fui à Internet verificar o curriculum e não resisto a publicar:

Actividade política:

*Louçã, nasceu em 12 de Novembro de 1956. Participou na luta contra a Ditadura e a Guerra no movimento estudantil dos anos setenta, foi preso em Dezembro de 1972 com apenas 16 anos e libertado de Caxias sob caução, aderindo à LCI/PSR em 1972 e em 1999 fundou o Bloco de Esquerda. Foi eleito deputado em 1999 e reeleito em 2002 e 2005. É membro das comissões de economia e finanças e antes comissão de liberdades, direitos e garantias. Foi candidato presidencial em 2006.

Actividades académicas:

Frequentou a escola em Lisboa no Liceu Padre António Vieira (prémio Sagres para os melhores alunos do país), o Instituto Superior de Economia (prémio Banco de Portugal para o melhor aluno de economia), onde ainda fez o mestrado (prémio JNICT para o melhor aluno) e onde concluiu o doutoramento em 1996.

Em 1999 fez as provas de agregação (aprovação por unanimidade) e em 2004 venceu o concurso para Professor Associado, ainda por unanimidade do júri. É professor no ISEG (Universidade Técnica de Lisboa), onde tem continuado a dar aulas e onde preside a um dos centros de investigação científica (Unidade de Estudos sobre a Complexidade na Economia).

Recebeu em 1999 o prémio da History of Economics Association para o melhor artigo publicado em revista científica internacional. É membro da American Association of Economists e de outras associações internacionais, tendo tido posições de direcção em algumas; membro do conselho editorial de revistas científicas em Inglaterra, Brasil e Portugal; "referee" para algumas das principais revistas científicas internacionais (American Economic Review, Economic Journal, Journal of Economic Literature, Cambridge Journal of Economics, Metroeconomica, History of Political Economy, Journal of Evolutionary Economics, etc.).

Foi professor visitante na Universidade de Utrecht e apresentou conferências nos EUA, Inglaterra, França, Itália, Grécia, Brasil, Venezuela, Noruega, Alemanha, Suíça, Polónia, Holanda, Dinamarca, Espanha.

Publicou artigos em revistas internacionais de referência em economia e física teórica e é um dos economistas portugueses com mais livros e artigos publicados (traduções em inglês, francês, alemão, italiano, russo, turco, espanhol, japonês).

Em 2005, foi convidado pelo Banco Mundial para participar com quatro outros economistas, incluindo um Prémio Nobel, numa conferência científica em Pequim, foi desconvidado por pressão directa do governo chinês alegando razões políticas.

Terminou em Agosto um livro sobre "The Years of High Econometrics" que será publicado brevemente nos EUA e em Inglaterra.

Obras publicadas:

Ensaios políticos

Ensaio para uma Revolução (1984, Edição CM)

Herança Tricolor (1989, Edição Cotovia)

A Maldição de Midas – A Cultura do Capitalismo Tardio (1994, Edição Cotovia)

A Guerra Infinita, com Jorge Costa (Edições Afrontamento, 2003)

A Globalização Armada – As Aventuras de George W. Bush na Babilónia, com Jorge Costa (Edições Afrontamento, 2004)

Ensaio Geral – Passado e Futuro do 25 de Abril, co-editor com Fernando Rosas (Edições D. Quixote, 2004)

Livros de Economia

Turbulence in Economics (edição Edward Elgar, Inglaterra e EUA, 1997), traduzido como Turbulência na Economia (edição Afrontamento, 1997)

The Foundations of Long Wave Theory, com Jan Reinjders, da Universidade de Utrecht (edição Elgar, 1999), dois volumes

Perspectives on Complexity in Economics, editor, 1999 (Lisboa: UECE-ISEG)

Is Economics an Evolutionary Science?, com Mark Perlman, Universidade de Pittsburgh (edição Elgar, 2000)

Coisas da Mecânica Misteriosa (Afrontamento, 1999)

Introdução à Macroeconomia, com João Ferreira do Amaral, G. Caetano, S. Santos, Mº C. Ferreira, E. Fontainha (Escolar Editora, 2002)

As Time Goes By, com Chris Freeman (2001 e 2002, Oxford University Press, Inglaterra e EUA); já traduzido para português (Ciclos e Crises no Capitalismo Global - Das revoluções industriais à revolução da informação, edições Afrontamento, 2004) e chinês (Edições Universitárias de Pequim, 2005)

* Fonte Wikipédia

Sobre sócrates, sabe-se que é engenheiro civil tirado na Universidade Independente, ainda sob suspeita de ilegalidades. Que assinava como Engenheiro quando era Engenheiro-Técnico. Que elaborou ou pelo menos assinou uns projectos de habitação caricatos. Que a sua actividade política se deu com o 25 de Abril na JSD/PSD e depois no PS como deputado e como governante. Do seu curriculum sabe-se ainda (embora ele o desconhecesse) que teve uma incursão fugaz como empresário-sócio de uma empresa de venda de combustíveis.

Quanto a curriculuns estamos conversados!

Quanto à idade devem ter diferença de meses...


Comparar o currículo de Sócrates ao de Louçã, é o mesmo que dizer que

o vinho a martelo é superior a um Cartuxa Reserva 2002 Tinto.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Poesias eternas


Sá de Miranda.


Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.
.
Com dor, da gente fugia,
Antes que esta assim crescesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.
Que meio espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?

A eternidade dos amores fugases.

Maria das Graças Targino *


Pedro Juan Gutierrez, escritor cubano, ignorado em sua terra natal e festejado em outros países, pela coragem em decantar em seus livros, muitas vezes, de forma brutal e venal, as atrocidades vividas pelo seu povo, costuma, de forma direta ou indireta, exaltar os amores fugazes. Para ele, o amor fugidio, oculto, proibido, recôndito, secreto ou interdito tem muito de magia e encantamento. São amores sem expectativas. Sem passado. Sem futuro. Nada há para lembrar. Nada há para lamentar. Nada há para esperar. Daí se enquadrarem na frase quase histórica do eterno Vinicius de Morais, ao cantar o amor: "que seja eterno enquanto dure!"

Sim, que seja eterno enquanto dure! Isto incentiva a todos nós, pobres mortais, para que vivamos intensamente cada amor, nas mil vidas que fazem a nossa própria vida. Vale viver! Viver intensamente! Viver sem medos! Sem rancores! Sem amarguras! Viver a delícia de cada momento! Mas, se as expectativas em excesso podem destruir e corroer os sentimentos humanos, porque fortalecem grilhões, algemam com dor, geram cobranças, estabelecem prazos, pedem respostas e mais respostas, a falta total de esperança também é arrasadora. Não permite a criação de laços. Não permite um viver sem sobressaltos. E não falo de um viver pautado na acomodação dos amores de caserna. Falo na tranqüilidade de que é possível esperar, confiar, amar. Amar sem temor. Amar com esperança. Amar com amor infindo! Se mesmo assim, o amor se for, o sentimento deixado é o de uma eternidade vivida, é de uma delícia saboreada que acabou, mas não deixou um travo amargo de dor e pesar. É chorar o amor perdido. É lamentar o sonho abortado. É recordar com saudade, mas sem horror, a beleza dos momentos vividos.

Caso contrário, frente ao amor fugaz, porque nós o queremos fugaz; frente ao amor fortuito e passageiro, porque nós o queremos fortuito e passageiro, quando este se vai, deixa em seu rastro e como legado uma sensação de fracasso infindo, um sentimento de dor, uma sensação de pesar, um gosto amargo de fel. E a busca continua. É preciso prosseguir. É preciso correr, quase insanamente, para viver novos amores. Mas a vida se vai e se esvai numa trajetória que não permite tréguas...

Por tudo isto, mesmo se não há certeza de um viver até que a morte nos separe, vivo, de cara limpa e alma límpida, esta história de amor que a vida me reservou. Não posso renegar um presente dos deuses. Um presente que se torna presente a cada momento, quando transformamos um amor fugaz em eterno. São os gestos infindos de carinho. A compreensão que se impõe a cada dificuldade. A cumplicidade dos olhares enamorados. A troca de beijos apaixonados. As lágrimas de saudade. A emoção incontida em cada encontro. A coragem de transpor as quase intransponíveis barreiras da possibilidade... Enfim, é, antes de tudo, a esperança sem fim de transmutar a fugacidade dos amores tardios e longínquos na eternidade dos amores intensos e verdadeiros!

Poesia 7

De Mário Sá-Carneiro.

domingo, 25 de maio de 2008

Literatura.



Leitura para a semana.

Alves Redol, representante do neo-realismo em Portugal

Orfeu-Livraria Portuguesa.


A orfeu é a sua livraria em Bruxelas.

Pretende ser um ponto de encontro para a cultura portuguesa,envolvida na ambiência da capital da Europa.
Livraria,auditório e galeria,a Orfeu quer ser um espaço para reflectir e conversar,onde a paixão pela leitura se alia a outras formas de sentir.

Se gosta de ler e não sabe onde comprar livros:

Rue du Taciturne 43 Willem Zwijgerstraat,
Bruxelles/Brussels 1000
Bélgique/België
T/F:+32(0)27350077
orfeu@skynet.be

"A infanticida."

Maria Farrar,nascida em Abril,
sem sinais particulares,
menor de idade,orfão,raquítica
ao que parece matou um menino
da maneira que se segue,
sentindo-se sem culpa.
Afirma que grávida de dois meses
na cave da casa de uma dona
tentou abortar com duas injeções
dolorosas,diz ela
mas sem resultado.
E bebeu pimenta em pó
com álcool,mas o efeito
foi apenas de purgante.
Mas vós,por favor,não deveis
vos indignar.
Toda criatura precisa da ajuda dos outros.
Seu ventre inchara,agora a olhos vistos
e ela própria,criança,ainda crescia.
E lhe veio tal tonteira no meio do ofício das matinas
e suou também de angústia aos pés do altar.
Mas conservou em segredo o estado em que se achava
até que as dores do parto lhe chegaram.
Então tinha acontecido também a ela,
assim feiosa,cair em tentação.
Mas vós, por favor,não vos indigneis.
Toda a criatura precisa da ajuda dos outros.
Naquele dia,disse,logo pela manhã,
ao lavar as escadas sentiu uma pontada
como se fossem alfinetadas na barriga.
Mas ainda consegue ocultar sua moléstia
e o dia inteirinho,estendendo paninhos,
buscava solução.
Depois lhe vem á mente que tem que dar a luz
e logo sente um aperto no coração.
Chegou a casa tarde.
Mas vós,por favor,não vos indigneis.
Toda a criatura precisa da ajuda dos outros.
Chamaram-na enquanto dormia.
Tinha caído neve e havia que varrê-la
ás onze terminou.Um dia bem comprido.
Sómente á noite pode parir em paz.
E deu á luz,pelo que disse,a um filho
mas ela não era como as outras mães.
Mas vós,por favor,não vos indigneis.
Toda a criatura precisa da ajuda dos outros.
Com as últimas forças,ela disse,prosseguindo,
dado que no seu quarto o frio era mortal,
se arrastou até a privada,ali
quando não mais se lembra,
pariu como pode quase ao amanhecer.
Narra que a esta altura estava transtornadíssima,
e meio endurecida e que o garoto,o segurava a custo
pois que nevava dentro da latrina.
Entre o quarto e a privada
e o menino prorrompeu em pratos
e isso a perturbou de tal maneira,ela disse,
que se pôs a socá-lo
ás cegas,tanto sem cessar,
até o fim da noite.
E de manhã o escondeu então no lavatório.
Mas vós, por favor, não deveis vos indignar,
toda a criatura precisa da ajuda dos outros.
Maria Farrar nascida em Abril
morta no cárcere de Moissen,
menina-mãe condenada,
quer mostrar a todos quanto somos frágeis.
Não deveis execrar os fracos e desamparados.
Por obséquio,pois ,não vos indigneis.
Toda a criatura precisa da ajuda dos outros.

(Celso Japiassu)

"Adeus."


Eugénio de Andrade.

sábado, 24 de maio de 2008

Feira do livro Lisboa.


Abriu a feira do livro em Lisboa.

Com polémica ou sem ela agora o importante é comprar-se livros e ler-se bastante.

Manifesto Anti-Dantas

Manifesto Anti-Dantas

País emerso.

Natália Correia.
Poetisa,ficcionista,autora dramática e ensaísta,Natália de Oliveira Correia nasceu na Fajã de Baixo,ilha de S.Miguel(Açores),a 13 de Setembro de 1923 e faleceu em Lisboa a 16 de Março de 1993;. Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto.
Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com paciência dos versos
espero viver dentro de mim.
Sou em azul o código de todos
(curtido couro de cicatrizes
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes.
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei.
Senhores professores que puseste
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição.
Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis.
Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além.
Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs na ordem ?
Que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem ?
Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejais meu pássaro
sem que ele cante minha defesa.
Sou um instantâneo das coisas
apanhadas em delito de paixão
a raiz quadrada da flor
que espalmais em apertos de mão.
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde posso escrever.
Ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Poesias eternas.

Dó da miséria!...Compaixão de mim..."
E,nas esquinas,calvo,eterno,sem repouso,
Pede-me sempre esmola,um homezinho idoso,
Meu velho,professor nas aulas de latim.

(Cesário Verde)

Ria,porque rir, faz bem á alma...


Manuel,de 72 anos,veste o casaco para sair de casa,Marcolina sua mulher,sentada frente á televisão,pergunta-lhe:
-Olha lá,onde pensas que vais...
Responde ele:
-Vou ao médico...
Porquê ? Tás doente ?
-Não,vou ver se ele me receita viagra,faz tempo que não dou uma para a caixa...
Ela deixa o cadeirão de baloiço,veste o casaco e prepara-se para sair.
Ele surpreso pergunta:
-E tu Marcolina,a esta hora,onde pensas que vais...
-Vou ao médico...Uma vez que pensas usar essa ferramenta cheia de ferrugem,vou me vacinar contra o tétano.

Habitação.

Nem saberia dizer onde moro exactamente
Desconfio que habito dentro dos meus dentes.
Doutras vezes,a penugem dos canários,
e era ali,naquelas sedas,penugem e cor,
que eu me mudava para as minhas mãos,
senão os gatos,o dorso,viajava neles.
E se um pássaro súbito:
não pelo avisto,pelo o ouvido porém;
(o som é que è súbito)-e outra vez me mudava,
era só ouvidos.
Para os meus olhos,
eles se esbarraram-sobre todos os horizontes
-em cima da beleza:
clamassem os dentes,
clamassem as mãos,clamassem as oiças,
a pele também clamasse-qual nada!-
haveria de engolfá-la só com os olhos
anos a fio moro neles.
Um dia morei sobre o peito de minhas mães
branca e preta,as mães,
(todas verdadeiras)
na mesma medida,agora assim
minha banda-fêmea
te regaça:
desta vez
"mulher"
sou tua "mãe".
Pousa, amor,
te esbalda na cavilha deste peito-pulso
que pulso de pulsar te estremece:
teus dentes,tua-inteira,toda-tua,
tua cara,teus cabelos,tua pele-tudo-e alma;
deixa-te cair neste infinito-agora.
Terminei de sair dos meus dentes,dos meus olhos,
das minhas oiças também saí;
habito agora apenas esta minha mão;
sou apenas esta mão:
nenhuma diferença entre todas as coisas,
um dia quis pegá-las,mordê-las;mão,
o calor de tuas sedas.
E se dormires
recobrirei respeitosamente a tua nudez,
que é só tua-
pousadamente,pousa
o hálito
na cavilha deste peito largo:
dorme amor
sossega
da
tua
nudez-sossega
que da aurora
vigilante
eu tomo conta.
(Poesia de Carlos Feitosa).