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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O amor antigo.



O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.



Carlos Drummond de Andrade

1 comentário:

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Querido Manuel, belíssimo poema...
ADOREI...
... Fabuloso!... Parabéns pela partilha... Um abraço de carinho e amizade,
Fernandinha