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terça-feira, 6 de julho de 2010

Inocência




De um lado, a veste; o corpo, do outro lado,
Límpido, nu, intacto, sem defesa...
Mitológico rosto debruçado
Na noite que, por ele, fica acesa!

Se traz os lábios húmidos e lassos
É que a paixão sem mácula ainda o cega
E tatuou na curva de alvos braços
As sete letras da palavra: entrega.

Acre perfume o dessa flor agreste.
Álcool azul o desse verde vinho.
De um lado o corpo; do outro lado, a veste
Como luar deitado no caminho...

Em frente há um pinheiro cismador.
O rio corre, vagaroso ao fundo.
Na estrada ninguém passa... Ai! tanto amor
Sem culpa!
Ai! dos Poetas deste mundo!

Pedro Homem de Mello, in "O Rapaz da Camisola Verde"

12 comentários:

Rosane Marega disse...

Lindo!!!
Adorei o texto Manuel e que você tenha uma maravilhosa semana cheinha de inspirações.
Beijossss

Cris França disse...

as vestes e o imaginário. lindo! bjs meu amigo querido

Maria Ribeiro disse...

MANUEL: há sempre poetas para tanto amor...E há AMOR, para tantos poetas...É disso que eles vivem, pois "SER POETA É SER MAIOR...É TER FOME E TER SEDE DE INFINITO..."adorei que te lembrasses do PEDRO HOMEM de MELLO!
BEIJO SENTIDO
Aamiga Mª ELISA

Lua Nova disse...

É absolutamente perfeita essa poesia desse mestre. É linda.
Toda vez que venho aqui, minha alma se rejubila e sai melhor do que chegou.
Obrigada pela sua sensibilidade que nos propicia tanta beleza.
Beijos.

Marilu disse...

Querido amigo, "Ai!tanto amor se culpa"., é o que há de mais maravilhoso no amor, faze-lo sem culpa.Lindo poema..Beijocas

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria Izabel Viegas disse...

Manuel amigo,
poeta, poeta... só tu para entenderes tanto de amor!
Lindo este poema, a imagem idem.
...um pinheiro cismador... Ai, tanto amor!
Sabes amigo, no nosso sítio lá na Serra tivemos que cortar um pinheiro, imagina, no único local para colocar a rede elétrica. Meu marido e meu filho o cortaram.Lá não é proibido, pois não eh árvore de nossa mata.
mas, nós três, quase estávamos em lágrimas.Chegava a doer em nós. A cada corte, ele exala um perfume que imanta de Amor todo o espaço.
Ficamos tristes, imensamente tristes.
Até morrendo, ele nos acaricia, nos doando seu perfume.
Tenho outros, um até está meio feio, mas o deixei no centro, frente à casa, lá, altivo...para sempre! Símbolo do amor!
Nossa, amigo, tua poesia me despertou...
desculpa o discurso.
E aqui vim para te agradecer o comentário e o carinho!
Obrigada!

angela disse...

Lindo poema que canta um amor sem pudor.
beijos

Glorinha L de Lion disse...

Que lindo Migo! Ai, dos poetas deste mundo! Será que estou inclusa aí, nesses poetas? Se estou...ai!
Beijocas

Unknown disse...

Boa tarde para si amigo.
Obrigado pela sua visita.
Lindo este poema.
Abraço
Manuela

Manuela Freitas disse...

Olá querido Manuel,
Conheci bem Pedro Homem de Melo, vivia perto da nossa casa, era amigo do meu pai e a mulher dele foi minha professora de Religião e Moral!
Aprecio a sua poesia e sempre que ouço POVO QUE LAVAS NO RIO, sinto uma grande emoção!

Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
A água pura, puro agreste
Mas a tua vida não.

Aromas de luz e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.

Obrigada por teres incluído este poeta na tua antologia de grandes poetas!
Beijinhos,
Manú

Lua Nova disse...

Caro,

Tenho um singelo presente para vc lá no Chocolate. Por favor, passe por lá.
Beijos.