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terça-feira, 9 de junho de 2009

Juízo !


Queixam-se muitos de pouco dinheiro, outros de pouca sorte, alguns de pouca memória, nenhum de pouco juízo ...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Jovens.


A juventude mostra o homem tal como a manhã mostra o dia .

O Caminho da Felicidade.



Um sábio perguntava a um louco qual era o caminho da felicidade. O louco respondeu-lhe imediatamente, como alguém a quem se pergunta o caminho da cidade vizinha: «Admira-te a ti mesmo e vive na rua». «Alto lá», exclamou o sábio, «pedes demais, basta já que nos admiremos!» E o louco respondeu logo: «Mas como admirar sem cessar se não nos desprezarmos constantemente?»

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"

Quase.



O amor nasce velho em qualquer coração;
é fruto tardio
de ancestralidades feridas,
de descompassos hereditários,
do choro antigo das várias gerações,
resultado inebriante
dessa magia de converter lágrimas
numa quase-cachaça.


Todo amor nasce marcado
de lutas recentes, mas findas;
soldado conhecedor de cada canto
do seu campo de batalha,
dos requintes militares,
dos artifícios bélicos
da marcial arte de amar;
discípulo virado em mestre,
professor da triste ciência
de tornar sangue
num quase-veneno.


Todo amor nasce maduro.
Superada a longa seca,
a intempérie,
eis que surge indene
com a esperança perene
de uma vida
que é quase-renúncia.


Todo amor nasce morto,
já vivido, já cantado,
já doído, já amado.


Todo amor nasce duro,
escudo
de ancião experimentado,
que esconde um quase-menino
indefeso.


Todo amor nasce quase;
e se é todo, não o é.

Todo amor nasce pedra
perpétua, e perdura
na solidez de um silêncio
que é quase confissão.

Anderson Piva

domingo, 7 de junho de 2009

Pintura.

(tela de Sara Santareno.)



Onde se diz espiga
leia-se narciso.
Ou leia-se jacinto.
Ou leia-se outra flor.
Que pode ser a mesma.

As flores
são formas
de que a pintura se serve
para disfarçar
a natureza. Por isso
é que
no perfil
duma flor
está também pintado
o seu perfume.

Albano Martins, in "Castália e Outros Poemas"

Idades...


Todas as idades têm os seus frutos, mas é preciso sabê-los colher

Cortejo Quinhentista


Grandioso Cortejo Quinhentista em Constância
mais de 350 figurantes desfilam na vila no próximo dia 10 de Junho No próximo dia 10 de Junho, Constância assiste a um grandioso Cortejo Quinhentista com mais de 350 figurantes, uma iniciativa dinamizada pelo Agrupamento de Escolas de Constância, que integra as XIV Pomonas Camonianas e as comemorações do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.

Assim, a partir das 16.30H, com início na Escola Básica e Secundária Luís de Camões, músicos, estandartes, escudeiros, nobres, a burguesia, o povo e os cavaleiros descem a vila em cortejo até ao monumento a Camões, para aí dinamizarem um Sarau Quinhentista composto por uma Ceia, Danças Renascentistas, Declamões (poesia) e pelo Jantar do Povo.

Para além do Cortejo Quinhentista, o programa das XIV Pomonas Camonianas, que decorrem nos próximos dias 9, 10, 11 e 12 de Junho integra diversas iniciativas: um mercado quinhentista onde são vendidos os frutos e as flores referidos por Camões na sua obra, figurantes trajados ao modo da época; Os Encontros do Cantar Diferente com Pedro Barroso, Francisco Ceia e Luísa Bastos, uma Prova de Orientação Nocturna (dia 9); uma Feira de Antiguidades e Velharias, Inauguração do Arquivo Municipal, Deposição de Coroas de Flores, Teatro Auto da Barca do Inferno pelo Fatias de Cá (dia 10); Animação de Rua pelos alunos da Escola Básica e Secundária Luís de Camões (dia 11); As escolas vão às Pomonas – Actividade Pedagógica (dia 12), várias exposições e muita animação.
Por CMC

sábado, 6 de junho de 2009

Scorpions.

Aparências.


Muitas vezes parece que o diabo bate à nossa porta, mas é simplesmente o limpa-chaminés !!!

Para todos os meu amigos e amigas .




De entre todos, apenas vós
tendes direito a ver-me
fracassar. Onde caio
entre a vossa irónica
doçura implacável, convosco
partilho o pão e o espaço
e a rapidez dos olhos
sobre o que fica (sempre)
para dar ou dizer.
E de vós me levanto
e vos levo pesando
e ardendo até onde
me ajudais a ser
melhor ou talvez
menos só.

Vítor Matos e Sá, in 'Companhia Violenta'

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A língua girava no céu da boca.


Girava! Eram duas bocas, no céu único.

O sexo desprendera-se de sua fundação, errante imprimia-nos seus traços de cobre. Eu, ela, elaeu.

Os dois nos movíamos possuídos, trespassados, eleu. A posse não resultava de ação e doação, nem nos somava. Consumia-nos em piscina de aniquilamento. Soltos, fálus e vulva no espaço cristalino, vulva e fálus em fogo, em núpcia, emancipados de nós.

A custo nossos corpos, içados do gelatinoso jazigo, se restituíram à consciência. O sexo reintegrou-se. A vida repontou: a vida menor.


Extraído do livro "O amor natural

Quase um Poema de Amor .




Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.

Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
— Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.

Miguel Torga, in 'Diário V'

Lar.


O lar é onde o coração do homem cria raízes ...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Constância vai ter novo Arquivo Municipal .



No próximo dia 10 de Junho
O Arquivo Municipal de Constância tem a sua abertura ao público marcada para o dia 10 de Junho de 2009, unindo-se à celebração do Dia de Portugal, de Camões, das Comunidades Portuguesas e às Pomonas Camonianas.

Em 2002, o Município de Constância candidatou-se ao PARAM (Programa de Apoio à Rede de Arquivos Municipais), para adaptação de edifício existente, designado por Casa Amarela, para Arquivo Municipal.

No final desse ano, foi assinado o contrato-programa entre o Instituto dos Arquivo Nacionais/ Torre do Tombo e a Câmara Municipal de Constância, sendo a comparticipação da Torre do Tombo de 50 % do valor total da obra de implantação, que no global reflecte um investimento de cerca de 320 000€.

Posteriormente, a Câmara Municipal de Constância, avançou faseadamente com a aquisição de múltiplos equipamentos, nomeadamente, estanteria para os depósitos, instalação de recursos informáticos que potencializem a implementação de um plano de incorporação de fontes externas ao Arquivo, mais concretamente, através da digitalização de fundos documentais privados de relevância para a memória e testemunho do concelho, e apetrechamento da Sala de Consulta e Leitura Pública e Recepção, contando esta última com um sistema de apoio à realização de exposições temporárias, dotando-a de múltiplas valências, o que no total implicou um investimento de cerca de 75 000€., suportados pelo orçamento municipal.

Assim, o tratamento, divulgação e o acesso à documentação são vectores fundamentais para a prossecução dos objectivos estratégicos do Arquivo. A comunicação docu¬mental é efectuada através da Sala de Consulta e Leitura Pública, com acesso à documentação de natureza histórica, através de recursos tecnológicos informáticos, dispondo ainda os utilizadores de uma biblioteca especializada em livre acesso, de apoio à investigação científica e académica, cujos temas centrais versam essencialmente sobre história local e do municipalismo e dois postos de acesso à Internet. A Sala de Consulta e Leitura Pública oferece ainda 8 postos de trabalho individuais e um posto de trabalho capaz de receber grupos de quatro pessoas.

Relativamente ao Arquivo Histórico, este concentra documentação desde o século XIX, pertencente ao fundo da Câmara Municipal e ao fundo da Administração do Concelho, incluindo documentação tão variada como Actas de Vereação e Livro de Actas (desde 1847), Recenseamentos Eleitorais e Militares (desde 1842), Testamentos (desde 1840), entre outras.
Por CMC

Existência.


De meros vazios se constrói o recheio da existência humana !

Era a mulher.


— A mulher nua e bela,
Sem a impostura inútil do vestido
Era a mulher, cantando ao meu ouvido,
Como se a luz se resumisse nela...
Mulher de seios duros e pequenos
Com uma flor a abrir em cada peito.
Era a mulher com bíblicos acenos
E cada qual para os meus dedos feito.
Era o seu corpo — a sua carne toda.
Era o seu porte, o seu olhar, seus braços:
Luar de noite e manancial de boda,
Boca vermelha de sorrisos lassos.
Era a mulher — a fonte permitida
Por Deus, pelos Poetas, pelo mundo...
Era a mulher e o seu amor fecundo
Dando a nós, homens, o direito à vida!

Pedro Homem de Mello, in "Miserere"

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Abraçar...


"Ao receberem e darem os seus pensamentos, as pessoas comunicam entre si como nos beijos e abraços."

Leitura.


Durante a leitura a nossa cabeça é apenas o campo de batalha de pensamentos alheios .

Literatura.


Friederich Nietzsche, o maior filósofo da Europa, está no limite de um desespero suicida, incapaz de encontrar cura para as insuportáveis enxaquecas que o afligem. Josef Breuer, médico distinto e um dos pais da Psicanálise, aceita tratar o filósofo com uma terapia nova e revolucionária: conversar com Nietzsche e, assim, tornar-se um detective na sua cabeça.

Pelas ruas, cemitérios e casas de chá da Viena do sec. XIX, estes dois gigantes do seu tempo vão conhecer-se um ao outro e, fundamentalmente, conhecer-se a si próprios.E no final não é apenas Nietzsche que exorciza os seus fantasmas. Também Breuer encontra conforto naquelas sessões e descobre a razão dos seus próprios pesadelos, insónias e obsessões sexuais.

Quando Nietzsche Chorou funde realidade e ficção, ambiente e suspense, para desvendar uma história superior sobre amor, redenção e o poder da amizade.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Teus Olhos;




Teus olhos são a pátria do relâmpago e da lágrima,
silêncio que fala,
tempestades sem vento, mar sem ondas,
pássaros presos, douradas feras adormecidas,
topázios ímpios como a verdade,
outono numa clareira de bosque onde a luz canta no ombro
duma árvore e são pássaros todas as folhas,
praia que a manhã encontra constelada de olhos,
cesta de frutos de fogo,
mentira que alimenta,
espelhos deste mundo, portas do além,
pulsação tranquila do mar ao meio-dia,
universo que estremece,
paisagem solitária.

Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"