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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Simon & Garfunkel - The Boxer

Mar imenso...




Mar
uma imensa tristeza
despertas no meu coração
ao mesmo tempo dás me paz
tranquilidade
na tua imensidão.
Mar revoltado
profundo
amargurado
no cristalino de tuas águas
sofro as minhas mágoas...
Tuas ondas
enrolam na areia
molhando os meus pés
envolvendo o meu corpo em arrepios
de outras marés.

Fim de semana.




Para todo o mundo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Passado.


O passado existe quando se está infeliz ...

Amar não é Ser Egoísta.




Tenho a certeza que tu és o meu maior amigo, o mais dedicado, o melhor de todos. Como eu o vi hoje bem! Como tu és leal e bom! Tão diferente de todos os outros homens que para te pagar o que no futuro hei-de dever-te, será pequena a minha vida inteira, mesmo que ela seja imensa. Os outros, amando as mulheres, são como os gatos que quando acariciam, é a eles que acariciam. Amar não é ser egoísta, é tantas, tantas vezes o sacrifício de nós próprios! A dedicação de todos os instantes, um interesse sem cálculo, uns cuidados que em pequeninas coisas se revelam e o pensamento constante de fazer a felicidade de quem se ama.

Florbela Espanca, in "Correspondência (1920)"

Poço sem fundo.


Dentro de mim
há um poço sem fundo
onde por vezes me sento
penso
e olho o mundo!
Em dias de sol
raios brilhantes
penetram no seu interior
refletem profundamente
o sentir
o viver
o amor...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Silêncio


O silêncio, o que é o silêncio? perguntei ao mestre. - Uma floresta cheia de ruído

(Casimiro Brito.)

II Beijo Subaquático


II Beijo Subaquático + longo na Piscina Municipal
Dia dos Namorados
Celebrado em Constância Para comemorar o Dia dos Namorados, que se assinalou a 14 de Fevereiro, os Serviços de Desporto da Câmara Municipal de Constância promoveu pelo 2º ano consecutivo a actividade Beijo Subaquático + longo, a qual decorreu no dia 12 de Fevereiro.

Lembramos que um beijo activa até 30 músculos faciais, faz acelerar o batimento cardíaco e se durar três minutos queima até 15 calorias.

Sandra Quintas e Luis Gonçalves Gavazzi foi o casal amado vencedor, com um novo recorde de 1 minuto 18 segundos 25 centésimos, em segundo lugar com 46 segundos 99 centésimas ficaram Mariza Brasil e António Camacho Soares, sendo o terceiro lugar do pódio ocupado por Fernanda Alves e Fernando Rosas com 18 segundos e 87 centésimas. Maria dos Santos Conceição e Eduardo Conceição, foram o quarto casal participante, conseguindo ficar 12 segundos e 01 centésimas debaixo de água.

Os casais participantes no II Beijo Subaquático + longo receberam vários prémios aliciantes, nomeadamente: 1º Prémio – No dia 13: 2 Bilhetes de Cinema e Estadia de uma noite para duas pessoas na região. No dia 14: Passeio de Barco no Tejo e Almoço Romântico para duas pessoas. 2º Prémio – No dia 13: 2 Bilhetes de Cinema. No dia 14: Passeio de Barco no Tejo e Almoço Romântico para duas pessoas. 3º Prémio – No dia 13: 2 Bilhetes de Cinema. No dia 14: Passeio de Barco.
Por CMC

A Forma Justa




Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

vida


Que todos os que se aproximarem de mim, tenham vontade de cantar, esquecendo as amarguras da vida !

Amar Intensamente .




De que vale no mundo ser-se inteligente, ser-se artista, ser-se alguém, quando a felicidade é tão simples! Ela existe mais nos seres claros, simples, compreensíveis e por isso a tua noiva de dantes, vale talvez bem mais que a tua noiva de agora, apesar dos versos e de tudo o mais. Ela não seria exigente, eu sou-o muitíssimo. Preciso de toda a vida, de toda a alma, de todos os pensamentos do homem que me tiver. Preciso que ele viva mais da minha vida que da vida dele. Preciso que ele me compreenda, que me adivinhe. A não ser assim, sou criatura para esquecer com a maior das friezas, das crueldades. Eu tenho já feito sofrer tanto! Tenho sido tão má! Tenho feito mal sem me importar porque quando não gosto, sou como as estátuas que são de mármore e não sentem.

Florbela Espanca, in "Correspondência (1920)"

Mar profundo!


Inércia,sono de chumbo
sono pesado
sono profundo
letargia,indiferença
hipnose,sonolência...
Mergulho silenciosamente
no meu inconsciente
procuro a diferença
entre um mundo e outro.
Suspiro profundo
fecho os olhos
habito as profundezas do mar...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Livro/vida.


Livro, quando te fecho, abro a vida

Pablo Neruda.)

Deve Ser Tão Bom Ser Alegre .




Deve ser tão bom ser alegre, ser feliz, não é verdade? Ter a alma quente como o estofo de um ninho, ser pequenino em tudo até nos desejos, que bom deve ser, não deve? Os corações pequeninos, os modestos, são sempre tão bondosos, tão quentes! O meu anda à solta, tão grande, tão ambicioso, tem sempre frio, está sempre só... Ninguém sabe andar com ele! E nota, minha Júlia, que eu não sou como muitas mulheres que querem ser tristes, que só se encontram bem na solidão, que procuram a paz, o silêncio e a indiferença de todos; que cultivam no peito com extremos de amor todas as saudades, que acariciam e albergam todas as dores! Eu não, eu expulso, desesperada, todas as lágrimas, eu procuro aquecer-me a todos os risos, comprimo sempre o coração para o fazer pequenino, estendo os ouvidos a todas as canções, olho ao longe, de olhos muito abertos, todos os céus.
E é sempre em vão! E os risos calam-se quando eu quero ouvir, e os meus pobres olhos tristes cegam-se a todas as claridades. Mas agito sempre os guizos, faço sempre barulho, um barulho infernal cheio de vida, de alegria, imito todos os risos e cá dentro é noite... e cumprimentam-me todos pelo meu génio alegre e «divertido»... Tem graça, pois não tem, minha Júlia? Se soubessem como sou hipócrita! Que horror todos teriam de mim! Assim sou... muito sincera, de uma franqueza que chega muitas vezes à brutalidade (dizem os que me conhecem muito bem) e sou... extremamente alegre, não há tristezas que me cheguem nem venturas que me fujam!

Florbela Espanca, in "Correspondência (1916)"

Pontes...


Ponte que me ligas á vida
transpôes descaminhos
interligas os sonhos
entre o espaço branco
das páginas de um livro...
Direcções opostas
desconformes
distante entre a realidade
e o sonho
tão perto da vida
e da transição para a outra margem...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Não Sou nada Mulher ...




Eu não sou em muitas coisas, nada mulher; pouco de feminino tenho em quase todas as distracções da minha vida. Todas as ninharias pueris em que as mulheres se comprazem, toda a fina gentileza duns trabalhos em seda e oiro, as rendas, os bordados, a pintura, tudo isso que eu admiro e adoro em todas as mãos de mulher, não se dão bem nas minhas, apenas talhadas para folhear livros que são verdadeiramente os meus mais queridos amigos e os meus inseparáveis companheiros. Zango-me comigo própria, tento fazer qualquer coisa, mas a leveza aérea das sedas, a fluidez ideal das rendas, fazem tremer-me as mãos que não tremem nunca ao folhear os livros que mais fatigam toda a gente, irritam-me e maçam-me a um ponto que tenho de atirar com aquilo tudo para outro regaço mais de mulher, mais cariciante, mais doce e com todas as carícias e doçuras que o meu não teve, não tem e não terá nunca. Que desconsolo ser assim, minha Júlia! Ter apenas paciência para penetrar os arcanos duma alma que se fecha nas páginas dum livro; ter apenas gosto em chorar com António Nobre, pensar com Vítor Hugo, troçar com Fialho de Almeida e rir suavemente, deliciosamente, com uma pontinha de ironia onde às vezes há lágrimas, com Júlio Dantas! Eu não devia ser assim, não é verdade? Mas sou... Tive os melhores professores de tudo na capital do Alentejo (que se são melhores não são bons), de bordados, de pintura, de música, de canto, e afinal sou uma eterna curiosa de livros e alfarrábios, e mais nada. E pensando bem, minha querida, não há tudo isso nos meus livros? Música e canto, bordados e rendas... que delícia e que finura em certos versos... que encanto e que magia em certas frases!... Palpo esses bordados, essa macieza de cetins, beijo esses pontos delicados, essa espuma de rendas, essas brancuras ténues, esses negros chorosos e trágicos, e acho-os melhores, convenço-me que valem mais que os mais valiosos trabalhos em que mãos de princesas descansassem. E muitas vezes surpreendo-me a sorrir com um pouco de ironia e de piedade por todas essas belas coisas, coisas de mulheres tão finas e tão leves como a leviandade...

Florbela Espanca, in "Correspondência (1916)"

Farol.


Farol
Facho de fogo que me ilumina
luz intelectual que me guia...
Anel brilhante
fantasia!
Ostentação
falsa aparência
verossímil...
Contradizendo rumos
recordação vaga
reminiscência...

Mais ou menos.


A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos.

A gente pode dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro.

A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos...

TUDO BEM!

O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum...
é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos.

Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos.

Chico Xavier

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Tudo tem os seus custos...

Os Livros Tristes.




É diferente a impressão que nos produzem os livros tristes; a ti entristecem-te e a mim alegram-me. Para os verdadei¬ros desgraçados, é sempre motivo de felicidade a desgraça dos outros; só os livros alegres e cheios de vida e de sol é que me entristecem, como tudo que é feliz. Eu odeio os felizes, sabes? Odeio-os do fundo da minha alma, tenho por eles o desprezo e o horror que se tem por um réptil que dorme sossegadamente. Eu não sou feliz mas nem ao menos te sei dizer porquê. Nasci num berço de rendas rodeada de afectos, cresci despreocupada e feliz, rindo de tudo, contente da vida que não conhecia, e de repente, amiga, no alvorecer dos meus 16 anos, compreendi muita coisa que até ali não tinha compreendido e parece-me que desde esse instante cá dentro se fez noite. Fizeram-se ruínas todas as minhas ilusões, e, como todos os corações verdadeiramente sinceros e meigos, despedaçou-se o meu para sempre. Podiam hoje sentar-me num trono, canonizar-me, dar-me tudo quanto na vida representa para todos a felicidade, que eu não me sentiria mais feliz do que sou hoje. Falta-me o meu castelo cheio de sol entrelaçado de madressilvas em flor; falta-me tudo que eu tinha dantes e que eu nem sei dizer-te o que era... É esta a história da minha tristeza. História banal como quase toda a história dos tristes. Mesmo que a quisessem pôr em romance, não dava para duas páginas; para folhetim também não serve porque lhe falta o enredo, serve só para te maçar, minha querida, não é verdade? Tu ainda tens medo dos livros que te fazem chorar... Pois, olha, dizem que a felicidade dos tristes são as lágrimas; eu creio-o bem...

Florbela Espanca, in "Correspondência (1916)"