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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Amar Intensamente .




De que vale no mundo ser-se inteligente, ser-se artista, ser-se alguém, quando a felicidade é tão simples! Ela existe mais nos seres claros, simples, compreensíveis e por isso a tua noiva de dantes, vale talvez bem mais que a tua noiva de agora, apesar dos versos e de tudo o mais. Ela não seria exigente, eu sou-o muitíssimo. Preciso de toda a vida, de toda a alma, de todos os pensamentos do homem que me tiver. Preciso que ele viva mais da minha vida que da vida dele. Preciso que ele me compreenda, que me adivinhe. A não ser assim, sou criatura para esquecer com a maior das friezas, das crueldades. Eu tenho já feito sofrer tanto! Tenho sido tão má! Tenho feito mal sem me importar porque quando não gosto, sou como as estátuas que são de mármore e não sentem.

Florbela Espanca, in "Correspondência (1920)"

2 comentários:

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

Florbela Espanca, este texto dela, é uma realidade total.
Florbela, só aceitava amor com amor, sofrer sem amor não estava nos rituais dela de vida, e em alguns versos ela fala sobre, adorei sua postagem, sua visita,
muito obrigada, saudosamente,
Efigênia

angela disse...

Tanta exigencia...coitado de quem a amar.
beijos