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quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Cada Cabeça, Cada Sentença
A ideia de ninguém ter razão (haja ou não haja pão) é portuguesíssima. Sobre qualquer assunto, Portugal garante-nos sempre pelo menos dez milhões de razões, cada uma com a sua diferençazinha, cada uma com a sua insolenciazeca do "eu cá é que sei". Não há neste abençoado território um único sujeito, seja eu ou ele cego, surdo e mudo, que não reclame a sua inobjectivável subjectividade. Lá diz o raio do povo, por tratar-se da única coisa em que o povo todo está de acordo, «Cada cabeça, cada sentença». Basta fazer-se uma reunião ou um júri, um governo ou uma comissão, para assistir-se ao milagre da multiplicação das opiniões.
Miguel Esteves Cardoso, in 'A Causa das Coisas'
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1 comentário:
aproveito para me declarar sem nacionalide, sem profissão, dona da minha razão e, se ontem estava com a telha... hoje, virei ventania e lá se foi o telhado. a única coisa que, realmente, me traria felicidade era... um punhado de frescas amoras. nada mais! isto, porque cansei de pensar a causa das coisas
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