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terça-feira, 13 de julho de 2010

Amor




Por teu ventre começa a minha vida,
Por teus olhos a estrela que me guia.
Amor, que Deus te salve! — Ave-Maria
Cheia de Graça ó Bem-Aparecida.

Por meu e por teu verbo de harmonia
Se fará eterna origem comovida
De outros frutos de Amor! — Ave-Maria,
Senhora da minh'alma apetecida.

E meu sangue amoroso e produtivo
Se fará carne e espírito fecundo
À tua imagem noutro corpo vivo.

E assim ambos, Amor, iremos ser
Seio da vida originando o mundo
Por teu ventre bendito de Mulher.

Afonso Duarte, in "Ritual do Amor"

Quando Falo com Sinceridade não sei com que Sinceridade Falo




Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou váriamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros).
Sinto crenças que não tenho. Enlevam-me ânsias que repudio. A minha perpétua atenção sobre mim perpétuamente me ponta traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha, nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore [?] e até a flor, eu sinto-me vários seres. Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada [?], por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço.

Fernando Pessoa, in 'Para a Explicação da Heteronímia'

Em amor


Em amor, não há um último adeus, a não ser aquele que não diz ...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Quem és, deixa marca!!"


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Recebi uma mensagem maravilhosa,do blog Tecendo idéias(http://baliar.blogspot.com) que pensei em compartilhar com vocês propondo a ação! O texto já explica como fazer, e, depois que ler, você decide se quer participar. Caso também tenha alguém pra quem queira entregar a faixa azul, pegue a imagem e o texto e leve com você. Imagine o efeito multiplicador desta ação entre amigos!!


Uma professora de Nova York decidiu honrar cada um de seus alunos que estavam por se graduar no colégio, falando-lhes da marca que cada um deles havia deixado. Chamou cada um dos estudantes à frente da classe, um a um. Primeiro, contou a cada um como haviam deixado marca na vida dela e na da turma. Logo presenteou cada um, com uma faixa azul, impressa com letras douradas, na qual se lia: “Quem sou deixa marca.”

Por fim, a mestra decidiu fazer um projeto de aula para ver o impacto que o reconhecimento teria na comunidade. Deu a cada aluno mais três faixas azuis e lhes pediu que levassem adiante esta cerimônia de reconhecimento. E que deveriam acompanhar os resultados, ver quem premiou quem, e informar à turma no final de uma semana.

Um dos alunos foi ver um jovem executivo de uma indústria próxima e o premiou por tê-lo ajudado com o planejamento de sua carreira. Deu-lhe uma faixa azul, e colou-a em sua camisa. Em seguida deu-lhe as duas faixas extras e lhe disse: “Estamos fazendo em aula um projeto de... ‘reconhecimento’, e gostaríamos que você encontrasse alguém a quem premiar e lhe desse uma faixa azul.”

Mais tarde, nesse mesmo dia, o jovem executivo foi ver seu chefe que tinha reputação de ser uma pessoa amargurada, e lhe disse que o admirava profundamente por ser um gênio criativo. O chefe pareceu ficar muito surpreso. Então o jovem executivo lhe perguntou se ele aceitaria o presente da faixa azul e se lhe dava permissão de colocá-la em sua camisa. O chefe disse: “Bem…claro!” Então o jovem executivo pegou uma das faixas azuis e a colocou no casaco do chefe, bem sobre seu coração, e, oferecendo-lhe a última faixa, perguntou: “Poderia pegar esta faixa extra e passá-la a alguém mais a quem queira premiar? O estudante que me deu estas faixas está fazendo um projeto de aula, e queremos continuar esta cerimônia de reconhecimento para ver como vai afetar as pessoas.”

Nessa noite, o chefe chegou em casa, sentou- se com seu filho de 14 anos, e lhe disse: “Hoje me aconteceu algo incrível Estava no meu escritório e um de meus empregados veio e me disse que me admirava; então me deu uma faixa azul por me considerar um gênio criativo. Imagina! Ele pensa que eu sou um gênio criativo! Logo me pôs uma faixa azul que diz: “Quem sou deixa marca". Deu-me uma faixa extra e me pediu que encontrasse alguém mais a quem premiar. Quando eu estava dirigindo para casa esta noite, comecei a pensar a quem poderia premiar com esta faixa, e pensei em ti. Quero premiar a ti. Meus dias são muito agitados e quando venho para casa, não te dou muita atenção; grito contigo por não tirar boas notas e pela desordem em teu quarto. Por isso, esta noite, só quero sentar-me aqui e… bem… te dizer que és muito importante para mim. Tu e tua mãe são as pessoas mais importantes em minha vida. És um grande garoto e te amo muito!”

O garoto surpreendido começou a soluçar e a chorar, e não conseguia parar. Todo o seu corpo tremia. Olhou para seu pai e entre lágrimas lhe disse: “Papai, momentos atrás me sentei em meu quarto e escrevi uma carta para ti e para mamãe, explicando porque tinha tirado minha vida, e lhes pedia que me perdoassem. Ia me suicidar esta noite depois de vocês terem dormido. Eu pensava que vocês não se importavam comigo. A carta está lá em cima, mas não creio que eu vá precisar dela, depois de tudo o que conversamos.”

Seu pai subiu ao segundo piso e encontrou a carta, sincera e cheia de angústia e dor. No dia seguinte, o chefe regressou ao trabalho totalmente modificado. Já não estava amargurado, e se empenhou em fazer todos os seus empregados saberem que cada um deles faz a diferença. Por outro lado, o jovem executivo ajudou muitos outros jovens a planejarem suas carreiras, inclusive o filho do chefe, e nunca se esqueceu de recordar-lhes que eles deixavam marcas em sua vida. Ainda mais, o jovem e seus companheiros de classe aprenderam uma lição muito valiosa. “Quem és, deixa marca.”




Bem, eu estou passando a faixa azul para você, que passou a fazer parte do meu cotidiano. A você que enfeita meus dias com tua presença, me emociona com as mensagens, me ensina com tua sabedoria, me alegra com tua amizade, me encanta com teu carinho. Receba tua faixa azul, pela importância que já tens na minha vida. Porque...

"Quem és, deixa marca!!"

E aí, quer participar???

Centro de Ciência Viva de Constância


Centro de Ciência Viva de Constância promove ASTROFESTA 2010
Nos próximos dias 16, 17 e 18 de Julho, o Centro de Ciência Viva de Constância - Parque de Astronomia (CCV), localizado no Alto de Santa Bárbara em Constância, recebe a Astrofesta 2010.

Em colaboração com o Museu de Ciência da Universidade de Lisboa e o apoio da Câmara municipal de Constância, o Centro Ciência Viva de Constância vai realizar mais uma edição da Astrofesta com a organização de actividades variadas – palestras, observações, sessões de planetário, cursos, exposições, entre outras actividades – com o objectivo de sensibilizarem o público para a ciência através da Astronomia.

A participação nesta actividade implica inscrição, pelo que os interessados devem contactar o CCV, através do número de telefone 249 730 066, ou via correio electrónico para info@constancia.cienciaviva.pt.

PROGRAMA

Exposição de "Astropintura" por Luís Carmo

6ª Feira - 16 de Julho

21h00 – Recepção aos participantes
21h30 às 24h00 – Observações nocturnas

Sábado - 17 de Julho

10h00 às 23h00 – Curso de Introdução à Astronomia (Nível I)

14h30 – Sessão de abertura

OUTRAS ACTIVIDADES

10h00 – Visita orientada ao Parque Exterior
11h00 – Sessão de Planetário
12h00 – Observação do Sol

14h00 – Construção de um Telescópio de Kepler
15h00 – Observação do Sol
16h00 – Sessão de Planetário
17h00 – Construção de relógio de Sol e astrolábio
18h00 – Visita orientada ao Parque Exterior

21h30 – Início das observações nocturnas:
• Cúpula 1 – M56, M57, M27, Albireo, M32
• Cúpula 2 – Lua (até às 23h00), M13
• Cúpula 3 – Saturno (até às 23h00), M4, M8, M20, Júpiter a partir da 1h00 de Domingo

PALESTRAS

15H00 – Máximo Ferreira – CCVCTítulo: «Um Passeio pelo Céu – Recursos para reconhecer objectos celestes»
16h00 – Luís Saraiva – MCUL Título: (a designar)
17h00 – Luís Miguel Carolino - MCULTítulo: «Medir os céus para dominar a Terra: a Astronomia na Escola Politécnica, 1837- 1911»
18h00 – Ricardo Monteiro - Universidade de CambridgeTítulo: Buracos Negros
19h00 – Mário Loureiro – CCVCTítulo: Bioadversidade
21h00 – João Paulo Vieira – ORIONTítulo: (a designar)22h00 - Rui Agostinho - FCUL/OALTítulo: Um Universo de Galáxias
23h00 – Máximo Ferreira – CCVCTítulo: «Um passeio pelo céu real»

Domingo - 18 de Julho

0h00 às 6h30 – Continuação das observações nocturnas
Por CMC

Literatura


Sinopse: O assassínio do Presidente da República Sidónio Pais, ocorrido em 1918, é um mistério. Apesar de a polícia ter prendido um suspeito, este nunca foi julgado. A tragédia ocorreu quando Lisboa estava a braços com a pneumónica, a mais mortífera epidemia que atravessou o séc. XX e, ainda, na ressaca da Primeira Guerra Mundial. A cidade estava exaurida de fome e sofrimento. É neste ambiente magoado e receoso que Sidónio Pais é assassinado na estação do Rossio em Dezembro de 1918.

Francisco Moita Flores constrói um romance de amor e morte. Fundamentado em documentos da época, reconstrói o homicídio do Presidente-Rei, utilizando as técnicas forenses e que, de certa forma, continuam a ser reproduzidas em séries televisivas de grande divulgação sobre as virtualidades da polícia científica. Os resultados são inesperados e (Morro Bem. Salvem a Pátria?) é um verdadeiro confronto com esse tempo e as verdades históricas que ao longo de décadas foram divulgadas, onde o leitor percorre os medos e as esperanças mais fascinantes dessa Lisboa republicana que despertava para a cidade que hoje vivemos. E sendo polémico, é terno, protagonizado por personagens que poucos escritores sabem criar. Considerado um dos mestres da técnica de diálogo, Moita Flores provoca no leitor as mais desencontradas emoções que vão da gargalhada hilariante ao intenso sofrimento. Um romance que vem da História. Uma história única para um belo romance.

domingo, 11 de julho de 2010

Amizade.


Amizade
bem precioso
de afectos
amor
muito saboroso...
Disposição de alma
sentimentos
aptidão do meu sentir
sensibilidade
o meu sorrir...
Fraternidade
simpatia
laços de solidariedade
inclinação recíproca
na dor
no prazer
ternura interior...

sábado, 10 de julho de 2010

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Amizade.



Recebi da minha querida amiga:Manuela Freitas
do blog
http://vivercomlight.blogspot.com


"A amizade desenvolve a felicidade e reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa dor."

Joseph Addison

URGENTEMENTE



É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.

É urgente inventar a alegria,
Multiplicar as searas,
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.

Eugénio de Andrade, Antologia Breve

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Amizade




Recebi este selo do blog que muito admiro http://chocolatecompimentagtt.blogspot.com
Fiquei muito feliz quando me indicou para recebê-lo.

As regras são: responder a pergunta abaixo e indicar 5 blogs


O que te aquece o coração?

Lealdade,amizade, amor e paz.


5 dos blogs que me aquecem o coração:

http://vivercomlight.blogspot.com
http://cantodecontarcontos.blogspot.com
http://baliar.blogspot.com
http://vivereafinaroinstrumento.blogspot.com
http://rosani22.blogspot.com

No teu olhar...


No teu olhar
procuro encontrar
reflexo dos olhos meus
luz do luar
nos olhos teus...
Amar-te ao crepúsculo
no raiar do dia
olhar teus olhos
doces de fantasia...
Olhares profundos
sentidos
olhar teus olhos
enternecidos...
Ternura e emoção
olhar carinhoso
doce
suave
ternurento,mavioso.
Nos teus olhos
deslumbro os meus
comtemplo o teus
sinto o teu carinho
saudades
de um adeus...

Conversão Mental




Os métodos de conversão religiosa foram até agora considerados mais sob ângulos psicológicos e metafísicos que psicológicos e mecanísticos; contudo, as técnicas empregadas aproximam−se tanto frequentemente das modernas técnicas políticas de lavagem cerebral e controle da mente que cada uma delas lança luz sobre os mecanismos da outra. É conveniente começar com a história melhor documentada de conversão religiosa, que tem em comum com a conversão política o facto de um indivíduo ou grupo de indivíduos poder adoptar novas crenças ou padrões de comportamento, em resultado de revelações surgidas na mente repentinamente e com grande intensidade, muitas vezes depois de períodos de grande tensão emocional.

William Sargant, in 'A Luta Pela Mente'

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Mulher Nua




Humana fonte bela,
repuxo de delícia entre as coisas,
terna, suave água redonda,
mulher nua: um dia,
deixarei de te ver,
e terás de ficar
sem estes assombrados olhos meus,
que completavam tua beleza plena,
com a insaciável plenitude do seu olhar?

(Estios; verdes frondas,
águas entre as flores,
luas alegres sobre o corpo,
calor e amor, mulher nua!)

Limite exacto da vida,
perfeito continente,
harmonia formada, único fim,
definição real da beleza,
mulher nua: um dia,
quebrar-se-á a minha linha de homem,
terei que difundir-me
na natureza abstracta;
não serei nada para ti,
árvore universal de folhas perenes,
concreta eternidade!

Juan Ramón Jiménez, in "La Mujer Desnuda"

A Felicidade não Inclui o Êxtase




A sensação de sermos unos com a natureza animal, vegetal e mineral, e a satisfação de mergulhar nessa sensação, não é de todo degradante. É tão bom sentir pulsar dentro de nós toda a vida, e simultaneamente buscar aquela existência superior cuja realização só nos é possível sonhar ou pressentir!
Não permitis que considerem fantasmas os dois grandes pólos do homem, a verdade e a felicidade; quando sonhamos sonhos de felicidade, é certo já a termos conquistado.
A satisfação de uma paixão absolutamente pessoal é embriaguez ou prazer: não é felicidade.
A felicidade é algo duradouro e indestrutível; caso contrário, não seria felicidade. Aqueles que gostariam de perpetuar a embriaguez e de incluir nela a felicidade, andam atrás do impossível. O êxtase é um estado excepcional cuja permanência nos mataria, e a natureza inteira depressa se eclipsaria sob a influência desse estado delirante.

George Sand, in 'Diário Íntimo'

terça-feira, 6 de julho de 2010

Inocência




De um lado, a veste; o corpo, do outro lado,
Límpido, nu, intacto, sem defesa...
Mitológico rosto debruçado
Na noite que, por ele, fica acesa!

Se traz os lábios húmidos e lassos
É que a paixão sem mácula ainda o cega
E tatuou na curva de alvos braços
As sete letras da palavra: entrega.

Acre perfume o dessa flor agreste.
Álcool azul o desse verde vinho.
De um lado o corpo; do outro lado, a veste
Como luar deitado no caminho...

Em frente há um pinheiro cismador.
O rio corre, vagaroso ao fundo.
Na estrada ninguém passa... Ai! tanto amor
Sem culpa!
Ai! dos Poetas deste mundo!

Pedro Homem de Mello, in "O Rapaz da Camisola Verde"

Reconhecimento à Educação.


Constância voltou a obter o 1º lugar nos Prémios de Reconhecimento à Educação
• Ministra da Educação entregou o Prémio dia 5 de Julho Pelo segundo ano consecutivo o Município de Constância voltou a obter o 1º lugar nos Prémios de Reconhecimento à Educação, desta vez na categoria de Comunidade e Parcerias/Protocolos, com o projecto Constância é Comunidade!

A cerimónia de entrega deste prémio que decorreu na passada segunda-feira, dia 5 de Julho, na Universidade Católica, foi presidida pela Ministra da Educação, no âmbito da 18ª Conferência Sinase.

Os Prémio de Reconhecimento à Educação, têm como objectivo distinguir e galardoar entidades educativas e formativas, cuja actuação se destacou ao nível do contributo que prestaram junto e para a comunidade educativa no ano de 2009, nomeadamente ao nível do ensino regular e de projectos específicos, no âmbito da formação profissional e de situações de envolvimento da comunidade alargada no contexto escolar.

O projecto apresentado pelo município de Constância, denominado Constância é Comunidade, aborda a importância do estabelecimento de parcerias, e o seu papel no processo educativo do concelho de Constância, mencionando acções desenvolvidas com os seguintes parceiros: Agrupamento de Escolas de Constância, Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro, Associação para o Desenvolvimento Social e Comunitário Os Quatro Cantos do Cisne e Associação Casa Memória de Camões.

Constância é Comunidade é bastante revelador do facto do Município de Constância apostar na concretização de um projecto educativo concelhio, tendo como base essencial as parcerias, pois a escola constitui-se num espaço privilegiado de participação dos indivíduos com o desiderato de uma sociedade e de um futuro melhor.

Assim, uma das presenças mais fortes e visíveis na comunidade, principalmente em Constância, sendo um concelho pequeno, é, sem dúvida, a Autarquia. Deste modo, a Autarquia revela-se como promotora de uma rede de parcerias credível e organizada, envolvendo os estabelecimentos de ensino e as associações, tendo como linhas orientadoras a execução de um projecto educativo concelhio que promova a educação para o exercício de uma cidadania responsável e participada, sendo assim a forma mais eficaz e económica de assegurar uma sociedade mais democrática e solidária.

Considerando o papel cada vez mais importante dos municípios na educação a nível local e nacional, a Autarquia de Constância, assume um posicionamento expressivo na definição, coordenação e promoção de políticas educativas locais.
Por CMC

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Palavras para quê...

Ateliês de Verão em Constância



Dando continuidade às suas estratégias de promoção do livro e de ocupação saudável dos tempos livres e de lazer, a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill, promove nas terças-feiras do mês de Julho, um conjunto de ateliês que pretendem proporcionar aos participantes actividades lúdico-pedagógicas, contribuindo para o desenvolvimento do gosto pela leitura e pela expressão artística.

Assim, para o próximo mês estão agendados os seguintes ateliês:

• 6 de Julho - Ateliê de Trabalhos Manuais – Soraia Fonseca

• 13 de Julho - Arca das Histórias – Anabela Cardoso

• 20 de Julho - Ideias & Ideias – Sara Nunes

• 27 de Julho – Oficina de Construção de Herbário – Tiago Lopes

A participação nestas actividades implica inscrição, pelo que os interessados nas mesmas devem contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill, através do número de telefone 249 739 367 ou via correio electrónico para biblioteca@cm-constancia.pt.
Por CMC

De Um e de Dois, de Todos




Sou o espectador o actor e o autor
Sou a mulher o marido e o filho
E o primeiro amor e o derradeiro amor
E o furtivo transeunte e o amor confundido

E de novo a mulher seu leito e seu vestido
E seus braços partilhados e o trabalho do homem
E seu prazer em flecha e a fêmea ondulação
Simples e dupla a carne nunca se exila

Pois onde começa um corpo ganho eu forma e
[consciência
E mesmo quando na morte um corpo se desfaz
Eu repouso em seu cadinho desposo o seu
[tormento
Sua infâmia me honra o coração e a vida.

Paul Eluard, in "Algumas das Palavras"

domingo, 4 de julho de 2010

Angie

O homem que contempla.


Vejo que as tempestades vêm aí
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.

E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.

Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.

Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.

Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior.

Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"

Ventos meus...



O amor é como o vento,não se vê,mas sente-se!

sábado, 3 de julho de 2010

A Única Coisa Duradoura Que Podes Criar




A mamã costumava dizer-lhe que tinha muita pena. As pessoas tinham andado a trabalhar durante tantos anos para fazer do mundo um sítio organizado e seguro. Ninguém percebera como ele se iria tornar aborrecido. Com todo o mundo dividido em propriedades, com os limites de velocidade e as divisões por zonas, com tudo regulado e tributado, com todas as pessoas analisadas e recenseadas e rotuladas e registadas. Ninguém tinha deixado muito espaço para a aventura, exceptuando, talvez, a do género que se pode comprar. Numa montanha-russa. Num cinema. No entanto, isso seria sempre uma excitação falsa. Sabes que os dinossauros não vão comer os míudos. Os referendos recusaram com os seus votos qualquer hipótese de um desastre falso ainda maior. E porque não existe a possibilidade de um desastre verdadeiro, ficamos sem nenhuma hipótese de termos uma salvação verdadeira. Entusiasmo verdadeiro. Excitação a sério. Alegria. Descoberta. Invenção.
As leis que nos dão segurança, estas mesmas leis condenam-nos ao aborrecimento. Sem acesso ao verdadeiro caos, nunca teremos paz verdadeira.


A não ser que tudo possa ficar pior, nunca poderá ficar melhor.
Isto eram tudo coisas que a mamã lhe costumava dizer.
E dizia-lhe mais:
- A única fronteira que ainda tens é o mundo dos intangíveis, tudo o resto está demasiado controlado.
Aprisionado dentro de demasiadas leis.
Por intangíveis ela quer dizer a Internet, os filmes, a música, as histórias, a arte, os boatos, os programas de computador, tudo o que não é real. Realidades virtuais. Coisas imaginadas. A cultura.
O irreal é mais poderoso que o real.
Porque nada é tão perfeito como tu és capaz de imaginar.
Porque são só as ideias intangíveis, conceitos, crenças, fantasias que duram. A pedra esfarela-se. A madeira apodrece. As pessoas, bem, essas morrem.
Mas coisas tão frágeis como um pensamento, um sonho, uma lenda, essas continuam para sempre.
Se conseguires mudar a maneira como as pessoas pensam, dizia ela. A maneira como elas se vêem a si próprias. A maneira como vêem o mundo. Se fizeres isso, consegues mudar a maneira como as pessoas vivem as suas vidas. E isso é a única coisa duradoura que podes criar.

Chuck Palahniuk, in 'Asfixia'

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Amo porque sinto...


Essência do amor
ternura e sentimento
um olhar juntos enfrente
subir ás nuvens
sorrir de contente...
O amor
jamais terá fim
é imortal
faz parte de mim...
Não amo apenas por amar
amo porque sinto
amar é gostar
odores que pairam no ar
flores do meu jardim
aromas que cheiro em ti..

Literatura.


A Chave para Rebecca – Ken Follett

«A Chave para Rebecca faz parte de um conjunto de obras que Ken Follett, um dos mais aclamados escritores da actualidade, escreveu sobre a II Guerra Mundial. Nessa altura, o Nazismo estava no auge, e com espiões espalhados por toda a Europa. Mas o alvo do Reich não era nenhum país do Velho Continente, e sim o Cairo, a capital do Egito.
Neste livro, Follett relata a história de um espião alemão, Alex Wolff, conhecido como “A Esfinge”, em busca de uma documentação secreta que ajudará o exército alemão a concretizar a estratégia de Hitler.
É com esse objectivo – e com habilidade e frieza – que Alex Wolff, homem desapiedado e hábil espião ao serviço do capitão Rommel, atravessa o deserto do Sahara e penetra na misteriosa cidade egípcia. Estamos em 1942.
Rommel parece imbatível: as suas armas secretas são Alex Wolff, espião exímio, e um código fatal enterrado nas páginas do romance de Daphne de Maurier, Rebeca.
Porém, se atravessar o deserto se afigura um desafio fácil, enfrentar William Vandam (do exército britânico) revela-se bastante mais complicado. E tanto um como outro recorrem à mesma estratégia: fazem-se valer de Elene e Sonia que tentam seduzir, respectivamente, Wolff e Vandam.
E à medida que as tropas de Rommel se aproximam da vitória, a perseguição desenrola-se no deserto até chegar a um confronto impressionante e explosivo.»

Banda da Armada e Festival de Folclore em Constância




2 e 3 de Julho Hoje, dia 2 de Julho, pelas 21h30, o Anfiteatro dos Rios em Constância recebe um grandioso concerto com a Banda da Armada, o qual será o primeiro evento do programa de Animação de Verão 2010.

No Sábado, dia 3 de Julho, também no Anfiteatro dos Rios em Constância, a partir das 21h30 terá lugar o XXV Festival Nacional de Folclore Tejo e Zêzere 2010, uma organização do Rancho Folclórico Os Camponeses de Malpique, da freguesia de Santa Margarida da Coutada, concelho de Constância.
Por CMC

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Poema Melancólico a não sei que Mulher .




Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.

Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...

Miguel Torga, in 'Diário VII'

Se Penso, Existo .




Se penso, existo; se falo, existo para os outros, com os outros.

A necessidade é o lugar do encontro. Procuro os outros para me lembrar que existo. E existo, porque os outros me reconhecem como seu igual. Por isso, a minha vida é parte de outras vidas, como um sorriso é parte de uma alegria breve.

Breve é a vida e o seu rasto. A posteridade é apenas a memória acesa de uma vela efémera. Para que a memória não se apague, temos que nos dar uns aos outros, como elos de uma corrente ou pedras de uma catedral.

A necessidade de sobrevivência é o pão da fraternidade.
O futuro é uma construção colectiva.

António Arnaut, in 'As Noites Afluentes'

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Solidão .




A solidão é como uma chuva.
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
de planícies distantes e remotas
sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.

Cai como chuva nas horas ambíguas,
quando todas as vielas se voltam para a manhã
e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam;
e quando aqueles que se odeiam
têm de dormir juntos na mesma cama:

então, a solidão vai com os rios...

Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"

A Verdadeira Bondade do Homem ...




A verdadeira bondade do homem só pode manifestar-se em toda a sua pureza e em toda a sua liberdade com aqueles que não representam força nenhuma. O verdadeiro teste moral da humanidade (o teste mais radical, aquele que por se situar a um nível tão profundo nos escapa ao olhar) são as suas relações com quem se encontra à sua mercê: isto é, com os animais. E foi aí que se deu o maior fracasso do homem, o desaire fundamental que está na origem de todos os outros.

Milan Kundera, in "A Insustentável Leveza do Ser"

terça-feira, 29 de junho de 2010

Agitação


Agitação
vida stressada
nervos á flor da pele
fazem mal ao coração...
Ama mas devagar
assim o amor
prolongado
tem mais sabor...
Saboreia a vida
ama intensamente
o amor faz bem
e dá saúde
a quem não a tem...

Abraça o Conteúdo e Não a Forma .




Às vezes o homem repudia a mulher, ou a mulher muda de amante, por se ter desiludido. Consequências do comportamento leviano quer de um quer do outro. Porque só é possível amar através da mulher e não a mulher. Através do poema e não o poema. Através da paisagem entrevista do alto das montanhas. E a licenciosidade nasce da angústia de não se conseguir ser. Quando uma pessoa anda com insónias, volta-se e torna-se a voltar na cama, à procura do fresco ombro do leito. Mas basta tocá-lo, para ele se tornar tépido e recusar-se. E ele procura noutro sítio uma fonte durável de frescura. Mas não consegue dar com ela, porque mal lhe toca a provisão esvai-se.
O mesmo se passa com aquele ou com aquela que se fica no vazio dos seres. Não passam de vazios os seres que não são janelas ou frestas para Deus. É por isso que, no amor vulgar, só amas o que te foge. De outra maneira, vês-te saciado e descoroçoado com a tua satisfação.

Antoine de Saint-Exupéry, in "Cidadela"

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Não Sei se Isto é Amor ...




Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos cânticos.
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro a olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

Escravo de Si Mesmo ...




A suposição de que a identidade de uma pessoa transcende, em grandeza e importância, tudo o que ela possa fazer ou produzir é um elemento indispensável da dignidade humana. (...) Só os vulgares consentirão em atribuir a sua dignidade ao que fizeram; em virtude dessa condescendência serão «escravos e prisioneiros» das suas próprias faculdades e descobrirão, caso lhes reste algo mais que mera vaidade estulta, que ser escravo e prisioneiro de si mesmo é tão ou mais amargo e humilhante que ser escravo de outrem.

Hannah Arendt, in 'A Condição Humana'

domingo, 27 de junho de 2010

Necessidades e desejos...


As minhas necessidades são poucas ,mas os meus desejos,hui...

Emoção fugitiva.


Vamos buscando a emoção
que não podemos encontrar
neste tédio sempre igual
que nos envolve o coração.

Enfermos deste eterno mal
que antes que nasça algum amor
alegrará com sua canção
esta amarga solidão,

o matará com sua dor
que soa como perpétuo
e lento toque de maldade
dentro do nosso coração.

Vamos buscando a emoção
que não podemos encontrar
e desejamos com ardor.

Pablo Neruda, in 'Cadernos de Temuco'

A Amizade não se Procura, Exercita-se .




É um erro desejar ser compreendido antes de se ser elucidado por si mesmo a seus próprios olhos. É procurar prazeres na amizade, e não méritos. É qualquer coisa de mais corruptor ainda do que o amor. Venderias a tua alma por amor.
Aprende a repelir a amizade, ou melhor, o sonho da amizade. Desejar a amizade é um grande erro. A amizade deve ser uma alegria gratuita como as que a arte ou a vida oferecem. É preciso recusá-la para se ser digno de a receber: ela é da categoria da graça («Meu Deus, afastai-vos de mim...»). É dessas coisas que são dadas por acréscimo. Toda a ilusão de amizade merece ser destruída. Não é por acaso que nunca foste amado... Desejar escapar à solidão é uma cobardia. A amizade não se procura, não se imagina, não se deseja; exercita-se (é uma virtude). Abolir toda esta margem de sentimento, impura e enevoada. Schluss!

Ou melhor (pois não é necessário desbastar-se a si mesmo rigorosamente), tudo o que, na amizade, não passe por alterações efectivas deve passar por pensamentos ponderados. É absolutamente inútil privar-se da virtude inspiradora da amizade. O que deve ser severamente proibido, é sonhar com os prazeres do sentimento. É corrupção. E é tão estúpido como sonhar com a música ou com a pintura. A amizade não se deixa afastar da realidade, tal como o belo. E o milagre existe, simplesmente, no facto de que ela existe. Aos vinte e cinco anos é mais que tempo de acabar radicalmente com a adolescência...

Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'

Lei




O que é preciso é entender a solidão!
O que é preciso é aceitar, mesmo, a onda amarga
que leva os mortos.

O que é preciso é esperar pela estrela
que ainda não está completa.

O que é preciso é que os olhos sejam cristal sem névoa,
e os lábios de ouro puro.

O que é preciso é que a alma vá e venha;
e ouça a notícia do tempo,
e entre os assombros da vida e da morte,
estenda suas diáfanas asas,
isenta por igual.
de desejo e de desespero.

Cecília Meireles, in 'Poemas (1954)'

sábado, 26 de junho de 2010

O amor é fogo que arde...


Por mais duro que alguém seja, derreterá no fogo do amor. Se não derreter é porque o fogo não é bastante forte ...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Os Amantes Obscuros




Nossos sentidos juntos fazem chama:
e as fantasias nossas vão soltar
os desejos desertos de quem ama
e em verso ou coração se quis tornar.

Nossos sentidos são matéria prima
de um canto que é mais leve do que o ar;
o mundo todo não nos adivinha:
somos sombra sem luz, sequer luar.

Que o corpo quebre a noite desolada,
que o corvo ceda a voz à escuridão:
mil luzes são o nome da amada;
quem se perdeu no verso é sem perdão.

Luis Filipe Castro Mendes, in "Os Amantes Obscuros"

Bom fim de semana.




Paz neste fim de semana,abracem ,amem e digam sempre bom dia!!!

A Dor e o Prazer ...




A natureza colocou o género humano sob o domínio de dois senhores soberanos: a dor e o prazer. Somente a eles compete apontar o que devemos fazer, bem como determinar o que na realidade faremos. Ao trono desses dois senhores está vinculada, por uma parte, a norma que distingue o que é recto do que é errado, e, por outra, a cadeia das causas e dos efeitos.
Os dois senhores de que falamos governam-nos em tudo o que fazemos, em tudo o que dizemos, em tudo o que pensamos, sendo que qualquer tentativa que façamos para sacudir esse senhorio outra coisa não faz senão demonstrá-lo e confirmá-lo. Através das suas palavras, o homem pode pretender abjurar tal domínio, porém na realidade permanecerá sujeito a ele em todos os momentos da sua vida.

Jeremy Bentham

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Onde Será a Terra Prometida?




Triste época a nossa! Para que oceano correrá esta torrente de iniquidades? Para onde vamos nós, numa noite tão profunda? Os que querem tactear este mundo doente retiram-se depressa, aterrorizados com a corrupção que se agita nas suas entranhas.
Quando Roma se sentiu agonizar, tinha pelo menos uma esperança, entrevia por detrás da mortalha a Cruz radiosa, brilhando sobre a eternidade. Essa religião durou dois mil anos, mas agora começa a esgotar-se, já não basta, troçam dela; e as suas igrejas caem em ruínas, os seus cemitérios transbordam de mortos.
E nós, que religião teremos nós? Sermos tão velhos como somos, e caminharmos ainda no deserto, como os Hebreus que fugiam do Egipto.
Onde será a Terra prometida?
Tentámos tudo e renegámos tudo, sem esperança; e depois uma estranha ambição invadiu-nos a alma e a humanidade, há uma inquietação imensa que nos rói, há um vazio na nossa multidão; sentimos à nossa volta um frio de sepulcro.

A humanidade começou a mexer em máquinas, e ao ver o ouro que nelas brilhava, exclamou: «É Deus!» E come esse Deus. Há - e é porque tudo acabou, adeus! adeus! - vinho antes da morte! Cada um se precipita para onde o seu instinto o impele, o mundo formiga como os insectos sobre um cadáver, os poetas passam sem terem tempo para esculpir os seus pensamentos, mal os lançam nas folhas, as folhas voam; tudo brilha e ecoa nesta mascarada, sob as suas realezas de um dia e os seus ceptros de cartão; o ouro rola, o vinho jorra, a devastidão fria ergue o vestido e bamboleia-se... horror! horror!
E depois, há sobre tudo isso um véu de que cada um tira a sua parte, para se esconder o mais possível.
Escárnio! horror! horror!

Gustave Flaubert, in 'Memória de um Louco'

Vagas do pensamento...


Ondas
rebentam na praia
enrolam na areia
espuma branca
circunda meu corpo
salgado
pela maresia
perfumado...
Gaivotas em meu redor
despertam-me dos pensamentos
que são sonhos
vida e sentimentos...
Dois grãos de areia
duas lágrimas salgadas
fundem-se
envolvem-se
neste mar de amor
Abraçam-se...
Oceano imenso
de sonhos
de lágrimas
vagas do pensamento
mulher amada...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O corpo feminino...






”Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção.

Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação é visual, isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas.

As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheiinhas, femininas... essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.

Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato, são equivalentes a mil viagras.

A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor.

As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas... porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão.

É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranquila e cheia de saúde.

Entendam de uma vez! Tratem de agradar a nós e não a vocês, porque, nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher. Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.

As jovens são lindas... mas as de 40 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o atlântico a nado. O corpo muda... cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18. Entretanto uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se auto-destruindo.

Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em Setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (sem sabotagem e sem sofrer); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.

Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos 'em formol' nem em spa... viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos. Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se! A beleza é tudo isto.”


Paulo Coelho

Ateliês de Verão em Constância



Dando continuidade às suas estratégias de promoção do livro e de ocupação saudável dos tempos livres e de lazer, a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill, promove nas terças-feiras do mês de Julho, um conjunto de ateliês que pretendem proporcionar aos participantes actividades lúdico-pedagógicas, contribuindo para o desenvolvimento do gosto pela leitura e pela expressão artística.

Assim, para o próximo mês estão agendados os seguintes ateliês:

• 6 de Julho - Ateliê de Trabalhos Manuais – Soraia Fonseca

• 13 de Julho - Arca das Histórias – Anabela Cardoso

• 20 de Julho - Ideias & Ideias – Sara Nunes

• 27 de Julho – Oficina de Construção de Herbário – Tiago Lopes

A participação nestas actividades implica inscrição, pelo que os interessados nas mesmas devem contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill, através do número de telefone 249 739 367 ou via correio electrónico para biblioteca@cm-constancia.pt.
Por CMC

literatua


Relendo Raul Brandão.

Húmus

Considerada a obra-prima de Raul Brandão, foi publicada em 1917. Trata-se de um romance-monólogo, centrado em dois monólogos interiores: um primeiro orador e o seu alter-ego, um filósofo lunático. Com a narração dominada por estes dois pontos de vista, as restantes personagens são remetidas para o plano do grotesco. A obra explora a contradição entre o mundo aparente e o autêntico, onde se descobrem monstruosidades não sonhadas.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Verão perfumado.



Chegou o Verão
com ele
as paixões
praia
calor
recordações...
Do mar
sempre lembrado
da vida
do fado...
Dos beijos ardentes
do pôr do Sol
em tardes calmas
quentes...
Das noites
bem passadas
mal dormidas
abençoadas...
Do amor
do ardor vivido a dois
em noites encantadas
inesquecíveis
perfumadas...

Contrariar as Contrariedades .




Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inlcusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora da minha própria vida.

Clarice Lispector, in 'Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres'

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Teus Olhos




Teus olhos são a pátria do relâmpago e da lágrima,
silêncio que fala,
tempestades sem vento, mar sem ondas,
pássaros presos, douradas feras adormecidas,
topázios ímpios como a verdade,
outono numa clareira de bosque onde a luz canta no ombro
duma árvore e são pássaros todas as folhas,
praia que a manhã encontra constelada de olhos,
cesta de frutos de fogo,
mentira que alimenta,
espelhos deste mundo, portas do além,
pulsação tranquila do mar ao meio-dia,
universo que estremece,
paisagem solitária.

Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"

Pensamento.


Não importa o que pensam de ti, mas o que tu és ...

Cerimonial do Amor ...


Se não houver esperanças de que o teu amor seja recebido, o que tens a fazer é não o declarar. Poderá desenvolver-se em ti, num ambiente de silêncio. Esse amor proporciona-te então uma direcção que permite aproximares-te, afastares-te, entrares, saíres, encontrares, perderes. Porque tu és aquele que tem de viver. E não há vida se nenhum deus te criou linhas de força.
Se o teu amor não é recebido, se ele se transforma em súplica vã como recompensa da tua fidelidade, se não tens coração para te calares, nessa altura vai ter com um médico para ele te curar. É bom não confundir o amor com a escravatura do coração. O amor que pede é belo, mas aquele que suplica é amor de criado.

Se o teu amor esbarra com o absoluto das coisas, se por exemplo tem de franquear a impenetrável parede de um mosteiro ou do exílio, agradece a Deus que ela por hipótese retribua o teu amor, embora na aparência se mostre surda e cega. Há uma lamparina acesa para ti neste mundo. Pouco me importa que tu não possas servir-te dela. Aquele que morre no deserto tem a riqueza de uma casa longínqua, embora morra.
Se eu construir almas grandes e escolher a mais perfeita para a rodear de silêncio, ficarás com a impressão de que ninguém recebe nada com isso. E, no entanto, ela enobrece todo o meu império. Quem quer que passa ao longe, prosterna-se. E nascem os sinais e os milagres.
Não importa que o amor que alguém nutre por ti seja um amor inútil. Desde que tu lhe correspondas, caminharás na luz. Grande é a oração à qual só responde o silêncio; basta que o deus exista.
Se o teu amor é aceite e há braços que se abrem para ti, então pede a Deus que salve esse amor de apodrecer. Eu temo pelos corações cumulados.

Antoine de Saint-Exupéry, in "Cidadela"