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quinta-feira, 12 de novembro de 2009
A Voz que Nos Rasgou por Dentro .
De onde vem - a voz que
nos rasgou por dentro, que
trouxe consigo a chuva negra
do outono, que fugiu por
entre névoas e campos
devorados pela erva?
Esteve aqui — aqui dentro
de nós, como se sempre aqui
tivesse estado; e não a
ouvimos, como se não nos
falasse desde sempre,
aqui, dentro de nós.
E agora que a queremos ouvir,
como se a tivéssemos re-
conhecido outrora, onde está? A voz
que dança de noite, no inverno,
sem luz nem eco, enquanto
segura pela mão o fio
obscuro do horizonte.
Diz: "Não chores o que te espera,
nem desças já pela margem
do rio derradeiro. Respira,
numa breve inspiração, o cheiro
da resina, nos bosques, e
o sopro húmido dos versos."
Como se a ouvíssemos.
Nuno Júdice, in "Meditação sobre Ruínas"
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3 comentários:
Brilhante! Adorei verdadeiramente o poema. Estou sempre escutando essa Voz.
é essa breve inspiração que faz toda a diferença em nossas vidas..
estes breves momentos nos dão força...
belo poema
beijo
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