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sábado, 23 de janeiro de 2010

A Proibição.



Tem cuidado ao amar-me.
Pelo menos, lembra-te que to proibi.
Não que restaure o meu pródigo desperdício
De alento e sangue, com teus suspiros e lágrimas,
Tornando-me para ti o que foste para mim,
Mas tão grande prazer desgasta a nossa vida duma vez.
Para evitar que teu amor por minha morte seja frustrado,
Se me amas, tem cuidado ao amar-me.
Tem cuidado ao odiar-me,
E com os excessos do triunfo na vitória,
Ou tornar-me-ei o meu próprio executor,
E do ódio com igual ódio me vingarei.
Mas tu perderás a pose do conquistador,
Se eu, a tua conquista, perecer pelo teu ódio:
Então, para evitar que, reduzido a nada, eu te diminua,
Se tu me odeias, tem cuidado ao odiar-me.
Contudo, ama-me e odeia-me também.
Assim os extremos não farão o trabalho um do outro:
Ama-me, para que possa morrer do modo mais doce;
Odeia-me, pois teu amor é excessivo para mim;
Ou deixa que ambos, eles e não eu, se corrompam
Para que, vivo, eu seja teu palco e não teu triunfo.
Então, para que o teu amor, ódio, e a mim, não destruas,
Oh, deixa-me viver, mas ama-me e odeia-me também.

John Donne, in "Poemas Eróticos".

5 comentários:

Guma disse...

Se o amor é desmedido e nada contido e se nos apresenta relutante em ser linear, ainda bem, porque assim amar não tem dimensão nem barreiras de alguma espécie, é simplesmente... amar e sem proibições.
Muito gosto neste bom bocado que aqui passei.
Bom fim de semana Manuel e receba o meu kandando

Regina Rozenbaum disse...

Ah que "coincidência" encontrar aqui logo depois de Kimbanda...Concordo com seu comentário: sem barreiras, sem fórmulas, sem regras...só a batida verdadeira do coração!
Beijuuss n.c.
Regina
www.toforatodentro.blogspot.com

angela disse...

Denso, complexo.
beijos

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Clecilene Carvalho disse...

"O amor procura os iguais; o ódio, os diferentes." (Albertano da Brescia.
"A proibição" uma prova de que os opostos se atraem.

Tenha um excelente final de semana.