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quinta-feira, 8 de abril de 2010

As Pessoas Só Crescem ao Ritmo a que São Obrigadas .




Os jovens de agora parece que têm dificuldade em crescer. Não sei porquê. Se calhar as pessoas só crescem ao ritmo a que são obrigadas. Um primo meu, com dezoito anos, já tinha as insignías de auxiliar do xerife. Era casado e tinha um filho. Tive um amigo de infância que, com a mesma idade, já tinha sido ordenado sacerdote baptista. Era pastor de uma igrejinha rural, muito antiga. Ao fim de uns três anos foi transferido para Lubbock e, quando disse às pessoas que se ia embora, elas desataram todas a chorar, ali sentadas no banco da igraja. Homens e mulheres, todos em lágrimas. Tinha celebrado casamento, baptizados, funerais. Com vinte e um anos, talvez vinte e dois. Quando pregava os seus sermões, a assistência era tanta que havia gente de pé no adro a ouvir. Fiquei espantado. Na escola ele era sempre tão calado.

(...) A Loretta contou-me que ouviu falar na rádio de uma certa percentagem de crianças deste país que está a ser criada pelos avós. Já não me lembro do número. Era bastante alto, pareceu-me. Os pais não querem ter esse trabalho. Conversámos sobre isso. Demos connosco a pensar que quando a próxima geração crescer e também já não quiser criar os filhos, quem é que vai tomar essa tarefa a seu cargo? Os pais deles vão ser os únicos avós disponíveis e nem os próprios filhos quiseram criar. Não encontrámos resposta para isto.

Cormac McCarthy, in 'Este País Não É para Velhos'

3 comentários:

Maria das Graças disse...

Realmente esse é um dos mais sérios problemas da sociedade atual.
Os jovens querem ser eternas crianças.
Os pais preocupados com sucessos profissionais, não tem tempo para a educação dos filhos. E para compensar a ausência mima os filhos criando-os sem responsabilidades perante a vida.

Abraços.

Beth/Lilás disse...

Olá, Manuel!
Vim retribuir sua visitinha e dizer obrigada pelas palavras de apoio à tragédia aqui no Rio/Niterói.

Quanto ao tema que aborda digo-lhe que vemos muito diso por aqui, jovens muito jovens tendo filhos que nem coelhos, mas quem cria são as avós que, muito jovens também para serem avós, cuidam da melhor forma que podem.
Acho isso uma inversão social absurda e, ao que parece, crescente em todo o mundo.
grande abraço carioca

angela disse...

Uma preocupação pertinente.