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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Anda, Vem.




Anda, vem... por que te négas,
Carne morêna, toda perfume?
Por que te cálas,
Por que esmoreces
Boca vermêlha, - rosa de lume!

Se a luz do dia
Te cóbre de pêjo,
Esperemos a noite presos n'um beijo.

Dá-me o infinito goso
De contigo adormecer,
Devagarinho, sentindo
O arôma e o calôr
Da tua carne, - meu amôr!

E ouve, mancebo aládo,
Não entristeças, não penses,
- Sê contente,
Porque nem todo o prazer
Tem peccado...

Anda, vem... dá-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos;

Tenho Saudades da vida!

Tenho sêde dos teus beijos!


António Botto, in 'Canções'

O Rápido Passar do Tempo é Sinal de Inactividade.



O ócio torna lentas as horas e velozes os anos. A actividade torna rápida as horas e lentos os anos. A infância é a actividade máxima, porque ocupada em descobrir o mundo na sua diversidade.
Os anos tornam-se longos na recordação se, ao repensá-los, encontramos numerosos factos a desenvolver pela fantasia. Por isso, a infância parece longuíssima. Provavelmente, cada época da vida é multiplicada pelas sucessivas reflexões das que se lhe seguem: a mais curta é a velhice, porque nunca será repensada.
Cada coisa que nos aconteceu é uma riqueza inesgotável: todo o regresso a ela a aumenta e acresce, dota de relações e aprofunda. A infãncia não é apenas a infância vivida, mas a ideia que fazemos dela na juventude, na maturidade, etc. Por isso, parece a época mais importante, visto ser a mais enriquecida por considerações sucessivas.
Os anos são uma unidade da recordação; as horas e os dias, uma unidade da experiência.

Cesare Pavese, in 'O Ofício de Viver'

Literatura


A problemática do desenvolvimento local remete-nos para a evidência de que vivemos sempre num qualquer sítio.Mas desafia-nos,mais do que isso,a viver o sitio que habitamos.

Por isso mesmo,a viabilidade do nosso mundo rural passa por (muitas) linhas de acção que tornem esse mundo habitável e que nos devolvam a possibilidade de viver o sítio de forma positiva,humanamente criadora.

Recuperar a memória encantada dos lugares de que é feito esse nosso mundo,trazer á superfície esse imaginário que,de muitos modos,ainda se encontra activo,embora recalcado,refazer a densidade simbólica dos sítios,oferecer à criactividade algumas das raízes de que se pode alimentar,apresentar alguns traços do homem rural que nos procedeu e que de algum modo ainda coabita connosco,enfim,pesquisar e disponibilizar uma parte significativa da tradição oral do nosso mundo rural,foi o trabalho que assumiu para si,durante anos,a professora Isilda Jana.Tanto mais importante quanto é uma biblioteca que arde cada vez que as pessoas,ao morrerem,levam consigo o seu testemunho insubstituível.

(José Alves Jana.)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dia internacional da dança.


A DANÇA

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.
.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.
.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
.
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

A Melancolia




A melancolia é sorna e estéril. Camões escreveu a sua epopeia nos dias da esperança. Quando a tristeza desanimadora o entrou, já não pôde escrever para o fidalgo, que lha pedia, uma paráfrase dos salmos.
Uma inteligência em quietismo não danifica os interesses materiais dum país, e até certo ponto pode considerar-se providencial o pousio; mas um cidadão analfabeto, embrutecido pela melancolia, se a sua qualidade civil é importante como deve ser, pode prejudicar gravemente os interesses da cidade.
Ainda bem que a melancolia raro se atreve a perturbar o funcionalismo intelectivo de certas cabeças, cuja organização é maravilha. Daí provém a traça metódica e auspiciosa com que o homem supinamente ignorante regula os seus negócios. Há nessa cabeça a perene claridade dum fundo de garrafa de cristal. As ideias impedem-lhe congeladas da abóbada craniana como as estalactites duma caverna. Dessa imobilidade imperturbável de cérebro resulta a fixidez da mira posta num alvo, a pertinácia das empresas e o conseguimento dos bons efeitos.
Ainda não vi tão cabal e logicamente explicado o fortunoso êxito de algumas riquezas granjeadas pela inépcia.
Não obstante, o número dos bastardos da fortuna é muito maior. O leitor é de certo um dos que tem em cada dia uma hora de enojo, de quebranto, de melancolia, de concentração dolorosa, de desapego à vida, de misantropia e de diálogo terrível com o fantasma da aniquilação.

Camilo Castelo Branco, in 'Coração, Cabeça e Estômago'

Saudade que dói...


Saudade
é estar distante
viver separado
chorar
viver amargurado...
Saudade
é nostalgia
tempos corroídos
desgastados
dia a dia...
Saudade
é viver do outro lado
á distância
lágrimas do passado...
Saudade
é um estado de alma
fragmentos de uma ruptura
tristeza profunda
amargura...
Saudade
é dor que dói
entranha-se
desgasta
corrói...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Lei do amor...


Só existe uma lei no amor; tornar feliz a quem se ama.

Stendhal

Kitaro

Os Dois Horizontes




Dois horizontes fecham nossa vida:

Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro,—
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.

Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais;
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.

Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.

No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.

Que cismas, homem? – Perdido
No mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem? – Procuro,
Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.

Dois horizontes fecham nossa vida.

Machado de Assis, in 'Crisálidas'

terça-feira, 27 de abril de 2010

Brincadeiras...

A Primitiva Infâmia




Desde que se cumpram certas cerimónias ou se respeitem certas fórmulas, consegue-se ser ladrão e escrupulosamente honesto - tudo ao mesmo tempo. A honradez deste homem assenta sobre uma primitiva infâmia. O interesse e a religião, a ganância e o escrúpulo, a honra e o interesse, podem viver na mesma casa, separados por tabiques. Agora é a vez da honra - agora é a vez do dinheiro - agora é a vez da religião. Tudo se acomoda, outras coisas heterogéneas se acomodam ainda. Com um bocado de jeito arranja-se-lhes sempre lugar nas almas bem formadas.

Raul Brandão, in "Húmus"

Penso,logo quero...


Penso
combino idéias
reflito
formo opinião
medito...
Planejo
imagino
coagito
cismo
logo existo...
Penso demoradamente
com insistência
examino
aprecio
em consciência...
Penso
logo considero
tenho em conta
dou atenção
examino
provo
logo quero...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Roxo de Lilás.




Lilás
cor da alquimia
energia cósmica
inspiração espiritual
magia...

Lilás
arbusto de delicado perfume
teus odores
libertam paixão
amores
ciúme.

mundo lilás
força e vida
roxo de paixão
vida colorida...

Lilás
influente nas emoções
intituitivo
roxo de tristeza
prosperidade
nobreza...

domingo, 25 de abril de 2010

Paz e serenidade em todos os corações!



Quem estiver de acordo com a idéia ,leve e passse adiante.

"Esquecidos da história..."


Um bem haja para a guarnição do NRP Gago Coutinho (25 de Abril de 1974)


Integrada numa força NATO, a fragata rumava à saída da barra quando foi mandada retroceder, abandonando a formatura e colocando-se em frente ao Terreiro do Paço. Esta ordem veio do Estado-Maior da Armada;
O Imediato na asa da ponte de EB informa o Com.te do navio que a posição da Marinha para com o movimento é de neutralidade activa;
O Almirante Jaime Lopes dá ordem ao Com.te do navio para abrir fogo sobre os tanques do Exército posicionados no Terreiro do Paço;
O Com.te do navio não cumpre a ordem, alegando que estava muita gente no Terreiro do Paço e, também, que vários cacilheiros se encontravam nas proximidades;
O Com.te do navio recebe ordens para fazer fogo de salva;
O Com. .te do navio dá ordem ao Chefe do Serviço de Artilharia para fazer fogo de salva;
O C.S Artilharia recusa-se, chamando a atenção do Com.te do navio para o Imediato que tinha algo a dizer;
O Imediato reafirma a intenção dos oficiais se recusarem a abrir fogo mesmo de salva;
O Com.te do navio em crescente histeria, exonera do seu cargo o Imediato. Os oficiais a seguir convidados a assumirem o cargo recusaram;
Os oficiais mantêm-se disciplinadamente, a cumprir ordens do Com.te, excepto a de abrir fogo;
Pelas 13H20 o Com.te reúne-se com os oficiais na câmara. Em cima da mesa coloca uma pasta de arquivo verde, onde se pôde ver inscrita a palavra “Revolução”.
Após ter inquirido, um a um, todos os oficiais, começando pelo mais moderno, sobre se mantinham a sua posição de recusa de abrir fogo, o Com.te do navio considerou todos os oficiais insubordinados;
No final da reunião, que terminou antes da rendição do Presidente do Conselho de Ministros, Marcelo Caetano, no Quartel do Carmo, o Com.te do navio realçou explicitamente a necessidade de cada um de nós não se esquecer da posição que tinha assumido, pois ele não se esqueceria.”
Quanto a mim, a coragem e determinação destes Homens que mesmo sabendo que correriam riscos, se recusaram a cumprir uma ordem que teria consequências imprevisíveis para o resultado do 25 de Abril, merece ser lembrada.

Fonte: Anais do Clube Militar Naval .

Anonimato


Como é bom viver no anonimato,sem gente conhecida,viver fora da verdade,mentirmos a nós próprios,enfim viver mascarado.

Conquista.




Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'

sábado, 24 de abril de 2010

Liberdade .




— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga, in 'Diário XII'

Moderação de comentários.


Este blog faz dois anos dia 1 De Maio.Os comentários sempre foram livres mas,por motivos alheios á minha vontade, a partir do momento serão pré visionanos.

Espero que me compreendam e desculpem.

Sou velho de mais para censurar, mas suficientemente jovem para agir .

O Assombro da Incoerência do Nosso Ser .



Sou um mero espectador da vida, que não tenta explicá-la. Não afirmo nem nego. Há muito que fujo de julgar os homens, e, a cada hora que passa, a vida me parece ou muito complicada e misteriosa ou muito simples e profunda. Não aprendo até morrer - desaprendo até morrer. Não sei nada, não sei nada, e saio deste mundo com a convicção de que não é a razão nem a verdade que nos guiam: só a paixão e a quimera nos levam a resoluções definitivas.

O papel dos doidos é de primeira importância neste triste planeta, embora depois os outros tentem corrigi-lo e canalizá-lo... Também entendo que é tão difícil asseverar a exactidão dum facto como julgar um homem com justiça.
Todos os dias mudamos de opinião. Todos os dias somos empurrados para léguas de distância por uma coisa frenética, que nos leva não sei para onde. Sucede sempre que, passados meses sobre o que escrevo - eu próprio duvido e hesito. Sinto que não me pertenço...
É por isso que não condeno nem explico nada, e fujo até de descer dentro de mim próprio, para não reconhecer com espanto que sou absurdo - para não ter de discriminar até que ponto creio ou não creio, e de verificar o que me pertence e o que pertence aos mortos. De resto isto de ter opiniões não é fácil. Sempre que me dei a esse luxo, fui forçado a reconhecer que eram falsas ou erróneas.

Raul Brandão, in " Se Tivesse de Recomeçar a Vida "

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Retrato de Mulher Triste




Vestiu-se para um baile que não há.
Sentou-se com suas últimas jóias.
E olha para o lado, imóvel.

Está vendo os salões que se acabaram,
embala-se em valsas que não dançou,
levemente sorri para um homem.
O homem que não existiu.

Se alguém lhe disser que sonha,
levantará com desdém o arco das sobrancelhas,
Pois jamais se viveu com tanta plenitude.

Mas para falar de sua vida
tem de abaixar as quase infantis pestanas,
e esperar que se apaguem duas infinitas lágrimas.

Cecília Meireles, in 'Poemas (1942-1959)'

As Pessoas são Como os Envelopes




As pessoas e os encontros, por vezes, são como os envelopes bem endereçados que recebemos. Sabe-se o nome e a morada, mas não se sabe o que vem lá dentro. Será uma conta a pagar, um convite, um folheto de publicidade? Será uma cunha, umas boas festas? É que o envelope rasga-se e depois vê-se o que vem lá dentro. As intenções do coração vêm sempre ao de cima, não há máscara que lhes resista...

(Padre) Vasco Pinto de Magalhães, in 'Não Há Soluções, Há Caminhos'

A propósito do dia mundial dos livros...


Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a humidade, os bichos, o tempo; e o seu próprio conteúdo .

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Palavras


As palavras não significam nada se não forem recebidas como um eco da vontade de quem as ouve.

(Augustina Bessa luís.)

Chamar a Si Todo o Céu com um Sorriso




que o meu coração esteja sempre aberto às pequenas
aves que são os segredos da vida
o que quer que cantem é melhor do que conhecer
e se os homens não as ouvem estão velhos

que o meu pensamento caminhe pelo faminto
e destemido e sedento e servil
e mesmo que seja domingo que eu me engane
pois sempre que os homens têm razão não são jovens

e que eu não faça nada de útil
e te ame muito mais do que verdadeiramente
nunca houve ninguém tão louco que não conseguisse
chamar a si todo o céu com um sorriso

E. E. Cummings, in "livrodepoemas"

Todo o Mal Provém não da Privação mas do Supérfluo




Ser feliz é, afinal, não esperar muito da felicidade, ser feliz é ser simples, desambicioso, é saber dosear as aspirações até àquela medida que põe o que se deseja ao nosso alcance. Pegando de novo em Tolstoi, que vem sendo em mim um padrão tutelar, lembremos de novo um dos seus heróis, o príncipe Pedro Bezoukhov (do romance 'Guerra e Paz'). As circunstâncias fizeram-no conviver no cativeiro com um símbolo da sabedoria popular, um tal Karataiev. Pois esse companheirismo desinteressado e genuíno, esse encontro com a vida crua mas desmistificadora, não só modificaram o príncipe Pedro como lhe revelaram o que ele precisava de saber para atingir o que nós, pobres humanos, debalde perseguimos: a coerência, a pacificação interior, que são correctivos da desventura.

Tolstoi salienta-nos que Pedro, após essa vivência, apreendera, não pela razão mas por todo o seu ser, que o homem nasceu para a felicidade e que todo o mal provém não da privação mas do supérfluo, e que, enfim, não há grandeza onde não haja verdade e desapego pelo efémero. Isto, aliás, nos é repetido por outra figura de Tolstoi, a princesa Maria, ao acautelar-nos com esta síntese desoladora: «Todos lutam, sofrem e se angustiam, todos corrompem a alma para atingir bens fugazes».

Fernando Namora, in 'Sentados na Relva'

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Alegria


Não se descuide de ser alegre - só a alegria dá alma e luz à Ironia, à Santa Ironia - que sem ela não é mais que uma amargura vazia .

Eça de Queiroz.

Roda dos Livros



CONCURSO CONCELHIO O Município de Constância e o Agrupamento de Escolas Luís de Camões, através da Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill e da Biblioteca Escolar Carlos Cécio, irão realizar no dia 23 de Abril, a final do Concurso Concelhio Roda de Livros.

Nesta iniciativa terá lugar a eliminatória do 1º Ciclo, através de uma 1ª fase com uma prova escrita, tipo americano, com perguntas de vários graus de dificuldade, sendo apurados 7 concorrentes. Na 2ª fase, cada um dos 7 participantes do 1º e 2º Ciclos, juntamente com um familiar, formarão equipas, para se apurarem os vencedores.

No final deste evento, serão entregues prémios aos vencedores do 1º e 2º Ciclos do Concurso Concelhio e ao 3º Ciclo e Secundário do Concurso Nacional, como recompensa pela generosa e empenhada participação neste concurso.

Este concurso pretende promover, entre os alunos, o prazer de ler, o estímulo e o gosto pela leitura e o contacto com os livros, com a certeza de que só com a leitura se tornarão seres humanos mais completos.

Aberta à comunidade em geral, esta actividade está agendada para o dia 23 de Abril (sexta-feira), pelas 21.00H, no Cine Teatro Municipal de Constância.

Para informações ou esclarecimentos adicionais devem contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill, através do telefone 249 739 367 ou o e-mail biblioteca@cm-constancia.pt, ou ainda a Biblioteca Escolar Carlos Cécio, através do telefone 249730290 e e-mail biblioteca.carloscecio@gmail.com.


Leia mais. Viva mais.

Por CMC

Tentação.




Eu não resistirei à tentação,
não quero que de mim possas perder-te,
que só na fonte fria da razão
renasça a minha sede de beber-te.

Eu não resistirei à tentação
de quanto adivinhei nesta amargura:
um sim que só assalta quem diz não,
um corpo que entrevi na selva escura.

Resistirei a te chamar paixão,
a te perder nos versos, nas palavras:
mas não resistirei à tentação
de te dizer que o céu é o que rasa

a luz que nos teus olhos eu perdi
e que na terra toda não mais vi.

Luis Filipe Castro Mendes, in "Os Amantes Obscuros"

terça-feira, 20 de abril de 2010

Um Sentido Para a Vida ...




Valeu-me a pena viver? Fui feliz, fui feliz no meu canto, longe da papelada ignóbil. Muitas vezes desejei, confesso-o, a agitação dos traficantes e os seus automóveis, dos políticos e a sua balbúrdia - mas logo me refugiava no meu buraco a sonhar. Agora vou morrer - e eles vão morrer.
A diferença é que eles levam um caixão mais rico, mas eu talvez me aproxime mais de Deus. O que invejei - o que invejo profundamente são os que podem ainda trabalhar por muitos anos; são os que começam agora uma longa obra e têm diante de si muito tempo para a concluir. Invejo os que se deitam cismando nos seus livros e se levantam pensando com obstinação nos seus livros. Não é o gozo que eu invejo (não dou um passo para o gozo) - é o pedreiro que passa por aqui logo de manhã com o pico às costas, assobiando baixinho, e já absorto no trabalho da pedra.

Se vale a pena viver a vida esplêndida - esta fantasmagoria de cores, de grotesco, esta mescla de estrelas e de sonho? ... Só a luz! só a luz vale a vida! A luz interior ou a luz exterior. Doente ou com saúde, triste ou alegre, procuro a luz com avidez. A luz é para mim a felicidade. Vivo de luz. Impregno-me, olho-a com êxtase. Valho o que ela vale. Sinto-me caído quando o dia amanhece baço e turvo. Sonho com ela e de manhã é a luz o meu primeiro pensamento. Qualquer fio me prende, qualquer reflexo me encanta. E agora mais doente, mais perto do túmulo, busco-a com ânsia.

Raul Brandão, in " Se Tivesse de Recomeçar a Vida "

Literatura


Roberta é uma jovem livreira em plena crise existencial e conjugal - Oscar, o marido, com quem casou contra a opinião de toda a gente, revela-se incapaz de responder às suas necessidades e de assumir as responsabilidades de uma família.

Uma dolorosa reflexão leva Roberta a percorrer o passado e a descobrir as raízes do seu mal-estar, que remontam à infância, passada no meio dos afectos envolventes da família paterna, onde a mãe, Malvina, brilhava pela ausência. Feminista convicta no período turbulento de 68, Malvina escolhera viver de acordo com os seus princípios e confia a filha ao companheiro. Desta situação vão nascer, ao longo do tempo, dramas, mal-entendidos, conflitos mal resolvidos e também segredos há muito guardados. E é apenas ao dissipar estas sombras que Roberta vai conseguir superar a crise e reconciliar-se consigo mesma.

Uma história de ligações profundas e paixões intensas em que Sveva Casati Modignani, através do confronto entre duas gerações de mulheres, nos conta como éramos antes e como somos agora. "

Penumbra...


Noite longa
penumbra sombria
vultos
fantasia...
Noites de breu
espaços vazios
tu
e
eu...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Vermelho

Resgate no Reino da Dinamarca.

Ontem foi dia de resgate de uma princesa.


Passava uma semana de férias em Copenhague (Dinamarca) a Natureza pegou-lhe uma partida, os aviões deixaram de voar e a escola começava hoje, em Antwerpen (Bélgica).



Minha neta Laura,já bordo do carro e em território alemão (Lubeck)São e salva.





Depois de muita tagarelice dorme um sono merecido.

Foram cerca de 1800 km no ir e vir mas correu tudo bem.

Vermelho .


Lábios vermelhos
sexys,sensuais
boca vermelha
sedução
cor de fogo
paixão...

Vermelho
vinho generoso
que me abrasas
num amor ardente
dramático
misterioso
potente...

Dália vermelha,mulher
teus olhos abrasadores
rosa vermelha
de paixão
amor vivo
vermelha tulipa
que declaras amor
cravo vermelho
altivo...

sábado, 17 de abril de 2010

Obs:


Todo aquele que conseguir a alegria deve partilhá-la ...

A Mulher Inspiradora .




Mulher, não és só obra de Deus;
os homens vão-te criando eternamente
com a formosura dos seus corações,
e os seus anseios
vestiram de glória a tua juventude.

Por ti o poeta vai tecendo
a sua imaginária tela de oiro:
o pintor dá às tuas formas,
dia após dia,
nova imortalidade.

Para te adornar, para te vestir,
para tornar-te mais preciosa,
o mar traz as suas pérolas,
a terra o seu oiro,
sua flor os jardins do Verão.

Mulher, és meio mulher,
meio sonho.

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"

Porque amanhã é Domingo...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Nas asas do sonho...


Nas asas do sonho
voo com destino incerto
regresso ao passado?
Nem eu sei!
apenas sinto
que de ti
quero estar perto...

Pensamentos...


O que seria o vazio das nossa vidas sem as luminosas idéias dos nossos pensamentos!

Dia Mundial do Livro



23 de Abril Para celebrar o Dia Mundial do Livro, que se comemora no dia 23 de Abril, vai a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill promover a Maratona de Contos que se assume como um incentivo à leitura, à expressividade e à partilha de saberes, através de contos que transformam um simples livro num mundo mágico onde tudo pode acontecer. Como diz o povo, as histórias são como as cerejas, que se contam e recontam num desfiar de imaginação e criatividade.

Assim no Dia Mundial do Livro, vai realizar-se uma sessão de contos para crianças, narrados por convidados de diferentes áreas profissionais, que irão contar uma pequena história de forma muito própria e singular, com o objectivo de promover uma maior consciencialização sobre a importância dos livros na sociedade actual.

Aberta à comunidade em geral, esta actividade está agendada para o dia 23 de Abril (sexta-feira) às 10.30H na Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill.

Para mais informações ou esclarecimentos adicionais devem os interessados contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill através do número de telefone 249 739 367 ou via correio electrónico para biblioteca@cmconstancia.pt.


Leia mais. Viva mais.

Por CMC

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Perfume de rosas.


Pele macia
corpo sensual
olhos doces
brilhos de cristal...
Seios redondos
cativantes
corpo divino
formas ondulantes...
Olhar cristalino
boca formosa
teus cheiros
perfume de rosa...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Loreena McKennitt

Paixão




Supõe que de uma praia, rocha ou monte,
Com essa vista embaciada e turva
Que dá aos olhos entranhável dor,
Tinhas podido ver transpor a curva
Pouco a pouco do líquido horizonte
A barca saudosa que levasse
Aquele a quem primeiro uniste a face
E o teu primeiro amor!

Depois, que toda mágoa e saudade,
Da mesma rocha ou alcantil deserto,
Olhando avidamente para o mar...
Vias na solitária imensidade
Vagas ficções de um pensamento incerto
Surgir das ondas, desfazer-se em espuma,
Não alvejando nunca vela alguma...
E sempre a suspirar!

Até que à luz de uma intuição sublime
De alma arrancavas o gemido extremo
De saudade, desespero e dor!...
Pois é assim que eu sofro, assim que eu gemo,
Que nuvem negra o coração me oprime,
Nuvem de mágoa, nuvem de ciúme,
Em te não vendo à hora do costume...
Meu anjo e meu amor!

João de Deus, in 'Campo de Flores'

O Que Devemos Sentir




Todas as pessoas devem ter experimentado a sensação desagradável que se tem nas estações de caminho de ferro. Vamos despedir-nos de alguém. A pessoa já entrou no comboio, mas ele demora a partir. Ali ficam as duas pessoas, uma na plataforma e a outra à janela, esforçando-se por conversar, mas de repente não têm nada para dizer.
Isto, evidentemente, resulta de não podermos sentir o que queremos. A situação impõe-nos um determinado sentimento. E quem não experimentou aquele tremendo alívio quando o comboio finalmente parte?

Ou nos funerais. Quando alguém morre ou adoece, quando surgem as desilusões, espera-se sempre que sintamos determinadas coisas.
Em todas as situações, excepto as mais quotidianas, as mais neutras, há uma pressão que se exerce sobre nós, que nos dita a forma como devemos conduzir-nos, aquilo que devemos sentir, E se examinarmos bem o fenómeno, verificamos, não raras vezes, que esses papéis nos são atribuídos por romances, filmes ou peças de teatro que vimos há muito tempo.
Quando somos realmente confrontados com situações invulgares (por exemplo, rivalidades que prevíamos e não se verificam, e em vez disso se transformam num amor que nos deixa sós), a primeira coisa a que nos agarramos são esses padrões sentimentais livrescos.
Não nos ajudam muito. Deixam-nos mais sós do que antes - e caímos, desamparados, na realidade.

Lars Gustafsson, in 'A Morte de um Apicultor'

terça-feira, 13 de abril de 2010

Um Certo Grau de Vida .




Quando atingimos um certo grau da vida, da experiência e do conhecimento dos homens, toda a relação, mesmo com os mais avisados e os mais amáveis dos nossos amigos, quase não vale mais do que pela atmosfera que a envolve, e todas as nossas conversas, mesmo aquelas que se dizem profundas, já não são capazes de nos dar riqueza e felicidade no plano intelectual, mas unicamente de um modo quase melódico ou musical.

Arthur Schnitzler, in 'Relações e Solidão'

Hoje é dia do beijo.


Beijo

Beijo na face
Pede-se e dá-se:
Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
Vá!

Um beijo é culpa,
Que se desculpa:
Dá?
A borboleta
Beija a violeta:
Vá!

Um beijo é graça,
Que a mais não passa:
Dá?
Teme que a tente?
É inocente...
Vá!

Guardo segredo,
Não tenha medo...
Vê?
Dê-me um beijinho,
Dê de mansinho,
Dê!

*

Como ele é doce!
Como ele trouxe,
Flor,
Paz a meu seio!
Saciar-me veio,
Amor!

Saciar-me? louco...
Um é tão pouco,
Flor!
Deixa, concede
Que eu mate a sede,
Amor!

Talvez te leve
O vento em breve,
Flor!
A vida foge,
A vida é hoje,
Amor!

Guardo segredo,
Não tenhas medo
Pois!
Um mais na face,
E a mais não passe!
Dois...

*

Oh! dois? piedade!
Coisas tão boas...
Vês?
Quantas pessoas
Tem a Trindade?
Três!

Três é a conta
Certinho, e justa...
Vês?
E que te custa?
Não sejas tonta!
Três!

Três, sim: não cuides
Que te desgraças:
Vês?
Três são as Graças,
Três as Virtudes;
Três.

As folhas santas
Que o lírio fecham,
Vês?
E não o deixam
Manchar, são... quantas?
Três!

João de Deus, in 'Campo de Flores'