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sábado, 31 de maio de 2008

Gatos.



Elogio aos Gatos

Celso Japiassu



Ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, êles são desastrados e sujeitos a todo tipo de acidente. A agilidade natural que possuem evita coisa pior, na maior parte das vezes. Adorados e odiados na história do seu relacionamento com o homem, foi o último dos animais domésticos a ser domesticado. O cão foi o primeiro a ser atraído para ajudar nas caçadas, o cavalo para ser usado como meio de transporte, o boi para o trabalho e para fornecer leite e carne. O gato, sem qualquer utilidade, permaneceu selvagem e livre, dono de si mesmo, independente e orgulhoso.


Os ratos que comiam metade da colheita dos egípcios foi que tornaram necessária a ajuda desse perseguidor que se diverte com a caça e ataca tudo o que se movimentar a sua frente. Foi difícil para o homem, ao se aproximar dos gatos, permanecer indiferente a sua beleza e à elegância de seus movimentos.

Divindades na Birmânia e representação do mal na Idade Média cristã, foram perseguidos como símbolos da heresia e do feitiço, torturados e mortos a pauladas, queimados na praça de todas as cidades européias.



Muito do preconceito até hoje existente para com os gatos tem origem nessas crenças medievais. A Europa inteira acabou pagando caro por sua superstição e crueldade, pois a ausência de gatos fez com que os ratos se proliferassem e a peste bubônica matou dois terços da população do continente.





Na companhia dos artistas



O gato não tem sido visto apenas como caçador de ratos. Esopo, Fedro, Cícero, entre os antigos, escreveram sobre êle. Beaudelaire comparou seu pelo macio ao corpo da mulher amada. Hemingway viveu em Havana na companhia de 50 gatos e transformou um deles - Bose - num personagem forte e inesquecível de As Ilhas da Corrente - o companheiro solidário e silencioso de um artista a viver momentos de solidão e angústia.

Eles gostam do silêncio das bibliotecas, dos estúdios com suas mesas abarrotadas de papel e do ruído dos teclados. Dormem com profundo prazer sobre a capa dos livros. Os trabalhadores literários amam verdadeiramente a companhia dos gatos.



O historiador francês Taine escreveu: "conheci muitos pensadores e muitos gatos, mas a sabedoria dos gatos é infinitamente superior."



Theophile Gautier disse que "Deus criou o gato para dar ao homem o prazer de acariciar um tigre".



É extensa a lista dos compositores influenciados pelos gatos. Scarlatti compôs a Fuga del Gatta, Rossini o Duetto Buffo dei due Gatti, Ravel um dueto entre gatos em L'enfant et les Sortiléges. Tchaikovsky, Grieg, Jules Massenet também deixaram obras inspiradas nos gatos. Por coincidência, uma das características dos felinos é a sua sensibilidade à música, que os faz especialmente tranquilos e propensos a um sono imediato.



Obras primas da pintura têm os gatos como tema. Da Vinci tem A Virgem do Gato, Albrecht Dürer pintou um gato a lamber os pés de Eva, Jean Antoine Watteau o imortalizou em seu quadro O Gato Doente. Veronese, Rubens, Bosh, Brueghel, Rembrandt, Tintoretto, todos lhe renderam homenagem fascinados com a sua beleza. Da mesma forma que os modernos Delacroix, Renoir, Courbet, Gauguin e Picasso. Edouard Manet, que os pintou com paixão, costumava observá-los na rua, olhando-os durante horas seguidas debruçado na janela de sua casa.







Uma verdadeira amizade



No cinema, desde o musical Cats a Tom e Jerry, Felix, the Cat e a Pantera Cor de Rosa, que não passa de uma charmosa gata, os gatos são fonte de entretenimento e criatividade.



O pintor Silva Costa me afirmou que um gato de nome Rachid, habitante de um telhado vizinho, já lhe deixou inúmeros recados fazendo uso do teclado do computador. O gato tem suas próprias formas para se comunicar com o homem. Mia, exprime satisfação e prazer ronronando, exibe seu mau humor mediante total indiferença a qualquer tentativa de aproximação. Expressa amor roçando-se nas pernas do dono, lambendo ou trazendo alguns presentes exóticos, produtos do seu trabalho de caçador: um rato ou um pássaro agonizantes.



Os gatos são bichos egoístas, esnobes, insolentes, orgulhosos e desobedientes. Mas quando se convive com eles descobre-se uma verdade antes insuspeitada: a de que é possível existir uma bela e verdadeira amizade entre um homem e um animal.

9 comentários:

Anónimo disse...

fica muito bonito nas fotos, e esse e meiguinho.

Unknown disse...

O Snoopy (na foto) é o gato mais meigo do mundo.
João ,cumprimentos aí para todo o pessoal.

r disse...

Tem ratos em casa?
Não vejo, por que razão há-de precisar do bicho gato.

Unknown disse...

O bicho gato, além de boa companhia, faz muito bem ao bicho stress.

r disse...

Manuel, do mais fundo do meu ser:

- Gatos, não! Please.

r disse...

Sugestão:

Elimine o stress e já pode dispensar o gato.

Anónimo disse...

Para quem vive numa ilha linda e calma,que não tem que enfrentar o trânsito da cidade de Antwerpen, as saídas e entradas na cidade, 5 dias por semana dispensa muito fácilmente o gato e o stress.Só para exemplo:
Neste momento estou colocado na central nuclear de Dooel.Numa situação normal leveria 20 minutos a chegar a casa,em média estou a demorar 01.30 h.

r disse...

central nuclear?
isso é calor a mais, não?
1.30 é o que levo no pássaro voador à capital do reino, fico com um srtess que vai do guito à claustrofobia. Dispenso o gato.
Lembro-me de trabalhar de manhã em Torres Vedras, à tarde no Barreiro e à noite em Torres Vedras, a morar no «Deserto». Dispensei sempre o gato.
Sugestões:
- vá de bike.
- tire férias repartidas.
- compre um pedaço de terreno e faça uma horta.
- crie outro blog.
- dedique-se aos netos.
Dispense o stress e, por consequência, o gato.
olhe, pra mim, gatos, nem estes:

http://www.youtube.com/watch?v=wF21GJryD1g

quando decidi, começar a vê-los, porque toda a gente os via, acabaram. eu e os gatos não nos dados.

Unknown disse...

Obrigado pelas sugestões.
Netos ainda não os há.