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sexta-feira, 30 de maio de 2008
Painel de Neptuno.
Painel de Neptuno
A essência e a História de Constância estão indissociavelmente ligadas aos rios Zêzere e Tejo, que junto à vila confluem, e às actividades fluviais que eles proporcionaram ao longo de vários séculos: a pesca, a construção naval e, sobretudo, o transporte de mercadorias entre este lugar e a capital do país.
O elemento líquido é, assim, parte essencial da identidade de Constância, como o é a memória das actividades dos homens que fizeram da vila um centro importante do comércio e do transporte fluvial e que eram, e são, conhecidos pela designação de marítimos, gente do mar-Tejo, das embarcações, das viagens e dos seus perigos, da relação profunda com a água da qual nasceram e se fortaleceram a fé e a Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Por outro lado, a Constância se liga também, por uma antiga e arraigada tradição, a memória da presença de Camões, nosso Poeta maior e também ele homem do mar e das viagens dos tempos do Império Quinhentista, para além de figura cimeira do renascimento da cultura clássica greco-latina que tão eloquentemente perpassa toda a sua produção poética e, em especial, Os Lusíadas.
Das figuras mitológicas que Camões mais frequentemente evoca e realça destaca-se a de Neptuno, deus do Mar e da Navegação entre os Romanos, que tinha um palácio na profundeza das águas, onde cavalos com crinas de ouro puxavam o seu carro sobre as ondas, cercado de nereidas, de tritões e de monstros marinhos:
«(...)
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram
(...)»
Os Lusíadas, I, 3
«No mais interno fundo das profundas
Cavernas altas, onde o mar se esconde,
Lá onde as ondas saem furibundas,
Quando às iras do vento o mar responde,
Neptuno mora e moram as jucundas
Nereidas e outros Deuses do Mar(...)».
Os Lusíadas, VI, 8
Assim, quando, em 1997, no âmbito do POMTEZE, se construiu um novo fontenário na plataforma inferior do Parque de Merendas da vila e se pretendeu decorá-lo com um painel de azulejos, o motivo escolhido foi, obviamente, a água e, como figura central, Neptuno.
Nos seus 27 metros quadrados, ali a dois passos do monumento a Camões e da confluência dos rios, o painel simboliza e evoca, a um tempo, o mar e a navegação, a água e as viagens, os marítimos e as suas fainas e a tradição da cultura clássica que nos chegou pelos versos de Camões, sintetizando, deste modo, os elementos essenciais da identidade de Constância.
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