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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Ó sino da minha aldeia.



Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa.

1 comentário:

r disse...

na minha aldeia há um sino. não sei se toca.
de resto, a cada 15 min, há um sino a azucrinar-me os ouvidos.