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terça-feira, 22 de julho de 2008

O fim do amor trágico romântico.




Vivemos, de facto, numa época em que a noção de amor trágico e romântico, que herdámos do século dezanove, se tornou inactual, embora continue ainda a ser vivida por muitos - e até com o carácter de construção moral e estética - essa relação extremamente apaixonada, exigente e exclusiva. A reclamação da liberdade erótica não me parece que de algum modo tenda a degradar a vida, conquanto possa dessublimizá-la e do mesmo passo desmistificá-la, precisamente no propósito de a tornar mais lúcida e mais generosa. Afigura-se-me que na contestação de todas as prepotências firmadas em preconceitos, em princípios estabelecidos apriorísticamente, há sempre um nexo muito íntimo entre a reinvindicação da liberdade erótica, da liberdade no trabalho e da liberdade política. E, naturalmente, quando se dá uma explosão desta espécie, é como uma pedra que rola e que vai agregando uma série de materiais e descobrindo a sua própria composição até às zonas mais profundas da sua estrutura.

Urbano Tavares Rodrigues, in "Ensaios de Escreviver"

1 comentário:

r disse...

Pois, resta saber o que entende o senhor (o autor), por liberdade erótica, antes disso, por liberdade. O extracto não permite concluir como concebe a liberdade. Vivemos num mundo onde é muito fácil confundir liberdade com "fazer o que me apetece, quando e como me apetece", agora, aplique-se à tal liberdade erótica. Ora, a liberdade não existe sem responsabilidade e blá, blá, blá... a liberdade erótica, concebida como um mero "apetecer e mais nada", tenderá a degradar a vida. Será outro tipo de sublimação e, não teho dúvidas outra mistificação.
E que cousa é essa de amor trágico e romântico?
Talvez seja necessário um «Novo Humanismo», um outro «Renascimento», blá e blá...
também compreendo, facilmente a contestação da Igreja, face ao uso do preservativo. É bastante óbvio que, no quadro do amor cristão, do casamento cristão e por aí adiante, nem se coloque a necessidade de usar preservativo...
Não, não sou ignorante e sei muito bem o que estou a dizer.


Gostaria de ler este texto completo. Afiguara-se-me, pelo uso da expressão «constução moral e estética» que concordaria com o autor e, principalmente que ele saberá o que é liberdade.