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quinta-feira, 17 de julho de 2008

Supermercados




Os supermercados são os palácios dos pobres. Não são só os azarentos e os mal alojados, os que ao longo das gerações foram reduzindo os gastos da imaginação, que frequentam e, de certo modo, vivem o supermercado, as chamadas grandes superfícies. As grandes superfícies com a sua área iluminada e sempre em festa; a concentração dos prazeres correntes, como a alimentação e a imagem oferecida pelo cinema, satisfazem as pequenas ambições do quotidiano. Não há euforia mas há um sentimento de parentesco face às limitações de cada um. A chuva e o calor são poupados aos passeantes; a comida ligeira confina com a dieta dos adolescentes; há uma emoção própria que paira nas naves das grandes superfícies. São as catedrais da conveniência, dão a ilusão de que o sol quando nasce é para todos e que a cultura e a segurança estão ao alcance das pequenas bolsas. Não há polícia, há uma paz de transeunte que a cidade já não oferece.

Agustina Bessa-Luís, in 'Antes do Degelo'

5 comentários:

r disse...

bem verdade.
evito-os ao máximo (aqui tb não existem grandes superfíceis comerciais).
detesto-lhes a luz, o barulho, as filas e etc
já lá vai o tempo em que ia comprar bolachas ao quilo em pacotes de papel pardo na mercearia da minha rua (penso que ainda existe, não tenho a certeza)...

Unknown disse...

Estão todas em vias de extinção!

r disse...

um dos meus sonhos lunáticos, esse sim, lunático
é ter um mercearia
exactiqual como nos antigamente.
em última análise uma cozinha mobilada com aqueles armários que se usavam nas mercearias (a da minha rua não tinha, era fraquita).
raios partam as multinacionais e a globalização e essas cenas...

Anónimo disse...

Cuidado com os armários antigos se não a ASE fecha-lhe logo a loja. lol

r disse...

são lindos, esses armários, móveis, como se lhes queira chamar...