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sábado, 25 de outubro de 2008
Detrás do espelho.
sou um rato
que comanda o mundo
que me comanda
os animais não verbalizam
mas (também) sentem
decidem
respondendo ao desafio
da sobrevivência
acumulando, estocando energia
sou um rato na troca permanente
de energia:
passado e presente
— indissociáveis:
sinergia.
II
sendo um rato, penso
por ação
acaso mentalizo
sem palavras
— reação.
o desafio é extremo!!! constante
o caminho da harmonia é arriscado
— entropia
fúria desintegradora da matéria
na dissolução dos elementos
(na individuação
do ente)
III
sendo um rato, uma dor de dente
perturba minhas convicções mais profundas
me desentranha;
a carência de proteína desfaz
a minha fé.
o espelho, do outro lado,
não me reflete
mas reflito:
a multiplicação / decadência
do da
(argumento de momento)
adensar-me de fora para dentro
estender-me
— extensão de mim
na resignificação desesperada
agÔnica.
IV
do lá de cá do espelho
há uma outra realidade
questiono
sobre a metade
amputada.
não consigo estar sozinho.
V
em sendo rato desenvolvo
meu olfato, meu tato
em contato com o mundo
minha pele é sensível e me orienta
pelo diálogo!!! pela dialética
(positivo – negativo)
dos confrontos, dos contrários
dos desencontros
(in)formação em meu sangue circulante
minha transformação
meus dedos pensantes
minhas mãos falantes
— meus horizontes
minhas penas, minhas pernas, meus ossos
instintos, intestinos, testículos
sentimentos, trocando experiência
com as pedras
os ventos
por alamedas (in)corpóreas
no ciclo tautológico do universo:
no entanto, portanto, me reciclo.
VI
um homem sem memória (que) se extingue
se desintegra regenera / recupera;
excede
na irreversibilidade da fatal
idade : paixão irreversível
na (des)organização sistêmica
endêmica, interdependência, instância
circunstância = homeostasia.
pré(conceitos) — convicções em crise
(re)(in)duzindo (in)certezas...
sentimentos em suspenso
transfiro minhas energias, matérias
cromossomos:
sobreviver é preciso
criar, recriar, fazer e refazer (-me)
indis pensável!!!
na irreversibilidade, na errância
(equilíbrio insustentável)
VII
sendo rato em relação com o mundo
— que se adensa em camadas de conflito
em reações e rearranjos
(in)controláveis, incontornáveis:
o nome se refaz, se renova
nas relações fortuitas, encontros azarosos
tentativas antinaturais de acomodação
que se desfazem pela inércia
que se auto-dissolvem
na corrente natural da
consciência / existência
(matéria e energia)
des / informação
desconstrução absoluta
abocanhando, ruminando, vomitando
padrões de relação / relações monitoradas
impossível parar!!! e sem retorno.
Luz! Esplendor!
o espelho reverberando
poder da tradição = fator de renovação
(Poema de António Miranda)
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1 comentário:
Zeus!
Ele escreveu entropia, sinergia... vou deixar-me de blogues e estudar.
Este Miranda é um colosso!!!!
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