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quinta-feira, 9 de julho de 2009
O Nosso Desejo de Liberdade não é Sincero.
Se estamos todos muito bem preparados para reclamar liberdade para nós próprios, menos dispostos parecemos para reclamar sobretudo liberdade para os outros ou para lhes conceder a liberdade que está em nosso próprio poder; se conhecêssemos melhor a máquina do mundo, talvez descobríssemos que muita tirania se estabelece fora de nós como se fosse a projecção ou como sendo realmente a projecção das linhas autocráticas que temos dentro de nós; primeiro oprimimos, depois nos oprimem; no fundo, quase sempre nos queixamos dos ditadores que nós mesmos somos para os outros; e até para nós próprios, reprimindo todas as tendências que nos parecem pouco sociais ou pouco lucrativas, desejando muito que os outros nos vejam como simples, bem ajustados, facilmente etiquetáveis.
Agostinho da Silva, in 'Sobre as Escolhas'
Jogo Literário.
A Angela do blog http://angelabeneguedes.blogspot.com
convidou a participar de um jogo muito interessante. Consiste em escrever o quinto parágrafo ou frase da página 161 do livro à sua escolha e, em seguida convidar outros amigos para fazer o mesmo. Junto à postagem, deixe o link de quem o convidou para participar.
Aqui vai:
-Disseste que sabias o que Annie e o jardneiro fizeram.Bem,eles não são casados,por isso foi mal feito,mas,quando se é casado,é na verdade uma bela coisa,sentiu-se corar e esperou que a filha não olhasse para ele nesse momento.É muito bom mesmo apenas fisicamente,sabes.Impossível de descrever,talvez como sentir o calor de um lume de carvão.
Pedacinhos de mim.
Pedras tuas
África em poesia
Momentos meus
convidou a participar de um jogo muito interessante. Consiste em escrever o quinto parágrafo ou frase da página 161 do livro à sua escolha e, em seguida convidar outros amigos para fazer o mesmo. Junto à postagem, deixe o link de quem o convidou para participar.
Aqui vai:
-Disseste que sabias o que Annie e o jardneiro fizeram.Bem,eles não são casados,por isso foi mal feito,mas,quando se é casado,é na verdade uma bela coisa,sentiu-se corar e esperou que a filha não olhasse para ele nesse momento.É muito bom mesmo apenas fisicamente,sabes.Impossível de descrever,talvez como sentir o calor de um lume de carvão.
Pedacinhos de mim.
Pedras tuas
África em poesia
Momentos meus
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Postal.
Como de costume, colocou os dois pratos sobre a mesa. Não havia sorriso, não havia fome. Enquanto a comida esfriava, a tempestade fazia barulho ao bater no teto. Vez ou outra se ouvia as rajadas do trovão, ainda que distantes. A mão delicada de Madalena aproximou-se lentamente da janela, como um arrepio que sobe pela espinha. Aquela janela velha de madeira, azulada como quisera, se prendia pela tranca, mesmo estando contra o vento que vinha do oceano. Tivera medo do que estava lá fora, diante dela. Mas o rosto também chegou mais perto. Quem estava longe não veria os imensos olhos negros observarem pela fresta do vitral o lado de fora. Fechou abruptamente, com todos os sonhos que aquela mulher poderia ter.
O aceno, o último olhar, se transformava naquela luz que aparecia no mar. Subindo e descendo, subindo e descendo, subindo assim, descendo de lá. As ondas aumentavam, e a luz ao longo do horizonte, ia se distanciando. Um uivo de vento passava pela casa pequena, silenciosa. Se prestasse atenção, fazia-a tremer. A mão pequena fechava-se como se não pudesse mais agir. A flecha fora atirada. A palavra dita. Chegara sorrindo, queimado de sol.
— Descobri meu grande sonho.
Descobrir os sonhos pode custar caro.
— Quero conhecer o mundo.
Conhecer o mundo era ter ele todo para si.
— Você não pode conhecer o mundo.
— Posso. — Olhou para o mar.
— Então me leva.
— É perigoso.
— Então não vá.
Perde-se a luz de vista, mas logo surge mais pequenino, quase caindo no céu. Pedido fora negado.
— Meu sonho é conhecer o mundo — repetia.
A vida continuava, debaixo de sol ou sob a chuva fria que molhava rostos, com a mesma intensidade que a lágrima lhe escorria. E se perguntou, porque está arrumando suas coisas, por que seu barco está aí na frente. Entendera, mas não quis acreditar. Era o mundo que estava pronto para receber. O céu começou a fechar.
— Quero conhecer o mundo também — pegou-o pelo braço.
Beijou-lhe na despedida, assim como beijou a barriga que traria alguém para conhecer o novo mundo. Acariciou ternamente. Filho do adeus. A luz se apagou lá longe. O mar ainda revolto, revirava vidas dentro e fora dele.
— Eu tenho um sonho.
Olhou-a com curiosidade.
— Meu sonho é conhecer o mundo.
Ele sorriu e subiu no barco. Ela correu, mas percebeu que um sonho era mais forte que ela.
— Então me faça uma promessa.
Ele concordou com a cabeça. Madalena pediu, queria conhecer as coisas mais bonitas do mundo.
— Por onde você passar, me mande um postal.
A tempestade teima em não parar. A comida ainda esfria na mesa. E ela nunca recebera nenhum postal.
(Caio Tozzi)
A dança.
Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Pablo Neruda
terça-feira, 7 de julho de 2009
A Cor da Tua Alma .
Enquanto eu te beijo, o seu rumor
nos dá a árvore, que se agita ao sol de ouro
que o sol lhe dá ao fugir, fugaz tesouro
da árvore que é a árvore de meu amor.
Não é fulgor, não é ardor, não é primor
o que me dá de ti o que te adoro,
com a luz que se afasta; é o ouro, o ouro,
é o ouro feito sombra: a tua cor.
A cor de tua alma; pois teus olhos
vão-se tornando nela, e à medida
que o sol troca por seus rubros seus ouros,
e tu te fazes pálida e fundida,
sai o ouro feito tu de teus dois olhos
que me são paz, fé, sol: a minha vida!
Juan Ramón Jiménez, in "Ríos que se Van"
A Razão é um Instrumento do Prazer !
Não existe objecto das nossas paixões, não importa quão vil ou desprezível possa parecer, que deixemos de julgar como bom quando sentimos prazer em possuí-lo. (...) Todas as coisas são merecedoras de amor ou aversão, seja em si mesmas, seja por meio de algo a que estejam associadas; e, quando somos movidos por alguma paixão, nós rapidamente descobrimos no objecto o bem ou o mal que a alimenta. (... ) Isso é suficiente para fazer a razão, comumente um instrumento do prazer, funcionar de modo a defender a causa desse prazer.
Nicolas Malebranche, in 'Procura da Verdade'
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Perdão.
Hoje sonhei que te perdoava. Estamos sentados frente a frente, desconfortáveis, com olhares perdidos. Eu podia sentir o teu desespero mudo no ar, tocar nele, moldá-lo à minha maneira, fazer dele capricho meu. Você fingia tomar seu café e olhar pela janela. O café estava tão quente que era quase uma presença humana. Éramos, então, quatro: eu, você, o café e seu desespero, percebi nisso metáfora indizível. Mesmo no fim, mesmo em sonhos, nunca sozinhos.
Sádica, eu folheava o jornal displicentemente e jogava os cadernos pelo chão, bagunçando tudo de propósito, como que para te irritar pela última vez. Você, numa coragem súbita, quebra o silêncio. Apenas ergo os olhos, fitando-te friamente e volto a uma notícia tediosa, no caderno de política. Falava alguma coisa sobre um tratado político no Sul da África... você fala, fala, fala. Fala coisas que eu não entendo, ou não lembro. Diz que se arrepende, pede desculpas, promete o céu e felicidade eterna. Continuo a ler, termino mais uma página e a jogo no chão, quase com desprezo. Sentindo o corpo inteiro estremecer, numa raiva contida, você se limita a olhar com o canto do olho a mais uma provocação e ignora, permitindo-se um resto de orgulho.
Ao perceber que ainda somos nós — você, puro orgulho, eu, pura implicância — dou um meio sorriso, sabendo que não tenho o direito de me sentir feliz. Você, de repente, percebe tudo e dá um sorriso largo, criança em dia de natal. Surpresa, apenas arregalo os olhos, você ri do meu espanto. Mais alto. Gargalha. Contagiada, vou sentindo minha boca se abrir, tímida, até se escancarar. Sentimos o corpo tremer e rimos, em uma crise guardada, sem explicação, sem motivo.
Passamos tempo incontável assim, a rir sem motivos e, de repente, paramos. Pela primeira vez, nos olhamos de verdade, com olhos de quem ri, inocentes e carinhosos. Finalmente, nós dois entendemos e, calados, aceitamos nosso destino: orgulho e implicância. Nos perdoamos.
Izabel Santa Cruz Fontes
Quem não Ama...
Se a flor namora a flor que lhe é vizinha,
Se uma palma com outra enlaça os ramos,
Se nos prados, com cândidos reclamos,
Namora uma avezinha outra avezinha.
Se o mundo o seu Autor quando o sustinha,
Nos eixos do poder, que acreditamos,
Na longa rotação que divisamos,
Viu que, para o suster, Amor convinha:
Se Amor é um dever que impresso existe
Em tudo que vegeta a redondeza,
Em que o governo universal consiste:
Quem se exime de amor e a Amor despreza?
Quem ataca esta Lei? Quem lhe resiste?
Quem não ama, desmente a Natureza.
Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'
domingo, 5 de julho de 2009
Da Leitura
Não leias para refutar ou contradizer, para aceitar ou aquiescer, para perorar ou discursar, mas para ponderar e considerar. Certos livros devem ser provados; outros engolidos; uns poucos mastigados e digeridos. Quer dizer: devemos ler certos livros apenas parceladamente; outros incuriosamente, e uns poucos da primeira à última página, com diligência e atenção. Alguns livros podem mesmo ser lidos por terceiros, que nos farão deles um apanhado, mas isso somente no caso de assuntos desimportantes, e de livros medíocres, pois livros resumidos são como água destilada: insípidos.
O ler faz um homem completo, o conferir destro, o escrever exacto. Bem por isso, se alguém escreve pouco, deve ter boa memória; se confere pouco, muita sagacidade; se lê pouco, muita manha para afectar saber o que não sabe.
Francis Bacon, in "Ensaios Civis e Morais"
Ser eu !
"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra."
Hilda Hilst
sábado, 4 de julho de 2009
Falar...
De Esquecer
Demorei-me muito tempo ao pé de ti.
As portas fechadas por dentro, como se encerrasses
o amor e a lei. Demorei-me demais. Ao fim da tarde,
nesse mesmo dia que já morreu,
olhámo-nos devagar, mas distraídos. Diria até que anoiteceu.
Nunca falámos do amor que chega tarde.
Nem o interpelámos (como se já não pudesse
ter nome). Fingia ter esquecido o teu corpo
nas muralhas. Nas areias.
Vês aqui alguma figura? Ninguém vê.
Repara no ponto preto que alastra na margem do quadro,
nas minhas lágrimas desse tempo.
Relê.
Luis Filipe Castro Mendes
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Fui Sabendo de Mim .
Margens.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Destaques para o mês de Julho em Constância.
Os Ateliês de Verão, a Hora do Conto e a Mostra Bio-bibliográfica
constituem os destaques para o mês de Julho
A Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill prossegue a sua estratégia de valorização do património bibliográfico e de ocupação de tempos livres e de lazer dos nossos utilizadores durante o período estival.
Para além das novidades literárias e audiovisuais e das actividades regulares de desenvolvimento da literacia dos seus utilizadores, às segundas-feiras, a partir das 14:00H, Os Ateliês de Verão, a Hora do Conto e a Mostra Bio-bibliográfica Conhece a Biblioteca e às quartas-feiras, a partir das 10.30 H a Hora do Conto, com O Livro da Avó de Luís Silva.
Continua a decorrer DVDteca à Sexta, na sala polivalente, a partir das 15:00H e em Julho as sessões terão o seguinte calendário: dia 3, A Casa Fantasma, dia 10, Minúsculos, dia 17, Macacos no Espaço, dia 24, Dia de Surf e dia 31, Madagáscar 2.
No Escritor do Mês, a mostra bio-bibliográfica pretende dar a conhecer a vida e obra de Alexandre Honrado. Nasceu em Lisboa, a 1 de Novembro de 1960 e muito jovem começou a escrever e a publicar textos em jornais, especialmente no Diário Popular, sendo o seu primeiro livro denominado Castelinhos no Ar. Mas, depressa, veio a ocupar lugar destacado numa nova geração de escritores portugueses de literatura para crianças e para jovens.
Tendo como principal objectivo promover o livro e a leitura, durante as quartas-feiras deste mês, a Biblioteca Municipal promove a Hora do Conto, baseado na obra de Luís Silva O Livro da Avó. Esta obra tem uma narrativa muito breve e simples, motivada pela memória e pela saudade de uma avó muito especial.
Para ocupar os tempos livres, os Ateliês de Verão irão realizar-se, às quintas-feiras, durante o mês de Julho e pretendem proporcionar aos participantes actividades lúdico-pedagógicas, contribuindo para o gosto pela leitura e pela expressão artística. Estas actividades terão as seguintes datas e temáticas: 2 de Julho – Ateliê Arte em Feltro, 9 de Julho – Ateliê Conhecer Andersen, 16 de Julho – Oficina de Construção de Herbário, 23 de Julho – Ateliê de Bordados, 30 de Julho – Ateliê de Dança.
Para informações, inscrições ou esclarecimentos adicionais contactar a Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill através do número de telefone 249 739 367 ou via correio electrónico para biblioteca@cm-constancia.pt.
Leia mais. Viva mais.
Por CMC
Às Estrelas que Também Amo ! ! !
(Você entenderá ! ;-)
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Olavo Bilac
A Lealdade...
...É um Amor que Esquece o Mundo
Só se é realmente leal quando se está sujeito a alguém ou a algo. Aí, onde mesmo um sonho pode ser senhor. Na sujeição de quem serve uma causa, na sujeição de quem se submete a um chefe, na sujeição à pessoa amada, na sujeição do sentimento e na sujeição do dever, no sacrifício da liberdade, da razão e do interesse. No desperdício e no desprezo do que está à vista e do que está à mão, é nesta desagradável situação que se acha ou não acha a lealdade. É por ser selvagem e servil, mas só a um senhor, que a lealdade tem valor. É muito difícil ser-se leal, mas só porque é muito difícil seguirmos o coração. A lealdade é um amor que esquece o mundo.
Ao escolher um amigo, e ao ser-se amigo dele, rejeitam-se as outras pessoas. Quando estamos apaixonados, é através dessa pessoa que amamos a humanidade. O amor ocupa-nos muito. E para os outros, não fica quase nada.
Não se consegue ser leal ao ponto de calar o coração. Mas sofremos com as nossas deslealdades. Sabemos perfeitamente o que estamos a fazer, quem sacrificámos, e porquê. É por causa da consciência da nossa imperfeição que o ideal da verdadeira lealdade não pode ser abandonado ou alterado. O facto de ser incumprível não obriga a que se arranje uma versão softcore, mais cómoda e realista. É preciso aguentar. A lealdade é uma coisa tão cega e simples de determinar quanto é difícil de determinar quanto é difícil de seguir.
Miguel Esteves Cardoso, in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa'
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!
Mario Quintana
O Nosso Livro !
Deixa-me dizer-te, meu caro, pode bem acontecer que vás através da vida sem saber que debaixo do teu nariz existe um livro no qual a tua vida é descrita em todo o detalhe. Aquilo do qual nunca te deste conta antes, vais relembrando aos poucos, assim que comeces a ler esse livro, e encontras e descobres... alguns livros tu lês e lês e não lhe consegues encontrar qualquer sentido ou lógica, por mais que tentes. São tão "espertos" que não consegues perceber uma palavra daquilo que dizem... Mas esse livro que talvez esteja logo debaixo do teu nariz, tu lês e sentes-te como se tivesses sido tu próprio a escrevê-lo, tal como - como é que hei-de dizer ? - tal como tivesses tomado posse do teu próprio coração - qualquer que este possa ser - e o tivesse virado do avesso de forma que as pessoas o consigam ver, e descrito com todos os detalhes - tal e qual como ele é!
E como isto é simples, meu Deus! Porquê, eu próprio poderia ter escrito este livro! Porquê, de facto, porquê é que eu próprio não escrevi este livro!
Fiodor Dostoievski, in "Pobre Gente"
terça-feira, 30 de junho de 2009
Nona Sinfonia .
É por dentro de um homem que se ouve
o tom mais alto que tiver a vida
a glória de cantar que tudo move
a força de viver enraivecida.
Num palácio de sons erguem-se as traves
que seguram o tecto da alegria
pedras que são ao mesmo tempo as aves
mais livres que voaram na poesia.
Para o alto se voltam as volutas
hieráticas sagradas impolutas
dos sons que surgem rangem e se somem.
Mas de baixo é que irrompem absolutas
as humanas palavras resolutas.
Por deus não basta. É mais preciso o Homem.
Ary dos Santos, in 'O Sangue das Palavras'
Dia das Bibliotecas.
A Biblioteca Municipal Alexandre O'Neill comemora Dia das Bibliotecas
1 de Julho
Já em tempos antigos, havia a preocupação de fundar Bibliotecas para guardar os livros e manuscritos permitindo que todos tivessem acesso ao conhecimento por eles transmitidos.
A Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill (BMAO) pretende assinalar o dia 1 de Julho, Dia das Bibliotecas, para enaltecer o importante papel das Bibliotecas como locais de leitura, de aquisição de conhecimento e de divertimento.
Neste dia irá realizar-se uma actividade que tem por objectivo promover o livro e a leitura, dando a conhecer os diferentes espaços da Biblioteca Municipal.
Assim, através das perguntas: O que é uma biblioteca? Como gostariam que fosse? E no futuro o que será? Procura-se estimular a criatividade, a imaginação e o gosto pela frequência deste espaço cultural.
Destinada ao público infantil e juvenil, esta iniciativa está agendada para o dia 1 de Julho, das 14.00H às 18.30H na BMAO.
Para informações ou esclarecimentos adicionais contactar a BMAO através do número de telefone 249 739 367 ou via correio electrónico para biblioteca@cm-constancia.pt.
Leia mais. Viva mais.
Por CMC
"Prémios de Reconhecimento à Educação"
Município de Constância conquistou o 1º prémio no País
O melhor município para estudar dos "Prémios de Reconhecimento à Educação"
O Município de Constância conquistou o 1º prémio, na categoria o melhor município para estudar, após candidatura apresentada aos “Prémios de Reconhecimento à Educação”.
A entrega do galardão decorreu ontem, dia 29 de Junho, no Auditório Cardeal Medeiros, da Universidade Católica de Lisboa, no decorrer 17ª Conferência SINASE – Boas Práticas na Educação, Saúde e Qualidade, uma cerimónia presidida pela Ministra da Educação, Dra. Maria de Lurdes Rodrigues.
A Câmara Municipal de Constância sente-se muito honrada com esta distinção, pelo que não pode deixar de envolver e reconhecer publicamente o papel fundamental de todos os parceiros e entidades que trabalham com a autarquia no sentido de ver consagrado o objectivo de garantir um futuro mais promissor para todos aqueles que vivem e estudam no nosso concelho.
Os “Prémios de Reconhecimento à Educação” têm como objectivo distinguir e galardoar entidades educativas e formativas cuja actuação, em 2008, se tenha destacado ao nível do contributo que prestaram junto e para a comunidade educativa. Os “Prémios de Reconhecimento à Educação” detinham as seguintes categorias: Inovação pedagógica, Comunidade e Parcerias/Protocolos, Quadro de Excelência, Quadro de Valor, Ambiente e sustentabilidade, Prevenção da Saúde Pública no meio escolar, Formação profissional e O melhor município para estudar.
A escolha das entidades alvo de reconhecimento coube a um júri constituído por personalidades com reconhecidos méritos nos contextos dos diferentes prémios instituídos e do qual fazem igualmente parte representantes das entidades patrocinadoras da iniciativa.
Estes Prémios são uma iniciativa conjunta da groupVision Serviços Editoriais e de Educação, da SINASE e de organizações apoiantes e patrocinadoras. Os patrocinadores e apoiantes dos “Prémios de Reconhecimento à Educação” subscrevem os objectivos do concurso e associam-se a um projecto que intenta contribuir para dinamizar um sector de índole estratégica para a sociedade portuguesa.
O reconhecimento público que será dado aos galardoados visa não apenas premiar as iniciativas com mais destaque na área da educação e formação no ano de 2008, mas igualmente motivar e estabelecer exemplos a seguir no futuro, contribuindo assim para a consolidação de boas práticas nesta área que possam ser referência para outras entidades.
Por CMC
Literatura.
Sinopse:
1914: a Alemanha prepara-se para a guerra e os aliados constroem as suas defesas. Ambos os lados precisam da Rússia. O Duque de Walden e Winston Churchill planeiam, em total segredo, uma aliança russa mas um homem infiltra-se em Inglaterra com a intenção de deixar a sua marca na História e deixar o país a seus pés...
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Leia .
A Sofreguidão de um Instante .
Tudo renegarei menos o afecto,
e trago um ceptro e uma coroa,
o primeiro de ferro, a segunda de urze,
para ser o rei efémero
desse amor único e breve
que se dilui em partidas
e se fragmenta em perguntas
iguais às das amantes
que a claridade atordoa e converte.
Deixa-me reinar em ti
o tempo apenas de um relâmpago
a incendiar a erva seca dos cumes.
E se tiver que montar guarda,
que seja em redor do teu sono,
num êxtase de lábios sobre a relva,
num delírio de beijos sobre o ventre,
num assombro de dedos sob a roupa.
Eu estava morto e não sabia, sabes,
que há um tempo dentro deste tempo
para renascermos com os corais
e sermos eternos na sofreguidão de um instante.
José Jorge Letria, in "Variantes do Oiro"
A Desgraça do Sonhador !
E vocês sabem o que é um sonhador ? É um pecado personificado, uma tragédia misteriosa, escura e selvagem, com todos os seus horrores frenéticos, catástrofes, devaneios e fins infelizes... um sonhador é sempre um tipo difícil de pessoa porque ele é enormemente imprevisível: umas vezes muito alegre, às vezes muito triste, às vezes rude, noutras muito compreensivo e enternecedor, num momento um egoísta e noutro capaz dos mais honoráveis sentimentos... não é uma vida assim uma tragédia? Não é isto um pecado, um horror? Não é uma caricatura? E não somos todos mais ou menos sonhadores?
Fiodor Dostoievski, in "Escritos Ocasionais"
Fiodor Dostoievski, in "Escritos Ocasionais"
domingo, 28 de junho de 2009
Envelhecer
Dizer Não.
Diz NÃO à liberdade que te oferecem, se ela é só a liberdade dos que ta querem oferecer. Porque a liberdade que é tua não passa pelo decreto arbitrário dos outros.
Diz NÃO à ordem das ruas, se ela é só a ordem do terror. Porque ela tem de nascer de ti, da paz da tua consciência, e não há ordem mais perfeita do que a ordem dos cemitérios.
Diz NÃO à cultura com que queiram promover-te, se a cultura for apenas um prolongamento da polícia. Porque a cultura não tem que ver com a ordem policial mas com a inteira liberdade de ti, não é um modo de se descer mas de se subir, não é um luxo de «elitismo», mas um modo de seres humano em toda a tua plenitude.
Diz NÃO até ao pão com que pretendem alimentar-te, se tiveres de pagá-lo com a renúncia de ti mesmo. Porque não há uma só forma de to negarem negando-to, mas infligindo-te como preço a tua humilhação.
Diz NÃO à justiça com que queiram redimir-te, se ela é apenas um modo de se redimir o redentor. Porque ela não passa nunca por um código, antes de passar pela certeza do que tu sabes ser justo.
Diz NÃO à verdade que te pregam, se ela é a mentira com que te ilude o pregador. Porque a verdade tem a face do Sol e não há noite nenhuma que prevaleça enfim contra ela.
Diz NÃO à unidade que te impõem, se ela é apenas essa imposição. Porque a unidade é apenas a necessidade irreprimível de nos reconhecermos irmãos.
Diz NÃO a todo o partido que te queiram pregar, se ele é apenas a promoção de uma ordem de rebanho. Porque sermos todos irmãos não é ordenanmo-nos em gado sob o comando de um pastor.
Diz NÃO ao ódio e à violência com que te queiram legitimar uma luta fratricida. Porque a justiça há-de nascer de uma consciência iluminada para a verdade e o amor, e o que se semeia no ódio é ódio até ao fim e só dá frutos de sangue.
Diz NÃO mesmo à igualdade, se ela é apenas um modo de te nivelarem pelo mais baixo e não pelo mais alto que existe também em ti. Porque ser igual na miséria e em toda a espécie de degradação não é ser promovido a homem mas despromovido a animal.
E é do NÃO ao que te limita e degrada que tu hás-de construir o SIM da tua dignidade.
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1'
sábado, 27 de junho de 2009
O Homem e a Mulher.
O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher, o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono; para a mulher fez um altar.
O trono exalta e o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher, o coração. O cérebro produz a luz; o coração produz amor. A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é o génio; a mulher é o anjo. O génio é imensurável; o anjo é indefenível;
A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher é a virtude extrema; A glória promove a grandeza e a virtude, a divindade.
O homem tem a supremacia; a mulher, a preferência. A supremacia significa a força; a preferência representa o direito.
O homem é forte pela razão; a mulher, invencível pelas lágrimas.
A razão convence e as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher, de todos os martírios. O heroísmo enobrece e o martírio purifica.
O homem pensa e a mulher sonha. Pensar é ter uma larva no cérebro; sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é a águia que voa; a mulher, o rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço e cantar é conquistar a alma.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra; a mulher, onde começa o céu.
Victor Hugo
De Intensidade e Calma...
Um ofício que fosse de intensidade e calma
e de um fulgor feliz E que durasse
com a densidade ardente e contemporâneo
de quem está no elemento aceso e é a estatura
da água num corpo de alegria E que fosse fundo
o fervor de ser a metamorfose da matéria
que já não se separa da incessante busca
que se identifica com a concavidade originária
que nos faz andar e estar de pé
expostos sempre à única face do mundo
Que a palavra fosse sempre a travessia
de um espaço em que ela própria fosse aérea
do outro lado de nós e do outro lado de cá
tão idêntica a si que unisse o dizer e o ser
e já sem distância e não-distância nada a separasse
desse rosto que na travessia é o rosto do ar e de nós próprios
António Ramos Rosa, in "Poemas Inéditos"
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Amizade.
Ausência .
Contentor Cheio.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
De Esquecer
Demorei-me muito tempo ao pé de ti.
As portas fechadas por dentro, como se encerrasses
o amor e a lei. Demorei-me demais. Ao fim da tarde,
nesse mesmo dia que já morreu,
olhámo-nos devagar, mas distraídos. Diria até que anoiteceu.
Nunca falámos do amor que chega tarde.
Nem o interpelámos (como se já não pudesse
ter nome). Fingia ter esquecido o teu corpo
nas muralhas. Nas areias.
Vês aqui alguma figura? Ninguém vê.
Repara no ponto preto que alastra na margem do quadro,
nas minhas lágrimas desse tempo.
Relê.
Luis Filipe Castro Mendes, in "Modos de Música"
Centro Escolar de Santa Margarida
já está em Construção - dois milhões de euros em prol da educação
Actualmente está a decorrer a empreitada para construção do Centro Escolar de Santa Margarida da Coutada.
O novo Centro Escolar, cujo prazo de construção é de aproximadamente um ano, será edificado na zona onde hoje existe a actual Escola do Primeiro Ciclo Ensino Básico, na Aldeia de Santa Margarida.
Cumprindo as directrizes da Carta Educativa e as orientações do Quadro de Referência Estratégico Nacional – QREN, a nova infra-estrutura cujo Parque Escolar terá uma área de 7.765.00 m2, com áreas de construção de 3.565.00 m2 e de implantação de 2.636.00 m2, aglutinará no mesmo espaço os alunos do Pré-Escolar e do Primeiro Ciclo, ficando devidamente equipado para responder às necessidades destes dois níveis de ensino.
O novo Centro Escolar de Santa Margarida será um pólo aglutinador de várias actividades ligadas à educação, no qual, cumulativamente, a sala polivalente poderá também ser utilizada pela comunidade local.
Deste modo, salas de estudo, cozinha, refeitório, instalações sanitárias, sala polivalente, zonas de recreio, recinto desportivo, equipamento infantil, zonas verdes, hall, salas de actividades, arrumos, alpendre, varandas, sala de repouso, entre muitas outras, são as diversas áreas que integrarão o novo Centro Escolar de Santa da Coutada.
Registe-se que a fim de enaltecer a memória do actual estabelecimento de ensino e de todos aqueles que passaram pelo local, a Câmara Municipal de Constância vai construir o novo Centro Escolar, partindo da ampliação do actual edifício, devidamente adaptado às normas legais em vigor.
A construção do Centro Escolar de Santa Margarida tem uma previsão orçamental de aproximadamente dois milhões e duzentos mil euros, a qual terá um apoio financeiro de cerca de um milhão e cem mil euros, através do FEDER, apresentada ao Regulamento Específico Requalificação da Rede Escolar do 1º Ciclo do Ensino Básico e da Educação Pré-Escolar, no âmbito do Programa Operacional Regional do Centro 2007-2013 QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.
Por CMC
A virgem
Autor:Luís Miguel Rocha
A virgem dá-nos conta do Portugal moribundo no tempo do Estado Novo, mais precisamente na década de trinta. Um país suspenso no tempo, deslumbrado com o estrangeiro, pobre em recursos e ideias. Centrado numa família privilegiada, outras famílias se lhe juntam. Assistimos aos seus ódios, amores, perdas e cumplicidades num enredo em que o trágico e o absurdo se cruzam. Numa intriga cheia de humor, através do olhar lúcido do narrador, são desmascaradas situações gritantes de injustiça e de exploração em que o abuso de poder de alguns grupos privilegiados se passeia livremente por um país sonâmbulo e decadente com a cumplicidade silenciosa da Igreja.
A virgem dá-nos conta do Portugal moribundo no tempo do Estado Novo, mais precisamente na década de trinta. Um país suspenso no tempo, deslumbrado com o estrangeiro, pobre em recursos e ideias. Centrado numa família privilegiada, outras famílias se lhe juntam. Assistimos aos seus ódios, amores, perdas e cumplicidades num enredo em que o trágico e o absurdo se cruzam. Numa intriga cheia de humor, através do olhar lúcido do narrador, são desmascaradas situações gritantes de injustiça e de exploração em que o abuso de poder de alguns grupos privilegiados se passeia livremente por um país sonâmbulo e decadente com a cumplicidade silenciosa da Igreja.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Timidez.
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve. . .
— mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes..
— palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
— que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
— e um dia me acabarei.
Cecília Meireles, in 'Viagem'
A Promiscuidade Tira a Vontade!
O que é a experiência? Nada. É o número dos donos que se teve. Cada amante é uma coronhada. São mais mil no conta-quilómetros. A experiência é uma coisa que amarga e atrapalha. Não é um motivo de orgulho. É uma coisa que se desculpa. A experiência é um erro repetido e re-repetido até à exaustão. Se é difícil amar um enganador, mais difícil ainda é amar um enganado.
Desengane-se de vez a rapaziada. Nenhuma mulher gosta de um homem «experiente». O número de amantes anteriores é uma coisa que faz um bocadinho de nojo e um bocadinho de ciúme. O pudor que se exige às mulheres não é um conceito ultrapassado — é uma excelente ideia. Só que também se devia aplicar aos homens. O pudor valoriza. 0 sexo é uma coisa trivial. É por isso que temos de torná-lo especial. Ir para a cama com toda a gente é pouco higiénico e dispersa as energias. Os seres castos, que se reprimem e se guardam, tornam-se tigres quando se libertam. E só se libertam quando vale a pena. A castidade é que é «sexy». Nos homens como nas mulheres. A promiscuidade tira a vontade.
Uma mulher gosta de conquistar não o homem que já todas conquistaram, saquearam e pilharam, mas aquele que ainda nenhuma conseguiu tocar. O que é erótico é a resistência, a dificuldade e a raridade. Não é a «liberdade», a facilidade e a vulgaridade. Isto parece óbvio, mas é o contrário do que se faz e do que se diz. Porque será escandaloso dizer, numa época hippificada em que a virgindade é vergonhosa e o amor é bom por ser «livre», que as mulheres querem dos homens aquilo que os homens querem das mulheres? Ser conquistador é ser conquistado. Ninguém gosta de um ser conquistado. O que é preciso conquistar é a castidade.
Miguel Esteves Cardoso, in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa'
Animaçao de Verão
Anfiteatro dos Rios / Jardim do Museu dos Rios
Verão é sinónimo de férias, de lazer e de descanso. No entanto, a cultura, o saber e o conhecimento não têm fronteiras de espaço e de tempo.
Neste sentido, e sabendo que, para além dos próprios habitantes do nosso concelho e daqueles que regularmente nos visitam de concelhos vizinhos, Constância é escolhida por muitas e muitas pessoas como destino de férias, seja em estadia mais longa, seja num simples e curto fim-de-semana, a Câmara Municipal programou uma série de espectáculos de ar livre, integrados na Animação de Verão, fazendo do nosso concelho, também nesta época do ano, um pólo de convergências entre a cultura e o lazer, o espectáculo e a animação.
Desde a música filarmónica ao fado, dos contos ao luar à música ligeira, passando pela música popular, dixie ou cubana, o Jardim do Museu dos Rios e das Artes Marítimas e o Anfiteatro dos Rios, na confluência do Tejo e do Zêzere, serão dois pontos de encontro obrigatórios.
PROGRAMAÇÃO
04 julho | 22h00
Encontro de Bandas de Música do Tejo música
11 julho | 10h00 às 02h00
Festa Jovem
organização | Junta de Freguesia de Constância
24 julho | 22h00
Orquestra Ligeira do Exército música
25 julho | 22h00
Cottas Club Jazz Band música dixie
01 agosto | 22h00
Ana Laíns fado
08 agosto | 22h00
Grupo de Cantares da Casa do Povo de Montalvo música popular
22 agosto | 21h30
Há Noite no Museu contos ao luar
local | Museu dos Rios e das Artes Marítimas
29 agosto | 22h00
Los Cubanitos música cubana
terça-feira, 23 de junho de 2009
Tentação .
Eu não resistirei à tentação,
não quero que de mim possas perder-te,
que só na fonte fria da razão
renasça a minha sede de beber-te.
Eu não resistirei à tentação
de quanto adivinhei nesta amargura:
um sim que só assalta quem diz não,
um corpo que entrevi na selva escura.
Resistirei a te chamar paixão,
a te perder nos versos, nas palavras:
mas não resistirei à tentação
de te dizer que o céu é o que rasa
a luz que nos teus olhos eu perdi
e que na terra toda não mais vi.
Luis Filipe Castro Mendes, in "Os Amantes Obscuros"
Noite de São João
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Ontem à Tarde um Homem das Cidades .
Ontem à tarde um homem das cidades
Falava à porta da estalagem.
Falava comigo também.
Falava da justiça e da luta para haver justiça
E dos operários que sofrem,
E do trabalho constante, e dos que têm fome,
E dos ricos, que só têm costas para isso.
E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos olhos
E sorriu com agrado, julgando que eu sentia
O ódio que ele sentia, e a compaixão
Que ele dizia que sentia.
(Mas eu mal o estava ouvindo.
Que me importam a mim os homens
E o que sofrem ou supõem que sofrem?
Sejam como eu — não sofrerão.
Todo o mal do mundo vem de nos importarmos uns com os
outros,
Quer para fazer bem, quer para fazer mal.
A nossa alma e o céu e a terra bastam-nos.
Querer mais é perder isto, e ser infeliz.)
Eu no que estava pensando
Quando o amigo de gente falava
(E isso me comoveu até às lágrimas),
Era em como o murmúrio longínquo dos chocalhos
A esse entardecer
Não parecia os sinos duma capela pequenina
A que fossem à missa as flores e os regatos
E as almas simples como a minha.
(Louvado seja Deus que não sou bom,
E tenho o egoísmo natural das flores
E dos rios que seguem o seu caminho
Preocupados sem o saber
Só com florir e ir correndo.
É essa a única missão no Mundo,
Essa — existir claramente,
E saber faze-lo sem pensar nisso.
E o homem calara-se, olhando o poente.
Mas que tem com o poente quem odeia e ama?
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXII"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Exposição
Arte na Rua Pintura e Escultura
"Luís de Camões- Para Além da Taprobana"
na Galeria de Constância
Até ao próximo dia 30 de Junho a Galeria de Constância tem patente ao público a exposição Luís de Camões - Para Além da Taprobana, uma mostra colectiva de pintura e escultura da autoria de Cristina Maldonado, Carlos Teixeira e José Coêlho.
Sob a égide de Camões, a exposição inaugurada durante as Pomonas Camonianas, mostra-nos três diferentes visões sobre a grande obra universal do poeta português, onde os autores lhe prestam homenagem apresentando esta mostra de instalação de escultura e de pintura.
Para efectuar visitas à exposição durante a semana, devem os interessados contactar o Posto de Turismo de Constância, aos sábados e domingos a exposição estará aberta entre as 15.00H e as 18.30H.
Por CMC
SOS
domingo, 21 de junho de 2009
Amor de Verão.
Aquele amor tão bonito
que na praia ficou escrito
com os meus dedos dos pés,
era um amor sem futuro
tão frágil e inseguro,
foi nas primeiras marés.
Veio uma onda apagou-o,
veio outra onda e levou-o
bem para dentro do mar,
aquele amor de Verão
foi uma ténue paixão
que a água soube levar.
Em noites de lua cheia,
grandes castelos de areia
em conjunto construímos,
porém, com o fim do Verão
devaneceu-se a ilusão,
rumos opostos seguimos.
Um p'ro Norte, outro p'ro Sul,
esquecemos o mar, azul,
dissemos adeus às Férias,
voltamos a trabalhar
e quem sabe se a arranjar
outras paixões, bem, mais sérias.
Fernanda
Publicada por FERNANDA & POEMAS em 10:27:00
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