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domingo, 22 de março de 2009
De noite: não te grito.
Não te grito, nem te cheiro
Quando as águas correm desabadas
Do alto do teu corpo
Feito cimento cru, feito osso.
Se fosse real teu inimigo
Haveria de pendurar laranjas
No limoeiro do quintal em frente
Poderia dizer-te as estrelas todas do caminho feito regresso
Morte
Não, nesta noite
Ainda haverá olhos atentos e poços deitados onde a água
Não se cansa dos buracos
Palavras rente ao silêncio dizer-te
Não, não te grito, nem te cheiro
E, quando caíres do alto dos nossos beijos
Como as beatas acesas dos dedos amarelos
E defronte o precipício ouvires gritar o meu nome
que não tarda:
já será dia nas luzes das candeias
(Sandro William Junqueira)
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