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segunda-feira, 2 de março de 2009

O Meu Sonho Habitual .




Tenho às vezes um sonho estranho e penetrante
Com uma desconhecida, que amo e que me ama
E que, de cada vez, nunca é bem a mesma
Nem é bem qualquer outra, e me ama e compreende.

Porque me entende, e o meu coração, transparente
Só pra ela, ah!, deixa de ser um problema
Só pra ela, e os suores da minha testa pálida,
Só ela, quando chora, sabe refrescá-los.

Será morena, loira ou ruiva? — Ainda ignoro.
O seu nome? Recordo que é suave e sonoro
Como esses dos amantes que a vida exilou.

O olhar é semelhante ao olhar das estátuas
E quanto à voz, distante e calma e grave, guarda
Inflexões de outras vozes que o tempo calou.

Paul Verlaine, in "Melancolia"

2 comentários:

Izinha disse...

Sonhar, amar, mesmo sem sentir o toque da existência se faz como um presente dos céus.

bjos carinhosos e ótima semana prá vc!

Menina do Rio disse...

Apenas um sonho, como se fosse uma projeção dos desejos da alma. Sem rostos, sem nomes...A eterna busca!

Beijos pra ti